Nova Geração De Tubulações Para Efluentes E Esgotos Dá Cara Nova Às Redes
Por Cristiane Rubim
Edição Nº 20 - agosto/setembro de 2014 - Ano 4
Apesar de ainda existirem muitos déficits em saneamento básico no país, o mercado de tubulações para tratamento de efluentes e esgotos vem trabalhando para oferecer aos clientes novas tecnologias com performances melhores que as antigas para substituí-las
Apesar de ainda existirem muitos déficits em saneamento básico no país, o mercado de tubulações para tratamento de efluentes e esgotos vem trabalhando para oferecer aos clientes novas tecnologias com performances melhores que as antigas para substituí-las, visando proteção do meio ambiente e praticidade. Há muita procura por novos materiais. Para isso, os fabricantes buscam inovações para desenvolver tubulações ideais que proporcionem, além de outras vantagens, principalmente maior resistência química a impactos, fácil instalação e transporte e design agradáveis. É uma nova geração de tubulações que vai dar cara nova as redes com perfil tecnológico para atender às necessidades dos clientes.
As casas antigamente usavam tubulações de chumbo e ferro. Esses materiais provocavam vazamento, deterioração dos equipamentos e da qualidade da água e contaminação humana. Foi desenvolvido em 1933 o PVC (Policloreto de Vinila), que acabou substituindo esses materiais para facilitar a instalação e os reparos e provocar menos vazamentos.
Além do PVC, atualmente, os materiais mais utilizados para a condução de esgoto por gravidade (conduto livre), segundo Eduardo Bertella, gerente de marketing da Kanaflex Indústria de Plásticos, são os tubos de concreto e cerâmicos. O aço galvanizado e o ferro fundido para tratamento de esgoto e o aço inoxidável e o aço carbono para tratamento de efluentes são, de acordo com Marco A. F. Goulart, coordenador de engenharia da Alphenz, outros materiais mais comuns usados hoje, além do PVC.
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Desgastes
As tubulações antigas de PVC e de cimento sofrem desgastes na passagem de efluentes e esgotos. "Um dos problemas é o desgaste por abrasão, e o comprometimento da estrutura do tubo devido ao ataque químico. No caso dos tubos de concreto e cerâmico, a união é feita a cada metro, o que potencializa o problema de vazamento ao longo da linha. A estanqueidade é importante, pois, além de prevenir a contaminação do solo com o líquido que pode vazar, evita a entrada de água do lençol freático na tubulação, que se mistura ao esgoto, aumentando sensivelmente a quantidade a ser tratada", adverte Bertella, da Kanaflex.
"O PVC é um material relativamente barato, porém, requer constante manutenção devido ao seu ressecamento. Também é muito rígido, por isso, tem baixa resistência mecânica. Já a tubulação enterrada de concreto, pela sua baixa elasticidade, pode sofrer rachaduras e trincos. Além disso, por ser muito pesada, eleva o custo de transporte, manuseio e instalação", explica Goulart, da Alphenz.
Tanto os tubos de PVC quanto os de cimento sofrem esclerosamento por não terem tanta resistência aos agentes químicos. No caso do cimento, o problema é mais agudo. "Via de regra, os emissários são por gravidade, e muitos deles trabalham à meia seção. Os efluentes emanam gases altamente corrosivos, e os tubos de cimento não têm proteção contra esse tipo de agressão. Não são raros os casos, após poucos anos de uso, em que simplesmente não apresentem mais a geratriz superior a dos tubos, normalmente destruída por esses gases. A solução é a utilização de materiais com alta resistência à corrosão e a ataques de produtos químicos", aponta Roberto M. Gadotti, diretor-superintendente da FGS Brasil.
Busca por novos materiais
Ainda usado em grande escala e diante dos desafios, citados acima, que o material apresenta, há procura no mercado por lançamentos e novos materiais em substituição às tubulações de PVC para efluentes e esgotos. "Há procura, sim, por novos materiais, como, por exemplo, o PP (Polipropileno) e o PEAD (Polietileno de Alta Densidade)", afirma o coordenador de Engenharia da Alphenz. Além do PP e PEAD, ele cita, também como novidade, dentre outras, o CPVC (Cloreto de Polivinila Clorado).
O gerente de marketing da Kanaflex conta que o tubo corrugado com dupla parede de PEAD começou a ser fabricado no Brasil em 2002. Surgiu como uma inovação que alia maior resistência mecânica (compressão e impacto) com a grande resistência química advinda da matéria-prima. "De lá para cá, este tipo de tubo ganhou força. A linha, que contava apenas com os diâmetros de 100 mm e 150 mm, expandiu, passando a ter diâmetros que vão de 250 mm a 1.200 mm", destaca.
De acordo com Gadotti, da FGS Brasil, o PEAD é uma alternativa que vem comprovando sua eficiência na linha de materiais para tubulações de efluentes e esgotos. "Hoje, as linhas de emissários e coletores no Brasil estão sendo substituídas por produtos plásticos em PEAD", afirma o diretor-superintendente. Segundo ele, o PEAD, por si só, há muito tempo já tem características exclusivas que lhe garantem alta resistência ao ataque de produtos químicos. "As novas resinas de PEAD têm sido colocadas à prova em situações extremas de ataque por materiais abrasivos, como, por exemplo, transporte de polpa mineral, e os resultados obtidos têm revelado uma vida útil superior aos demais tubos plásticos, bem como aos tubos metálicos. No caso de esgotamento sanitário, onde tanto os efluentes das indústrias como a areia inerente ao material esgotado são os grandes vilões, o PEAD tem se destacado como a solução técnica de maior qualidade com o melhor custo-benefício", garante.
