Sistemas De Desinfecção

Hoje se vê uma grande movimentação do setor rumo à consolidação de sistemas de desinfecção de água com apelo ambiental. A trilha a ser percorrida é longa, pois tecnologias antigas (leiam-se: as mais baratas) ainda são amplamente utilizadas


Sistemas De Desinfecção

 

Hoje se vê uma grande movimentação do setor rumo à consolidação de sistemas de desinfecção de água com apelo ambiental. A trilha a ser percorrida é longa, pois tecnologias antigas (leiam-se: as mais baratas) ainda são amplamente utilizadas. No entanto, este cenário está mudando, e abrindo espaço para soluções que asseguram baixo impacto ao meio ambiente. Entre os métodos mais empregados nas operações (ozonização, dosagem de hipoclorito, cloração e radiação ultravioleta), dois deles têm se sobressaído. À frente na rota da sustentabilidade, estão a radiação ultravioleta e o ozônio.
"Em cada aplicação, deve-se analisar a melhor tecnologia e seu custo-benefício" – avaliam Débora Nagaminie, coordenadora de engenharia de aplicação, e o diretor geral Mário Ramacciotti, ambos da Xylem Brasil. Cada sistema, à sua maneira, apresenta limitações assim como propriedades que garantem a eficácia dos processos. A questão é que, cada vez mais exigentes, os clientes buscam tecnologias que consigam aliar eficiência e custo competitivo, sem perder de vista a segurança à saúde humana e ao meio ambiente. Em alguma medida, o mercado nacional está vislumbrando sistemas mais modernos, tornando o preço uma barreira transponível.
Em outras palavras, o apelo ambiental tem, sim, norteado os novos desenvolvimentos do mercado de desinfecção de água. E não se trata de um modismo da Era "verde".
"A busca em reduzir compostos nocivos ao meio ambiente e à saúde é contínua", apontam os porta-vozes da Produquímica, o assistente técnico de vendas Wilson Luiz e o gerente comercial Fabio Foganholi.

UV
Não é de hoje que a radiação eletromagnética conhecida como UV é empregada na desinfecção da água. Conforme explica o gerente de produto da ProMinent do Brasil, Luigi Picelli, o espectro eletromagnético UVC atua no comprimento de onda na linha de ressonância de 254nm Hg, sendo que este comprimento de onda está relacionado ao efeito germicida, atuando na absorção ou na alteração do DNA microbiológico, tornando o microrganismo incapaz de reprodução/atuação.
A novidade está na demanda, cada vez mais aquecida. Essa tecnologia, para alguns especialistas da área, é a bola da vez entre os processos. A desinfecção da água por UV tem se tornado cada vez mais comum e acessível. Antigamente reservado apenas a processos industriais, hoje se faz bastante presente na área de saneamento, em piscinas e até dentro das casas, em filtros residenciais, conforma aponta
Fabio Meneghel, da Hexis Científica. Ele também destaca que se trata do único método, entre os mais utilizados pelo setor, de ação imediata.
Considerado um ótimo sistema de desinfecção, a tecnologia UV pode, aliás, tranquilamente substituir o cloro nas estações de tratamento de água, durante a pré-cloração, a qual se faz necessário inserir maiores dosagens de cloro, segundo Nagaminie e Ramacciotti.
A favor da desinfecção por UV também há o alto grau de oxidação gerado por esse processo. De acordo com os porta-vozes da Produquímica, essa tecnologia se baseia em processos físico-químicos capazes de alterar profundamente as estruturas químicas dos contaminantes, assim como agem na inativação de microrganismos.
A lista de pontos positivos da tecnologia UV não para por aí. Ela conta a seu favor com o não uso de produtos químicos e a ausência de geração de subprodutos. Isso sem mencionar a possibilidade de desinfetar microrganismos mais resistentes e a facilidade de manutenção. Mas obviamente o sistema não é perfeito. Entre seus pontos negativos está o seu custo, considerado por alguns clientes, ainda elevado, se comparado a métodos mais tradicionais.
Outro sistema de desinfecção que transita entre os preferidos do mercado é a ozonização. Segundo Mauricio Ribeiro, do departamento comercial do Grupo Philozon O3R, o método não gera nenhum tipo de resíduo tóxico, além de eliminar o uso contínuo de produtos químicos e reduzir o consumo elétrico. "Os sistemas de ozonização são os mais eficientes. Eles apresentam excelentes resultados de tratabilidade" – destaca Ribeiro. Na avaliação dele, entre os benefícios do ozônio, o mais relevante se refere à sua propriedade biocida. "É uma substância que possui ação letal sobre organismos vivos, basicamente contra microrganismos, tendo como principal objetivo a eliminação de bactérias, vírus e muitos outros contaminantes orgânicos e inorgânicos, sem deixar nenhum resíduo ou subproduto" – reforça.

