Novas Soluções Tecnológicas Para Tratamento De Água E Efluentes
Por Cristiane Rubim
Edição Nº 35 - fevereiro/março de 2017 - Ano 6
Uma delas é que as ETEs podem gerar água, energia e produtos com valor comercial
A crise da água no Brasil acelerou o processo de desenvolvimento de novas tecnologias e processos no tratamento de água e efluentes. O mercado hoje está focado em buscar soluções inovadoras para atender a toda essa demanda. Apesar do racionamento e escassez que a crise provocou, foi dado o start para que nosso país tomasse consciência de que possui a maior reserva de água doce superficial do mundo e deve tomar medidas urgentes para manter a disponibilidade permanente desse recurso. A crise hídrica de 2015 na Região Sudeste e atual crise na Região Nordeste afetaram o mercado brasileiro e fizeram os municípios e as indústrias tomarem consciência da importância da água. Além disso, as indústrias perceberam a necessidade da sua reutilização em seus processos, por motivos ambientais ou econômicos. Vamos ver agora o que está rolando de novo no mercado.
Mudanças
A primeira grande mudança, segundo Bruno Dinamarco, gerente de contratos da B&F Dias, foi a drástica redução de investimento das companhias de água e esgoto em razão da queda de receita. "Algumas empresas indicam números superiores a 30% de redução", diz. Pelo fato da matriz energética brasileira estar baseada em hidrelétricas, outro aspecto vivido na época, conforme Sônia Ticcianeli Mucciolo, supervisora de processos da Aquamec, foi o aumento do custo da energia elétrica. "Houve até a criação de bandeiras tarifárias devido ao incremento do uso das termoelétricas pela diminuição do volume de água nas turbinas hidrelétricas", comenta.
"Analisando sob a perspectiva técnica, ficou evidente a procura por soluções tecnológicas de reúso e retrofit, tendo em vista a importância jamais antes vista pelo insumo", ressalta Dinamarco. O setor industrial está ávido por soluções de tratamento de água e efluentes eficientes para reúso, segundo ele, inclusive, sob a condição de não investimento, onde optam por planos de locação. "Felizmente, os fabricantes de equipamentos têm diversas alternativas para todos os tamanhos de equipamentos e sistemas", comemora.
O que está chamando a atenção também é a procura nas companhias de água e esgoto por sistemas mensurados pela performance energética. "Grandes empresas, inclusive públicas, já iniciaram processos licitatórios onde os contratos serão baseados nesse tipo de modelo até então algo raríssimo no país", destaca Dinamarco.
Marcus Vallero, gerente de vendas da GE Water, concorda que houve, durante a escassez, um aumento no número de consultas por projetos de retrofit de unidades industriais para adequá-las às novas demandas de captação e reutilização de água. Para ele, o mercado tem se mostrado muito sensível às tecnologias disponíveis, o que deve manter a demanda em longo prazo. "Diferentes tipos de tecnologias estão sendo demandadas para a produção de água de reúso e, um passo adiante, para a geração de energia a partir do efluente, conhecido como waste to energy", salienta. De acordo com Vallero, o cenário é desafiador e exige das grandes empresas oferta de produtos ou serviços que garantam maior previsibilidade e produtividade dos equipamentos instalados.
A realidade, na opinião da equipe técnica da Hemir, é que cada vez mais se fala no desenvolvimento de processos que utilizem, de forma mais racional, as reservas de cada país e como cada um deles decidirá pela redução do impacto do: consumo excessivo, desperdício, manutenção de redes e distribuição, coleta e tratamento, impacto ambiental ao descartar resíduos etc. "Muito se fala e se pesquisa, mas os números revelam que ainda há um hiato entre o que é feito e o que há para ser feito. Não que as empresas ou os governos não trabalhem para isso, mas esbarramos em alguns entraves que nos colocam em um cenário, no mínimo, inusitado", adverte a equipe.
