Veolia Water Completa 20 Anos De Brasil
Por Beatriz Farrugia
Edição Nº 13 - junho/julho de 2013 - Ano 3
A empresa, ligada à francesa Veolia Environnement, investe em tecnologia para liderar mercado de tratamento de água e efluentes
Ela foi fundada há 160 anos por Napoleão III para resolver problemas de tratamento de água e efluentes da cidade de Paris, na França. Naquela época, o imperador francês não imaginava que a Veolia Environnement se tornaria uma das líderes mundiais do setor, atuando em 74 países com uma rede de cerca de 320 mil colaboradores. Só no Brasil já são 20 anos de tradição, comemorados em 2013.
Atualmente a Veolia oferece soluções seguras, eficientes e ambientalmente responsáveis para todas as necessidades relacionadas à água e efluentes líquidos, desde água potável até sistemas para indústrias de papel-celulose, mineração, óleo e gás e nuclear. A companhia participou recentemente de um projeto na usina de Fukushima, no Japão, para a recuperação da água usada nos reatores, que registrava um nível de radiação elevado e podia contaminar os mares.
A Veolia Water Brasil atua em diversos segmentos, como mineração, óleo e gás, papel e celulose, químico, biocombustível, alimentos e bebidas, automotivo, farmacêutico, metais primários e energia. A partir do mercado brasileiro a Veolia Water atende diversos países da América Latina. "O Brasil detém hoje 55% dos negócios na América Latina e, o restante, 45%, vêm dos outros países da região", afirmou Ruddi de Souza, diretor da Veolia Water Brasil. "No ano passado, concluímos uma obra grande no Peru. Nesse ano, devemos ter uma obra importante na Venezuela", contou.
Segundo Souza, cerca de 80% do faturamento da Veolia vem da área de Design & Build (projetos acima de US$10 milhões). Os outros 20% são da área de Solutions (projetos de até US$10 milhões). "No ano passado, nós atingimos nossas metas. Chegamos a cerca de 90% do que tínhamos programado. Em termos de faturamento, atingimos 100% e, em termos de novas ordens, atingimos 80%", afirmou.
"Neste ano, temos também uma meta bem audaciosa e não vemos problema em alcançá-la. Achamos que estamos bem. Estamos bastante otimistas com novos projetos", disse Souza.
Entre os destaques de expertise da Veolia Water Brasil está o tratamento de água de caldeira, serviço requisitado por empresas privadas e públicas, como a Petrobras. "Nós temos um histórico grande nesse assunto e somos líder nessa área de tratamento de água de caldeira. Fazemos o trabalho e a instalação, mas também temos uma unidade móvel que presta esse serviço", afirmou Souza. No momento, a Veolia possui 25 unidades móveis, mas a empresa acredita que esse tipo se serviço possa crescer no futuro.
"A gente tem como referência o mercado americano e lá esse nicho de mercado de unidades móveis é muito grande. Mas tem uma diferença básica: a energia térmica é abundante, equivale a 40% do total da cadeia. No Brasil, isso é muito menor, fica em torno de 15% a 20%, pois é um país de energia hidráulica", afirmou o diretor da Veolia Water Brasil.
"O mercado, hoje, para esse tipo de produto, não é um grande mercado, mas certamente crescerá, pois a necessidade de novas centrais térmicas é imperativa no Brasil. No entanto, o mercado não chegará ao mesmo patamar dos Estados Unidos, porque temos muitos rios aqui", acrescentou.
Além do tratamento de água de caldeira, a Veolia Water Brasil também é líder nos mercados de mineração, no qual teve grande atuação em 2012, e no tratamento de lodos. "Temos duas soluções para o reaproveitamento do lodo. Na primeira, usamos para a geração de energia, através do biogás, e depois com a incineração desse lodo. Na segunda, o lodo vai para aterros, após ser desidratado, e pode ter outra finalidade, porque ele já está neutralizado", disse Souza.
Em todos os serviços oferecidos, a Veolia trabalha com sistema e equipamentos fabricados pela própria empresa e por terceiros. "Somos basicamente uma empresa integradora. Adquirimos equipamentos dos mais diversos fornecedores, porque eles acabam sendo melhor na competência de desenvolver aquele produto. Nós usamos filtros e membranas de vários fabricantes e também produzimos alguns equipamentos próprios. A Veolia fabrica parte daquilo que ela agrega ao produto, especialmente algo que tenha uma tecnicidade maior e seja crítico para o processo que estivermos trabalhando", afirmou o diretor. De acordo com ele, pode-se dizer, basicamente, que 80% do material usado é comprado de terceiros e 20% são itens próprios.
