Mercado De Biodigestores Cstr Para Aplicações Industriais Tende A Crescer No Brasil
Por Cristiane Rubim
Edição Nº 50 - agosto/setembro de 2019 - Ano 9
A digestão biológica de lodo é usada no tratamento de resíduos das Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) ou em biodigestores, que utilizam o potencial energético da matéria orgânica descartada para produzir biogás
A digestão biológica de lodo é usada no tratamento de resíduos das Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) ou em biodigestores, que utilizam o potencial energético da matéria orgânica descartada para produzir biogás. No setor industrial, não são muitas as empresas que utilizam biodigestores para o tratamento de lodo de ETES industriais. "O conhecimento geral é que, na indústria, todo o efluente passa para um digestor de lodo granular para tratamento do efluente. Mas isso só é possível nos efluentes com DQO solúvel e sólidos < 300 ppm" – afirma Michele Ceccaroni, engenheiro de vendas da unidade da Fluence Itália especializada em digestores anaeróbicos onde desenvolve o mercado brasileiro de biodigestores industriais.
Para tratar os lodos e gerar o biogás na indústria de gordura e proteína, a única solução são os biodigestores CSTR, que são muito utilizados para aplicações agrícolas no Brasil e na América do Sul. "O mercado do CSTR para aplicações industriais é pouco conhecido, mas pode ser utilizado para muitas indústrias de alimentos e bebidas. O mercado desta aplicacão no Brasil está em desenvolvimento e a tendência é que crescerá muito nos próximos anos" – avalia Ceccaroni.
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Mais carga, menor Capex
A maior novidade do sistema CSTR para aplicações industriais é que o reator pode ser alimentado com mais carga comparado às aplicações agrícolas. "Este avanço permite tratar os lodos em um volume 2 a 3 vezes menor comparado com outras aplicações, o que significa um menor Capex. Normalmente, isso é possível porque o lodo primário das indústrias de alimentos é muito mais degradável do que um lodo agrícola feito com silagem de milho e esterco. A partir disso, as bactérias processam mais rápido o material que tem mais energia e o lodo primário industrial tem muita mais DQO de outros lodos" – compara o engenheiro de vendas.
Implantação simples
A implementação do reator é simples e vai se integrar com a ETE já instalada. Segundo Ceccaroni, a instalação CSTR não é muito invasiva e pode ser colocada depois de uma separacão químico-física, como Dissolved Air Flotation (DAF), e antes do processo de centrifugação, por exemplo, decanter, que estão sempre presentes em uma ETE. "Um biodigestor precisa só de um pouco de tempo para o crescimento de uma cultura bacteriana, ou seja, um mês com um lodo de arranque de outro reator anaeróbico, pode ser a mesma lagoa anaeróbica, ou 3 – 4 meses sem lodo de arranque" – explica Ceccaroni.
Retorno em dois a quatro anos
Os custos de implantação de biodigestores de lodo são muito variáveis e dependem do sistema já instalado, do custo da obra civil e do tipo de lodo a ser tratado. "Por exemplo, tratar determinada quantidade de lodo em um frigorífico é diferente do que na indústria leiteira. Em termos gerais, esta aplicacão tem retorno econômico de dois a quatro anos, dependendo dos custos da energia e da eliminação dos lodos. Quanto maior estes custos, mais rápido será o retorno econômico" – ressalta Ceccaroni.
Menos lodo, mais energia
O sistema de biodigestores com lodo de ETE resolve primeiro os problemas do tratamento de lodos primários da ETE, transformando um resíduo perigoso em um biofertilizante para ser usado na agricultura. "Além disso, o lodo gerado pelos biodigestores é muito menor do que o lodo produzido pelo sistema convencional – até um terço/um quarto em peso –, o que diminui os custos de produtos químicos e o consumo energético da etapa de centrifugação. Com certeza, o sistema produz muita energia, que, em uma pequena parte, é utilizada para o processo mesmo, enquanto o excedente pode cubrir até um terço da necessidade energética da fábrica" – projeta o engenheiro de vendas.
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Normas e cuidados
O engenheiro de vendas chama a atenção para a necessidade das normas de descarte do lodo e os cuidados que se deve ter ao lidar com os reatores. "As plantas da Fluence Itália são totalmente automatizadas e produzem lodo estável e sem odores. Mesmo que os biodigestores produzam pequena quantidade de lodo, ainda é um problema para a empresa descartar este material quando não existe regulamentação. Além disso, quando o sistema tem mais substratos ou não se respeita exatamente o manual de operações, o cliente pode ter problemas para conduzir os reatores porque eles são sistemas biológicos que não podem ser desligados e ligados como uma máquina" – adverte Ceccaroni.
Contato da empresa
Fluence: www.fluencecorp.com