Uv Aplicada Em Tratamento De Efluentes
Por Carla Legner
Edição Nº 30 - abril/maio de 2016 - Ano 5
Diversos tipos de tecnologias são oferecidos, hoje, ao mercado de tratamento de águas e efluentes. A energia ultravioleta, encontrada naturalmente na luz solar tem sido comprovada como efetiva na desinfecção de água efluente
Diversos tipos de tecnologias são oferecidos, hoje, ao mercado de tratamento de águas e efluentes. A energia ultravioleta, encontrada naturalmente na luz solar tem sido comprovada como efetiva na desinfecção de água efluente. Sua eficácia é relativa à dosagem recebida. A dosagem UV é o resultado da intensidade, multiplicado pelo tempo dentro do sistema.
A luz ultravioleta é a radiação eletromagnética com um comprimento de onda menor que a da luz visível e maior que a dos raios X, de 380 nm a 1 nm. O nome significa mais alta que (além do) violeta (do latim ultra), pelo fato de que o violeta é a cor visível com comprimento de onda mais curto e maior frequência. No que se refere aos efeitos à saúde humana e ao meio ambiente, a radiação UV pode ser subdividida como UVA (400 – 320 nm, também chamada de "luz negra" ou onda longa), UVB (320–280 nm, também chamada de onda média) e UVC (280 - 100 nm, também chamada de UV curta ou "germicida").
De acordo com José C. Gragoso, gerente de negócios da Trojan, a maior parte da radiação UV emitida pelo sol é absorvida pela atmosfera terrestre. A quase totalidade (99%) dos raios ultravioleta que efetivamente chegam a superfície da Terra são do tipo UV-A.
A radiação UV-B é parcialmente absorvida pelo ozônio da atmosfera e sua parcela que chega a Terra é responsável por danos à pele. Já a radiação UV-C é totalmente absorvida pelo oxigênio e o ozônio da atmosfera.
"Na região do UVC, mais precisamente na frequência de 254 nm, a luz ultravioleta atravessa a parede celular de organismos patógenos (bactérias, vírus e parasitas). Essa energia rompe a ligação insaturada entre dois aminoácidos que compõem o DNA no núcleo, impedindo que a célula se reproduza. Dessa forma a célula eventualmente morre "de velhice", sem deixar descendentes. Como a vida das células é muito curta, em poucos minutos não existem mais microrganismos patógenos sobreviventes", destaca.
Como funciona
A grande maioria (95%) dos sistemas de tratamento por UV no mundo são feitos em "canais abertos", não pressurizados, por serem mais econômicos e fáceis de operar. Existem sistemas em tubulações pressurizadas, mas eles apresentam mais dificuldades para limpeza e manutenção, além de normalmente serem mais caros. Somente para água de reúso esses sistemas tubulares são normalmente empregados, ou água potável.
Após o tratamento na ETE para remover a carga de DBO e sólidos suspensos, e antes de ser lançado de volta ao corpo d’água receptor, o efluente normalmente precisa ser desinfetado para atender a portaria 357 do Conama. Isso porque os tratamentos convencionais (lodos ativados, UASB, etc.) não conseguem reduzir significativamente a concentração de microrganismos patógenos. Assim, no canal final de saída do efluente, um conjunto de lâmpadas UV pode ser instalado. Ao passar pelas lâmpadas, o efluente recebe a energia necessária para a sua desinfecção.
Corpos d’água receptores de afluentes tratados classe 2, de acordo com a portaria 357 do Conama, não podem receber efluentes com mais de 1000 UFC de bactérias termotolerantes (E. coli) por 100 ml de amostra. Para corpos d’água classe 1, esse limite é de 200 UFC. Quando o efluente sai de uma ETE, normalmente a contagem de E coli está acima de 1000000 UFC. Empresas que planejam comercializar o efluente final, como água de reúso, também tem que considerar a sua desinfecção.
"O processo de desinfecção é muito eficiente, podendo fazer uma redução >4 log de microrganismos patógenos, tais como bactérias, vírus e parasitos como Giardia e Criptosporidium. A principal vantagem da desinfecção por UV é que ela não deixa residual tóxico na água tratada. Mas o efluente deve antes receber o tratamento na ETE para reduzir a carga orgânica e os sólidos suspensos, os quais reduzem a eficiência do UV, impedindo que a luz atravesse a água", enfatiza José.
O representante da Trojan explica ainda que muitas empresas comparam a desinfecção por UV com o uso de gás cloro. Mas se esquecem de considerar os custos indiretos da cloração: risco operacional e ambiental de possíveis vazamentos do gás, formação de subprodutos toxicos (organo-clorados) no efluente que retorna à natureza, processo de decloração, etc.
Além da necessidade da construção de tanques de contato, para que o cloro possa ter tempo para agir. E o cloro não é eficiente para desinfecção de Criptosporidium e Giardia. Por todos estes fatores, a tecnologia UV foi adotada pela grande maioria das empresas de saneamento na America do Norte, Europa, e Ásia.
É possível destacar inúmeras vantagens do sistema ultravioleta, mas as principais seriam: Não agride o meio ambiente, sem apresentar problemas com manuseio ou estocagem de produtos químicos; Baixo investimento inicial, bem como custos reduzidos quando comparados com tecnologias semelhantes como ozônio, cloro etc;
Como benefício, também apresentam um processo de tratamento imediato, não necessitando tanques de estocagem ou longos períodos de retenção; Extremamente econômico; não altera sabor ou odor da água; operação automática sem atenção especial ou medições constantes; não há adição de produtos químicos, sem o risco de formação de trihalometanos; simplicidade e facilidade de manutenção, limpeza periódica, com a troca anual das lâmpadas e é compatível com qualquer outro processo para tratamento de água.
"Com o avanço tecnológico, sistemas de tratamento UV mais eficientes continuamente são lançados no mercado. Isso fez diminuir o consumo elétrico, tornando seu custo operacional comparável aos sistemas por cloração. E sistemas de auto limpeza das lâmpadas, associados ou não a PLC’s, fazem o equipamento ser muito mais fácil de operar do que antigamente. A intervenção de operadores hoje se torna desnecessária. Manutenções preventivas podem ser feitas a cada 2-3 meses", completa José.
Contato da empresa:
Trojan: www.trojanuv.com