No ano passado, a Veolia Water Brasil apresentou na FENASAN (Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente) as soluções Actiflo e Multiflo, processos físico-químicos de alta-taxas, com ampla aplicação em sistemas industriais e municipais.
O Actiflo® é um processo compacto de clarificação de água que utiliza micro areia como semente para formação e lastreamento dos flocos, reduzindo em até 40 vezes a área de implantação quando comparados aos processos convencionais com capacidade similar. Já a tecnologia Multiflo®, além da alta taxa de aplicação, utiliza o conceito de formação de um lodo mais adensado no fundo do decantador lamelar, otimizando as fases de desaguamento e desidratação de lodo posteriores.
"Estamos com uma inovação no mercado, no qual essa areia será substituída por um cristal, que vai dar mais eficiência. Por ele ter esse aglutinante, ele pode ser instalado em áreas menores. É um sistema mais sofisticado que o multiflo", disse Souza.
No Brasil, o Actiflo® é utilizado nas plantas de tratamento de água potável na cidade de Ponta Grossa/PR e água industrial na Refinaria Gabriel Passos da Petrobras (REGAP - Betim/MG), além de aplicação em reúso industrial de efluentes na mesma REGAP e também da Refinaria Henrique Lage - REVAP.
A tecnologia Multiflo®, por sua vez, tem como exemplos recentes a planta de Huachipa de tratamento de água potável, localizada na cidade de Lima/Peru, com capacidade nominal de
5,0 m3/s de água tratada, e a planta de fornecimento de água industrial da fábrica de papel do grupo Votorantim (VCP) em Três Lagoas (MS).
Uma das marcas da Veolia é a tecnologia empregada em seus sistemas e soluções. Para manter o nível de desenvolvimento tecnológico, a empresa possui um programa de pesquisas, no qual premia anualmente os melhores projetos. "Nós temos um subsídio interno para esses projetos. Cada unidade, cada local, é motivado a apresentar um projeto. Como somos uma empresa de tecnologia, queremos que todos participem", explicou Souza.
"O primeiro objetivo é motivar todo mundo a participar. E os critérios que se levam em conta para premiar esses projetos são a inovação e a aplicabilidade no mercado. Um projeto pode ganhar, mas outro pode ser utilizado posteriormente", disse.
"A Veolia está atrás de transformar grandes volumes em água. Hoje você quer soluções mais automáticas, que funcionem remotamente.
A pesquisa que a Veolia desenvolve é nesse sentido. Nós temos diversos desenvolvimentos em pesquisa e um deles é esse: racionalizar o uso dos recursos em todos os sentidos, inclusive a mão-de-obra", disse Souza.
Além da preocupação tecnológica, a Veolia promove ações culturais com foco na sociedade, principalmente crianças, sobre a conscientização do uso da água. "A Veolia sempre faz ações culturais abertas ao público, de graça, com leis de incentivo", afirmou o diretor.
Esse ano, declarado pelas Nações Unidas (ONU) como o "Ano Internacional da Cooperação pela Água", a Veolia fez uma parceria com a jovem fotógrafa brasileira Andrea Laybauer, cuja especialidade é fotografia de gotas de água. Quando a gota cai, o reflexo da imagem dentro da gota forma uma obra de arte.
Nessa parceria, foram feitas 26 fotos encomendadas pela Veolia dos mais diversos temas, como natureza, animais, cidade e etc. Essas fotos ficaram expostas por cerca de um mês na estação Clínicas do metrô, em São Paulo, com painéis de 2m por 1,6m. "Uma exposição dentro do metrô por ocasião do ano da água pode ajudar a conscientizar o uso, porque não é um recurso infinito", comenta Béatrice de Toledo Dupuy, gerente de marketing e comunicação da Veolia Water.
Béatrice destaca ainda outra parceria cultural feita pela Veolia em 2013 com o ativista Jean-Michel Cousteau, filho do lendário Jacques-Yves Cousteau, para o lançamento de uma exposição, livro e filme chamado "Retorno à Amazônia". As obras retratam as principais mudanças naturais e culturais sofridas pela Amazônia nas últimas duas décadas.
Os registros foram coletados durante uma viagem de Jean-Michel Cousteau à Amazônia junto com seus filhos e membros da Sociedade Cousteau da Amazônia e da Ocean Futures
Society. Em 1982, o próprio Jean-Michel Cousteau havia visitado a região com seu pai, Jacques-Yves Cousteau. O ativista, então, comparou a situação da Amazônia nessas duas visitas.
A exposição é itinerante e irá começar pelo Rio de Janeiro, com montagem no Jardim Botânico. Em seguida, irá para São Paulo e Manaus. "Começará em junho e vai até novembro. Serão dois meses em cada cidade e, dependendo do sucesso, pode ser levada a outros municípios também. Será uma exposição, um livro e um filme de 10 minutos", disse Béatrice.
