Efluente Industrial X Efluente Doméstico

De acordo a Resolução n° 430, de 13 de maio de 2011, efluente é o termo utilizado para caracterizar os despejos líquidos provenientes de diversas atividades ou processos


Efluente Industrial X Efluente Doméstico

 

De acordo a Resolução n° 430, de 13 de maio de 2011, efluente é o termo utilizado para caracterizar os despejos líquidos provenientes de diversas atividades ou processos. Podem ser gerados por indústrias ou resultantes dos esgotos domésticos urbanos, que são lançados no meio ambiente.
Efluente Industrial é o resíduo líquido proveniente de um processo industrial, seja ele relacionado diretamente ao meio produtivo ou limpeza de máquinas, equipamentos, pátios, etc. De acordo com Lívia Baldo, gerente comercial da Tera Ambiental, suas características tanto físicas, químicas ou biológicas variam de acordo com o tipo de indústria, matéria-prima utilizada, o processo produtivo e armazenamento do resíduo líquido.
O efluente pode ser solúvel ou conter sólidos em suspensão que podem ou não ter coloração, serem orgânicos ou inorgânicos e ter variações de temperatura. "Para que sejam avaliados os parâmetros de tratamento, é necessário que uma amostra do resíduo líquido seja coletada e enviada para caracterização em um laboratório credenciado.
O laudo resultante deverá incluir a análise dos parâmetros listados no artigo 19A do Decreto 8468/76, mais DBO, DQO, SST e BTEX", completa Lívia Baldo.
Depois de ter sido usado para atividades produtivas na indústria, o efluente industrial torna-se um fluxo de água que perdeu as características físico químicas originais e não é mais utilizável no mesmo processo industrial. Paolo Lanata, diretor da Ravagnan explica que sua composição depende seja dos elementos que já estavam presentes na água no início do processo, seja dos outros poluentes que entraram durante o processo, tais como sólidos suspensos, óleo, graxas, etc.

