Impermeabilização de reservatórios
Por Carla Legner
Edição Nº 56 - Agosto/Setembro de 2020 - Ano 10
Impermeabilização é um procedimento para que algo se torne impermeável, ou seja, protegido de qualquer ação ou efeito que possa ocorrer a sua volta
O desperdício de água potável em grandes capitais brasileiras é um problema grave. Atualmente, uma das maneiras de sanar essa questão é por meio da impermeabilização. Trata-se de um procedimento para que algo se torne impermeável, ou seja, protegido de qualquer ação ou efeito que possa ocorrer a sua volta.
Essa técnica é bastante utilizada em reservatórios e em estações de tratamento de água (ETA). Esses locais necessitam de uma impermeabilização de altíssima qualidade, para manter a água dentro do tanque e atestar a potabilidade adequada para consumo.
José Roberto Rosolen, engenheiro civil do departamento de impermeabilização e reforço estrutural da MJR Engenharia, define a função da impermeabilização de um reservatório de água como um processo para “garantir que todo o líquido permaneça em seu interior e que nenhum tipo de contaminante entre em contato com o líquido dentro do reservatório”.
Ele explica ainda que essa ação é para que o líquido armazenado não tenha contato com as estruturas de piso, costado e teto. Para que não exista fuga dos mesmos e que também não seja possível que líquidos externos entrem em contato com a água dentro desses locais.
Além disso, a impermeabilização garante vida útil para as estruturas presentes nos reservatórios. De acordo com Rafael Silveira, diretor da Georevest, as infiltrações são as maiores causas de degradação da estrutura, provocando enorme prejuízo pela necessidade efetiva de manutenção e pelo lucro cessante devido ao tempo inoperante na recuperação do substrato.
Muitas vezes, a própria água ou até mesmos produtos químicos, comuns no processo de sua conservação e tratamento, podem danificar o concreto e com o passar do tempo apresentar fissuras, que por sua vez provocam vazamentos.
Por isso, a importância dos procedimentos de impermeabilização vão além da função principal. “Esse processo preserva também a própria estrutura de contenção contra os efeitos nocivos dos líquidos armazenados, gerando manifestações patológicas como lixiviações, corrosão e demais mecanismos de deterioração das estruturas” – ressalta Abel Torreal, gerente técnico do Grupo Diprotec.
No Brasil, a impermeabilização de reservatórios pode ser feita com uma vasta gama de materiais, sempre de acordo com o tipo de líquido que será armazenado. Além disso, esse procedimento deve ser feito de acordo com normas de qualidades vigentes em todo o território nacional.
O processo e suas aplicações
A impermeabilização compreende de procedimentos, técnicas e materiais (produtos) adotados para conferir a estanqueidade de uma estrutura de contenção de água e fluidos em geral. Seu processo pode ser realizado em toda superfície que esteja continuamente ou que possa ter contato com líquidos. Além das ETAs, é utilizado em grande escala na construção civil, atendendo diversos tipos de estruturas como reservatórios inferiores, reservatórios elevados, diques de contenção, tanques, lagos artificiais, piscina, canais, barragens entre outras estruturas de contenção e armazenamento, entre outros.
Segundo Torreal, a ação da impermeabilização se dá através de cristalização do elemento construtivo já no momento da execução, na inserção de impermeabilizantes cristalizantes nos concretos, argamassas e aplicação de mantas ou em membranas moldadas no local com materiais específicos para o tipo de fluido que será contido.
Os procedimentos devem ser realizados mediante a contratação de uma empresa especializada, com avaliação ambiental para especificação dos componentes adequados a serem agregados a estrutura, elaboração de plano de ação, controle das normas de segurança e emissão da ART após o término dos trabalhos. Esses processos são divididos em 3 grupos, onde cada um possui sua particularidade.
Impermeabilização por barreira: quando se constrói uma camada no interior da estrutura para que o líquido não entre em contato com a superfície do reservatório.
Cristalização de concreto: quando se aplica diretamente na mistura do concreto o cristalizante, que agirá para vedar os poros do concreto e algumas microfissuras.
Injeção de Resinas: que é um processo de impermeabilização que é executado com o reservatório em uso. Esse sistema é muito utilizado para vedar fissuras causadas pela dilatação da estrutura.
“Quando falarmos de aplicação de sistemas de impermeabilização por barreiras, os processos, na grande maioria das ocorrências, são de limpeza e descontaminação (manual e mecânica) do substrato de aplicação, remoção de partículas soltas do substrato, aplicação de primer de aderência, e aplicação do produto nas espessuras indicadas pelo fabricante” – ressalta Rosolen.
