Tubulações para transporte de fluidos
Por Carla Legner
Edição Nº 58 - Dezembro de 2020/Janeiro de 2021 - Ano 10
É muito comum quando pensamos nas instalações hidráulicas das nossas residenciais lembrar dos canos para o transporte de água, mas o que muita gente não sabe é que esses materiais atendem os mais diversos tipos de projetos
É muito comum quando pensamos nas instalações hidráulicas das nossas residenciais lembrar dos canos para o transporte de água, mas o que muita gente não sabe é que esses materiais atendem os mais diversos tipos de projetos. Cano é uma forma popular de chamar esses itens, mas a maneira mais adequada é denominá-los de tubulações. Trata-se de um conjunto de tubos e conexões interligados usado para transporte de fluidos. Sua principal finalidade é constituir uma rede ou instalação correlata para conduzir esses líquidos de um local para outro. Desta forma, podemos dizer que servem para canalizações e asseguram a circulação de um fluido ou de um produto pulverulento em uma instalação.
São utilizados para diversas finalidades, como condução de água potável, condução de esgoto, proteção mecânica (eletricidade), ar comprimido (ppr industrial), fluidos industriais (CPVC SCH80), água quente, incêndio, entre outras. É possível destacar como principais características das tubulações a flexibilidade, leveza, resistência a impactos, imunidade à corrosão e baixa rugosidade interna. Além disso, são utilizadas em várias formas de instalação, podendo suportar situações críticas de alta temperatura e pressão.
“Tubos e conexões ligam, por exemplo, a saída de água da prestadora de serviços às entradas de água nas residências e empresas. Também fazem o caminho inverso, levando a água e o esgoto daquele local para a Estação de tratamento de esgoto (ETE), e devem sempre ser dimensionados por profissional técnico” – ressalta Toshio Kiwara Junior, gerente de engenharia de aplicação do Grupo Tigre.
De acordo com Eduardo Bertella, gerente de marketing da Kanaflex, esses produtos podem ser usados em quase tudo onde há a necessidade de proteger ou transportar algo, podendo ser dutos, mangueiras ou tubos. “Os dutos são para proteção de cabos subterrâneos de energia elétrica ou Telecom. As mangueiras são mais flexíveis e servem para diversas aplicações, como equipamentos, dispositivos, sucção e descarga, vácuo-ar e transporte de alimentos. Já os tubos são utilizados para condução de água, esgoto ou efluente, podendo ser conduto livre ou pressurizado” – explica.
O conduto livre funciona por gravidade. Na condição em que fica totalmente cheia, a pressão deve igualar-se à pressão atmosférica. São executados com declividades pré-estabelecidas, exigindo nivelamento cuidadoso. No pressurizado, o líquido é transportado com pressão maior que atmosférica. As tubulações podem ser fabricadas em Poli Cloreto de Vinilha (PVC), polietileno de alta densidade (PEAD), polipropileno (PP), e fluoreto de polivinilideno (PVDF), conforme especificações e normas nacionais e internacionais (ABNT, ISO, DIN).
Por ser atóxico, leve, resistente, impermeável e não inflamável, o PVC é indicado para diversas aplicações. O PEAD, por sua vez, é um polímero que tem excelente resistência e uma boa combinação de propriedades físicas e químicas. É um produto praticamente inerte na maioria dos solventes orgânicos e inorgânicos e é muito resistente à abrasão. Por fim, o polipropileno é um tipo de plástico que pode ser moldado quando submetido a temperatura elevada. Trata-se de um polímero termoplástico produzido a partir da polimerização do gás propileno ou propeno.
Principais características e como funcionam
As especificações das tubulações levam em conta as diversas características da aplicação e disponibilidade dos tubos no mercado nacional. Bertela explica que os dutos são instalados no subsolo, enterrados resistem as cargas móveis da superfície. Possuem arame-guia que passam internamente no duto para facilitar o processo de puxamento dos cabos posteriormente. Como os dutos são enterrados, precisam ser fabricados com uma matéria-prima que assegura sua vida útil, nesse caso são Fabricados em PEAD, matéria-prima muito longeva e resistente ao ataque químico.
No caso das mangueiras, normalmente são acopladas nos equipamentos, máquinas ou dispositivos e fixadas por abraçadeiras. São mais de 50 tipos de mangueiras onde cada uma tem uma particularidade de instalação, sendo em sua maioria fabricada em PVC e PU. Cada aplicação requer características específicas, como por exemplo, o caso das mangueiras atóxicas para uso na indústria alimentícia. Neste caso o PVC é especial, pois não contem contaminantes.