Composição: efluente industrial
Karla Pinto, Professora DSc. do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, destaca a descrição geral da composição e considerações de alguns efluentes de setores produtivos importantes para sociedade:
Alimentício, Couro, Papel e Celulose, Cosméticos e Textil (Corantes) - Os corantes sintéticos presentes nos efluentes de determinados setores produtivos são caracterizados por possuírem anéis aromáticos e um ou mais grupos cromóforos como, por exemplo, os grupamentos antraquinona, azo, nitroso e xantênicos. Os corantes azóicos fazem parte de uma das classes mais importantes de corantes sintéticos comerciais, devido a sua solubilidade, baixo custo, estabilidade e variedade de cores, sendo o produto de degradação, por vezes potencialmente cancerígeno.
Bebidas/Cervejaria (Açúcares, proteínas, taninos e resinas, álcool, ácidos, aldeídos, cetonas, ésteres e levedura, proteínas e produtos de sua degradação): Os efluentes gerados na indústria de bebidas são ricos em açúcares, possuem pH alcalino e temperatura ambiente. Apresentam elevada carga orgânica (DBO, DQO e sólidos totais) devido ao açúcar do xarope e dos extratos vegetais utilizados na formulação das bebidas. Entretanto, a caracterização deste efluente varia de acordo com o processo produtivo, principalmente devido à tecnologia empregada durante as etapas de fabricação das bebidas.
Metal/Mecânica (Óleos e graxas, limalha de ferro, cromo, níquel, zinco e alumínio, ácido sulfúrico, ácido clorídrico, hidróxido de potássio, óleos, refrigerantes sintéticos e surfactantes, inibidores de corrosão e biocidas, entre outros): Fluidos de corte e óleos hidráulicos, provenientes das indústrias metal mecânicas são fontes primárias de contaminantes orgânicos presentes nas águas residuais oleosas.
Borracha (Bário, zinco e fenóis, resíduos de látex, coágulos de SBR, estireno, traços de vinil ciclo-hexeno, óleos aromáticos, ácidos graxos e resinosos, águas contendo sulfato, acrilonitrila, entre outros, sendo alguns destes compostos considerados como de difícil biodegradabilidade): Os compostos de borracha geralmente são formulados a partir da mistura da matéria-prima base (borrachas natural ou sintética) e aditivos químicos, como agentes de vulcanização (geralmente enxofre), aceleradores de reação de vulcanização (catalisadores), plastificantes, cargas minerais, pigmentos e outros produtos auxiliares.
"O descarte dos efluentes líquidos de uma indústria de borracha sintética representa um grande impacto ambiental, pois apresentam grandes quantidades de material orgânico solúvel e sólidos em suspensão, caracterizando-os como efluentes de difícil degradação", destaca Karla.
Farmacêutica (Etinilestradiol e estrogênio, propanolol, diclofenaco, genfibrozil, ibuprofeno, fluoxetive, eritromicina, a ciclofosfamida, o naproxeno, o Carbamazepina, sulfametoxazol e Trimetoprim): De um modo geral, a atividade farmacêutica pode ser classificada de acordo com um processo produtivo: fermentação, síntese orgânica, extração e formulação.
Os efluentes gerados em cada um dos processos produtivos apresentam características distintas e quantidade variada, tendo um caráter sazonal. São efluentes caracterizados por uma fração orgânica rapidamente biodegradável e compostos refratários, tais como os antibióticos, cujos efluentes apresentam baixa biodegradabilidade.
Cosméticos (Quantidades variáveis de corantes, álcoois, essências aromáticas, glicerina, extratos, ativos orgânicos, tensoativos (lauril-éter sulfato de sódio: detergente, molhante, espumógena, emulsificante e solubilizante) e material sólido proveniente de diversas origens): A caracterização dos despejos da indústria de cosméticos varia em função dos produtos fabricados, das fórmulas, rotinas de produção e das práticas utilizadas na higienização.
Matadouros e Abatedouros (Elevada demanda bioquímica de oxigênio, demanda química de oxigênio, sólidos em suspensão, Óleos e Graxas, nitrogênio total, fósforo total): Os matadouros, frigoríficos e abatedouros, são agroindústrias com alta concentração e despejos de resíduos sólidos, sendo que há necessidade de grandes áreas em que se possam receber os resíduos gerados por estas indústrias, o que representa problema para o meio ambiente.
"O desenvolvimento econômico e a melhoria nos padrões de vida da sociedade levaram ao aumento na utilização de novos materiais justificado pela busca de uma melhor qualidade de vida. Assim, produtos químicos desempenham atualmente importante função em setores como os de agricultura, indústria, doméstico, têxtil, transporte e saúde. Sua utilização está associada à contínua liberação de substâncias de origem natural e manufaturada, por exemplo, gases, metais pesados, compostos orgânicos dissolvidos, em suspensão e voláteis, compostos nitrogenados e fosforados para o meio físico", explica Karla.

 

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Efluente doméstico
O esgoto sanitário ou efluente doméstico são os termos usados para caracterizar dejetos provenientes de residências, edifícios comerciais, indústrias, instituições ou quaisquer edificações que contenham banheiros e/ou cozinhas, dispostos em fossas, tanques de acúmulo e caixas de gordura. 
Lívia Baldo explica que é composto basicamente de líquidos de hábitos higiênicos e das necessidades fisiológicas como urina, fezes, restos de comida, lavagem de áreas comuns, etc. Sua composição inclui sólidos suspensos, sólidos dissolvidos, matéria orgânica, nutrientes (nitrogênio e fósforo) e organismos patogênicos (vírus, bactérias, protozoários e helmintos).
São compostos principalmente por substâncias orgânicas biodegradáveis, tais como celulose, lipídios, proteínas, ureia, ácido úrico, fosfatos e nitratos, mas também pode conter óleos, gorduras e sólidos suspensos. De acordo com Karla, em relação aos resíduos provenientes de esgotos sanitários, durante muito tempo os investimentos foram aplicados apenas para a construção dos sistemas de coleta. Ainda hoje, a maioria dos sistemas de esgotos existentes nas cidades brasileiras limita-se a despejar os resíduos brutos nos corpos de água, sendo responsáveis pelo agravamento dos problemas de poluição.
"O efluente doméstico é normalmente gerado em estruturas de tipo civil e não industrial. A água perde suas características físicas químicas originais e não mais utilizável, pelo menos como água potável. São as águas residuais de serviços e instalações residenciais e essencialmente provenientes do metabolismo humano e de atividades domésticas (tais como hotéis, escolas, quartéis, escritórios públicos e privados, instalações desportivas e recreativas, lojas de varejo e atacado e bares)", completa Paolo.