Ao levar em conta o cenário econômico atual brasileiro associado às políticas ambientais vigentes, a redução dos custos nos processos de tratamento de águas e efluentes sanitários e industriais é uma constante. "Um exemplo prático é a questão da redução do lodo gerado no processo de tratamento de efluentes industriais e sanitários e os impactos no custo operacional e no meio ambiente que este tipo de resíduo causa", explica a equipe técnica da empresa.
A gestão das águas e efluentes tem interferido na competitividade das empresas e passou a ser assunto estratégico. "Obter água com qualidade a baixo custo e possuir um corpo hídrico próximo que tenha condições de receber os efluentes têm sido fatores limitantes para a implantação de novos empreendimentos e ampliação de empresas existentes", aponta Andressa Brandalise, engenheira de aplicações e vendas da Monofrio. É latente a necessidade de as empresas revisarem seus processos para otimizar o uso dos recursos hídricos. "Dispor de tecnologias que facilitem e tornem eficiente a gestão da água tornou-se imprescindível para a perpetuação dos negócios", relaciona.
O que mercado busca
O mercado busca aprimoramento do design, redução de área ocupada e performances mais elevadas. "Outra frente de trabalho em todo o mundo está ligada à necessidade de se encontrarem soluções para o tratamento e disposição final do lodo gerado nas ETEs", aponta Rubens Francisco Junior, sócio-gerente da Memphis, representante da Biowater Technology, da Noruega.
Para Andressa, da Monofrio, o primeiro princípio de uma gestão hídrica eficiente em um processo industrial é a redução na fonte, ou seja, consumir o mínimo necessário, acabar com desperdícios e substituir tecnologias por aquelas que não exijam consumo de água ou reduzam este consumo. Deve-se atuar com esforço para melhorar a qualidade do efluente tratado a fim de reutilizá-lo. Analisar também o sistema existente, verificar os pontos fortes e os de melhoria e otimizar a eficiência da estrutura disponível. Por exemplo, testar novos produtos químicos, novas dosagens, verificar se os volumes das unidades comportam a geração da empresa, entre outros.
Depois de fazer melhorias e maximizar a eficiência da estrutura existente, segundo ela, é hora de pensar no sistema de polimento final do efluente, nas tecnologias avançadas que serão capazes de remover poluentes remanescentes das etapas de tratamento anteriores e produzir efluente com a qualidade necessária para o reúso. Em muitos casos, para viabilizar o reúso, o efluente deve possuir qualidade superior à exigida para lançamento em corpos d’água. Neste momento, é que entram as tecnologias avançadas que realizam um tratamento adicional ao efluente para atingir a qualidade ao reúso.
Vantagens das tecnologias de reúso da água para as empresas:
• Garantia de disponibilidade hídrica;
• Minimização do risco de contaminação ambiental, do consumo de água e dos custos inerentes;
• Melhora na relação com a comunidade e os órgãos de fiscalização ambiental.
Fonte: Monofrio.
Benefícios que as novas tecnologias trazem agora e para o futuro:
• Eficiência e controle de processo;
• Real atendimento a parâmetros de qualidade, seja para potabilização de água ou descarte de efluentes;
• Eficiência energética;
• Viabilidade econômica.
Fonte: Aquamec.
MBR
Novas tecnologias surgiram nos últimos 25 anos. "Elas são fruto da necessidade de plantas com maior performance, menor área ocupada e melhor relação custo-benefício", afirma Francisco Junior, da Memphis. Entre essas tecnologias, estão as do MBBR (Reator Biológico com Leito Móvel) e do MBR (Biorreator com Membranas).
As tecnologias MBR tiveram crescimento muito grande devido às vantagens do sistema. "Entre elas, maior qualidade do efluente tratado, apropriado para diferentes aplicações, e melhoria no controle dos processos", avalia Vallero. A incorporação da água de reúso em empreendimentos industriais/comerciais reduz a dependência pela água utilizada em aplicações domésticas, por exemplo. "Os esgotos tratados têm papel fundamental no planejamento e na gestão sustentável dos recursos hídricos como um substituto para o uso de águas destinadas a fins agrícolas e de irrigação, entre outros", analisa.