 

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Picelli, da ProMinent Brasil, também destaca os benefícios do ozônio. Entre os sistemas mais empregados no tratamento da água, segundo ele, a ozonização e o dióxido de cloro têm os maiores poderes de desinfecção. "Grande vantagem por ser um gás dissolvido na água, conseguem remover os biofilmes nas tubulações hidráulicas"- comenta. No entanto, apesar de ser eficiente, o ozônio possui particularidades relativas à instalação e à operação do equipamento, diferente do dióxido de cloro, com mais flexibilidade neste quesito.
"O investimento inicial poderá ser mais alto, porém com resultados mais eficazes", conclui. Em outras palavras, o custo é bastante relativo, pois a aplicação é que determinará se a escolha é a mais indicada ou não.

 

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E por falar em aplicação, o ozônio é frequentemente usado no tratamento de água (de processo e de efluentes), em operações de lavagem (de frutas, legumes e verduras), desinfecção de piscinas e de sistemas de higienização e sanitização de garrafas, além de ser empregado na remoção de ferro e manganês e na eliminação de limo, por exemplo. O produto pode ainda, vale dizer, ser usado na redução de cor e odor, e no branqueamento de polpa de celulose. "O ozônio é um poderoso oxidante" – resume os porta-vozes da Xylem Brasil.

 

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Na comparação com o cloro, por exemplo, nota-se que em relação ao seu poder oxidante para inativação celular microbiológica, o ozônio é considerado cerca de três mil vezes mais rápido, além de contar com a vantagem de não provocar nenhuma reação adversa. Aliás, para alguns especialistas da área, trata-se do sistema que mais merece destaque entre os tipos mais usuais. Esse é o caso de Marizel Barazal, da Ozonic. Para ela, o ozônio é a forma mais "eco-sustentável" e eficiente do mercado. "Não gera passivos ambientais, pois apenas deixa oxigênio como resíduo" – afirma. Em tempo, vale mencionar que a Ozonic é especialista em soluções em sistemas de ozônio desde 1989, e conta com tecnologia 100% própria.
No preço, no entanto, o cloro ganha. Segundo Ribeiro, o uso do cloro ainda hoje no Brasil é regulamentado com parâmetros de dosagem para a desinfecção da água, mesmo sendo prejudicial à saúde, se houver a aplicação descontrolada. Na prática, percebe-se que, muitas vezes, as empresas optam pelo cloro pela facilidade de aplicação já que para o uso do ozônio, tem de ser feita uma adequação no local. Ou seja, torna-se um investimento.