 

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Composição: efluente doméstico
Karla destaca que a composição dos efluentes domésticos pode variar de acordo com o uso ao qual a água foi submetida. Os principais fatores que podem influenciar a composição são o clima, a situação social e econômica e os hábitos da população.
"Cabe considerarmos, em primeira instância, os principais impactos causados pelo lançamento de efluentes domésticos em corpos d’água. Pela significativa contribuição de matéria orgânica, nutrientes e patógenos, que contém esse tipo de despejo, se faz necessário tratar anteriormente ao seu retorno para o corpo hídrico", explica.
A maioria das pessoas ignora a origem da água que chega à sua torneira, chuveiro, vaso sanitário, etc., não entende que, o processo é cíclico, ou seja, a água que chega a sua residência (água de abastecimento), após uso, se transforma imediatamente em efluente doméstico (água residual) e poderá retornar ao corpo receptor de onde foi captada para então ser tratada, em uma ETA (Estação de tratamento de água) se transformando novamente em água de abastecimento.
Para a professora, se a maioria da população tivesse o conhecimento de que a água que dispomos, no nosso dia a dia, de forma muitas vezes irresponsável, terá que ser novamente tratada para retorno ao abastecimento o valor dado ao recurso natural seria significativamente maior.
O lançamento de esgotos domésticos afeta a qualidade da água do sistema receptor, causando a diminuição do oxigênio dissolvido, o aumento da turbidez, mudança de pH e finalmente altera as condições ideais para a sobrevivência dos organismos. Mesmo assim, ainda hoje, diversos municípios brasileiros não têm serviços de esgotamento sanitário e/ou os domicílios não estão ligados à rede coletora, sendo o esgoto a céu aberto considerado como um dos maiores problemas ambientais e de saúde pública do país.

 

Efluente Industrial X Efluente Doméstico

 

