Baixo Avanço Do Saneamento Básico Nas Maiores Cidades Brasileiras Compromete Universalização
Por Tae
Edição Nº 21 - outubro/novembro de 2014 - Ano 4
Novo estudo do Trata Brasil, com base no Sistema Nacional de Informação
O objetivo do estudo desenvolvido pelo instituto Trata Brasil, cuja metodologia foi desenvolvida pela GO Associados, é atualizar o Ranking do Saneamento Básico nas 100 maiores cidades do país. Publicado desde 2009 o estudo proporciona um parâmetro dos andamentos do saneamento e o caminho até a universalização tão almejada. Os dados utilizados para o estudo são dos indicadores do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS – ano base 2012.
Segundo o Instituto a nova edição do Ranking revela que os avanços nos serviços de água e esgotos, assim como na redução das perdas de água nas 100 maiores cidades, continuam lentos e que, se manterem os mesmos níveis de avanços encontrados de 2008 a 2012, não ocorrerá a tão sonhada universalização dos serviços em 20 anos. Os resultados mostram a necessidade de haver um maior comprometimento dos governos federal, estaduais e municipais, para que seja possível alcançar as metas de universalizar o saneamento em duas décadas.
A grande diferença do estudo deste ano comparado aos anos anteriores é que o Instituto desenvolveu uma simulação da possível universalização do saneamento para as 20 melhores e 20 piores colocadas no ranking. Os resultados mostraram que das 20 cidades melhor colocadas, 14 já atingiram a universalização e as outras 6 se encaminham para atingi-la nos próximos anos. Nas 20 últimas posições, no entanto, onde estão capitais como Manaus (AM), Natal (RN), Teresina (PI), Macapá (AP), Belém (PA) e Porto Velho (RO), apenas a capital amazonense atingiria a universalização dos serviços se mantiverem os níveis de avanços de 2008 a 2012
Principais resultados
Atendimento da população com água tratada
A média de atendimento da população com água tratada nos 100 maiores municípios foi de 92,2%, portanto, bem superior à média brasileira em 2012, que foi de 82,70%. 22 municípios já atingiram 100% de atendimento de água, ou seja, já são universalizados neste quesito.
Atendimento da população com coleta de esgoto
A média de população atendida por coleta de esgotos nos 100 maiores municípios, em 2012, foi de 62,46%; à frente da média nacional de 48,29%. Quase 40 cidades possuem mais de 80% da população com coleta, mas em 29% das cidades menos de 40% das pessoas têm acesso ao serviço.
Tratamento dos esgotos
Os 100 municípios tratam um pouco mais de esgotos do que a média do Brasil em 2012 (41,32% contra 38,70%). A maioria dos 20 melhores municípios alcançam 80% ou mais de tratamento sendo que 55% das cidades tratam menos de 40% de seus esgotos, sendo que 28% tratam menos de 20% dos esgotos.
Perdas de água (faturamento e distribuição)
A média de perdas de água (faturamento) nas 100 maiores cidades em 2012 foi de 39,43%, ou seja, superior à média brasileira de 36,9%. São resultados de vazamentos, roubos, gatos, falta ou erros de medição e outras irregularidades.
Em 2012, 40% das maiores cidades perderam mais de 45% da água (faturamento), sendo que 11% dos municípios perderam mais de 60%. Somente 27% perderam menos de 30%. Das 100 cidades, 62% tiveram perdas entre 30% e 60%.
Conclusão e outros destaques
• Das 20 melhores cidades, 11 são do Estado de São Paulo; 3 de Minas Gerais; 4 do Paraná e 2 do Rio de Janeiro;
• Entre 2011 e 2012, a maioria dos municípios (32) fizeram mais do que 80% das ligações de água faltantes para a universalização. 27 cidades, no entanto, fizeram menos de 20% das ligações de água faltantes.
• No caso de esgoto, a situação é oposta à de água. Dos 100 municípios, 61 fizeram entre Zero e 20% das ligações de esgoto faltantes. Apenas quatro fizeram mais que 80% das ligações de esgoto faltantes.
• Em 2012 foram feitas 498.386 novas ligações de água e 647.091 novas ligações de esgoto, ou seja, houve 23% mais novas ligações de esgoto do que ligações de água. São Paulo fez 155 mil novas ligações de esgoto em 2012, o que equivaleu a 24% de todas as novas ligações de esgoto no Brasil.
• A grande maioria das cidades analisadas não evoluiu em seus indicadores de Perdas de Água, o que preocupa por ser um indicador síntese da gestão do sistema de saneamento em uma cidade.
• O estudo reforça também a necessidade de uma maior mobilização pelo saneamento básico nas regiões Norte e Nordeste onde, mesmo com os recentes esforços do Governo Federal, Estados e municípios, os avanços têm sido muito baixos.
• Por fim, o volume de esgotos não tratados nos 100 maiores municípios, portanto descartados por dia na natureza, foi de 2.959 piscinas olímpicas. Isso mostra que a falta de saneamento, além de um problema de saúde pública, continuará prejudicando a quantidade e qualidade dos recursos hídricos brasileiros.
Instituto Trata Brasil
Acesse o estudo completo em: www.tratabrasil.org.br