Controle De Odores No Tratamento De Esgoto Sanitário É Tema De Workshop De Inovação Da Sabesp
Por Anderson V. Da Silva
Edição Nº 16 - dezembro de 2013/janeiro de 2014 - Ano 3
A Unidade de Negócio Pardo e Grande da Sabesp realizou, em 12 de novembro, o workshop “Controle de Odores em Estações de Tratamento de Esgotos”, com o objetivo de compartilhar experiências e buscar soluções inovadoras para tema
A Unidade de Negócio Pardo e Grande da Sabesp realizou, em 12 de novembro, o workshop "Controle de Odores em Estações de Tratamento de Esgotos", com o objetivo de compartilhar experiências e buscar soluções inovadoras para tema tão importante e apontado pelo químico Dr. Helvécio Carvalho de Sena, um dos maiores nomes no tema Controle de Odores no Brasil, como a quarta onda do saneamento. A iniciativa contou com o apoio do Polo AESabesp Franca, liderado por Mizue Terada.
A abertura do evento foi promovida pelo superintendente da unidade, Gilson Santos de Mendonça. Na sequência, a empresa Produquímica trouxe para debate a "Discussão Geral sobre Produção e Controle de Odores em Unidades de Sistemas de Esgotos Sanitários", enquanto a Diretoria de Tecnologia Empreendimentos e Meio Ambiente "T", da Sabesp, levou ao evento suas experiências e testes em "Utilização de Biofiltro para o Tratamento de Odores".
O workshop contou, ainda, com mais de 80 participantes e especialistas da Sabesp e de empresas reconhecidas no setor de saneamento e tratamento de água e efluentes, que apresentaram temas como "O Controle de Odores nas ETE’s da Sanasa", "A Experiência da Unidade Baixo Paranapanema no Controle de Odores em Estações de Tratamento de Esgotos", "Ações Operacionais para Combate a Odor em Unidades de Esgoto do Litoral Norte", entre outros.
A Revista TAE esteve presente ao evento e acompanhou de perto os lançamentos e desenvolvimentos desta área. A TAE traz para os seus leitores os principais temas e informações do encontro.
Os odores provenientes do esgoto sanitário
O gás sulfídrico é um dos principais responsáveis pelos odores causados em estações de tratamento de esgoto sanitário, elevatórias e estações de efluentes industriais. Com fórmula química H2S, o gás sulfídrico se caracteriza por um forte cheiro de "ovo podre", que causa danos à saúde humana, podendo levar a morte se inalado em altas concentrações, além de ser um dos grandes desafios para as empresas de saneamento devido ao seu alto poder de corrosão de tubulações e aços utilizados nas estações de tratamento de efluentes e esgoto.
A quarta onda do saneamento
Gilson Santos de Mendonça, superintendente da unidade da Sabesp Franca, comentou sobre a importância da sociedade civil nas exigências para as empresas prestadoras de serviço e que influenciam diretamente na busca de soluções que atendam as normas e as exigências impostas pela população: "Atualmente a sociedade é cada vez mais exigente, assim como determinado pela pirâmide de Maslow, as necessidades da população passam a ser mais aprimoradas, além de possuírem instrumentos de cobrança importantes, como a ação popular, ação civil pública, lei de acesso à informação e os agentes reguladores", e complementa "o Helvécio foi muito feliz ao definir o tema odor como a 4a onda do saneamento. Realmente precisamos entender como a Sabesp está atuando nesta nova onda e no atendimento às necessidades da população e na melhoria da qualidade de vida das pessoas. E este é o principal objetivo deste encontro voltado para o controle de odores."
Segundo o Dr. Helvécio Carvalho de Sena, gerente da Unidade de Negócios da Baixada Santista da Sabesp, o saneamento no Brasil já passou por três fortes ondas: a primeira foi a necessidade de levar água de qualidade à população, a segunda foi a coleta de esgoto, e a terceira o tratamento do esgoto gerado por essa coleta. O tratamento do odor - gás sulfídrico, passa a ser a quarta onda do saneamento: "Uma quantidade de odor não tratada corretamente, além de ocasionar desconforto para a população e gerar reclamações, ainda é o maior responsável pelas corrosões existentes nas tubulações e sistemas de saneamento, gerando altos custos no processo". Mas o doutor Helvécio não para por ai: "Criamos soluções interessantes em nossa unidade em Santos, nossa unidade está rodeada de prédios e instalações comerciais, com uma alta população em seu entorno e devido a isso se fazia necessário uma solução mais completa no controle de odores. Na Unidade de Santos, nós resolvemos os problemas de odores com ações e controles apurados e um sistema de gestão com análises on-line, limpezas periódicas, e a utilização de produtos químicos como o de nitrato de amônia, nitrato de cálcio e peróxido de hidrogênio. No caso dos Nitratos o controle é causado pela preleção bioquímica dos microrganimos pelo Nitrato ao invés do Sulfato".
