Região Do Grande Abc Recebe Maior Empreendimento Do Hemisfério Sul Para A Produção De Água De Reúso
Por Tae
Edição Nº 4 - dezembro de 2011/janeiro de 2012 - Ano 1
Maior empreendimento para a produção de água de reúso do Hemisfério Sul e o quinto maior do planeta.
Maior empreendimento para a produção de água de reúso do Hemisfério Sul e o quinto maior do planeta. Aos olhos do mundo, esse é o Projeto Aquapolo, idealizado para gerar cerca de 1.000 litros de água de reúso industrial por segundo, o suficiente para abastecer uma cidade de 500 mil habitantes. Aos olhos da Região do Grande ABC, o Projeto significa desenvolvimento, sustentabilidade, qualidade de vida, pioneirismo tecnológico e conscientização sobre o uso racional do recurso natural mais valioso da humanidade.
O Projeto Aquapolo nasce da união entre as empresas Foz do Brasil, companhia de engenharia ambiental da Organização Odebrecht, e SABESP, Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, formando assim a Aquapolo Ambiental. Sua missão inicial é abastecer o Polo Petroquímico do Grande ABC com água de reúso industrial. "Estamos construindo uma Estação Produtora de Água Industrial – EPAI - em uma área de 15 mil m² da ETE ABC, que transformará o esgoto previamente tratado em água adequada para ser utilizada na indústria. Essa água não tem a qualidade para o consumo humano, mas apresenta pureza suficiente para as necessidades de produção do Polo", explica Guilherme Pamplona Paschoal, diretor da Regional da Foz do Brasil.
Atualmente, o esgoto tratado pela ETE ABC é direcionado para o córrego dos Meninos, que segue para o rio Tamanduateí desaguando no rio Tietê. Enquanto isso, o Polo Petroquímico atende sua demanda total com água potável e das estações de tratamento da Refinaria de Capuava. Segundo Dilma Pena, diretora-presidente da Sabesp, o Projeto Aquapolo é de fundamental importância para a região e o meio ambiente. "Será um ganho enorme tendo em vista que a Região Metropolitana de São Paulo sofre com a escassez de recursos hídricos".
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Para que a água de reúso produzida na EPAI chegue até o Polo Petroquímico, está sendo construída uma adutora de 17 quilômetros que passa pelos municípios de São Caetano do Sul e Santo André. As obras devem ser finalizadas no primeiro semestre de 2012. Em um primeiro momento, serão fornecidos 650 litros por segundo para o Polo Petroquímico, mas a capacidade total de produção será de mil litros por segundo, viabilizando atender outras empresas interessadas. "O maior ganho é ambiental, mas para as empresas existe também a vantagem econômica, já que o nosso custo de água de reúso será inferior ao da potável. Esse pode ser mais um diferencial importante para manter o desenvolvimento da região", afirma Marcos K. Asseburg, diretor da Aquapolo Ambiental.
A relevância do Projeto Aquapolo é atestada por especialistas em saneamento e água de reúso. Segundo Ivanildo Hespanhol, diretor do Centro Internacional de Referência em Reúso de Água da USP, o empreendimento é extremamente viável ao país. "Antes de definir a tecnologia a ser utilizada foram estudadas várias alternativas. O projeto é bastante avançado com a utilização do sistema MBR - bio membranas com nitrificação, tornando-se viável do ponto de vista econômico e ambiental".
Já para Édison Carlos, diretor executivo do Instituto Trata Brasil, entidade que atua na mobilização da sociedade para as questões de saneamento básico, o projeto traz também um aprendizado que precisa ser destacado. "O Aquapolo, que envolve a Sabesp e a Foz do Brasil, é uma prova de que as parcerias devem ser estimuladas, como forma de acelerar a universalização do saneamento básico, preservando os recursos hídricos e melhorando a qualidade de vida da população".
Além do valor central da Aquapolo Ambiental, que é o de produzir água de reúso industrial, o projeto vem acompanhado por questões impossíveis de serem ignoradas na sociedade atual como inserção social ou viabilidade do desenvolvimento sustentável. Nessa direção, o Projeto Aquapolo quebra paradigmas, segundo Guilherme Paschoal. "Não faz muito tempo a reciclagem era um assunto que não existia. Hoje, observamos o projeto que estamos concretizando no ABC ser motivo de estudo em universidades e servindo de exemplo em outras regiões do Brasil e do mundo. É tudo muito novo, mas a utilização de água de reúso está gerando uma nova economia e promovendo sustentabilidade".
Tecnologia de membranas garante confiabilidade ao Projeto
Para definir qual a tecnologia de tratamento de efluentes seria empregada na Estação de Produção de Água Industrial - EPAI, construída na ETE ABC, os técnicos do Projeto Aquapolo estudaram várias tecnologias disponíveis no mercado mundial. Após uma avaliação aprofundada de diversos métodos, entre eles químico e sistemas biológicos convencionais, optou-se pela utilização da tecnologia de MBR (Biorreatores a Membrana), com módulos de membranas submersas. Segundo Sergio Roberto Rodrigues Ribeiro, diretor comercial para a América do Sul da Koch Membrane Systems, produtora das membranas submersas e dos sistemas de osmose reversa, a tecnologia escolhida reúne várias vantagens. "Ao passar pelas membranas de ultrafiltração, que nada mais são do que filtros onde as partículas de material suspenso maiores do que 5 micra são retidas, a água de reúso industrial não precisa mais de nenhum outro tratamento, dispensando, principalmente, a aplicação de produtos químicos. Além disso, o sistema tem um baixo consumo de energia elétrica, pode ser implantado em uma área reduzida e apresenta custos de manutenção mais baixos".
O processo de produção da água de reúso industrial consiste em utilizar o esgoto tratado pela ETE ABC como alimentação do sistema MBR, que inclui a filtração por módulos de membranas submersas. Para atender a demanda de 650 litros por segundo, foram construídos nove tanques paralelos que receberão 63 módulos de membranas. "O projeto ainda contempla cuidados especiais. Antes de ir para os tanques de tratamento, os esgotos passam por um sistema de filtros de disco que retém partículas maiores do que 400 micra. Depois de passar pelas membranas é feita a desinfecção com dióxido de cloro", diz Sergio.
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O sistema é totalmente automatizado. Periodicamente um tanque interrompe a produção para que seja realizada a limpeza química. Nesse período há a reversão do fluxo aliada à utilização de uma pequena quantidade de produtos químicos. Esse processo auxilia na limpeza das fibras que compõem os módulos de membranas. Em momentos em que a alimentação do sistema não atingir determinados parâmetros de projeto, como a condutividade elétrica, a EPAI tem a possibilidade de utilizar o sistema de osmose reversa. Sua função é adequar a água de reúso de acordo com os parâmetros previamente determinados pelo projeto.
Material cedido pela assessoria de imprensa do Projeto Aquapolo publicado na
Revista Projeto Aquapolo - Ano I - nº 1 - Outubro 2011.