Os sistemas de ultrafiltração estão mais requisitados devido à exigência da norma sobre o nível de potabilidade da água. O gerente de vendas cita como exemplos as membranas ultrafiltrantes da GE usadas pela Epar Capivari II, controlada pela Sanasa, em Campinas. "A Sanasa é pioneira na América Latina a adotar esse sistema, que impede a passagem dos vírus, bactérias, sólidos e nutrientes sem a necessidade de produtos químicos, deixando a água do efluente com 99% de pureza", afirma. Segundo ele, existe um projeto em andamento para que a água de reúso produzida na Epar seja utilizada no Aeroporto de Viracopos e pelo Corpo de Bombeiros.
Aliado ao MBR ou à ultrafiltração, no setor industrial, para "fechamento de circuito", é exigido a remoção de sais dissolvidos para que água de reúso possa ser usada com segurança nos processos fabris. Além da osmose reversa, que separa os sais da água por meio de uma membrana semipermeável, a GE dispõe da Eletrodiálise Reversa, processo eletroquímico que utiliza membranas carregadas eletricamente para realizar a separação de íons.
Pelo fato de não ser um processo de filtração, mas eletroquímico, quem atravessa as membranas são os íons e não as moléculas de água. "Por esse motivo, tem maior resistência aos contaminantes de águas complexas, dispensa o uso de um pré-tratamento mais sofisticado, como ultrafiltração, e opera com maiores recuperações hidráulicas de até 94%, quando comparado à osmose reversa, que fica entre 70% e 80%", compara Vallero.
Os processos de filtração, como microfiltração, ultrafiltração, nanofiltração e osmose reversa, hoje estão mais disponíveis no mercado e têm custos mais acessíveis que há dez anos. Também cresceu muito nos últimos anos os tratamentos com ozônio e UV. "Todas estas tecnologias, entre outras, são temas de incansáveis pesquisas nas universidades e centros de pesquisas das empresas. O foco é sempre melhorar o desempenho e o custo", ressalta Andressa, da Monofrio.
A Aquamec tem parcerias com empresas europeias – britânicas, alemãs e de outros países – com grande experiência para prover soluções para enfrentar futuras crises da água no Brasil. O que está em alta hoje no mercado também que não foi citado, segundo a supervisora de processos da empresa, é o uso de membranas filtrantes em sistemas de dessalinização de água do mar ou salobra, transformando-a em potável. Composto de equipamentos específicos de pré-tratamento e de filtração por osmose reversa dispostos em contêiner, a solução que a empresa fornece é fácil de transportar e de rápida configuração e oferece segurança microbiológica, automação inteligente e controle remoto.
Novas tecnologias
MBBR mais inteligente
A Memphis oferece desde um projeto com garantias até uma planta completa em regime de turn-key. A empresa trabalha apenas com empresas privadas – indústrias ou concessionárias de serviços públicos – que possuem menor ciclo de estudos/orçamentos/decisão/implantação. Seus projetos e instalações são desenvolvidos com cronogramas restritos, reduzindo os custos globais do empreendimento.
A tecnologia de biofilme MBBR é adequada para a ampliação de ETEs existentes ou novas plantas com restrições locais de área ocupada e elevada performance de remoção de matéria orgânica e nitrogênio. O MBBR e o MBR concentram maiores quantidades de microrganismos depuradores da matéria poluente em menores volumes de reatores.
Pensando na evolução, a Biowater Technology, que é exclusiva da Memphis, desenvolveu e patenteou a mais recente novidade, a tecnologia CFIC, utilizando MBBR de forma mais inteligente. O efluente que sai do reator biológico possui baixa concentração de sólidos, assim é possível produzir efluente para reúso após tratamento de polimento, com menor quantidade de membranas ou outros tipos de filtração.
A primeira unidade onde será aplicada está em fase final de construção em uma fábrica de papel no interior de São Paulo. Lá será feito o reúso, após passar por membranas de ultrafiltração e osmose reversa. "Neste projeto, o CFIC reduziu o Capex em 30% e o consumo de energia elétrica em 40%, comparado com as tecnologias convencionais de lodo ativado e de MBR", afirma Francisco Junior.
