Um procedimento prático, que garante a excelência da água tratada e ainda contribui para a sustentabilidade do planeta. Assim pode ser definida a tecnologia de biorreatores com membranas, também conhecida como MBR (MembraneBioReactor), que representa uma importante evolução no tratamento de efluentes industriais e domésticos.
No Brasil, a tecnologia é relativamente nova, mas tem ganhado espaço nas indústrias, empresas e municípios que buscam alternativas para o uso racional e o reúso da água, garantindo a qualidade no consumo.
Os riscos de escassez da água, delimitações de áreas para novas estações de tratamentos de efluentes e a queda nos custos dessa tecnologia têm propiciado a expansão do mercado de MBR. "O mercado de biorreatores com membranas está aquecido em diversas partes do mundo e no Brasil devido à queda nos custos dessa tecnologia devido à expansão de consumo, o mercado tende a aumentar mais e mais. Com todo esse crescimento o sistema MBR tem se mostrado competitivo as tecnologias tradicionais, porém gerando um efluente final de alta qualidade. Com o aumento da escassez de água ao passar dos anos a ideia de reúso de água é algo inovador e a tecnologia de MBR proporciona isso", afirma a química de processos da Centroprojekt do Brasil, Anna Carolina Rapôso Camelo Motinaga.
O coordenador de projetos do Centro Internacional de Referência em Reúso de Água (Cirra), da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), José Carlos Mierzwa, destaca a relevância da tecnologia em cenários em que a limitação de área para a instalação de novas estações de tratamento de efluentes represente um problema. "Em regiões metropolitanas como São Paulo e Rio de Janeiro você tem uma limitação de área. Uma das opções para ampliar a capacidade da estação de tratamento é fazer a atualização com os biorreatores com membranas. Adotando essa tecnologia você consegue dobrar a capacidade utilizando a mesma área e aumentando a qualidade da água", explica.
Anna Carolina concorda com o coordenador de projetos da Cirra e ainda cita outras vantagens dessa inovadora tecnologia que tem propiciado o crescimento da mesma. "O mercado de sistemas MBR cresce de forma exponencial, seja pela qualidade dos efluentes tratados, pelo elevado grau de automatização, pela redução de área ocupada e, também pelo preço", comenta a química da Centroprojekt do Brasil.
Os custos é outro fator que coloca a tecnologia de biorreatores com membranas em uma posição vantajosa em relação aos demais sistemas. Simulação realizada pelo Cirra com mais de 2300 indústrias de São Paulo, considerando a cobrança pelo uso da água e pelo lançamento de efluentes, demonstrou que 60% do reúso de efluentes reduz significativamente os custos associados ao pagamento pela água. A pesquisa ainda indicou que quando não há taxas adicionais para o transporte e disposição final de lodos resultantes do tratamento, os gastos médios dos efluentes tratados variam de R$ 0,80 a R$ 1,20/m³. Valores bem mais atraentes do que os oferecidos pelo sistema público de distribuição em função da demanda mensal (próximos a R$ 10/m³), enquanto a oferta de água de reúso varia entre R$ 1,39 e R$ 1,89/m³.

Conheça a tecnologia
Os biorreatores com membranas são desenvolvidos a partir de um biorreator com biomassa suspensa e uma unidade utilizando membrana para separação de sólidos líquidos. O sistema MBR combina as vantagens dos processos biológicos às vantagens do uso de processos de separação por membranas, além de gerar um efluente tratado que atende aos padrões de reúso e de qualidade constante. Nestes sistemas, módulos de microfiltração ou ultrafiltração funcionam como uma barreira, retendo a biomassa, para que esta seja retornada ao reator, permitindo o controle do tempo de retenção da biomassa de forma completamente independente do tempo de residência hidráulica. A membrana substitui o decantador secundário e permite atingir concentrações de biomassa muito mais elevadas no tanque de aeração do que aquelas atingidas em sistemas de lodos ativados convencionais. "A tecnologia de biorreatores com membranas consiste na integração da tecnologia de separação por membranas em sistemas convencionais de lodos ativados e tem representado uma inovação importante na evolução da tecnologia de tratamento biológico de efluentes", declara a química de processos da Centroprojekt do Brasil.
O processo de tratamento é semelhante ao do sistema de lodos ativados convencionais, mas com uma eficácia maior. "No tratamento de efluentes o lodo deve ser separado e a eficiência do sistema de biorreatores com membranas permite que você trabalhe com uma concentração muito maior de lodo, o que faz da MBR uma tecnologia melhor e mais eficiente", garante o coordenador de projetos do Cirra.
A tecnologia de biorreatores com membranas pode ser aplicada no tratamento de efluentes domésticos e industriais de diversas origens, garantindo a qualidade da água utilizada pelos mais variados setores do mercado. "A Centroprojekt do Brasil utiliza a tecnologia de Biorreatores com Membranas em diversos setores, como empresas petroquímicas, alimentícias, tintas, abrasivos, entre outras, tratando efluentes industriais e domésticos para que o cliente possa ter um efluente com valores de parâmetros dentro da Legislação ambiental", comenta Anna Carolina.

Vantagens
Os biorreatores com membranas se mostram mais vantajosos e eficazes do que os demais sistemas de tratamento de efluentes, garantindo uma água tratada da mais alta qualidade. "Entre as principais vantagens que a tecnologia de MBR tem mostrado é a elevada qualidade do efluente tratado, gerando assim um efluente para reúso", afirma a química de processos da Centroprojekt do Brasil.
O coordenador de projetos da Cirra concorda: "Com o sistema MBR você consegue trabalhar com substâncias mais resistentes, como o material que as bactérias escoram. Você cria um biofilme, um atenuador de contaminantes que melhora o processo de separação do tratamento de efluentes", explica José Carlos.
Anna Carolina ressalta outras vantagens da tecnologia de biorreatores com membranas. "Entre outras vantagens do MBR temos uma maior degradação de poluentes, controle do tempo de retenção celular de forma independente do tempo de retenção hidráulica, plantas compactas e uma baixa produção de lodo", destaca.
A química de processos da Centroprojekt do Brasil ainda dá a dica para quem está pensando em adotar a tecnologia de biorreatores com membranas. "Uma empresa interessada deve saber que uma tecnologia como a MBR além de apresentar hoje um valor que pode ser comparado aos tratamentos tradicionais trás para si, uma eficiência em processo. Por se tratar de sistemas compactos e com alta eficiência a empresa pode definir como reutilizar a água tratada e ainda reduzir gastos, tendo a segurança que tem a melhor tecnologia disponível no mercado atual", aconselha.
Uma das principais vantagens do sistema de biorreatores com membranas é a contribuição da tecnologia para a sustentabilidade do planeta. No cenário atual, em que a possibilidade da escassez da água torna-se cada vez mais preocupante, um sistema que propicia a preservação dos recursos hídricos entra em destaque. "Por se tratar de uma tecnologia na qual o produto gerado pode ser reutilizado, contribui demais para a sustentabilidade dos recursos hídricos", alega Anna Carolina. "A tecnologia MBR contribui para a sustentabilidade oferecendo uma água mais apropriada para o reúso", complementa José Carlos.