A Ameaça Iminente Da Escassez De Água

Worldwatch Institute lança estudo sobre o uso global de água e as principais ações para lidar com a escassez de água mundial


A Ameaça Iminente Da Escassez De Água

Cerca de 1,2 bilhões de pessoas, quase um quinto da população mundial vivem em áreas com escassez de água, enquanto 1,6 bilhões de pessoas passam pela chamada escassez de água econômica. De acordo com a Worldwatch Institute (www.worldwatch.org), a situação só deve piorar como o crescimento populacional, alterações climáticas, deficiência de gestão em investimentos e uso ineficiente dos recursos hídricos existentes. O instituto prevê ainda que até 2025, 1,8 bilhões de pessoas viverão em regiões com escassez absoluta de água e quase metade do mundo vivendo em condições de estresse hídrico.
A escassez de água tem algumas definições e diferenças segundo o Instituto.
Escassez física: ocorre quando não há água suficiente para atender a demanda; seus sintomas incluem degradação ambiental, água subterrânea em declínio, e desigual distribuição de água.
Escassez de água econômica: ocorre quando há falta de investimento e gestão adequada para atender a demanda de pessoas que não têm os meios financeiros para usar fontes de água existentes. Os sintomas neste caso normalmente incluem infraestruturas pobres e ineficientes. Grande parte do continente africano sofre com este tipo de escassez.
Segundo estudos recentes apontam que a população mundial terá um crescimento de cerca de 30% até 2050, passando de 7 bilhões para 9.1 bilhões de habitantes, o que impactará diretamente sobre os recursos hídricos disponíveis para atender o aumento da produtividade de alimentos, energia e demandas industriais, além de outras necessidades como o aumento da urbanização, consumo excessivo e desperdício, falta de gerenciamento adequado, e a ameaça iminente da mudança climática. De acordo com "United Nations Food and Agriculture Organization and UN Water", o uso global da água vem crescendo o dobro da taxa de crescimento populacional no último século.
Em nível global, 70% das retiradas de água são para o setor agrícola, 11% são para atender as demandas municipais, e 19% são para necessidades industriais. Esses números, no entanto, são imprecisos devido aos países que têm retiradas muito elevadas de água, como a China, Índia e os Estados Unidos
O estudo apresentado pelo Worldwatch Institute indica algumas iniciativas que deverão ser tomadas nos próximos anos pelos governantes para combater a escassez de água mundial, sendo uma das principais iniciativas o apoio aos pequenos agricultores, já que a maior parte dos recursos hídricos são destinados a este setor, grande parte dos investimentos públicos na gestão da água agrícola tem se concentrado em sistemas de irrigação de grande escala. Os agricultores deverão também utilizar a água de forma mais eficiente, aplicar novas tecnologias para redução do consumo e reaproveitamento da água, além de incluir o crescimento de um conjunto diversificado de culturas adaptadas às condições locais e adoção de sistemas de irrigação por gotejamento ou linhas de irrigação que fornecem água diretamente para as raízes das plantas.
As mudanças climáticas afetarão diretamente os recursos hídricos globais em níveis variados. Reduções de escoamento do rio e recarga do aquífero são esperados na bacia do Mediterrâneo e nas áreas semi-áridas das Américas, Austrália e Sul da África, afetando a disponibilidade de água em regiões que já estão com carência de água. Na Ásia, as grandes áreas de terras irrigadas que dependem do desgelo das geleiras nas montanhas serão afetadas diretamente pelas mudanças nos padrões de escoamento, enquanto deltas densamente povoadas estão em risco devido a uma combinação de fatores como aumento da salinidade e redução nos níveis do mar.


Pegada hídrica ou água virtual

A Pegada Hídrica é verificada a partir de um cálculo elaborado para averiguar todo o consumo de água ao longo do ciclo de vida dos produtos e serviços de uma empresa, comunidade ou pessoa comum. Seu foco principal é o entendimento e a conscientização da população no que se refere aos conflitos do uso das águas e a deterioração dos recursos hidrográficos.
A Water Footprint pode ser "Verde", quando a água da chuva evapora ou é incorporada em um produto durante o processo de produção. "Azul", quando o cálculo é realizado considerando as águas superficiais ou subterrâneas que evaporamA Ameaça Iminente Da Escassez De Água ou são incorporadas em produtos. Também são consideradas "Azul" as águas superficiais ou subterrâneas que são devolvidas ao mar ou lançadas em outras bacias. A Pegada Hídrica pode ser ainda "Cinza", quando se calcula o volume de água necessário para diluir a poluição gerada durante o processo produtivo.
A metodologia considera todas as etapas de produção de um produto e também os locais por onde ele passou. Isso porque a Pegada Hídrica de uma área que tem água em abundância é muito diferente de uma que está em uma região mais seca. Por isso, são utilizadas formas diferentes para distinguir essas "pegadas". Por exemplo: o algodão cultivado e transformado em tecido no Paquistão pode produzir uma camisa na Malásia e ser vendida nos Estados Unidos. Dessa forma, para calcular a Pegada Hídrica de uma camisa é necessário a somatória da pegada de cada etapa do processo de produção e distribuir isso por diversas partes do mundo. Nesse processo, a Water Footprint irá considerar ainda o quanto de poluição nas águas pode ser gerada em um determinado lugar. Essa metodologia permite fazer a ligação entre o consumo que acontece em uma região e o impacto que ele pode ocasionar no sistema hídrico de outro lugar.
Saiba mais sobre a Pegada Hídrica no Manual Técnico da Pegada Hídrica (disponível para download gratuito no site www.waterfootprint.org)

 

Outros destaques do relatório:
• As regiões estarão enfrentando a escassez de água quando o abastecimento cair abaixo de 1.000 metros cúbicos por pessoa por ano, e escassez de água absoluta é quando os suprimentos cair abaixo de 500 metros cúbicos por pessoa por ano.
• Cerca de 66% da África é árido ou semi-árido, e mais de 300 milhões de pessoas na África subsaariana vivem atualmente com menos de 1.000 metros cúbicos de recursos hídricos por pessoa por ano.
• De acordo com a UN Water, cada pessoa na América do Norte e Europa (excluindo os países da antiga União Soviética) consomem pelo menos 3 metros cúbicos por dia de água virtual (veja box sobre pegada hídrica) em alimentos importados, em comparação com 1,4 metros cúbicos por dia na Ásia e 1,1 metros cúbicos por dia na África.

Publicidade