Energia neutra
A neutralidade energética se baseia na geração de energia a partir da digestão dos lodos do tratamento de esgotos e efluentes e na redução por energia para operação de plantas. "Em alguns casos, quando implementada a codigestão de resíduos sólidos na planta, pode-se tornar as estações de tratamento autossuficientes em energia e calor", salienta Vallero.
A quantidade de energia presente nos efluentes é superior à utilizada para tratá-los. "As ETEs devem ser vistas como unidades de recuperação de recursos, onde é possível gerar água, energia e produtos com valor comercial", indica Vallero. As tecnologias para se alcançar a neutralidade energética já são utilizadas em países, como Reino Unido e Estados Unidos, e o Brasil está pronto para se beneficiar por possuir grande potencial para recebê-las. "Por meio dessas tecnologias, oferecemos aos nossos clientes a possibilidade de ter uma produção sustentável ambiental e economicamente, com geração própria de energia, fornecimento de água de reúso e redução do volume de resíduos a serem dispostos em aterros", explica.
Para desenvolver uma planta na qual o processo de tratamento reduz o consumo de energia gerada externamente, é necessário uma combinação de tecnologias e soluções. Das soluções oferecidas pela empresa, a primeira etapa é o Leapprimary, equipamento que remove sólidos em suspensão de esgotos e sua transferência para os digestores avançados para permitir a geração otimizada de energia a partir de águas residuais.
A GE Water adquiriu a empresa britânica Monsal, cujas tecnologias estão voltadas ao tratamento anaeróbico de efluentes e águas residuais, assim como de resíduos sólidos orgânicos. Foi uma forma de oferecer ao mercado uma maneira viável de reduzir o uso de energia e produzir energia a partir do biometano presente neles.
Tanto o lodo primário separado pela Leapprimary quanto o lodo secundário gerado no reator biológico são enviados ao sistema de digestão avançada Monsal, solução esta que é simples e capaz de reduzir até 55% dos sólidos voláteis com alta produção de biogás. Este biogás é o combustível dos motores GE Jenbacher, reconhecidos por sua eficiência de conversão do biogás em energia e calor.
Os benefícios da GE Monsal também possibilitam que as plantas de tratamento estendam os seus serviços além do tratamento do esgoto. Com o retrofit dos digestores anaeróbios existentes, a GE é capaz de aumentar a capacidade de recebimento destas unidades também com resíduos externos, como a fração orgânica do lixo, e a produção de biogás, a ponto de que a energia gerada nos motores Jenbacher seja superior às demandas das plantas. "Isso as torna não apenas autossuficientes, mas também produtoras de energia, que pode ser conectada à rede, gerando receita adicional às ETEs", destaca Vallero.
A GE aposta no desenvolvimento de novas soluções para fazer o máximo reúso de água e aproveitamento da energia disponível em efluentes. Entre eles, sistemas térmicos e de cristalização que viabilizam o "descarte zero de líquidos", ou seja, 100% de reúso. Quanto à demanda por menos consumo de energia, a GE lançou ainda o LEAPmbr, que fornece dos mais avançados MBRs. "Ele reduz os custos operacionais com energia em até 30%, aumenta a produtividade da planta em até 15% e tem projeto flexível, que se ajusta a uma área de instalação até 20% menor que o MBR convencional", conta Vallero.
Pensando ainda nos efluentes como potencial fonte de energia e com a atual demanda global por recursos energéticos, a GE colocou no mercado também as membranas ZeeLung, utilizadas para realizar a transferência de oxigênio para o reator biológico. Comparada com a tecnologia de difusão de ar por dispersores de bolha fina, a ZeeLung transfere oxigênio com eficiência três vezes maior, reduzindo o consumo energético na fase secundária de tratamento.