Instalados em valas, no subsolo ou enterrados, os tubos, comparados as tecnologias antigas, são muito mais leves, fáceis de instalar e são fornecidos em barras ou rolos. Os tubos não pressurizados são fornecidos no formato Ponta-Bolsa-Anel de Vedação que facilitam a instalação e asseguram a estanqueidade.
“Tubos para água fria são fabricados em PVC, tubos para água quente em CPVC, tubos para ar comprimido em PPR Industrial, tubos para fluidos industriais CPVC SCH80, tubos para incêndio CPVC” – completa o representante da Tigre. Kiwara Junior destaca ainda que o PVC é o único material plástico que não é 100% originário do petróleo. Sua principal matéria prima é um recurso inesgotável na natureza: 57% de cloro (derivado do sal marinho) e 43% de eteno (derivado do petróleo).
Por causa da grande versatilidade, propriedades, características e relação custo/benefício o PVC se destaca por ser um excelente isolante térmico, contribuindo para a diminuição do consumo de energia elétrica e emissão de gases causadores do efeito estufa. “Sem falar que o PVC é reciclável e auto-extinguível, ou seja, não propaga fogo, é inerte e portanto não agride a natureza” – enfatiza.
De acordo com Rosângela Moraes, gerente de marketing da Vetro, há ainda as tubulações PRFV (Plástico Reforçado com Fibra de Vidro) e RPVC (Tubo de PRFV com liner de PVC), também conhecidos como tubos com liner termofixo e termoplástico. “Os tubos Vetro são produzidos através do processo de Filamento Continuo (Filament Winding) e são constituídos de resina poliéster, fibras de vidro, cargas minerais e aditivos, que conferem ao produto elevada resistência química e mecânica, podendo ser aplicadas em condições extremas de pressão, corrosão e abrasão” – explica Rosângela.
Normas, cuidados e manutenção
A vida útil e o desempenho das tubulações dependem em grande parte da instalação correta dos produtos. Diante disso, Rosângela explica que o usuário deverá seguir as instruções do manual de armazenamento e instalação do fabricante, pois cada material requer uma atenção e caraterísticas diferenciadas. Além disso, para todos os tipos de produtos existem normas específicas.
No Brasil, as normas internacionais ASTM e AWWA para saneamento e API, para óleo e gás são as mais utilizadas. Há ainda um conjunto de normas nacionais editadas e distribuídas pela ABNT e Inmetro, que são atualizadas a cada ano. “Para os dutos, por exemplo, temos a norma ABNT NBR 15.715 para Sistemas de dutos corrugados de polietileno (PE) direcionada para infraestrutura de cabos de energia e telecomunicações, as normas ABNT NBR 13.897 e 13.898 para Duto Espiralado Corrugado, em Polietileno de Alta Densidade para uso Metroferroviário e ABNT NBR 14.683-1 para Sistemas de subdutos de polietileno para telecomunicações” – explica Eduardo Betella da Kanaflex.
Ainda segundo ele, no caso dos canos existe a norma ABNT NBR 15561 para Tubulação de polietileno PE 80 e PE 100 para transporte de água e esgoto sob pressão, a ABNT NBR ISO 21138-1 e 3 para Sistemas de tubulações plásticas para drenagem e esgoto subterrâneos não pressurizados e a DNIT094/2014-EM para Tubos de poliéster reforçado com fibra de vidro (PRFV) e poliolefínicos (PE e PP) para drenagem em rodovia. “Estas são as mais usuais. Existem outras normas como por exemplo, das Concessionárias.” - completa o representante da Kanaflex.
No caso da Vetro, a empresa produz tubos e conexões com diâmetro de 150 a 1.200 mm, classe de pressão de até 32 kgf/cm² e rigidez de 2.500, 3.750, 5.000 e 10.000 N/m², e utiliza de Normas de fabricação para Tubos compósitos, entre elas a Norma AWWA C950-13 e seu manual M45 (American Works Association) e a Norma NBR 15536.
O material das tubulações faz a diferença. Lembrando que cada produto tem diferentes especificações, a escolha correta garante a resistência sob a ação de determinados fatores, como pressão, temperatura, dilatação e impacto. Utilizar os produtos para um fim diferente do qual eles foram planejados, corre o risco de causar rompimentos, vazamentos e até acidentes. É importante também procurar produtos com garantia, evitando itens de qualidade duvidosa. Isso ajudará a evitar problemas com reparo, manutenção e substituições no futuro.
Contato das empresas
Grupo Tigre: www.tigre.com.br
Kanaflex: www.kanaflex.com.br
Vetro: www.vetro.com.br