A Ameaça Iminente Da Escassez De Água
Por Tae
Edição Nº 12 - abril/maio de 2013 - Ano 2
Worldwatch Institute lança estudo sobre o uso global de água e as principais ações para lidar com a escassez de água mundial
Cerca de 1,2 bilhões de pessoas, quase um quinto da população mundial vivem em áreas com escassez de água, enquanto 1,6 bilhões de pessoas passam pela
chamada escassez de água econômica. De acordo com a Worldwatch Institute (www.worldwatch.org), a situação só deve piorar como o crescimento populacional, alterações climáticas, deficiência de gestão em investimentos e uso ineficiente dos recursos hídricos existentes. O instituto prevê ainda que até 2025, 1,8 bilhões de pessoas viverão em regiões com escassez absoluta de água e quase metade do mundo vivendo em condições de estresse hídrico.
A escassez de água tem algumas definições e diferenças segundo o Instituto.
Escassez física: ocorre quando não há água suficiente para atender a demanda; seus sintomas incluem degradação ambiental, água subterrânea em declínio, e desigual distribuição de água.
Escassez de água econômica: ocorre quando há falta de investimento e gestão adequada para atender a demanda de pessoas que não têm os meios financeiros para usar fontes de água existentes. Os sintomas neste caso normalmente incluem infraestruturas pobres e ineficientes. Grande parte do continente africano sofre com este tipo de escassez.
Segundo estudos recentes apontam que a população mundial terá um crescimento de cerca de 30% até 2050, passando de 7 bilhões para 9.1 bilhões de habitantes, o que impactará diretamente sobre os recursos hídricos disponíveis para atender o aumento da produtividade de alimentos, energia e demandas industriais, além de outras necessidades como o aumento da urbanização, consumo excessivo e desperdício, falta de gerenciamento adequado, e a ameaça iminente da mudança climática. De acordo com "United Nations Food and Agriculture Organization and UN Water", o uso global da água vem crescendo o dobro da taxa de crescimento populacional no último século.
Em nível global, 70% das retiradas de água são para o setor agrícola, 11% são para atender as demandas municipais, e 19% são para necessidades industriais. Esses números, no entanto, são imprecisos devido aos países que têm retiradas muito elevadas de água, como a China, Índia e os Estados Unidos
O estudo apresentado pelo Worldwatch Institute indica algumas iniciativas que deverão ser tomadas nos próximos anos pelos governantes para combater a escassez de água mundial, sendo uma das principais iniciativas o apoio aos pequenos agricultores, já que a maior parte dos recursos hídricos são destinados a este setor, grande parte dos investimentos públicos na gestão da água agrícola tem se concentrado em sistemas de irrigação de grande escala. Os agricultores deverão também utilizar a água de forma mais eficiente, aplicar novas tecnologias para redução do consumo e reaproveitamento da água, além de incluir o crescimento de um conjunto diversificado de culturas adaptadas às condições locais e adoção de sistemas de irrigação por gotejamento ou linhas de irrigação que fornecem água diretamente para as raízes das plantas.
As mudanças climáticas afetarão diretamente os recursos hídricos globais em níveis variados. Reduções de escoamento do rio e recarga do aquífero são esperados na bacia do Mediterrâneo e nas áreas semi-áridas das Américas, Austrália e Sul da África, afetando a disponibilidade de água em regiões que já estão com carência de água. Na Ásia, as grandes áreas de terras irrigadas que dependem do desgelo das geleiras nas montanhas serão afetadas diretamente pelas mudanças nos padrões de escoamento, enquanto deltas densamente povoadas estão em risco devido a uma combinação de fatores como aumento da salinidade e redução nos níveis do mar.
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Outros destaques do relatório:
• As regiões estarão enfrentando a escassez de água quando o abastecimento cair abaixo de 1.000 metros cúbicos por pessoa por ano, e escassez de água absoluta é quando os suprimentos cair abaixo de 500 metros cúbicos por pessoa por ano.
• Cerca de 66% da África é árido ou semi-árido, e mais de 300 milhões de pessoas na África subsaariana vivem atualmente com menos de 1.000 metros cúbicos de recursos hídricos por pessoa por ano.
• De acordo com a UN Water, cada pessoa na América do Norte e Europa (excluindo os países da antiga União Soviética) consomem pelo menos 3 metros cúbicos por dia de água virtual (veja box sobre pegada hídrica) em alimentos importados, em comparação com 1,4 metros cúbicos por dia na Ásia e 1,1 metros cúbicos por dia na África.