Efluente industrial X Efluente doméstico
Para muitos, a palavra mais conhecida para referência a águas que teve suas características físico-químicas alteradas pelo uso, seja doméstico ou industrial, era conhecida como esgoto. Hoje, o termo é usado quase que apenas para caracterizar os despejos provenientes das diversas modalidades do uso e da origem das águas, tais como as de uso doméstico, comercial, industrial, as de utilidades públicas, de áreas agrícolas, de superfície, de infiltração, pluviais e outros efluentes sanitários, mas para Karla é importante fazer uma distinção entre efluente industrial e doméstico.
As águas geradas dos mais diversos processos industriais, através da manufatura de bens de consumo, energia, prospecção de petróleo, etc, são caracterizados como efluentes industriais, e adquirem características próprias em função do processo industrial empregado, inclusive cada indústria deve ser considerada separadamente, uma vez que seus efluentes diferem até mesmo em processos industriais similares.
No que se refere aos efluentes industriais, exceto pelos volumes de águas incorporados aos produtos e pelas perdas por evaporação, as águas tornam-se contaminadas por resíduos do processo industrial ou pelas perdas de energia térmica, originando assim os efluentes líquidos. Já os efluentes oriundos fundamentalmente de residências ou por setores de serviço, pelas atividades gerais de limpeza, cozimentos, banhos, são considerados efluentes domésticos (água de banhos, urina, fezes, papel, restos de comida, sabão, detergente, águas de lavagem, etc.)
"As características dos efluentes, sejam eles domésticos ou industriais, variam quantitativa e qualitativamente de acordo com sua utilização. Dessa forma, cabe considerar que a imensa variabilidade destes, pode causar significativo impacto quando lançados no ambiente sem prévio tratamento. Cabe-nos também informar que no Brasil, 80% dos esgotos são lançados em corpos d’água sem qualquer tratamento; destes 85% são efluentes domésticos e 15% efluentes industriais", ressalta a professora.
As diferenças entre o efluente Industrial e o Doméstico estão relacionadas basicamente nas atividades de geração e, principalmente, em suas características. Lívia explica que existem alguns aspectos relacionados aos cuidados de ambos os efluentes que são similares, porém levando em considerações as suas características específicas.
Armazenamento: A primeira dela refere-se à questão do armazenamento desses efluentes, que devem seguir alguns critérios levando em consideração suas características. Um exemplo refere-se ao efluente corrosivo que deve ser armazenados em tanques de aço inox. Efluente menos agressivos, podem ser armazenados em tanque de alvenaria, tanque de fibra de vidro, polietileno, entre outros. Lembrando que é necessário estudar a capacidade do tanque que atenderá a demanda necessária, presença de contenção caso ocorra algum vazamento além da estrutura hidráulica.  
Monitoramento: A questão do monitoramento do efluente através das análises é essencial em efluentes industriais, visto que as características podem variar e apresentar diversos tipos de contaminação. Já os efluentes de origem doméstica, possui um padrão mais conhecido, ocorrendo poucas variações.
Transporte: Quando o efluente é enviado para tratamento, deve-se avaliar a forma mais adequada de transporte, o veículo deve ser equipado e atender as normas de transporte de acordo com a classificação do efluente.
Tratamento: O tratamento do efluente industrial/doméstico realizado in loco, deve se avaliar o tratamento que atinge o nível necessário para atender o local de descarte (rede de esgoto, corpos d’água). Caso o efluente seja enviado para tratamento off site, deve-se avaliar a destinação adequada para o tipo do efluente. 
Atestado de qualidade do efluente: Tanto para tratamento on site e/ou off site é necessário atestar a qualidade e eficiência do tratamento apresentado. No Estado de SP, de modo geral, os parâmetros para lançamento em corpo hídrico estão no artigo 18 do Decreto 8468 enquanto o artigo 19 A do mesmo decreto, que contempla os parâmetros para lançamento em rede coletora ou destinação via caminhão para tratamento biológico.
"Os órgãos ambientais poderão solicitar laudos específicos dependendo da classe do rio ou do método de tratamento off site.
É importante ressaltar que, no caso de tratamento terceirizado o gerador também deve solicitar o CDF - Certificado de Destinação Final, emitido pela empresa de tratamento.", completa Lívia Baldo.
As estações de tratamento de esgoto normalmente são plantas biológicas cujo principal poluente presente é de natureza orgânica, enquanto os efluentes industriais são plantas com tratamento principalmente químico físico-químico. Para o representante da Tera, em ambos os casos, é fundamental conhecer as características do efluente a ser tratado para identificar os tipos e a concentração dos poluentes principais e conseguir definir o melhor processo.

 

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Riscos a saúde e meio ambiente
Os efluentes não tratados, quando lançados no ambiente, podem comprometer e prejudicar gravemente a saúde pública. Além de contaminar a água, os resíduos prejudicam a vida presente nos rios, e consequentemente, influenciam também na rotina do ser humano, podendo causar doenças e, em casos mais graves, até a morte.
Para Karla é importante ressaltar os impactos causados por ambos os tipos de efluentes, quando impropriamente manuseados e acondicionados, os despejos industriais atingem a saúde humana e a ambiental. A exposição humana (ocupacional ou não ocupacional) a despejos industriais tem conduzido a efeitos na saúde que compreendem desde dores de cabeça, náuseas, irritações na pele e pulmões, a sérias reduções das funções neurológicas e hepáticas.
Evidências dos efeitos genotóxicos à saúde, como câncer, defeitos congênitos e anomalias reprodutivas, também têm sido mencionadas. O aumento significativo de incidência de carcinomas, gastrointestinais, de bexiga, anomalias reprodutivas e malformações congênitas, tem sido evidenciados em populações que vivem próximas a perigosos depósitos de despejos industriais.
"Se o efluente, não é purificado, o principal risco é a poluição do meio ambiente devido, principalmente, à eutrofização dos rios e das águas costeiras, o que reduz o teor de oxigênio dissolvido na água, resultando em mortes de espécies de peixes presente e a destruição dos ecossistemas de rios, lagos, etc. Em efluentes domésticos também podem ser perigosos vírus e bactérias aos seres humanos que, se deixado entrar de volta na água subterrânea ou água superficial pode levar à propagação de doenças e também para o surgimento de epidemias (cólera)", enfatiza Paolo.
Em função dos graves impactos; ambiental, social e de saúde pública, que o despejo dos efluentes domésticos provoca, existe a necessidade de que estes sejam efetivamente tratados, cabendo ao poder público não só prover uma água de consumo na quantidade e qualidade necessária a demanda da população como também viabilizar a condução e tratamento final dos despejos domésticos gerados.
"Atualmente, se reconhece que inúmeras doenças graves estão relacionadas à poluição da água, ou seja, são causadas por veiculação hídrica, o que justifica a utilização de todos os instrumentos possíveis com vistas ao combate desse impacto, não só por razões ambientais mas também por razões de saúde pública e porque não dizer sociais", completa Karla.