Tradição
O cloro é o sistema mais antigo e, portanto, tem sua importância histórica no tratamento da água. Mas não conta somente com a tradição a seu favor. O baixo custo, de alguma forma, mantém a demanda do produto aquecida. Segundo Meneghel, da Hexis Científica, o produto é o mais usado para potabilidade da água para consumo humano em estações de tratamento. "A cloração através do próprio cloro e hipoclorito é amplamente utilizada pela indústria e pelo saneamento público" – complementam Wilson Luiz e Foganholi. Além disso, conforme contam Nagaminie e Ramacciotti, o cloro é empregado na pós-desinfecção; ele possibilita o transporte da água da estação de tratamento até a residência, inibindo o crescimento microbiológico neste percurso.
O alto consumo do cloro, de acordo com previsão de Meneghel, deve se manter por muito tempo ainda. Para ele, isso se dá porque o produto preenche os principais requisitos requeridos no tratamento da água a um custo relativamente baixo. "Todavia em aplicações como tratamento de água para a indústria, água para matéria-prima ou tratamento de efluentes, é nítido o uso cada vez maior de alternativas de desinfecção" – ressalta.
Quando o assunto é cloro, vale lembrar que ele gera subprodutos considerados cancerígenos. "Ele deve ser sempre utilizado com o máximo cuidado" – propõem Nagaminie e Ramacciotti.
Enquanto o cloro se posiciona entre os principais produtos do setor de desinfecção de água, a filtração por membranas talvez seja o mais preterido entre eles. "Esses sistemas são capazes de controlar apenas a passagem ou retenção de diferentes substâncias, além de geralmente funcionarem como sistemas complementares", diagnostica Ribeiro.
Meneghel faz uma ressalva. Como o próprio nome denuncia, o processo é de filtração e não de desinfecção. Ou seja, não foi concebido para garantir eficácia microbiológica, e sim para a remoção de partículas da água. "Ainda que a filtração por membrana possa reter alguns parasitas, ela não é um processo primário de desinfecção", explica.

Novidades
Independentemente do tipo de sistema de desinfecção, é notório que os fabricantes precisam inovar para sobreviver neste mercado. Para isso as empresas têm feito a lição de casa, e abastecido o segmento com novos desenvolvimentos. A Produquímica, empresa do Grupo Compass Minerals, apresentou no ano passado o Prodoxide, uma tecnologia para geração de dióxido de cloro. Segundo a fabricante, a sua seletividade e o seu potencial químico permitem que não ocorra a formação de nenhum THM ou subprodutos nocivos. Com o mote de oferecer baixo investimento operacional, facilidade de aplicação e alto desempenho, o produto aposta também na versatilidade. "Ele limpa de poços artesianos até tanques de água de processo" – dizem Wilson Luiz e Foganholi.

 

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Aliás, o carro-chefe da empresa é o Prodoxide, que compõe o portfólio junto a uma ampla linha de coagulantes, floculantes, antiespumantes e controladores de odor e cloro gás que auxiliam os processos de desinfecção.
As novidades apresentadas pela Produquímica, recentemente, foram bem recebidas pelo mercado, a ponto do Prodoxide estar sendo considerado a alternativa ao cloro gás e ao hipoclorito. "Muitas empresas estão testando o produto e migrando para uma solução mais segura e viável economicamente" – afirmam Wilson Luiz e Foganholi. Esse movimento prova, segundo eles, que as indústrias estão cientes de que um investimento inicial elevado pode significar a resolução dos problemas e a redução de um custo operacional no futuro.
Por sua vez, os principais produtos do portfólio destinados aos sistemas de desinfecção da Xylem Brasil são os equipamentos de ultravioleta e ozônio da marca Wedeco. No quesito inovação, os holofotes se voltam para a tecnologia UV DURON®. Segundo explicam Nagaminie e Ramacciotti, ela reduz a área de instalação, pois as lâmpadas são posicionadas a 45 graus do canal do efluente. "São em torno de 20% mais eficientes energeticamente falando, por causa do optidose, o qual controla a radiação UV emitida para tal uso". Já o Ecoray é a mais nova geração de lâmpadas UV de alto desempenho da marca. Essa tecnologia expandiu a vida útil da lâmpada para 14 mil horas (antes esse índice era de 12 mil horas) e é 20% mais eficiente.
"No caso do ultravioleta, dispomos da lâmpada de baixa pressão e alta eficiência com espectro de emissão de raios UVC com forte concentração no comprimento de onda específico de 254 nm para eliminar os patógenos" – resumem.
A Hexis Científica, pertencente ao grupo multinacional Danaher, comercializa no Brasil produtos das empresas da plataforma de água do grupo, incluindo em seu portfólio as marcas Aquafine, destinada ao mercado industrial; Trojan (saneamento) e Viqua, que tem como mercado final o cliente residencial e comercial leve.
Segundo a fabricante, a marca Aquafine sempre teve seu nome ligado ao próprio desenvolvimento da radiação UV como tecnologia de tratamento. "Trata-se de uma referência global de mercado, líder em vendas e com maior base instalada de equipamento UV na indústria" – destaca Meneghel.
Este ano marcou uma nova etapa nos negócios da Hexis Científica. A empresa começou a operacionalizar as vendas da linha Viqua no Brasil, ampliando seu portfólio de soluções para clientes das áreas comercial e residencial. Além disso, a fabricante registrou um incremento significativo das vendas da família Trojan no país, e lançou linha de equipamentos OptiVenn, da Aquafine. Este trata-se de um novo sistema de desinfecção UV, robusto e flexível desenhado para atender aos requisitos das indústrias mais exigentes.