Uma das principais empresas participantes do evento, a Produquímica trouxe uma discussão geral sobre o tema e algumas das soluções para tratamento e medição do gás sulfídrico, segundo Luiz Carlos da Silva, gerente de produtos da empresa: "Aproximadamente, por estudos já realizados, cerca de um grama de sulfato gera aproximadamente 0,35 gramas de gás sulfídrico (H2S). Já me deparei com casos em que foi encontrado 230 mg/l de sulfato. Uma alta concentração, como esta, gera muito gás sulfídrico, causando corrosão. Para que possa ser feito algum estudo, ou tratamento do gás sulfídrico, é necessário ter algumas informações importantes como: conhecer o esgoto e entender como ele é gerado, os locais onde o esgoto vai ser retido por um período que proporcione o tempo de retenção do material, a temperatura, a concentração elevada de íon de sulfato – um dos precursores na formação do gás sulfídrico, o valor do pH – que abaixo de sete favorece a formação e o despreendimento para atmosfera, entre outros fatores".
Segundo Luiz Carlos, é possível os gestores e engenheiros calcularem a taxa anual de corrosão de concretos, ou seja estimar as taxas anuais de corrosão e tempo de vida útil de tanques e tubulações de concreto, além dos custos anuais de reposição destes equipamentos. No Brasil as empresas, em sua grande maioria, somente correm atrás do prejuízo quando alguém reclama do odor ruim em elevatórias ou na estação, quando alguém fica doente ou quando a imprensa relata algo errado. As empresas precisam entender e tomar ações preventivas e saber calcular os riscos e os prejuízos causados pelas corrosões pelo gás sulfídrico", afirma Luiz Carlos.
Segundo ele, algumas empresas se utilizam da correção de pH para que seja feito o controle do gás sulfídrico e isto, segundo o especialista, não é adequado: "Esse é um tipo de tratamento paliativo, pois não resolve o problema em si. Essas inserções de soda cáustica, gel cálcio, e outros produtos alcalinos somente transfere o problema para outro local, pois a inibição do gás ocasionada com o controle do pH vai acontecer até este esgoto tomar contato com outro corpo receptor ou qualquer outro meio que faça com que o pH caia para menos de sete e, com isso, voltará a emitir o gás sulfídrico."
Segundo Luiz Carlos, a Produquímica fornece um blend de nitratos ativados, que está sendo aplicado com eficiência na unidade da Sabesp Santos. Ele proporciona uma preferência bioquímica dos microrganismos pelo oxigênio ligado ao nitrogênio em vez da ligação com o enxofre existente nas moléculas de sulfato. "Além dos blends a empresa fornece sistemas completos de equipamentos de medição, logística e dosagem do produto químico".
Bruno Gobbi Silva, gerente de produtos da Produquímica, apresentou as soluções para medição tanto na fase líquida, quanto na gasosa, fornecidas pela empresa e os efeitos causados nos seres humanos por uma exposição ao gás sulfídrico: "As concentrações do gás sulfídrico causam danos à saúde humana, sendo que de 3-10 ppm (causam odor ofensivo), 10-50 (dor de cabeça e vômitos), 100-300 (danos respiratórios), 300-500 (edema pulmonar, perigo de morte), 500-1000 (alteração no sistema nervoso central), acima de 1.000 (morte por paralisia respiratória), os medidores para a fase gasosa irão proporcionar ao cliente a análise e verificação do problema e o nível em que se encontra a concentração do gás sulfídrico. Já os equipamentos para a fase líquida irão atuar como prevenção e análise do tratamento na formação dos gases."
Durante o evento foram apresentadas ainda as soluções encontradas por outras unidades da Sabesp e outras companhias de saneamento, ficando em destaque as apresentadas por Allan Saddi Arneses, da Diretoria de Tecnologia Empreendimentos e Meio Ambiente "T" da Sabesp, com a utilização de biofiltro para tratamento de odores na estação elevatória da RMSP: o biofiltro foi instalado em um container marítimo desativado, proporcionando um custo baixo de investimento Capex e altamente viável comparado com sistemas de torre lavadora. Segundo o especialista, o biofiltro apresentou-se 35% mais econômico, além de manter uma boa eficiência.
Viviane de Lima Delgado, da Foz do Brasil, trouxe também ao evento a experiência da empresa na utilização de biofiltros para o tratamento de odores. Formado por grama, terra, carvão mineral e brita, o sistema aplicado pela Foz ganhou destaque pela simplicidade de operação, baixo custo Opex, possibilidade de utilização de água de reúso, para umedecer o leito, e baixo consumo de energia. Os sistemas de biofiltros foram instalados após um reator UASB.