 

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Tratamento
Os sistemas de tratamentos de efluentes objetivam primordialmente atender à legislação ambiental e em alguns casos ao reúso de águas. A maneira mais adequada de compreendermos o objetivo dos sistemas de tratamento é relacioná-los a função importantíssima de realizar a remoção de sólidos. Sólidos esses que poderão ser dos mais variados, a saber: sólidos grosseiros, sólidos sedimentáveis, matéria orgânica decantável, algas, íons em solução, microrganismos patogênicos, etc.
"Qualquer que seja o tratamento de um efluente, ele se resume em: concentrar a poluição (uso de membranas semipermeáveis, permeáveis, evaporação); deslocamento da poluição (o tratamento biológico e incineração); recuperação de um produto valorizável. E, as tecnologias envolvidas podem ser então divididas em: deslocamento de fase do poluente ou destrutiva", ressalta Karla.
O processo de tratamento do esgoto pode então adotar diferentes tecnologias para depuração do efluente, mas de modo geral, ela explica ainda que eles seguem um fluxo que compreende as seguintes etapas ou níveis de tratamento:
Preliminar: visa à remoção de grandes sólidos e areia para proteger as demais unidades de tratamento, os dispositivos de transporte (bombas e tubulações) e os corpos receptores. A remoção da areia previne a ocorrência de abrasão nos equipamentos e tubulações e facilita o transporte dos líquidos. É feita com o uso de grades que impedem a passagem de trapos, papéis, canudos de plástico, pedaços de madeira, etc.; caixas de areia, para retenção deste material; e tanques de flutuação para retirada de óleos e graxas em casos de esgoto industrial com alto teor destas substâncias.
Primário: visa remoção de sólidos não grosseiros em unidades de sedimentação - remoção de matéria orgânica decantável. Os sólidos sedimentáveis e flutuantes são retirados através de mecanismos físicos, via decantadores. Os esgotos fluem vagarosamente pelos decantadores, permitindo que os sólidos em suspensão de maior densidade sedimentem gradualmente no fundo, formando o lodo primário bruto. Os materiais flutuantes como graxas e óleos, de menor densidade, são removidos na superfície. A eliminação, neste nível, de DBO é de 30%.
As fossas sépticas são um tipo de tratamento primário muito usado no meio rural e urbano. Os sólidos sedimentáveis se acumulam no fundo da fossa, onde permanecem tempo suficiente para sua estabilização, porém mantém os elementos patogênicos. Como a eficiência na remoção da matéria orgânica é baixa, frequentemente utiliza-se forma complementar de tratamento, como filtros anaeróbios ou sistemas de infiltração no solo (sumidouros, valas de infiltração e valas de filtração).
Secundário: processa, principalmente, a remoção de sólidos e de matéria orgânica solúvel e, eventualmente, nutrientes como nitrogênio e fósforo. Após as fases primária e secundária a eliminação de DBO deve alcançar 90%. É a etapa de remoção biológica dos poluentes e sua eficiência permite produzir um efluente em conformidade com o padrão de lançamento previsto na legislação ambiental. Basicamente, são reproduzidos os fenômenos naturais de estabilização da matéria orgânica (depuração natural) que ocorrem no corpo receptor, sendo que a diferença está na maior velocidade do processo, na necessidade de utilização de uma área menor e na evolução do tratamento em condições controladas.
Terciário: visa à remoção de poluentes tóxicos, não biodegradáveis ou eliminação adicional de poluentes não degradados na fase secundária- fase de polimento- eliminação de patógenos, remoção de fósforo, etc.