 

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A ProMinent Brasil tem um amplo porfólio de soluções em desinfecção: os sistemas UV ProMinent Dulcodes®, as unidades de ozônio ProMinent, dióxido de cloro e sistemas de eletrólise. Em consonância com as exigências atuais do setor, a tecnologia UV tem sido considerada o seu carro-chefe. Essa boa aceitação se dá porque apresenta excelente custo-benefício por conta da qualidade, da manutenção e da não utilização de químicos. "O produto é ideal para as empresas que buscam desinfecção de água" – resume Picelli.

 

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Não por acaso, a empresa aposta no UV Dulcodes LP, um produto exclusivo que atende a uma grande variedade de aplicações. Um diferencial se refere às lâmpadas Vario-Flux, de baixa pressão, com 14 mil horas de operação, que traz como opcional o sistema dimming – patenteado pela ProMinent e apresentado ao público na IFAT 2016. Segundo a fabricante, graças a uma combinação única de tecnologia de balastro eletrônico com essas lâmpadas, é possível regular com rapidez e precisão uma grande variedade de potência e consumo de energia. Isto garante, a qualquer momento, a adaptação automática conforme a variação da vazão de água e temperatura.
Em relação aos sistemas de ozonização, o Grupo Philozon O3R garante que está em pleno desenvolvimento de novas tecnologias. "Melhoramos cada dia mais as características mecânicas, elétrica e hidráulica dos equipamentos" – afirma Ribeiro. A marca apresenta sistemas de tratamento de ar PSAs (realizam o tratamento do ar para geração do ozônio); geradores de ozônio; sistema de difusão (bombas, disco difusores, venturis); monitoramento por ORP (potencial de oxirredução) e controle (IHM – tela touch screen), desenvolvidos de acordo com a necessidade e demanda de aplicação. "São sistemas de alto desempenho de ozonização completos que operam em longos ciclos de operação" – ressalta.
Tanta variedade de modelos de sistemas de desinfecção disponíveis indica que o setor está às voltas com um novo paradigma. Há um consenso no mercado brasileiro de que o preço ainda é uma barreira para o avanço de sistemas de desinfecção mais modernos, mas isso tende a mudar. A lei de responsabilidade das estatais ou lei das estatais (lei 13.303) - em vigor desde junho deste ano - veio para impor regras mais rígidas às empresas públicas e sociedades de economia mista no âmbito da União, Estados, Municípios e Distrito Federal.
O texto menciona uma série de mecanismos de transparência e governança a serem observados pelas estatais, como regras para divulgação de informações, práticas de gestão de risco, códigos de conduta, formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade, constituição e funcionamento dos conselhos, assim como requisitos mínimos para nomeação de dirigentes. Além de normas de licitações e contratos específicos para empresas públicas e sociedades de economia mista. Em suma, essas normas vislumbram a adoção de boas práticas de conduta, o que em certa medida deve respingar no mercado de sistemas de desinfecção da água. "Esperamos que ao longo do tempo esta nova lei possa viabilizar compras por performance, nas quais as novas tecnologias exercerão um papel mais relevante e serão mais largamente utilizadas" – finalizam Nagaminie e Ramacciotti.

 

Contato das empresas
Grupo Philozon O3R:
www.philozon.com.br
Hexis Científica: www.hexis.com.br
Ozonic: www.ozonio.net
Produquímica: www.produquimica.com.br
ProMinent: www.prominent.com.br
Xylem: www.xyleminc.com

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