Alguém dúvida que a água é a substância mais importante na vida do planeta? É através dela que toda e qualquer espécie animal e vegetal é capaz de se manter viva. Com a sua extinção, qualquer tipo de vida deixaria de existir.
Se pararmos para pensar um pouco, chegaremos à conclusão de que este é o bem mais valioso que possuímos no planeta. O corpo humano, por exemplo, é composto em média por 70% de água, sendo que essa exerce função primordial no organismo. É ela quem regula a temperatura do corpo e elimina toxinas através da transpiração e da urina.
Aceitar e discutir a sua importância é inevitável, mas se não forem tomadas medidas preventivas, podemos adquirir algumas doenças e, quem sabe, até mesmo morrer ao beber um simples copo d´água. Por estar exposto, o líquido está em contato direto com os microorganismos a todo tempo e não tratá-lo e desinfetá-lo pode acarretar uma série de problemas.
"O processo de desinfecção da água é importante, pois ele garante que qualquer agente transmissor de doenças seja eliminado", explica Fabio de Oliveira Pinto, gerente de Projetos da Asstefil. "A água é um solvente universal e tem potencial de carregar várias impurezas, entre elas microorganismos patogênicos", conta Douglas Silveira Moraes, Gerente de Produtos da Tech Filter.
Segundo trabalho científico desenvolvido por Luis Antonio Daniel sobre desinfecção da água para Prosab (Programa de Pesquisas em Saneamento Básico), são vários os microorganismos que podem trazer ao ser humano algum tipo de doença, a maioria oriunda das próprias fezes humanas. Entre as mais conhecidas estão a Cólera e as Hepatites A e B, mas também existem outros tipos.

Para se evitar qualquer problema com enfermidades, são utilizados alguns processos de desinfecção. "Existem métodos mais tradicionais, como a cloração, que é eficiente e barato, mas, em contrapartida, gera subprodutos que podem ser cancerígenos, bem como a questão de segurança do usuário ou operador da estação, uma vez que, manusear e armazenar produtos químicos contém grande potencial de riscos de contaminação", afirma Douglas, da Tech Filter. "Os métodos mais modernos e eficazes são a desinfecção por UV e ozônio", salienta.
No entanto, também existem outros meios para se chegar à desinfecção. Dióxido de cloro, esterilização por íons pratas, filtração estéril, desinfecção térmica da água e filtração por areia com baixa velocidade são alguns tipos. "Para o setor industrial, por exemplo, várias tecnologias têm sido empregadas, e muitas vezes há combinação de duas ou mais", afirma Douglas. "Em muitos casos, empresas têm optado por fazer uma cloração inicial da água e depois usado UV ou ozônio para desinfecção final", observa. "Outras têm aplicado o que, ao meu entender, é o mais adequado: UV na água bruta para redução de microorganismos e depois uma concentração menor de cloro para apenas conservar e manter a água sem contaminações", esclarece.
Fabio de Oliveira Pinto, da Asstefil, acrescenta que é preciso estudar cada caso e para o que será utilizada a água. "Na produção de sucos, por exemplo, não podemos aplicar cloro na água, pois ele deixa resíduos no líquido e, neste tipo de produção, temos que ter uma água limpa de qualquer resíduo", explica. "Neste caso, a aplicação ideal é a utilização dos raios UV", encerra.
Para desinfecção de águas municipais, a dosagem de cloro é, disparada, a tecnologia mais aplicada, provavelmente pelo seu menor custo comparado às outras. Porém, para efluentes municipais, o quadro está mudando devagar e o UV está sendo cada vez mais aplicado, uma vez que não gera subprodutos e nem toxicidade.

Entenda como funcionam as principais aplicações para desinfecção

Cloração
Este é o método mais comum, utilizado para tratamento de água residencial (condomínios e casas) e também muito utilizado pelo poder público para tratar água de vários municípios. Para que haja eficiência na aplicação desta técnica é necessário um período de, no mínimo, 30 minutos para que exista a reação do produto. São colocados na água cloro em gás, sódio ou hipoclorito de cálcio.
"Por se tratar de um produto cancerígeno, é necessário que se obedeça a faixa média padrão sugerida mundialmente pelos órgãos de saúde, que situa-se entre um mínimo de 0,5 ppm e um máximo de 2,0 ppm de cloro livre residual por litro de água", explica Fabio de Oliveira Pinto, da Asstefil.
"Para água, o cloro é muito eficaz, mas tem o transtorno de ser um produto químico que tem que ser armazenado, comprado periodicamente e manuseado pelo operador", relata Douglas, da Tech Filter. "Também estudos mais recentes têm mostrado que o cloro não é eficaz para alguns tipos de microorganismos", finaliza.

