Tubulações De Grandes Diâmetros Para Saneamento

Diante de tantas opções e necessidades a serem atendidas, uma das formas de o cliente escolher por um tipo de tubo é pela matéria-prima utilizada na fabricação do produto. Entre os diversos materiais, os de plástico vêm ganhando terreno


Tubulações De Grandes Diâmetros Para Saneamento

 

Diante de tantas opções e necessidades a serem atendidas, uma das formas de o cliente escolher por um tipo de tubo é pela matéria-prima utilizada na fabricação do produto. Entre os diversos materiais, os de plástico vêm ganhando terreno, deixando para trás os modelos antigos até então usados. Mais precisamente, o Polietileno de Alta Densidade (PEAD) tem sido apontado como o grande destaque por possuir características fortíssimas de atuação capazes de desbancar os concorrentes e o mercado vem se rendendo aos seus encantos, passando a adotá-los pelo seu perfil poderoso e versátil. Nos casos dos tubos de grandes diâmetros (acima de 1 metro), isso ocorre também.
A aplicação mais comum de tubulações de grandes diâmetros, acima de 1 metro, é em saneamento, água e/ou esgoto, mas também são utilizadas para óleo e gás. "No saneamento, o uso mais frequente é em dutos de transferência ou sistemas de captação. Para outras finalidades, diâmetros menores são mais usuais", relata o engenheiro Luiz Rafael Tobias, gerente de fabricação da Tubos Ipiranga.
Para Bruno Zanatta, diretor da Vetro, atualmente as tubulações de grandes diâmetros, acima de 1 metro, mais utilizadas para transporte de água e esgoto são as de Plástico Reforçado com Fibra de Vidro (PRFV) e de ferro fundido; e para transporte de água, as de PEAD e de manilhas de concreto. Os tubos de PRFV, conforme explica, têm alta resistência à corrosão, interna ou externa, são leves e com baixo custo em relação aos de ferro fundido, que possuem alta resistência a impactos, sendo mais indicado para áreas urbanas onde a tubulação é exposta devido ao vandalismo. Já os tubos de PEAD têm o custo mais baixo que o PRFV e o ferro fundido, mas é limitado a aplicações com baixas pressões. O custo das manilhas de concreto também é baixo se comparadas com os outros materiais, entretanto, sua vida útil é menor.

 

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Na opinião de Tobias, o material mais usado para fabricação são chapas de aço carbono, conformadas e soldadas. "Os dutos de ferro fundido também ainda são muito utilizados para longas linhas de transferência, assim como dutos de materiais plásticos (polímeros) para distribuição em diâmetros menores", aponta.

Tubos de plástico
Existem várias soluções distintas para tubos acima de 1.000 mm, tanto para água como para efluentes. "Destas, a única que atende às duas aplicações e mantém o mesmo material, sem mudança ou necessidade de se agregarem novos e/ou diferentes materiais, é o PEAD", afirma Roberto M. Gadotti, diretor-superintendente da FGS Brasil. Segundo ele, o motivo é que o PEAD congrega uma série de características: altas resistências química, a impactos, à abrasão e ao stress-cracking, imunidade à corrosão, baixo efeito de incrustação, longa vida útil, absoluta estanqueidade, entre outras.

 

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Eduardo Bertella, gerente de marketing da Kanaflex, confirma que o PEAD é um polímero que tem excelente resistência e uma boa combinação de propriedades físicas (mecânicas e térmicas) e químicas, pela baixa sensibilidade a numerosos fluidos. Ele cita os tubos de polietileno de grandes diâmetros à disposição atualmente no mercado brasileiro: 
Para água ou esgoto pressurizados – Tubos com paredes interna e externa lisas que devem atender à ABNT NBR 15561 – Sistemas para distribuição e adução de água e transporte de esgoto sanitário sob pressão. Requisitos para tubos de polietileno PE 80 e PE 100. "Nesta norma, são contemplados tubos com diâmetros nominais de até 1.600 mm. Como a norma está em revisão, ocorrerão algumas mudanças, podendo abranger até o diâmetro nominal de 2.000 mm", salienta Bertella. É o caso do tubo Kanaliso, da Kanaflex.

 

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Para água pluvial ou esgoto não pressurizados – Tubos com paredes interna lisa e externa corrugada. Está em consulta nacional o projeto da norma ABNT NBR ISO 21138 – Sistemas de tubulações plásticas para drenagem e esgoto subterrâneos não pressurizados. Sistemas de tubos com paredes estruturadas de Policloreto de Vinila Não Plastificado (PVC-U), Polipropileno (PP) e Polietileno (PE):
Parte 1 – Especificações de materiais e critérios de desempenho para tubos, conexões e sistemas.
Parte 3 – Tubos e conexões com a superfície externa não lisa, Tipo B.
Bertella diz que, atualmente, enquanto é aguardada a publicação da norma ABNT, os fabricantes fornecem tubos atendendo à ISO 21.138 (europeia) ou à ASTM F2.947-14 (norte-americana). "Por vezes, também é utilizada a DNIT 094 ou ASTM F477", complementa. No caso do projeto de norma da ABNT, são contempladas as matérias-primas PVC-U, PP e PE, e o cliente escolhe qual a melhor opção para ele. Os diâmetros nominais chegam a 1.200 mm (interno). Como exemplo, o tubo KNTS Super, da Kanaflex.