Para a escolha do processo de tratamento de efluentes são utilizadas diversas operações unitárias. Os processos podem ser classificados em físicos, químicos e biológicos em função da natureza dos poluentes a serem removidos e/ou das operações unitárias disponíveis para o tratamento.
Os processos físicos são os processos que basicamente removem os sólidos em suspensão, sedimentáveis e flutuantes através de processos físicos, tais como: gradeamento; peneiramento; caixa de areia – desaneradores; separação de óleos e gorduras; sedimentação; fotação. São capazes de remover a matéria orgânica e inorgânica em suspensão coloidal e reduzir ou eliminar a presença de microrganismos tais como: Processos de filtração em areia; Processos de filtração em membranas (micro filtração e ultrafiltração).
Os químicos, por sua vez, utilizam produtos químicos em seu processo, tais como: agentes de coagulação, floculação, neutralização de pH, oxidação, redução e desinfecção em diferentes etapas dos sistemas de tratamento. Conseguem remover os poluentes por meio de reações químicas, além de condicionar a mistura de efluentes que será tratada nos processos subsequentes. Seus principais processos são: clarificação química, eletrocoagulação, precipitação de fosfatos e outros sais, cloração para desinfecção, oxidação por ozônio, redução do cromo hexavalente, oxidação de cianetos, precipitação de metais tóxicos e troca iônica.
Por fim, o biológico tem o objetivo de remover a matéria orgânica dissolvida e em suspensão ao transformá-la em sólidos sedimentáveis (flocos biológicos) e gases por oxidação. Existem dois caminhos para a oxidação biológica: aeróbio e anaeróbio, realizados respectivamente por bactéria que respiram oxigênio do ar e bactéria que utilizam outros tipos de aceptores de hidrogênio.
Os tratamentos podem ser físicos (decantação, filtração, etc.) ou químicos (clarificação, controlo do pH, etc.), o tratamento depende do tipo de poluentes que deve ser eliminado. As plantas para tratamento de efluente biológico podem ser principalmente de dois tipos: plantas de tratamento de água que servem para tornar a água própria para consumo humano e sistemas para reter os principais poluentes antes de ser descarregados em corpos d’água.
"No caso das plantas de tratamento de efluentes industriais podem tratar a água no nível suficiente para permitir um reúso (make-up) no mesmo processo industrial o podem depurar a água para permitir também o descarregamento em corpos d’água de acordo com a legislação ambiental de cada país. É evidente que os tipos de sistemas utilizáveis são muitos e devem ser estudados e dimensionados com base na análise da água a ser tratada e na qualidade da água a ser produzida", completa Paolo.
O diretor da Ravagnan explica ainda que os efluentes domésticos geralmente têm baixa vazão e são descarregados no sistema de esgoto da cidade e este enviado para grandes sistemas de depuração biológica. Nestas instalações a matéria orgânica por meio da insuflação de ar (processos aeróbios) é completamente oxidada e convertida em lodo, que pode, então, ser descartado ou mesmo degradado para produção de composto que pode ser reutilizado ou produzir biogás (com processos anaeróbios) que pode ser utilizado para a produção de energia.
"A água uma vez eliminada a matéria orgânica e os sólidos suspensos é então desinfetada por cloração ou com raios UV que destroem os agentes patogénicos antes de serem descarregados em corpos de água superficiais ou reutilizada, como água de serviço ou para a irrigação", completa.

 

Contatos:
Karla Pinto: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro
Ravagnan: www.ravagnan.com
Tera Ambiental: www.teraambiental.com.br

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