As impermeabilizações podem ser aderidas ou flutuantes. Silveira explica que as aderidas precisam necessariamente de um substrato rígido, sem a incidência de cargas negativas e que não esteja sujeito a interferências.
“O Georevestimento manufaturado pela Georevest é uma impermeabilização flutuante, pode ser utilizada em reservatórios comerciais e industriais, construídos em concreto armado, alvenaria estrutural ou pré-fabricado, aderida mecanicamente por meio de fixadores mecânicos no perímetro superior interno do reservatório” – destaca o diretor. Esse sistema permite que a estrutura se movimente sem comprometer a impermeabilidade, mitiga a necessidade de tratamentos complexos do substrato mesmo em casos de fissuras, garante a potabilidade e a longevidade do projeto.
As características físicas do reservatório interferem diretamente na escolha do sistema de impermeabilização. Estruturas enterradas sujeitas à ação de lençol freático, por exemplo, dispensam o uso de sistemas flexíveis/elásticos. Deve ser aplicada internamente com cristalização para suportar pressão negativa. Também podem ser utilizados cimento polimérico ou resina epóxi, mas precisam ser produtos especificamente fabricados para essa finalidade.
Já as estruturas enterradas sem ação de lençol freático podem utilizar uma variedade maior de soluções. Entre elas, destacam-se a cristalização para suportar pressão positiva, o cimento polimérico, a argamassa com aditivo impermeabilizante, o poliuretano bi componente, a resina epóxi e a manta asfáltica.
São as estruturas elevadas ou apoiadas no solo que priorizam o uso de sistemas flexíveis/elásticos. Para esses reservatórios é importante que a solução seja capaz de suportar as movimentações da estrutura. Isso leva à indicação de produtos como o cimento polimérico com fibras e com reforço têxtil, a membrana de polímero acrílico com cimento e reforço têxtil, o poliuretano bi componente e as mantas.
“As alternativas de produtos impermeabilizantes em estruturas fixas, abaixo do nível do solo (confinadas) e com baixa ou nenhuma movimentação estrutural são os cristalizantes e argamassas poliméricas e os impermeabilizantes flexíveis que absorvem as deformações por movimentação térmica e carregamentos. Nos ciclos de enchimento e esvaziamento, quando as estruturas destes reservatórios estão situadas acima do nível do solo, apoiadas ou construídas sobre pilares, são utilizadas as mantas asfálticas, PEAD, PVC e as membranas compostas por cimentos e resinas termoplásticas, e as membranas poliméricas” – completa Torreal.
Os impermeabilizantes geralmente são incolores e inodoros, mas os especialistas e fabricantes recomendam que os tanques e reservatórios sejam postos para funcionar de três a cinco dias após o processo de impermeabilização, para que não ocorra risco de contaminação da água e posteriores problemas de saúde.
Quando o assunto é água, assim como todo o setor, o mercado de impermeabilização, trabalha com diversas referências normativas para se projetar e executar os procedimentos de impermeabilização em reservatórios.
No Brasil são as NBR - Normas Técnicas ABNT, Normas Petrobras e diretrizes a serem consultadas, emitidas por institutos técnicos como o IBI - Instituto Brasileiro de Impermeabilização.
É importante ressaltar que as exigências são diferentes para reservatórios de água bruta e para reservatórios para água potável.
“A Norma 9575/10 abrange todos os sistemas de impermeabilização que existem e o que deve constar em projetos de impermeabilização e também temos a Norma 9574/08 que especifica como se deve ser aplicado os sistemas de impermeabilização. No caso dos reservatórios de água potável deve-se seguir as normas ABNT NBR 12.170 e portaria do MS Nº 2914/2011, para atender as solicitações do Ministério da Saúde quanto a ”POTABILIDADE “da água para consumo” – enfatiza Rosolen.
Independentemente da tipologia construtiva, as impermeabilizações são de extrema importância para garantir a operação do sistema prevenindo interrupções em manutenções preditivas e corretivas, evitar a deterioração da estrutura como desplacamento da camada de argamassa e oxidação das ferragens e, principalmente garantir a estanqueidade e a qualidade da água.
Contato das empresas
Georevest: www.georevest.com.br
Grupo Diprotec: www.diprotec.com.br
MJR Engenharia: www.mjrengenharia.com.br