Menos resíduos e dentro dos parâmetros
A preocupação com o uso racional das reservas e o controle sobre o impacto ambiental são alguns dos fatores que impulsionaram a Hemir a buscar em Israel, país reconhecido em nível mundial na área de meio ambiente, o ACT, da sigla, em inglês, Automated Chemostat Treatment. A tecnologia é capaz de reduzir a carga orgânica durante o tratamento biológico de efluentes industriais e sanitários e, por consequência, do lodo gerado. A ideia é poder oferecer um processo tecnológico mais eficiente que gere menos resíduos e permita a garantia dos parâmetros de descarte de efluentes ou seu reúso.
Baseado no conceito do reator quimiostático automatizado, o ACT faz uso de uma malha de controle que envia os parâmetros, pH, OD, DQO, DBO, vazão, temperatura, nutrientes etc., a um software patenteado desenvolvido pela empresa que controla as condições no reator biológico para favorecer aqueles microrganismos que fazem melhor a redução da carga orgânica nas correntes a serem tratadas. Esses microrganismos vêm da coleta de amostras da própria planta do cliente feita em visita técnica e reunidos em um consórcio.
Tudo isso permite que o processo trabalhe com uma baixa concentração celular por mililitro de efluente quando comparada à de células por mililitro em sistema de lodos ativados, atingindo uma alta eficiência de conversão de matéria orgânica, sem a necessidade de recirculação do material para o reator biológico. Isso reduz a massa de lodo formada durante o processo e, por consequência, os diversos custos envolvidos na estabilização com produtos químicos, secagem, transporte e destinação final do lodo.
O sistema é modular, o que permite oferecer soluções customizadas e adaptáveis às necessidades de cada cliente, quanto a condições de processo e infraestrutura da planta - limitação de espaço para inserção de equipamentos. Oferece ganhos ao processo em relação a outras tecnologias, como de sistema de lodos ativados/lagoas aeradas. Entre eles, redução na geração da quantidade de lodo, redução no Opex, automação do processo, controle efetivo e em tempo real das variações, relatórios on-line etc.
A tecnologia ACT pode ser instalada em plantas já existentes, na parte do tratamento microbiológico, e demanda um mínimo de modificações na sua inserção. Além da fácil operação do equipamento, há uma redução dos custos operacionais, de 50% a 80% da geração de lodo, de produtos químicos etc., aliada a um controle eficiente do processo, gerando relatórios online que permitem o enquadramento do efluente nas normas de descarte e/ou reutilização que o cliente segue. Devido a estas características, o ACT pode ser usado nos mais diversos setores: Óleo & Gás, Petroquímica, Papel & Celulose, Alimentos & Bebidas, entre outros.
O sistema ACT é usado em diversos países, como Holanda, Israel, África do Sul e Índia, e o Brasil tem se mostrado um mercado muito desafiador e excitante para a empresa. A Hemir trabalha agora em parceira com a BPC na Índia e em Israel no desenvolvimento de um sistema piloto que permita tratar os mais diversos efluentes. O objetivo é reduzir o tempo de instalação na planta com base no conceito de modularidade e simular várias possibilidades de interação do sistema com outras tecnologias, por exemplo, reatores de membranas.
Evaporadores a vácuo para efluentes
Outra tecnologia em ascensão, com a qual Monofrio trabalha, são os evaporadores a vácuo no tratamento de efluentes, que permitem obter uma redução significativa do volume de efluentes e até mesmo a recuperação de sais e das matérias-primas neles contidos em solução com a reutilização de água destilada. Os evaporadores podem ser aplicados em efluentes galvânicos, contaminados com óleo, detergentes, tintas, entre outros produtos químicos.
A evaporação é a remoção do solvente, em forma de vapor, de uma solução feita em um evaporador. Durante o processo de evaporação, ocorre a formação de vapor de água, que se desprende do efluente e é posteriormente resfriado, voltando à forma líquida (água), que é drenada. No final do processo, fica, de um lado, uma solução concentrada com os poluentes, cerca de 5% a 10% do volume de alimentação; e, de outro, água evaporada de alta qualidade. Os evaporadores a vácuo unem a tecnologia da evaporação com a do vácuo, buscando o aumento da eficiência, uma vez que uma solução submetida ao vácuo entra em ebulição a baixas temperaturas, gerando economia de energia.
