Na Permacultura e Saneamento Ecológico, esgoto não é problema, mas, sim, fonte de recursos
Por Cristiane Rubim
Edição Nº 60 - Abril/Maio de 2021 - Ano 10
As cidades cresceram de maneira desordenada e a proposta do Saneamento Ecológico e da Permacultura é trazer uma forma mais organizada e natural de viver, reduzindo poluições e doenças. Na sociedade, já está arraigado o modo do saneamento básico
As cidades cresceram de maneira desordenada e a proposta do Saneamento Ecológico e da Permacultura é trazer uma forma mais organizada e natural de viver, reduzindo poluições e doenças. Na sociedade, já está arraigado o modo do saneamento básico, e mudar essa relação das pessoas com a água, resíduos e esgoto é um desafio. Além de gerarem resíduos, os sistemas convencionais de tratar esgotos trazem riscos ao meio ambiente e à saúde das pessoas. O Saneamento Ecológico e a Permacultura propõem soluções ecoeficientes para tratamento que utilizam o esgoto ou os resíduos sólidos como recursos, por exemplo, para a produção de alimentos. Além disso, diminuem ou até eliminam a geração de resíduos e efluentes, sem desperdício. Existem muitas soluções possíveis para as cidades. “É um movimento que ganha força a cada dia” – destaca o arquiteto Rafael Loschiavo, da Ecoeficientes.
O maior desafio para as tecnologias do Saneamento Ecológico é encontrar as condições para se reproduzir no meio urbano. “Em um contexto caótico e com sistemas de saneamento que, apesar de deficientes, já estão estabelecidos, mudar a relação das pessoas com o esgoto, resíduos e até mesmo com a água é a maior barreira a ser superada” – aponta o engenheiro sanitarista e ambiental e mestre em desenvolvimento e gestão social Daniel Frediani, sócio e gerente de Responsabilidade Socioambiental da Toca Ambiental.
“A maioria das pessoas nem sequer sabe de onde vem a água da torneira ou para onde vai o esgoto e o resíduo. Sem esse conhecimento básico, como exigir uma mudança de comportamento? A superação dessa barreira parte de um grande esforço de educação, muito mais do que de infraestrutura” – comenta.
Foco no ciclo natural
O Saneamento Ecológico pensa soluções de tratamento de esgoto doméstico adequadas às características culturais e econômicas das comunidades. “O abastecimento de água, o manejo e o tratamento de resíduos sólidos e a drenagem urbana também compõem o saneamento básico. Já os jardins de chuva e as bacias de retenção para drenagem sustentável relacionam-se ao Saneamento Ecológico, assim como a compostagem e a biodigestão de resíduos sólidos orgânicos. Porém, em geral, na literatura, o Saneamento Ecológico está mais ligado ao esgotamento sanitário” – explica Vitor Tonzar Chaves, cofundador e coordenador técnico da Sapiência Ambiental, escritório cooperativo de projetos socioambientais que trabalha com os princípios da Permacultura e desenvolve tecnologias sustentáveis.
A Permacultura diz que é preciso ‘obter rendimento’ nos sistemas, não apenas na eficiência energética, mas olhando para o ciclo todo. “Se a água precisa viajar centenas de quilômetros, enquanto a chuva cai aqui onde estamos e poderíamos usar essa água, o sistema não tem um bom rendimento nem é sustentável” – esclarece.
A Permacultura reorganiza nossa forma de viver para criar mais harmonia e nos conectar com os ciclos e ritmos da natureza. Fica claro com o exemplo de São Paulo, que sofre de estresse hídrico e com as enchentes. “Vamos buscar água cada vez mais longe, realizando grandes obras de transposição... Mas o que estamos fazendo com a água que está próxima de nós? Os rios estão todos poluídos... São Paulo possui 1.500 km de cursos de rios e a população não tem nem ideia disso porque os rios estão todos soterrados” – alerta Chaves.
