A Mudança Do Meio Pelo Seu Voto

Vivemos um tempo em que a valorização do que se chama subjetividade anda escassa! Tudo está globalizado, massificado, sem diferença.


A Mudança Do Meio Pelo Seu VotoVivemos um tempo em que a valorização do que se chama subjetividade anda escassa! Tudo está globalizado, massificado, sem diferença. A noção de subjetividade brota do mundo interno, da identidade (dos nossos gostos, opiniões, valores, temores, desejos...) ao se vincular ao que está no mundo exterior, na cultura, nas pessoas, na natureza. O subjetivo é o que resulta de singular e intransferível nessa alquimia, entre o interno e o externo. Porém, manifestamos nossa subjetividade no comportamento, o qual sempre é mais valorizado porque pode ser positivamente verificável e mensurável. Quer saber como anda a sua subjetividade? Espie as marcas que você tem no seu guarda-roupa, as bebidas que consome, as músicas que escuta, a parafernália eletrônica que você comprou só para não parecer um alienado digital e agora mal consegue saber o que fazer com tanta informação; monitore por 30 minutos as suas convicções "íntimas" e veja quantas delas estão estampadas em alguma mídia... Daí faça o cálculo de quanto há de você mesmo em sua vida.
Um amigo querido, engenheiro ambiental, esses dias me dizia que o grande problema das reformas ambientais é que, geralmente, somos muito "subjetivos" e pouco "comportamentais" nas resoluções tomadas. Temos a esperança, mas não a atitude para criar um mundo mais limpo em todas as concepções da palavra limpo. É fato! Mas essa noção coloquial do que é subjetivo é posta no sentido de sermos tangenciais, ou seja, não objetivos. Por isso, as intenções são fartas, os sentimentos arrebatam, a poesia das palavras encanta, mas o comportamento permanece o mesmo quando não está fortemente motivado por nossa subjetividade que direciona as nossas escolhas de modo único.
De boas intenções o mundo, para não dizer outro lugar, está cheio. Mudar é muito menos reflexão e muito mais ação. Toda a onda de sentimentos que nos invade é muito benéfica, e serve para reforçar cada vez mais a evolução moral, emocional e espiritual do ser humano. Mas a ética se efetiva e o mundo se transforma pelo comportamento, pela atitude, pela intenção transformada em resultado.
Toda aprendizagem deve produzir mudança de comportamento. Senão não aprendemos nada de verdade. Porém, mudança de comportamento "per se" também não significa evolução. Podemos mudar nosso comportamento simplesmente porque temos que arcar com as consequências dos nossos atos: esse é o princípio behaviorista do condicionamento e da punição em forma de multas, por exemplo. Isso funciona, é assim que se adestram cães, mas com seres humanos já sabemos, há muito, que outras variáveis se atravessam: diferentemente dos animais nós humanos somos corruptos, seduzíveis, queremos a recompensa sem fazer esforço genuíno! Alguns abanam o rabinho e rolam no chão, mas não tem a menor intenção de lealdade à mão que os alimenta.
Aprender de verdade tem a ver com a interiorização da responsabilidade, com a consciência, com o comprometimento. Por isso minha sugestão àqueles que querem mudar, crescer, evoluir ou melhorar seja lá o que for, é: observe suas ações, as mais corriqueiras, as mais cotidianas, as menos importantes, aquelas que tomamos em relação às pessoas à nossa volta e que, às vezes, estão tão automáticas e enraizadas que nos esquecemos de incluí-las em nossos "planos" de mudança.
Em ano eleitoral isso vale em dobro! Suas escolhas políticas são fruto de suas crenças e de sua avaliação sobre o impacto do seu voto no cenário geral? Ou você está sendo guiado pelas pesquisas de opinião? Ou pelas promessas de campanha ou pela total e voluntária alienação? Faça escolhas subjetivas sempre, mas pautadas pela objetividade dos fatos e das possibilidades. Se você "queria", se você "iria", então considere seriamente a chance de não estar querendo de verdade e de não ir a lugar algum.
Se estamos mesmo querendo o mundo melhor temos que construí-lo: pedra por pedra, ato por ato, voto por voto!
Sonhar é bom, amar é maravilhoso, fazer planos refresca a alma, mas é a mudança que nos leva adiante, que promove crescimento e evolução. Mesmo as mais dolorosas que começaram com o corte do cordão umbilical, com o desmame, com a perda do colo. Portanto, se você aprendeu mude! Mas não mude só na aparência, pois as pessoas não enxergam e não sentem o que está dentro de nós, porém, nós e elas teremos que conviver com o resultado do que pensamos e sentimos e em algum momento foi posto em ações.

 

A Mudança Do Meio Pelo Seu Voto
Dra. Tárcia Rita Davoglio
Psicóloga; Psicoterapeuta; Consultora em Gestão de Pessoas; Docente de IES e Educadora. Doutora e Mestre em Psicologia Clínica/PUCRS; Especialista em Gestão Empresarial/FGV; Especialista em Psicoterapia Psicanalítica/UNISINOS; Perita em Avaliação Psicológica e Gestão de Equipes
E-mail: tarciad@gmail.com

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