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A preservação da água é um assunto que há tempos está em pauta em todas as partes do mundo. Encontrar soluções para o uso consciente dos recursos hídricos não se trata mais de uma questão de modismo e sim de uma atitude de sobrevivência, que a cada dia mais vem sendo adotada por grandes instituições comerciais, como os shopping centers.
Diversos estabelecimentos da região metropolitana de São Paulo já aderiram ao uso de recursos hídricos sustentáveis, comprovaram e aprovaram os reais benefícios do uso consciente da água. Os shoppings Continental e Iguatemi optaram pelo abastecimento por poços artesianos. Eles usufruem das vantagens deste processo há uma década e se declaram satisfeitos com os resultados obtidos. "O Iguatemi sempre foi pioneiro no setor e há mais de 10 anos investe em tecnologias sustentáveis. Há uma década a empresa utiliza equipamentos de redução de fluxo de água em sanitários, além de investir no consumo consciente de energia elétrica. Após a adoção dessas iniciativas, tivemos uma sensível redução no custo da nossa operação. Entre 2007 e 2010, o Iguatemi economizou R$ 1,2 milhão com a conta de água. A redução é equivalente ao consumo mensal de uma cidade de 78 mil habitantes", revela o gerente geral do Shopping Iguatemi SP, Ivan Murias.
O Continental Shopping também destaca os benefícios financeiros da adoção de recursos hídricos sustentáveis. "É realmente vantajoso. Em termos econômicos, podemos dizer que a implantação do sistema traz uma economia em torno de 25%", afirma o gerente de operações do empreendimento, Alexandre Ânfora.
O Grand Plaza Shopping é um dos pioneiros no sistema de reúso de água. A empresa, que utiliza o recurso desde janeiro de 2008, trata e recicla aproximadamente 4 milhões de litros de água por mês. Segundo a assessoria de imprensa do shopping, a economia obtida com o uso consciente da água é grandiosa. "Desde a sua implantação, o sistema já reutilizou um volume equivalente a 58 piscinas olímpicas. Na prática, o resultado é uma queda de 30% no consumo de água, contribuindo diretamente para a redução do impacto ambiental. Em termos financeiros, a economia é de 25%", informa Fábio Bouéri, assessor de comunicação do Grand Plaza.

Muito além do bolso
De acordo com a General Water, empresa responsável pela implantação dos recursos hídricos sustentáveis, a economia financeira faz parte da proposta do projeto, mas não é o foco principal. "A General Water é focada em soluções sustentáveis; sua preocupação é implementar um projeto sustentável viável e que gere também uma economia em termos financeiros, embora essa não seja a principal preocupação da empresa. Os nossos clientes sempre têm uma expectativa financeira, no entanto, eles também possuem a consciência de que isso não é o mais importante. A grande maioria compreende que a sustentabilidade traz um grande valor institucional, além de também valorizar a imagem da empresa", destaca Ricardo Ferraz, engenheiro civil e diretor comercial da General Water.
Os empreendimentos que aderiram ao sistema concordam com o diretor da General Water. "Além dos custos, a administração do Continental Shopping foi motivada a aderir à utilização dos recursos hídricos sustentáveis pelo compromisso com o meio ambiente", comenta Ânfora.
O representante do Shopping Iguatemi admite que o ganho financeiro é enorme, mas que o valor institucional também tem o seu papel dentro do projeto sustentável. "Gerenciar o uso da água, além de nos trazer o ganho de imagem, já que passamos a ser reconhecidos como uma empresa ambientalmente correta, nos fez economizar R$ 1,2 milhão entre 2007 e 2010", comemora Murias.
Para o Grand Plaza Shopping, a introdução do sistema de reúso da água está diretamente ligada à política de relacionamento e responsabilidade social do empreendimento. "Nosso objetivo é manter e ampliar uma gestão que contemple de forma positiva e contínua o bem-estar e o relacionamento com a comunidade local", diz o superintendente do shopping, Henrique Carvalho.