Menos poluição e doenças
O Saneamento Ecológico agrega para reduzir a poluição e doenças. O que está mais ligado à eficiência do tratamento de esgoto do que à sua concepção. “Sistemas convencionais de tratamento de esgoto deveriam reduzir/eliminar a carga de contaminação dos efluentes a ponto de não provocar impactos significativos ao meio ambiente e à saúde popular” – especifica Cristhian Limbacher Savegnago, gestor de projetos do departamento de engenharia da Bioconnect Ação Ambiental.
Porém, segundo ele, na prática, isso dificilmente acontece. “Ligações irregulares de esgoto, ineficiência na manutenção e operação dos sistemas e descaso de instituições públicas e privadas contribuem para uma má eficiência no tratamento de esgoto, lançado no meio ambiente, seja num rio, numa lagoa, no mar ou no solo” – adverte.
O uso de técnicas ecológicas diminui a poluição e as doenças porque reduz ou elimina o lançamento de efluente tratado no meio ambiente. “Os sistemas de saneamento descentralizado exigem uma área muito grande e, por isso, são mais viáveis em áreas rurais do que em centros urbanos. Seria preciso um novo planejamento urbano nestes grandes centros, dando espaço para implementar sistemas de Saneamento Ecológico” – sugere Savegnago.
Conceitos e diferenças
O conceito de Permacultura é amplo e traz novas perspectivas para a sociedade. O Saneamento Ecológico reúne as proposições para o saneamento, respeitando os princípios da Permacultura de cuidado com o planeta, lidar com as pessoas e o meio ambiente e a partilha justa. “Além do saneamento, a Permacultura traz propostas em diversas outras áreas, como a produção de alimentos, a construção civil, a economia, a saúde e até mesmo a espiritualidade” – ressalta Frediani, da Toca Ambiental.
A diferença entre o saneamento básico e o ecológico. “O Saneamento Ecológico reconhece que vivemos em um sistema integrado, baseado em ciclos fechados, onde nada se perde, mas se transforma em recurso, ao contrário da linearidade dos sistemas convencionais, que geram resíduos” – explica Frediani. Segundo ele, o Saneamento Ecológico utiliza o esgoto ou os resíduos sólidos como recursos, por exemplo, para a produção de alimentos.
Saneamento básico é sinônimo de água tratada, tratamento de efluentes, coleta de lixo e energia. “Os produtos químicos usados em alguns tratamentos de água podem fazer mal ao ser humano e à natureza. A proposta do Saneamento Ecológico é criar um sistema de gestão de recursos naturais que satisfaça as necessidades humanas e não agrida o meio ambiente” – ressalta Loschiavo, da Ecoeficientes.
O Saneamento Ecológico ou Ecossaneamento designam um movimento ou corrente que vem para mudar a mentalidade: o esgoto deixa de ser um problema e vira fonte de recursos. É um novo olhar em que as tecnologias verdes inseridas no tratamento de esgoto minimizam o uso de produtos químicos ou energia elétrica. “Os sistemas mimetizam os ciclos dos elementos na natureza e oferecem processos simples de construir, operar e monitorar. O resultado é um efluente tratado passível de ser lançado em cursos d’água ou com baixa concentração de matéria orgânica e sólidos e alta concentração de nutrientes, nitrogênio e fósforo, podendo ser usados na fertirrigação” – afirma Fábio Campos, doutor em Ciências FSP/USP, responsável pelo Laboratório de Saneamento PHA/EPUSP e coordenador da Câmara Setorial de Filtros para Estações de Tratamento de Água, Efluentes e Reúso – CSFETAER. Em seu roteiro, o Ecossaneamento agrega práticas da:
a) Sustentabilidade: propõe melhor gestão das águas servidas.
b) Economia circular: transforma o “resíduo” de antes em “matéria-prima”, inserindo esses recursos dotados de valor econômico no ciclo de uso.
c) Permacultura: por sua simplicidade, pode ser incorporada em rotinas e práticas diárias, sem afetar a identidade cultural do seu usuário – agrega os benefícios dos tratamentos de esgoto sem impactar o modo de vida local.