A Veolia Water Brasil também tem programada a participação em ao menos 14 feiras na área de Solutions em 2013. "São muitas, mas necessárias, porque é um mercado pulverizado", afirmou o diretor. Já na área de Design & Build, a Veolia estará presente na ABTCP, feira de papel e celulose em São Paulo, e da FITABES, que será em Goiânia.
"Estamos em busca de ferramentas que realmente viabilizem essa aproximação e contato com o cliente, e que ajudem no processo de decisão. No passado, o fato do cliente visitar e ver você lá na feira ajudava no processo de decisão. Mas hoje, devido aos projetos maiores, não é na feira que ocorre essa decisão", comentou Souza.
Água e efluentes no Brasil
Para o diretor da Veolia Water Brasil, Ruddi de Souza, o maior problema da rede de água e efluentes do Brasil atualmente é a qualidade do sistema de distribuição. Segundo ele, apesar dos avanços conquistados nesse setor, ainda falta muito para o país atingir a plenitude de um sistema eficiente de distribuição, principalmente devido à falta de vontade política e investimentos públicos.
"As companhias concessionárias enviam água um ou dois dias por semana e cobram por aquela água que você tem que armazenar na caixa d´água, o que pode gerar um ponto de contaminação. Então, o que precisaria acontecer: a água deveria chegar continuamente, por 24 horas, todos os dias do ano. Para poder fazer isso, é preciso investir em um sistema de produção de confiabilidade - o que já está sendo feito -, mas também em um sistema de rede. Essa é a parte mais sensível, porque hoje se faz, em geral, só manutenção corretiva", disse.
"Essa nova rede de distribuição precisaria usar o subsolo, que está congestionado. Aí está o ponto mais fraco. Quando isso seria resolvido? Precisaria de um investimento pesado e o Estado não tem recursos para isso. A PPP (parceria público privada) seria uma solução, porque a iniciativa privada tem recursos e interesse em investir nessa área", afirmou Souza.
Segundo ele, hoje a grande deficiência do sistema é a rede, portanto, "as entidades que regulam esse setor teriam de criar facilidades para as empresas se motivarem e investirem nisso".
"Enquanto for companhia concessionária pública convencional, ela não vai fazer uma rede, porque o que importa para ela hoje é abrir novos consumidores e não garantir que aqueles que existem tenham atendimento, pois o atendimento é mais político que técnico, e teria de inverter isso", argumentou.
"A Veolia tem uma empresa que se dedica a esse processo de instalação de redes. Essa empresa chama SADE e estamos trazendo ela para o Brasil agora", disse Souza.
De acordo com ele, a tecnologia atualmente faz com que não seja mais necessário quebrar ruas para implantar redes, apesar do custo ser maior. "É uma ilusão achar que sai mais barato usar os meios tradicionais e convencionais em vez da tecnologia", defendeu.
Ruddi também disse acreditar que as obras para a Copa do Mundo e Olimpíadas não irão beneficiar o setor de água e saneamento, apesar dos grandes investimentos para melhorar a infraestrutura do país. "Esse boom ficou muito restrito à construção civil: novos hotéis, novos estádios, novas rodovias. A gente teve um benefício por tabela, por consequência, mas muito pequeno. No Rio de Janeiro, por exemplo, houve obras pequenas, pontuais, para resolver problemas históricos, e não pensando em grande escala, nos locais para receber grandes públicos e visitantes", afirmou.
"O tempo está se esgotando e já perdemos um tempo irrecuperável. Portanto, não acredito que, por causa desses eventos, teremos obras e soluções importantes. Eu gostaria muito, por exemplo, de ver o rio Pinheiros e o Tietê resolvidos até lá. Mas, infelizmente, não vão. Por quê? Para resolver, só com PPP. Existe solução técnica e financeira, mas precisa de mais vontade política. Há uma visão de que o problema é só uma gestão do Estado", comentou.
"A gente costuma olhar a preservação para ‘o ano que vem’, ‘para o futuro’. E não é bem assim. Na realidade, nós fazemos parte de um ciclo que pode levar 500 anos, 1000 anos para ser refeito. O que vai acontecer até lá? Estamos cada vez captando água mais longe e não estamos tornando a Terra mais bela. Só destruímos. As cidades vão agregando um passivo ambiental muito sério. Quanto mais tempo passa, são mais casas, mais tudo e etc. A Terra vai ficando inabitável. Precisamos encontrar um equilibro, com uma maior sustentabilidade. E a água é um dos fatores críticos", afirmou Souza.
Contato da empresa:
Veolia Water: www.veoliawaterst.com.br