Além das resistências químicas e mecânicas, há o fato de que o PEAD pode ser unido por juntas soldadas. "Foi comprovado pelas Companhias de Saneamento do Brasil e do exterior que é na junta tipo Ponta e Bolsa que se dá a maioria dos problemas de vazamento. Esses vazamentos, quando ocorrem, trazem consigo contaminação de lençol freático e degradação ambiental, entre outros problemas. Para condução de efluentes químicos e/ou esgotamento sanitário, o PEAD é o material mais seguro que existe", avalia.
Os tubos de PVC e de cimento sofrem esclerosamento por não serem tão resistentes aos agentes químicos como o PEAD. Também pela sua composição química, as tubulações de PVC e cimento provocam incrustação. "Com isso, o diâmetro interno dos tubos diminui ao longo do tempo, ocasionando uma perda de vazão, o que não acontece com as tubulações de PEAD, por terem composição química amorfa, sem radicais livres, constituída somente de carbono e hidrogênio", explica.
Fazer a substituição das redes antigas por redes novas de tubos corrugados ou lisos de Polietileno pode resolver os problemas das tubulações. "Pode-se utilizar também o método não destrutivo, denominado Pipe Bursting, onde se aproveita o espaço das tubulações antigas no solo para introduzir nova tubulação de parede lisa de PEAD", sugere Bertella, da Kanaflex.
Divide a mesma opinião, Goulart, da Alphenz, ao dizer que se pode adotar o PEAD ou o PP como alternativa aos problemas das redes. Segundo ele, estes materiais possuem alta resistência química (mais resistente a ataques químicos); mecânica (alto grau de elasticidade e resistência a impactos); facilidade de instalação e manuseio (menor aplicação de mão de obra e equipamentos na sua aplicação); maior eficiência no transporte de tubulação (bem mais leve que o concreto); e melhor design.
Segundo Bertella, ao longo destes anos, alguns fatores vêm contribuindo para o crescimento das vendas dos tubos corrugados de PEAD para esgotamento. "Principalmente, a conscientização do uso de tecnologia de ponta para ganho de performance de instalação, redução de perdas, ausência de incrustações e aumento de vida útil", informa.
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Problemas nas redes de esgoto
Segundo a assessoria de comunicação da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), a demanda média de reparo ou troca de ramais de esgotos em São Paulo é de 15 a 20 casos/dia. "Quando um ramal está em más condições, quebrado, arriado ou entupido, o próprio cliente nota, porque o primeiro sintoma é a dificuldade de esgotamento, ou seja, o esgoto não desce. Há ainda o refluxo para dentro do imóvel, quando o esgoto volta pelo ralo."
Os principais motivos de entupimentos de ramais estão ligados ao mau uso do sistema de esgotamento do imóvel pelos próprios moradores (ver boxe "Esgoto não é lixo"). "É necessária uma intensa campanha de conscientização de que esgoto não é lixo para que as instalações sejam usadas de forma adequada."
Já as principais causas de quebra ou arriamento de ramais (desnivelado ou sem caimento), conforme a assessoria, são as interferências entre as obras de concessionárias. Como os ramais estão instalados há muito tempo, uma nova obra na rua atinge esse ramal, danificando-o. "Na área central de São Paulo, a incidência cada vez maior de obras por métodos não destrutivos – instalação de tubos plásticos por perfuradoras do solo, sem escavação de valas extensas – tem provocado acidentes com quebra ou danos a ramais de esgotos. Muitas vezes, os operadores das perfuratrizes nem percebem que atingiram uma tubulação, e a concessionária só será comunicada meses depois quando o cliente tiver problemas de esgotamento."
O trabalho torna-se cada vez mais complexo, de acordo com a concessionária, em um subsolo congestionado como o da Região Metropolitana de São Paulo. "Para evitar esses acidentes, é necessário uma extensa e cuidadosa pesquisa de interferência, mapeando no local os equipamentos e tubulações de todas as concessionárias, com sua localização e profundidade, direcionando a obra para um trecho da rua em que não haja ocupação por outra concessionária."
O desgaste do material do ramal de esgotos, em especial das juntas, é um pouco mais raro, segundo a assessoria da Sabesp. Os antigos ramais são de manilha cerâmica com juntas de asfalto. "A cerâmica não tem grande resistência à cargas externas, por exemplo, sobrecarga de trânsito de veículos pesados que afundam o pavimento e comprimem os tubos.
O asfalto resseca com o tempo, perdendo sua função de vedar as juntas, o que causa vazamentos que podem solapar o solo e causar arriamentos e até quebra do tubo cerâmico. Neste caso, substituímos todo o ramal por tubos plásticos de maior resistência, com juntas elásticas de borracha, reaterrando o solo."
Quanto ao dimensionamento dos ramais, se estiver errado (para menor), o problema é similar ao do entupimento com a dificuldade de esgotamento e eventual refluxo. "Nesse caso, é feito um exame para verificar as condições do ramal, com televisionamento do interior da tubulação. Se estiver em perfeitas condições, é preciso recalcular (redimensionar) o diâmetro ideal do ramal por meio de tabelas e fórmulas de cálculo encontradas na literatura especializada, que se baseiam nas características de ocupação do imóvel, nas instalações sanitárias (número de banheiros, chuveiros, cozinha e tanques) e pela quantidade de pessoas que ocupam o prédio. Essa ocorrência é muito rara, uma vez que, para a concessão da primeira ligação de esgotos, a Sabesp exige o pré-dimensionamento do ramal em caso de imóveis que não sejam residenciais unifamiliares."
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Contato das empresas:
Alphenz: www.grupoalphenz.com.br
FGS Brasil: www.fgsbrasil.com.br
Kanaflex: www.kanaflex.com.br
Sabesp: www.sabesp.com.br
Tubos Ipiranga: www.tubosipiranga.com.br
Vetro: www.vetro.com.br