Preocupação Do Brasileiro Com Consumo De Água Aumenta, Mas Desperdício Nas Residências Cresce Em Cinco Anos

Pesquisa realizada pelo Ibope para WWF-Brasil revela que 48% da população consome água com pouco controle, 30% demora mais de 10 minutos no banho e 29% dos domicílios no Nordeste enfrentam constante falta d’água


O brasileiro desperdiça água, afirma conhecer formas de economizar o recurso, mas não as coloca em prática. A pesquisa - que faz parte do "Programa Água para a Vida", uma parceria entre o WWF-Brasil e o HSBC – mostra que 68% dos entrevistados, em 26 estados do país, reconhecem o desperdício como a principal causa para o problema de abastecimento de água no futuro.
Quase metade (48%) da população admite gastar água em suas casas com pouco controle. Há cinco anos, essa parcela representava 37%. Nos dois períodos, os entrevistados apontaram que diminuir o tempo de banho é a melhor forma de reduzir o consumo. No entanto, 30% informaram demorar mais de 10 minutos embaixo do chuveiro em 2011, enquanto, em 2006, 18% despendiam o mesmo tempo para a atividade. Estima-se que em um banho de 10 minutos sejam gastos 100 litros de água. Fechar a torneira ao escovar dentes, consertar vazamentos e não lavar calçadas com mangueira foram os outros meios destacados pelos quais o desperdício pode ser evitado.
Outra questão revelada pelo estudo é o baixo conhecimento sobre o consumo de água no país. Para 81% da população, residências e indústrias são os grandes usuários e apenas 16% avaliam – corretamente – que a agricultura é a grande consumidora de água no Brasil. A produção agrícola é responsável por 70% do uso do insumo e pelo maior gasto sem controle. Além disso, a indústria é vista como a maior poluidora (77%). Ainda é desconhecido, por exemplo, que a poluição das águas por uso doméstico, muitas vezes, supera a poluição industrial em grandes centros urbanos. "Esses dados demonstram que a percepção do problema se restringe ao ambiente onde vive a maioria da população do país: as grandes cidades. Não há uma visão integrada com a zona rural, onde estão as principais fontes do recurso, e do caminho que esta percorre até chegar às casas e apartamentos. O problema é visto da "torneira para frente" e poucos o reconhecem da "torneira para trás", explicou Maria Cecília Wey de Brito, CEO do WWF-Brasil.
A pesquisa aponta ainda que 67% dos domicílios pesquisados no país enfrentam algum tipo de falta d’água. No Nordeste, já existe escassez constante do recurso em 29% dos domicílios. Apesar disso, o consumo médio de água diário, por habitante no país (185 l), é considerado mediano, próximo do da Comunidade Europeia (200 l), mas muito distante do de regiões secas como o semiárido brasileiro (abaixo de 100 l), e partes da África subsaariana (abaixo de 50 l).
O levantamento mostrou também que 87% das pessoas não conhecem a Agência Nacional de Águas (ANA), órgão regulador do recurso, criado pelo governo federal em 2000, e o desmatamento foi apontado apenas por 1% dos entrevistados como uma das causas do agravamento do problema da água no país. "O tema de água doce, seus problemas e oportunidades ainda precisam ser melhor compreendidos pelo cidadão brasileiro. A urbanização crescente nas últimas décadas fez com que mais de 80% da população passasse a morar nas cidades. O descompasso entre o reconhecimento do problema e a tomada de atitudes precisa ser compreendida. A visão sobre a água é limitada, assim como a percepção dos seus problemas", completa Maria Cecília.
A pesquisa, encomendada pelo WWF-Brasil ao Ibope, ouviu 2.002 pessoas em novembro de 2011 em 26 estados da federação.

Preocupação Do Brasileiro Com Consumo De Água Aumenta, Mas Desperdício Nas Residências Cresce Em Cinco Anos

Programa HSBC pela Água
Uma parceria entre o Grupo HSBC, WWF, WaterAid e Earthwatch, o programa tem o objetivo de trabalhar com o fornecimento, proteção e educação sobre a água em cinco bacias de importância estratégica em nível mundial e onde vivem um bilhão de pessoas: a do Yangtze, na China; do Ganges, na Índia; do Mekong, que se expande por territórios da China, Tailândia, Laos, Camboja e Vietnã; do Leste Africano, nas bacias do Ruaha e Mara, dividido entre o Quênia e a Tanzânia; e o Pantanal, em terras brasileiras, resultando em um dos projetos ambientais mais inovadores realizado por uma organização financeira.

WWF-Brasil

Organização não governamental brasileira que tem os objetivos de harmonizar a atividade humana com a conservação da biodiversidade e promover o uso racional dos recursos naturais em benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações. Criada em 1996 e sediada em Brasília, a instituição desenvolve projetos em todo o país e integra a Rede WWF, uma das maiores redes independentes de conservação da natureza, com atuação em mais de 100 países e apoio de cerca de 5 milhões de pessoas, incluindo associados e voluntários.

 


"Oscar da Água" bate recorde de inscrições

Prêmio ANA 2012 recebe 362 inscrições – 76 a mais que o recorde de 2010. Iniciativas de uso sustentável da água feitas participam da premiação. Todos os estados, exceto Amazonas e Rondônia, e o Distrito Federal estão na disputa.
Num ano de Fórum Mundial da Água e de Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) – em que os temas de meio ambiente estão em destaque – o Prêmio ANA 2012 conseguiu seu maior número de inscrições até hoje: 362. Assim como em 2010, a categoria Imprensa é a que tem mais participantes: 124. Os demais 238 inscritos dividem-se nas categorias: Empresas (72), Governo (40), Ensino (36), Pesquisa e Inovação Tecnológica (32), ONG (24), Água e Patrimônio Cultural (22) e Organismos de Bacia (12). O Distrito Federal e mais 24 estados estão na disputa. Apenas Amazonas e Rondônia ficaram de fora.
Participam da premiação aquelas ações que estimulam o combate à poluição e ao desperdício e apontam caminhos para assegurar água de boa qualidade e em quantidade suficiente para o desenvolvimento e a qualidade de vida dos brasileiros. Desde 2006, a Agência Nacional de Águas (ANA) promove a premiação a cada dois anos.

 

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