Fonte: Prof. Dr. Fábio Campos.
Hoje, no Brasil, ainda muitas estações fazem apenas o tratamento primário ou secundário do esgoto, lançando muito nitrogênio e fósforo nas águas, o que causa eutrofização e degradação dos corpos hídricos. “No Saneamento Ecológico e no Ecossaneamento, utilizamos esses nutrientes para criar paisagens, adubos e produzir alimentos” – exemplifica Chaves.
“O Saneamento Ecológico e o Ecossaneamento oferecem soluções baratas, efetivas e descentralizadas onde não se pode contar com a rede de coleta e a construção de ETE central de lodo ativado, por exemplo” – salienta o cofundador da Sapiência Ambiental. Entre essas soluções, estão o Tanque de Evapotranspiração (TEvap), os wetlands construídos, a fossa séptica com filtro anaeróbio e canteiro de infiltração, os biodigestores, o vermifiltro e a fossa biodigestora.
Algumas das soluções podem ser usadas tanto na escala residencial/unifamiliar quanto em nível comunitário e municipal. “Existem hoje diversas ETEs no mundo que utilizam os wetlands construídos para tratamento terciário de esgoto e tratamento de lodo e efluentes industriais” – conta Chaves.
Algumas soluções usadas no Saneamento Ecológico também são aplicadas na Permacultura, como os wetlands, biodigestores, TEvap, círculos de bananeiras, entre outros. Além disso, segundo ele, a Permacultura traz soluções tecnológicas alternativas para o cultivo de alimentos sem agrotóxicos, design para a construção de casas mais sustentáveis, aproveitamento da energia solar etc.
A Permacultura é “cultura permanente” que busca a sustentabilidade em todos os aspectos da vida humana com base na observação e replicação dos sistemas naturais equilibrados, unindo conhecimentos tradicionais com os conhecimentos científicos. “Seja no modo em que construímos nossos lares, produzimos e consumimos alimentos e outros bens, como gerimos nossos resíduos, como nos relacionamos com as outras pessoas e comunidades e como pensamos e agimos individualmente, em qualquer aspecto de nossas vidas” – explica Savegnago, da Bioconnect.
Olhar holístico O olhar da Permacultura é mais sistêmico e holístico com base técnica e filosófica para construir uma sociedade sustentável. Nascida na Austrália na década de 70 e inspirada nos povos originários daquela região, a Permacultura busca criar uma cultura de permanência fundamentada em três princípios éticos: Cuidar da Terra, Cuidar das Pessoas e Partilha Justa aplicados em sete diferentes domínios: manejo da terra e da natureza; espaço construído; ferramentas e tecnologias; educação e cultura; saúde e bem-estar espiritual; economia e finanças; posse da terra e governo comunitário. Traz ainda 12 princípios de design, entre eles, buscar sempre obter rendimento energético máximo, aproveitar recursos locais, evitar desperdícios e utilizar soluções baseadas na natureza. Fonte: Sapiência Ambiental. O Saneamento Ecológico e a Permacultura seguem a premissa dos 5 Rs da sustentabilidade: • Repensar; • Recusar; • Reduzir; • Reutilizar; • Reciclar. “O Saneamento Ecológico nos faz refletir como podemos separar o efluente para dar um destino mais adequado a ele” – afirma Cristhian Limbacher Savegnago, gestor de Projetos da Bioconnect. A Permacultura contribui para quase todos os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável previstos pela Agenda Mundial adotada na Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável. Com enfoque no Saneamento Ecológico, os principais objetivos atingidos: ODS 2 – Fome zero e agricultura sustentável; ODS 3 – Saúde e bem-estar; ODS 6 – Água potável e saneamento; ODS 11 – Cidades e comunidades sustentáveis; ODS 12 – Consumo e produção responsáveis; ODS 13 – Ação contra a mudança global do clima; ODS 14 – Vida na água; ODS 15 – Vida terrestre. Fonte: Bioconnect. |
Mais saudável
A vantagem da Permacultura e do Saneamento Ecológico é garantir recursos para a sobrevivência da espécie humana. “Além disso, viver com mais qualidade, mais conforto, melhor qualidade do ar, melhor qualidade de alimentos, fontes de energia local, água limpa e sociedade mais saudável” – elenca os benefícios Loschiavo, da Ecoeficientes.