 

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As especificações das tubulações levam em conta as diversas características da aplicação e disponibilidade dos tubos no mercado nacional. "No Brasil, trabalhamos principalmente com as normas internacionais ASTM e AWWA para saneamento e API para óleo e gás", salienta Tobias. Há ainda um conjunto de normas nacionais que a cada ano são mais utilizadas. "Essas normas em nível nacional são editadas e distribuídas pela ABNT e Inmetro. E para aplicações específicas, existem as normas Sabesp e Petrobras, que são disponibilizadas ao público", ressalta.
A cada edição das normas, pequenos detalhes são modificados e implementados. "Por exemplo, o uso mais frequente de inspeção por ultrassom automatizado com imagens ou radiografias digitais. Isso ocorre devido à evolução tecnológica dos equipamentos de inspeção, que aumentam a confiabilidade dos produtos, mas isso não chega a ser um lançamento ou novidade na concepção dos tubos", explica Tobias.
A Tigre-ADS, joint-venture entre a Tigre e a ADS (Advanced Drainage Systems Inc.), dispõe de tubos corrugados de PEAD de grande diâmetro para obras de infraestrutura em diversas aplicações: saneamento, aterros sanitários, drenagem pluvial, drenagem esportiva e sistema de retenção e detenção para drenagem urbana. O Tubo Corrugado Sanitário, por exemplo, para aplicação sanitária, tem parede dupla com interior liso e possui uma bolsa que resiste à distorção, corte ou rachadura. No Tubo Corrugado DrenPro, para sistemas de drenagem pluvial, a diferença é uma banda cerâmica de 50 mm e um anel de vedação. Já o Tubo Corrugado DrenPro (Plain End), de parede dupla com interior liso e ponta simples, é voltado a aplicações de mineração, aterros sanitários e agricultura.

 

 

Renovação e substituição
Os tubos de grande diâmetro já eram usados no passado para transporte de efluentes – emissários terrestres e subaquáticos (no saneamento) e para mineração (efluentes, rejeitos e adutoras). De acordo com Roberto M. Gadotti, diretor-superintendente da FGS Brasil, em 2014 e 2015, devido à facilidade de instalação, rapidez e confiabilidade, a Sabesp usou em todos os seus projetos voltados à crise hídrica tubos de PEAD de 900 mm, 1.000 mm e 1.200 mm em suas adutoras novas e também utilizou os tubos de PEAD para inserção e reabilitação de linhas antigas. Por ser uma metodologia moderna, segundo ele, não há necessidade de abertura de valas, ideal para reabilitação de linhas antigas em grandes centros urbanos.
De acordo com Hilário Hideo Kawaguti, gerente de Manutenção e Adução de Água da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), a renovação ou substituição das tubulações (acima de 1 metro) é feita quando constatada a necessidade técnica para esta ação. "Recentemente, fizemos a substituição de trechos da Adutora ABV - França Pinto, na avenida Ibirapuera, com a inserção de tubo de PEAD em cerca de 550 m", relata. 


 

Do simples ao complexo
As tubulações podem sofrer problemas ao longo do tempo, a corrosão é um deles, o que gera gastos. Mas com os novos modelos de tubos, estes problemas diminuem drasticamente. "O PRFV e o PEAD são inertes à corrosão, portanto, estes tipos de tubos somente apresentariam vazamentos por defeito de fabricação, falha na elaboração do projeto, erro de montagem ou desgaste natural. Os de ferro fundido e os de manilhas de concreto, além de estarem sujeitos às causas citadas, podem falhar também devido à corrosão", aponta Zanatta.
Segundo ele, os custos dos problemas que as tubulações sofrem não podem ser estimados, pois dependem de cada situação. "Podem variar de apenas um kit de reparo simples até inundações ou grandes destruições de construções", exemplifica. Ele diz que os custos das corrosões também não podem ser estimados porque dependem de muitas variáveis.
Gadotti explica que uma tubulação em PEAD bem dimensionada e bem assentada não apresentará problemas ao longo de 50 anos. "Na Europa, há tubos de 50 anos que foram retirados de valas e testados, e o material ainda mantinha as características exigidas por norma. Aqui no Brasil o DMAE de Porto Alegre fez o mesmo procedimento em tubulação com mais de 20 anos, chegando ao mesmo resultado, portanto, não há custo oriundo do problema do ‘envelhecimento’ do material", compara. Segundo ele, o PEAD é imune aos efluentes domésticos e também é resistente à maioria dos efluentes industriais, por isso, o custo é zero.