Funcionamento
Além da economia na conta de água e da conquista de um maior valor institucional, os shopping centers que aderem ao sistema ecologicamente correto da General Water ainda têm a vantagem de não gastar nenhum centavo com a implantação do projeto. "Todo o sistema é em comodato, sendo que os custos e a responsabilidade do sistema são da empresa especializada pelo fornecimento", explica Ânfora.
A empresa atua como uma espécie de concessionária de água. "Todo o investimento fica por conta da General Water. O shopping cede apenas o espaço e arca com os custos do consumo de água", complementa Ferraz.
A implantação do sistema resulta em uma economia de até 32% na conta de água e pode chegar a uma redução de 40% no consumo de água. No entanto, para adotar os recursos hídricos sustentáveis, o empreendimento precisa possuir algumas características essenciais. "Na hora de implantar um projeto, a General Water analisa critérios como o potencial para captação de água potável, o espaço disponível no shopping, a economia hídrica, potencial de consumo, entre outros", explica o diretor comercial da General Water.
Basicamente, os shopping centers aderem aos recursos hídricos baseados na extração de água de poços artesianos e na sua reutilização. Além desses sistemas, o gerenciamento hídrico sustentável também pode ocorrer pelo aproveitamento de águas provindas de chuvas, mas essa prática não é considerada como a mais adequada para um grande empreendimento. "Não implantamos este tipo de recurso em shoppings, pois procuramos oferecer soluções que sejam permanentes aos nossos clientes. Nós apoiamos o uso, mas grandes centros comerciais não podem depender exclusivamente da chuva para garantir o seu abastecimento. Procuramos sempre oferecer um projeto que seja permanente às necessidades de nossos clientes", justifica Ricardo Ferraz.
Apesar disso, alguns shopping centers da rede Iguatemi aderiram ao abastecimento por coleta de chuva como uma medida complementar ao projeto hídrico sustentável do empreendimento. "Temos coleta de água de chuva utilizada para irrigação das áreas verdes de alguns shoppings, redutores de fluxo em vasos sanitários e pias de banheiros, além de um coletor de água dos fan coils dos condicionadores de ar", conta Murias.
No entanto, a extração de água de poços artesianos é o método mais adotado pelos shopping centers, pois garantem o abastecimento próprio dos centros comerciais. "O empreendimento é auto-sustentável na questão do abastecimento, como por meio de poços artesianos. O que vai para a rede pública é o esgoto. Inclusive, já está sendo estudada uma forma de reaproveitar essa água com a parceria de uma empresa do ramo", destaca o gerente de operações do Continental Shopping.
O porta-voz do Grand Plaza Shopping ressalta os benefícios ambientais e econômicos da extração de água de poços artesianos. "Com um consumo total de 13,6 mil metros cúbicos por mês, o shopping capta água diretamente dos poços artesianos que tem instalados sob o seu terreno, a 400 metros de profundidade. Ao substituir parte da água comprada no sistema convencional pela água extraída dos poços, o shopping economizou, desde 2007, aproximadamente R$ 1,2 milhão. Paralelamente à redução de custo, diminuiu o impacto socioambiental, pois as águas subterrâneas, quando captadas apropriadamente, são consideradas recursos renováveis pela própria natureza", enfatiza Bouéri.
Apesar disso, o grande destaque do projeto hídrico sustentável do Grand Plaza Shopping é do sistema de reutilização da água. A tecnologia utilizada pelo empreendimento é desenvolvida no Canadá. Chamado de deep shaft, o método é uma inovação em termos de tratamento de esgoto. "Em vez do tratamento convencional, feito por meio de lagoas, o sistema trabalha com um reator vertical de 90 metros de profundidade que trata o esgoto com injeção de ar sob alta pressão. Entre as vantagens deste sistema está a ausência de odores, a pequena área exigida para a Estação de Tratamento e a alta eficiência na remoção da carga orgânica", explica o assessor de imprensa do Grand Plaza Shopping.
O reúso da água também gera uma redução de custos na conta de energia elétrica. "Outro diferencial é uma economia aproximada de 50% no consumo de energia elétrica. Como o processo de reciclagem da água ocorre em grandes profundidades, é possível otimizar o uso do oxigênio disponível, reduzindo o volume de ar necessário e a consequente energia elétrica empregada para a ventilação", observa Bouéri
A água reciclada é utilizada em descargas sanitárias, rega de jardins e lavagens de pisos. "Estudos vêm sendo conduzidos para que, no futuro, o abastecimento das torres de resfriamento também seja feito a partir do reúso", afirma o porta-voz do Grand Plaza Shopping.
O assessor destaca, ainda, que o projeto também traz benefícios em relação ao espaço. "Além de poupar recursos hídricos e financeiros, o sistema gera outros benefícios indiretos. Ao realizar o tratamento à base de injeção de ar comprimido dentro de um reator vertical (cilindro revestido de aço e cimento com 90 metros de profundidade e meio metro de diâmetro), o sistema exige espaço físico 20% menor do que o das estações de tratamento convencionais", diz Bouéri.

Qualidade e segurança
Quando se fala em consumo de água, imediatamente se associa o tema à qualidade e aos riscos de contaminação. No entanto, na utilização ecologicamente correta dos recursos hídricos, essa é uma preocupação desnecessária.
Os métodos utilizados no uso sustentável da água são baseados em uma tecnologia de ponta, que oferecem segurança total ao procedimento. "O modelo de gerenciamento hídrico adotado pela Iguatemi Empresa de Shopping Centers (IESC) é dos mais modernos e atende padrões técnicos rigorosos. O monitoramento é feito em tempo real. Além disso, temos estações de tratamento para a água coletada", garante Murias.
É importante destacar que a extração de águas de poços artesianos instalados a cerca de 400 metros de profundidade não possui riscos naturais de contaminação. "A contaminação seria muito improvável devido à profundidade de captação, mas, mesmo assim, análises periódicas são realizadas monitorando, assim, sua qualidade", enfatiza Alexandre Ânfora.
De acordo com Ferraz, existem casos conhecidos de contaminação causada pelo homem em águas profundas. "O risco de contaminação natural não existe. Há casos de contaminação gerada pela ação do homem, por armazenamento de produtos químicos no solo, mas realizamos uma análise antes de implantar o projeto. A água subterrânea é estável, o que garante a sua qualidade. Além disso, utilizamos os métodos mais modernos disponíveis. Em nossos sistemas de tratamento, utilizamos membranas de ultrafiltração, que são capazes de reter vírus e bactérias", assegura o engenheiro civil da General Waters.