Um pré-filtro adequado para cada aplicação
Por Cristiane Rubim
Edição Nº 9 - outubro/novembro de 2012 - Ano 2
A escolha é importante para a proteção de todo o sistema
Os diversos pré-filtros existentes no mercado podem ser manuais ou automáticos e mudam de posição em um sistema de filtração de acordo com a necessidade das aplicações. Para atendê-las, seu papel passa, muitas vezes, de atuar como pré-filtro em um processo de filtragem para ser um filtro intermediário em outro ou desempenhar como filtro final para outra utilização.
Quem nos explica melhor esta questão é Valdir Montagnoli, gerente de produtos da Laffi Filtration, empresa que projeta, desenvolve e produz equipamentos para filtragem. Para ele, o termo pré-filtro é muito abrangente. "Existem vários tipos de filtros que podem ser aplicados como "pré-filtro" em um sistema de tratamento de água, dependendo de qual é a fonte de captação e a qualidade da água a ser tratada", esclarece. Ele cita a ultrafiltração como exemplo de pré-filtro, utilizada para proteger um sistema de osmose quando a água é captada do mar. "Esta mesma ultrafiltração será o último estágio de tratamento para potabilização se a fonte for água doce, contendo apenas sólidos suspensos, e terá como pré-filtro algum filtro cesto ou filtro de areia", explica.
Outro exemplo citado por Montagnoli é se a água é de um poço artesiano com boa qualidade e contém baixa concentração de sólidos suspensos, o filtro de areia será usado na filtração final. Por outro lado, se esta mesma água contém algum teor orgânico, além dos sólidos suspensos, o filtro de carvão faria a parte da filtração final e o filtro de areia, um filtro cartucho ou um filtro bolsa poderia ser o pré-filtro. "Qualquer filtro pode ser usado como filtro final, filtro intermediário ou pré-filtro, esta escolha dependerá da qualidade que se deseja obter com a filtragem e principalmente a aplicação que este fluido terá", finaliza.
Na opinião do engenheiro Edison Ricco Junior, da Apexfil, que desenvolve produtos e oferece serviços para sistemas de filtração, os pré-filtros são muito importantes para proteger as membranas no processo de tratamento de água, que, geralmente, têm um alto custo de operação. "Os pré-filtros recebem a maior carga de partículas sólidas suspensas, o que garante maior vida útil das membranas", aponta. "Normalmente, são utilizados filtros de 5 micra como pré-filtros para capturar as partículas maiores, protegendo as membranas no processo de tratamento." Para o engenheiro Roberto Michalski, diretor técnico comercial da Etaenge, distribuidora no Brasil dos filtros automáticos autolimpantes Amiad e Filtomat, dependendo do sistema de tratamento, além de proteger as membranas (UF-OR), os pré-filtros evitam sobrecarga de filtros de polimento, como areia, cartuchos, etc., por reduzir a carga de sólidos suspensos, entre outras aplicações.
Variedade
Entre os vários tipos de pré-filtros, de acordo com Michalski, estão desde o tipo cesto ou bags, para filtragem grosseira, de limpeza manual, até filtros automáticos. "Os pré-filtros mais usados e comercializados são os tipo tela (ou cesto) e os filtros tipo disco, de limpeza automática, devido a sua forma compacta, alta confiabilidade e benefícios para o sistema de tratamento, além de permitirem graus de filtragem mais apertados e maior retenção de sólidos", indica. Estes filtros possuem graus de filtragem variados na entrada de água na planta de ETA ou indústria. "Em alguns casos, é necessário o uso de graus de filtragem mais apertados, abaixo de 50 micra, por exemplo, para remoção de sólidos suspensos finos. Neste caso, nem todo tipo de filtro automático pode ser usado, dependendo muito do tipo de sistema de limpeza", afirma o diretor técnico comercial da Etaenge.
Considerado um filtro que retém sólidos eventuais, o filtro tipo cesto geralmente é utilizado como pré-filtro por ter como principal função proteger algum equipamento posterior a ele, como bombas, membranas de UF, medidor de vazão, etc. Seu perfil é típico para reter sólidos maiores, como folha, insetos e materiais plásticos, sendo comum ser instalado na sucção de bombas, conforme Montagnoli, da Laffi Filtration. Sua área filtrante é inferior à de outros tipos de filtros, como os cartucho ou bolsa, para atender uma mesma vazão. "O filtro cartucho e o bolsa possuem área maior porque são calculados para reter maior quantidade de sólidos. Já a área do filtro cesto é calculada de acordo com a área quadrada da seção da tubulação onde será instalado", comenta Montagnoli.
Na categoria de filtros automáticos, conforme Michalski, da Etaenge, existem diversas tecnologias, formas construtivas disponíveis e direções de fluxo (ascendente, descendente, etc.). Ao adquirir um filtro automático, os fatores mais importantes que devem ser observados, segundo ele, são o tipo de sistema de limpeza, a área filtrante e os dados de processo. "Muitas vezes, estes, por estarem incorretos ou insuficientes, são responsáveis pelo mal dimensionamento e mal funcionamento dos equipamentos", adverte. Para a definição de alguns modelos de filtros automáticos autolimpantes, que são equipamentos mais caros e sofisticados, Michalski alerta que são fundamentais a carga total de sólidos suspensos e a análise granulométrica.
Aplicações do filtro cesto
• Proteção de bomba;
• Captação de água de rio, retendo folhas, insetos, materiais plásticos, restos de animais mortos, areia, etc;
• Sistemas de tratamento de efluentes para reter fibras, fios de cabelos, plásticos e areia.
Aplicações dos filtros autolimpantes
• Estações de tratamento de água e de esgoto;
• Papel e celulose;
• Plataformas marítimas;
• Setores químico e petroquímico;
• Siderurgia;
• Refinarias.