Dióxido de cloro
O dióxido de cloro não reage com a matéria orgânica presente na água, ao contrário do cloro gasoso; além disso, não apresenta qualquer reação com diversos compostos orgânicos, desta forma ele não origina subprodutos clorados, como os trihalometanos (THM). Por isso, o dióxido de cloro costuma ser uma grande alternativa ao cloro gasoso quando se pretende diminuir o nível de trihalometanos numa água para consumo humano.
O seu poder de desinfecção contra vírus, protozoários e bactérias é mais forte e independente do valor do pH. A ação do dióxido de cloro como agente desinfetante é bastante eficaz na erradicação da Giárdia (protozoário que parasita o intestino dos mamíferos) e também é capaz de eliminar o crescimento da Legionella (bactéria).

Ozonização
O ozônio é gerado quando uma corrente alternada de alta voltagem é descarregada na presença de oxigênio. São diversas as vantagens dele em relação ao cloro. Ele é considerado 1,5 vez mais forte do que o cloro, não produz toxinas, decompõe-se em oxigênio e costuma ser mais rápido na inativação de bactérias. O que diferencia um pouco este método dos outros agentes desinfetantes é o seu mecanismo de destruição dos microorganismos.
"Ozônio também é uma tecnologia limpa, pois, apesar de dosar o gás ozônio na água, reage com a matéria orgânica e microorganismos e o residual se transforma em oxigênio, não gerando, desta forma, subprodutos.
Além disso, ele tem função de desinfetar e oxidar matéria orgânica e metais sendo um excelente agente de redução de cor, por exemplo", ressalta Douglas, da Tech Filter.
Enquanto o cloro atua por difusão através da parede celular, para então agir sobre os elementos vitais no interior da célula, como enzimas, proteínas, DNA e RNA, o ozônio, por ser mais oxidante, age diretamente na parede celular, causando sua ruptura, demandando menor tempo de contato e tornando impossível sua reativação. Dependendo do tipo de microorganismo, o ozônio pode ser até 3.125 vezes mais rápido que o cloro na inativação celular.
"Purificação de água com ozônio é sinônimo de tecnologia em tratamento com qualidade superior. É estar em sintonia com o meio ambiente. As dosagens variam conforme a necessidade de cada aplicação", salienta Jefferson Bega, supervisor de marketing da Tech Filter.

Esterilizador Ultravioleta
Esta tecnologia utiliza o UVC, luz ultravioleta C (uma radiação eletromagnética) para provocar danos fotoquímicos instantâneos no DNA/RNA (material genético) de bactérias, vírus, algas e protozoários e, dessa forma, inativar os microorganismos presentes na água. O método é aprovado por órgãos de saúde mundiais e usado para a desinfecção de água e esgoto tratado, em água de chuva coletada e/ou água de reúso. Entre as principais vantagens deste método está o fato de evitar o uso do cloro em quase 100% dos casos, ser seguro e menos agressivo que qualquer produto químico utilizado (cloro, iodo e outros agentes), eficiência contra todo tipo de microorganismo, além de não agredir o meio ambiente.
"A desinfecção por UV é muito eficiente e é uma tecnologia limpa, pois não gera subprodutos e não há custos com produtos químicos, apenas a luz faz o trabalho de desinfecção e as características físico- químicas não mudam.
Porém, por não deixar residual, somente pode ser usada nos pontos de uso, portanto, em situações onde água será armazenada, recomenda-se dosar algum produto que deixe residual neste reservatório e o UV somente nos pontos de uso, ou seja, instalado um sistema de recirculação constante, para que a água tenha contato constante com a lâmpada", explica Douglas, da Tech Filter.

Mercado de atuação
"Este não é um mercado restrito. Ele é muito amplo e abrange diversos segmentos, desde residências e condomínios até os mais variados tipos de indústrias", dá a dica Fabio de Oliveira Pinto, da Asstefil.
Segundo Douglas, da Tech Filter, as perspectivas futuras para o mercado são boas e otimistas. Com leis que exigem mais dos tratamentos de água e de efluentes em termos de toxicidade, tecnologias diferentes de cloração terão que ser usadas para a desinfecção. "Com aumento da poluição dos rios e águas superficiais que captamos para abastecer as cidades, teremos que ter tecnologias mais eficientes para remoção total de todos patogênicos da água que provocam danos na nossa saúde", explica. "O cloro é um excelente aliado e complemento à desinfecção, mas como não é eficiente para alguns tipos de microorganismos, não pode ser considerado, sozinho, uma tecnologia de desinfecção", reforça.