Perspectivas Do Mercado De Tratamento De Águas E Efluentes
Por Bruna Lavrini
Edição Nº 10 - dezembro de 2012/janeiro de 2013 - Ano 2
Segundo fontes do setor, 2013 deve ser mais promissor do que 2012
O ano de 2012 está acabando e é necessário fazer um balanço sobre o que aconteceu este ano, o que pode se esperar para o próximo e como ficam as projeções para os anos que vêm pela frente. Principalmente, quando lembramos que o Brasil está há menos de dois anos de sediar a Copa do Mundo e, que em breve, mais precisamente em 2016, o país será palco dos Jogos Olímpicos, sediados pela cidade maravilhosa, Rio de Janeiro. Toda essa reflexão não deixa de fora quem faz parte do setor de águas e efluentes, para as fontes do mercado, este ano foi relativamente "morno" e as expectativas são de que, 2013, seja o contrário do que foi 2012.
Recentemente, o Instituto Trata Brasil lançou um novo ranking dos avanços e desafios para a universalização do saneamento básico. Para realizar o estudo, o instituto contou com a parceria da GO Associados, consultoria especializada em saneamento básico, e com o SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento Básico – o banco de dados é mantido pelo Ministério das Cidades. A base do estudo do Instituto Trata Brasil são os dados coletados durante o ano de 2010. A pesquisa tem três objetivos principais: mostrar a situação do saneamento básico nas maiores cidades, valorizar os esforços das melhores colocadas e incentivar as demais a evoluir.
O estudo revelou que o índice médio de atendimento da população com água tratada nas 100 maiores cidades brasileiras foi de 90,94%, ou seja, maior que a média nacional de 81,1%. Em 89 das cidades, 80% ou mais da população é atendida com água tratada – 20 delas com cobertura de 100%. Por outro lado, 11 cidades apresentaram atendimento inferior a 80% da população. No que se refere a coleta de esgoto, o levantamento concluiu que a maioria dos municípios ainda está longe de ter um serviço universalizado a todas as camadas populacionais. Das 100 cidades analisadas, 59,1% têm coleta de esgoto para os cidadãos. No entanto, apenas 5 municípios – todos da região Sudeste – afirmaram ter a prestação de serviço para 100% da população.
O quesito tratamento de esgoto é um dos mais preocupantes, 40 cidades das 100 que foram estudadas, em 2010, trataram apenas 20% de todo o esgoto recolhido. Apenas 15 municípios mostraram mais cuidado com o material gerado, a compilação de dados afirma que nesses locais o índice de tratamento é superior a 70%. Seis dessas cidades apresentam dados ainda melhores, com mais de 81% de todo o esgoto devidamente tratado.
Para Édison Carlos, presidente do Instituto Trata Brasil, os dados mostram que o Brasil ainda tem um longo caminho para alcançar a universalização do saneamento básico, apesar dos avanços que podem ser observados e que devem ter seu mérito.
Os dados que são mostrados pelo estudo, vão de acordo com o que palpa o mercado que faz parte da cadeia que ajuda a universalizar o saneamento básico entre as populações de todas as cidades e estados brasileiros. Para Paulo Lisboa, gerente de marketing para a América Latina, da Xylem Inc., multinacional especializada em soluções para o mercado de águas e tratamento de efluentes, este ano foi abaixo das expectativas do mercado, principalmente no que se refere a obras governamentais. "O ano de 2012 deve encerrar como mais um onde as expectativas foram grandes, mas as realizações, abaixo do esperado. Acreditávamos que, por ser este o segundo ano dos novos governos federal e estadual, seriam retomados os projetos que ficaram de certa forma ‘parados’ em 2011. O Mercado esperava que este fosse o ano em que as novas gestões tomassem o controle de suas máquinas administrativas, mas isso aconteceu abaixo do esperado."
A opinião de Lisboa não é exclusiva. Segundo Vera Grego, gerente comercial da Degremont, empresa especializada no tratamento de águas e efluentes, muito do que era esperado para 2012 ficou só no papel. "O cenário de 2012 não se mostrou tão promissor quanto se esperava. Grandes projetos industriais foram adiados. O mesmo cenário se aplica ao mercado público brasileiro."
O que vem por aí
Diferentemente do que será deixado para trás, 2013 já está sendo aguardado com boas expectativas e clima de otimismo pelo mercado. As empresas esperam que o que foi iniciado e não teve andamento em 2012 seja concretizado e, para o gerente de marketing da Xylem Inc., o período em que se encontra os atuais governos será uma boa influência para o setor. "O ano deve começar com esperanças renovadas, pois este setor é muito dependente de ações governamentais e a história nos mostra que sempre a segunda metade dos mandatos são de maiores realizações", aposta Lisboa.
A tendência que é citada por Paulo Lisboa é sentida pelo mercado como um todo. Rogério Toledo de Almeida, diretor comercial da EP Engenharia de Processo, empresa especializada em desenvolvimento e implantação de soluções para tratamento de águas e efluentes, afirma que 2012 serviu para firmar um bom cenário para o setor, oportunidades que serão aproveitadas no próximo ano. "Tendo em vista o aumento de demanda que houve este ano para fornecimento de sistemas de tratamento de água e efluentes, bem como estações de reciclagem de água, o cenário atual é bastante promissor e otimista. Uma vez que o Brasil passa por uma fase de grande investimento em infraestrutura, em incentivo à indústria local e com investimentos devido aos grandes eventos esportivos que ocorrerão no país", opina Almeida. O diretor comercial da EP Engenharia ainda acrescenta a importância do fator ambiental e a conscientização que vem sendo proliferada entre as camadas do poder público e privado. "Atrelado a esses fatores, as leis ambientais e a conscientização das pessoas e empresas em relação à conservação do meio ambiente impulsionam ainda mais o setor de tratamento de água e efluentes."