Os evaporadores a vácuo podem ser aplicados com resinas de troca iônica, em linhas galvânicas, compondo um sistema de circuito fechado de águas. Elimina-se grande parte do processo físico-químico para remoção dos metais pesados e obtém-se água com alta qualidade, reutilizada nas lavagens da linha galvânica. Os ganhos econômicos são: minimização do consumo de produtos químicos, da mão de obra de operação e das perdas de processo.
Energia solar
Devido à sua forte atuação tecnológica, a B&F Dias tem previsão de inaugurar no primeiro trimestre de 2017 um novo centro fabril e tecnológico numa área de 29 mil metros quadrados. Destaque para quatro sistemas da empresa:
B&F Strip Diffuser – Aeração por ar difuso de bolhas ultrafinas com membrana em poliuretano. Com design inovador, tem menor consumo energético em relação à aeração mecânica e altas taxas de transferência de oxigênio de até 30g/Sm³.m. Permite a instalação de dois difusores, com estabilidade e ajuste de altura, que contam com válvula de retenção contra a entrada de água e lodo, aliviando a membrana e gerando baixos custos de operação e energia.
B&F Cleartec – Sistema que aumenta em 100% a capacidade de tratamento de efluentes na etapa biológica em ETEs sanitários e industriais sem precisar de obras civis. Sua estrutura é de mídias têxteis em polipropileno para aumento e fixação dos microrganismos. Possui superfície específica larga, áspera e estruturada, ideal para colonização, fornecendo maior proteção ao biofilme. O meio têxtil é fixado numa estrutura em aço inoxidável montada sobre sistemas de aeração já existentes ou não. Outras vantagens: não entope; de fácil manuseio e instalação; alta resistência a UV; e isento de manutenção.
B&F Decanter – Tecnologia pateteada para remoção de clarificados em processos de batelada, SBR (Reatores por Batelada). Em aço inoxidável AISI 304 ou AISI 316, possui conjunto de bloqueio que impede a entrada de esgoto bruto durante o enchimento e mistura e evita o arraste de espuma e lodo durante a aeração. O sistema de abertura e fechamento é autorregulável, sendo controlável por válvula atuada de descarte na saída do reator. Conta com duas câmaras de flutuação, sistema de braços articulados fixos na parede do tanque e limitadores de profundidade por cabos de aço inoxidável, o que confere maior confiabilidade e estabilidade nas operações.
Durante o esvaziamento do clarificado, a coleta opera como bafle, evitando o arraste de escuma e material sobrenadante. A grande superfície de coleta, somada às baixas taxas de velocidade, garante o fluxo laminar e a não remoção do lodo decantado. A descarga segue pelo tubo flexível para a saída na válvula atuada. Outras vantagens: instalação e baixo custo de operação; resistente a corrosão, ataques químicos, UV e esforços mecânicos; flutuação com alto fator de serviço (2,0); coleta ajustável com fluxo subsuperficial menos turbulento; alta capacidade de vazão pela grande superfície de coleta; fixação com acesso à manutenção sem paradas no tratamento.
B&F Energy – Sistema de energia misto através de painéis fotovoltaicos utilizado em aplicações em ETAs e ETEs. As placas fotovoltaicas captam a irradiação solar e transformam em energia elétrica. Com o uso do sistema de energia solar, há grande redução do consumo da eletricidade paga. Dependendo do tamanho da planta geradora e do período de insolação, é possível suprir de forma integral o custo. Também oferece fontes renováveis e proporciona segurança às estações de tratamento ao dispor de mais uma alternativa de geração de energia. Além disso, a ausência de manutenção, o custo zero de operação e o rápido retorno de investimento garantem a eficiência, a efetividade e a produtividade de todo o processo. O sistema tem um kit especial composto pelas placas fotovoltaicas, sistema de controle e suportes para as placas.