 

Tubulações De Grandes Diâmetros Para Saneamento


O polietileno é praticamente inerte na maioria dos solventes orgânicos e inorgânicos a 20°C e muito resistente à abrasão, mantendo sempre a parede interna livre de buracos e incrustações. "As tubulações de polietileno são regidas por normas exigentes, com ensaios mecânicos, químicos, de temperatura e de degradação, garantindo que o produto seja produzido com excelente padrão técnico. Os clientes têm acesso ao que há de mais moderno em tecnologia de redes", assegura Bertella.
"É importantíssimo exigir a gravação na tubulação e, se possível, acompanhar os ensaios solicitados pela norma. Talvez uma instalação malfeita seja mesmo a única forma de se ter problemas com os tubos de PEAD produzidos conforme a norma", pondera Bertella. O gerente de marketing ressalta ainda que as empresas fornecedoras fazem treinamentos constantes para os projetistas e instaladores e acompanham obras para dar subsídios aos técnicos do canteiro para uma boa execução.
"Comparado a outras tecnologias, o uso de tubos corrugados de PEAD oferece condições de trabalho mais ágeis, já que diminui o tempo de instalação em até 50%", relaciona José Antonio Cattani, gerente-geral da Tigre-ADS. Segundo ele, sua vida útil é estimada em 75 anos. "Por serem rígidos, leves e flexíveis, não são suscetíveis a rompimentos durante os processos de instalação e manipulação. A superfície corrugada os torna estruturalmente fortes com capacidade para suportar grandes cargas", destaca. Como o material é resistente à abrasão e quimicamente inerte, há diminuição da necessidade de manutenção da rede.
As tubulações utilizadas nos sistemas adutores de água tratada são projetadas e operadas para fins específicos. Segundo Hilário Hideo Kawaguti, gerente de manutenção e adução de água da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), há uma variedade muito grande entre as instalações de adução. "Caso seja constatada alguma anormalidade em uma perícia técnica, o que ocorre é confundir-se mau dimensionamento com as falhas nas tubulações decorrentes por desgaste natural ou mudança nas condições físicas do local onde a tubulação foi assentada", explica.
Como os materiais não são perenes, ele alerta de que é preciso considerar que existe um desgaste natural, que, quando confirmado, deve ser feita a substituição dos componentes desgastados. Outro aspecto a ser levado em conta, segundo ele, são as mudanças físicas no entorno de onde as tubulações foram assentadas. "Por exemplo, há situações de urbanização do local onde se encontra a adutora, alterando-se o tipo e frequência de tráfego de veículos que passava ao longo de seu alinhamento, alteração da cobertura de aterro sobre ela e outros fatores externos", esclarece Kawaguti.

Linha de Corrugados cresce na crise
"O volume de projetos para grandes diâmetros tem uma forte relação com o mercado público. Uma vez que esse mercado está desacelerado, o volume de orçamentos e, consequentemente de vendas, caiu", afirma Zanatta. A empresa é especializada em tubos de PRFV. "Por isso, nossos conhecimentos sobre outros materiais podem estar limitados às nossas experiências ou até menos obsoleto devido a novas tecnologias", detalha.

 

Tubulações De Grandes Diâmetros Para Saneamento


"O mercado está adotando rapidamente a solução dos Tubos Corrugados de Grande Diâmetro. Mesmo em meio à crise, houve crescimento desta linha de produtos em 2015", aponta Bertella. Ele explica que a facilidade de acomodação na vala, transporte, instalação, emenda por anel e sistema ponta-bolsa permite uma maior segurança, rapidez, economia e ergonomia, elementos muito necessários e apreciados nas obras de maior porte. "As barras em comprimentos de 6 metros evitam emendas de metro em metro que são pontos de vazamentos e quebras. Enfim, prefeituras, concessionárias, construtoras e indústrias têm experimentado e aprovado esta nova tecnologia", ressalta.
Para Cattani, o setor de infraestrutura passa por um momento de adequação a uma nova realidade com menor demanda. Já o cenário aponta oportunidades para o médio e longo prazo, levando em conta a carência do setor no Brasil. "Dessa forma, acreditamos na retomada do crescimento e estamos preparados para atender ao mercado", afirma.

 

Contato das empresas:
FGS Brasil:
www.fgsbrasil.com.br
Kanaflex: www.kanaflex.com.br
Sabesp: www.sabesp.com.br
Tigre-ADS: www.tigre-ads.com
Tubos Ipiranga: www.tubosipiranga.com.br
Vetro: www.vetro.com.br

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