Solução Das Crises Hídricas Com Água Da Chuva
Por Geraldo P. S. Lamon E Pedro Américo
Edição Nº 47 - fevereiro/março de 2019 - Ano 8
Objetiva-se esse artigo, como solução preliminar diminuir o consumo de água potável, aquela retirada dos mananciais como: rios, lagos e riachos. Com a finalidade de amenizar a crise hídrica que vem notadamente crescendo aqui no país
Objetiva-se esse artigo, como solução preliminar diminuir o consumo de água potável, aquela retirada dos mananciais como: rios, lagos e riachos. Com a finalidade de amenizar a crise hídrica que vem notadamente crescendo aqui no país, ativa-se 05 expectativas animadoras que farão frente a possível falta de água em nossas torneiras.
1º) - Educação popular universal quanto ao uso;
2º) - Tratamento e reúso da água cinza;
3º) - Capitação e utilização da água de chuva;
4º) - Diminuir o percentual de perdas no sistema de distribuição;
5º) - Melhoria na setorização e empenho no respectivo gerenciamento na distribuição.
Somando-se ao que já acontece em outros países, utilizando a água de reúso, aquela denominada água cinza, oriunda dos banheiros e pias que, quando devidamente tratada, é novamente usada como água potável ou não potável. Realidade essa que começa ser explorada em nosso meio. Por outro lado, em certos países, até mesmo o esgoto doméstico, como um todo, já é tratado e reutilizado. Essa realidade, recorrente em várias capitais, mundo afora e em grandes centros urbanos, encontra-se cada vez mais em discussão, com analise e estudos por especialistas. Porém, o aproveitamento da água pluvial e seu consequente uso nas residências são o iminente futuro para o amanhã. Nesse contexto, o incentivo ao uso racional da água e suas diversas formas de reaproveitamento é uma forma de prevenir sua escassez, assim, o seu reúso tem ganhado a cada dia maior destaque. Essa retórica tem se apresentado, nos mais variados temas, como "aproveitamento da água pluvial" e seu reúso como uma das alternativas, que se reforça a cada dia. Técnicos, engenheiros e cientistas têm estudado com afinco essa matéria, inicialmente o aproveitamento como reúso da água cinza para o consumo não potável. Nesse particular de estudo, chegaram a conclusão que se pode reduzir o abastecimento normal da água potável direcionada para as companhias industriais e residências na ordem de 7 a 38% somente com o reúso da água cinza. Indo mais além na redução do consumo normal da água potável, está outra nova fonte de contribuição que é a água da chuva, podendo ser conseguida quando da sua captação, concorrendo dessa forma para o abastecimento humano, além de minimizar os grandes problemas hídricos de enchentes nos grandes centros urbanos.
São Paulo saindo na frente começa a propor leis objetivando a captação e o uso da água pluvial. Os mananciais, fontes a ser exploradas estão cada vez mais distantes dos grandes centros consumidores. Esse fato em si, já oferece a ocasião propicia para uma reflexão nova de estudo e revisão no modo como se vai utilizar a água, oportunidade relevante para começar adotar a água da chuva como um novo manancial a ser buscado e explorado.
A ANA (Agencia Nacional de Águas), no seu Atlas Brasil, apresenta a composição de demanda de água nas capitais juntamente com os índices pluviométricos em especial para a cidade de São Paulo no ano de 2015.
No cálculo dos índices volumétricos nos dias de chuva tomou-se por base que 1 mm de precipitação é igual a 1 litro por metro quadrado (1 L/m²). Somando todas as precipitações do mês chega-se ao total de metros cúbicos mensal de chuva que caiu numa determinada cidade ou um grande centro urbano.
A tabela 01 apresenta a demanda urbana de água nas 04 capitais listadas. Para o cálculo da área de capitação de água da chuva considera-se a área total da cidade, descontando a área equivalente das vias de trânsito. Multiplicando o índice pluviométrico total pela área calculada ou estimada de capitação da cidade, obtêm a quantidade volumétrica que a cidade pode captar.
No estudo realizado pela UFScar – Universidade Federal de São Carlos-SP, foi levantado, estudado e considerado São Paulo como tendo uma área de capitação de 12633 km². Com a multiplicação dos índices pluviométricos coletados no mês pela área calculada, obteve-se o volume de chuva que a cidade de São Paulo pode captar. Comparando a quantidade volumétrica de chuva precipitada com a demanda de água de 45902 L/s, percebe-se que o volume de chuva na metade do ano, seis meses, é superior ao volume de água demandado pela cidade, segundo estudos da UFScar, fig. 01.
No estudo, "Aproveitamento de Água de Chuva", (TOMAZ, P) relata que a água que poderá ser usada como não potável varia de 30 a 40% do volume total abastecido pela companhia de água.
No gráfico da figura 01 retirando da demanda de água fornecida, 30%, apenas o mês de junho teria uma restrição tendo a demanda acima do volume de água coletada pela chuva. Portanto, o consumo no mês de junho seria ligeiramente superior ao volume coletado, fig.02.
Todavia, o estudo e seus cálculos, resumidamente apresentados consideram todas as áreas de terrenos da cidade como área de capitação de água da chuva. Na realidade, para uma análise mais precisa é necessário dimensionar ou avaliar apenas as áreas reais de cobertura residencial, calculada por meio da taxa de ocupação. Com certeza chegará um dia que essa premissa será adotada sem questionamento pelos grandes centros urbanos considerando que a capitação e o aproveitamento da água da chuva poderão amenizar e completar a demanda por água potável, ao mesmo tempo em que a natureza favorecida, pela capitação nas cidades, agradecerá pela economia e preservação de seus mananciais.
Essa iniciativa e ou conscientização deve partir da base, com o governo empenhado na educação, os políticos, universidades e a população consciente e educada trabalhando em conjunto, seremos todos beneficiados, pois tais prerrogativas além de ser viável vai alem de uma fronteira, atingindo a todos e principalmente aquelas regiões com as maiores crises hídricas. Esse é o sonho de um engenheiro e ambientalista.
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