Benefícios do sistema de aeração alimentado por painéis solares:
• Sustentabilidade;
• Economia de energia;
• Redução de custo;
• Rápido payback;
• Sem manutenção;
• Rápida instalação;
• Baixo investimento;
• Baixo Opex;
• Sistema durável;
• Funcionamento automático e silencioso;
• Sistema modular;
Flutuador de olho nos lodos ativados
A Aquamec atua com ‘revamp’ de plantas existentes que possibilita o aumento da capacidade nominal da Estação de Tratamento, melhoria do processo, eficiência energética, entre outros benefícios. Além disso, a empresa conta com especialistas e técnicos que analisam a necessidade de reforma de equipamentos, manutenção ou substituição por outro de nova geração. Adequação e ampliação da capacidade das plantas existentes, com implantação de equipamentos e itens de alta taxa, pré-tratamentos especiais etc.
A empresa realiza workshops que geram maior aprofundamento técnico em cada uma das tecnologias apresentadas e que se pode tirar proveito de todo o desenvolvimento em pesquisas que os europeus têm feito. Um dos sistemas que será mostrado é o Shepherd – Monitoramento e Gerenciamento para lodos ativados, que flutua no tanque de lodos ativados e coleta amostras automaticamente a cada 60 minutos. Um valor de DBO5 aproximado é exibido de hora em hora. Benefícios:
Gera de dados de DBO a cada 60 minutos.
• Fornece o fluxo de ar recomendado para a carga atual;
• Permite a otimização dos custos de aeração e energia;
• Permite ajuste fino sem risco de falhas;
• Alerta atividade incomum ou toxicidade;
• Fornece uma trilha de auditoria da atividade da planta;
• Fornece informações e conselhos em três cenários de software integrados, atendendo a diferentes usuários e necessidades operacionais.
A Aquamec está focada também em soluções para economia de energia em ETEs, tanques de aeração, com a substituição de difusores de bolhas finas por difusores de microbolhas OxyStrip, além da instalação de um sistema de medição de DBO online e controle de aeração. Esse conjunto é capaz de reduzir de 30% a 50% do consumo de energia elétrica dos sopradores.
Outro processo é o uso do ácido peracético para remoção de precursores de THM e como agente de desinfecção final em ETEs. É destaque ainda o analisador online de DBO, da Bactest, que monitora e controla processos aeróbicos. Nas plantas, se faz a medição indireta através de oxigênio dissolvido ou DQO que indica o conteúdo residual excedente, ou seja, o oxigênio além do necessário para a sobrevivência dos microrganismos, que é desperdiçado para garantir que o reator tenha performance.
Segundo Sônia, supervisora de Processos da empresa, o OD e a DQO não têm ainda a capacidade de indicar um evento de toxicidade na planta. "Para monitorar um sistema biológico de tratamento, os dados de demanda biológica de oxigênio são mais precisos", aponta. O equipamento da Bactest funciona por respirometria e fornece medições de hora em hora. "Pela amostra, é possível saber se a biota está respondendo adequadamente, ou se a reação está lenta, normal ou rápida demais, e, desta forma, realizar ajustes no processo", diz.
Pré-tratamento com membranas de UF:
Outros lançamentos são as ETEs compactas com tecnologia de tratamento biológico SBR Aqua-Aerobic Systems (reator por batelada sequencial), que ocorre em um único tanque: equalização, anóxico/anaeróbico, aeróbio, clarificação e descarte de lodo. Vantagens:
• Unidades modulares e automatizadas, metálicas ou em concreto;
• Área de implantação pequena e simplicidade no funcionamento, o que reduz o tempo e o custo de investimento;
• Absorve picos de vazão sem interferência na qualidade do processo;
• Permite realizar tratamento secundário (remoção de DBO) e terciário (remoção de nutrientes – fósforo e nitrogênio).
A Aqua-Aerobic Systems ainda oferece o AquaPrime, filtro a disco de tecido para ser instalado em ETEs como pré-tratamento para ampliar sua capacidade.
Contato das empresas:
Aquamec: www.aquamecbrasil.com.br
B&F Dias: www.bfdias.com.br
GE Water: www.gewater.com
Hemir: www.hemir.com.br
Memphis: www.biowatertechnology.com
Monofrio: www.monofrio.com.br