O Saneamento Ecológico e a Permacultura tornam as soluções mais acessíveis. “São soluções com custo acessível, facilidade de operação e que asseguram proteção adequada do solo e dos corpos d’água” – salienta Chaves, da Sapiência Ambiental. Ele cita um exemplo. “No meio rural e nas comunidades isoladas, as soluções tradicionais de extensas redes de coleta e grandes estações de tratamento centralizadas e de difícil operação, como os lodos ativados, não são tecnicamente nem economicamente viáveis” – aponta. O objetivo da Permacultura é o design de uma propriedade rural sustentável. “A Permacultura faz com que as soluções de saneamento sejam pensadas por um olhar mais amplo, integrando-as com outros elementos, como a bioconstrução, o aproveitamento de água de chuva e o plantio orgânico” – ressalta Chaves.
Resultados
A Permacultura e o Saneamento Ecológico visam proteger os recursos naturais e promover seu uso sustentável:
• Maior disponibilidade hídrica, com água de qualidade;
• Proteção da biodiversidade;
• Redução nos custos de implantação, manutenção e operação de redes de abastecimento de água e de coleta de esgoto, visto que o Saneamento Ecológico contempla o conceito de saneamento descentralizado;
• Alia estética aos sistemas de saneamento, podendo fazer parte de projeto paisagístico, porque muitas destas técnicas utilizam plantas e outros elementos ornamentais;
• Geração de insumos para a produção de alimentos, o que agrega valor econômico ao efluente e dispensa a aquisição de insumos não renováveis.
Fonte: Bioconnect.
Saneamento Ecológico
Os resultados das tecnologias de Saneamento Ecológico são diversos:
• Diminuem ou até eliminam a geração de resíduos e efluentes, sem desperdício;
• Propõem maior integração das pessoas com os processos de saneamento, promovendo educação ambiental;
• Soluções de saneamento são adequadas às características sociais, culturais e econômicas da comunidade;
• Garantem a proteção do solo e dos corpos hídricos;
• Propiciam saúde e qualidade de vida;
• Geram economia;
• Preservam o meio ambiente.
Fontes: Toca Ambiental, Sapiência Ambiental e Ecoeficientes.
Permacultura
A Permacultura tem impacto ambiental positivo:
• Aumenta a recarga dos aquíferos;
• Recupera o solo incorporando matéria orgânica;
• Sequestra carbono da atmosfera (retira gás carbônico);
• Garante boa produtividade para os plantios.
Fonte: Sapiência Ambiental.
Soluções Sustentáveis
A Permacultura e o Saneamento Ecológico propõem soluções simples e de fácil disseminação. “Para aplicá-las em maior escala, dentro de Políticas Públicas, a tendência é cada vez mais usar recursos automatizados para monitorar melhor os sistemas de saneamento em operação” – explica Chaves, da Sapiência Ambiental.
Originalmente, a Permacultura trabalha com o resgate de tecnologias e práticas vernaculares, além de saberes antigos sobre manejo da terra e da natureza. “Com a popularização da Permacultura e a sua inserção no mercado como estratégia de melhoria da eficiência, é inevitável a adoção de tecnologia de ponta” – afirma Frediani, da Toca Ambiental.
Efluentes
Diferente dos processos convencionais, sistemas de tratamento ecológicos segregam o efluente em:
• Águas negras (fezes);
• Águas amarelas (urina);
• Águas cinzas (água de pias, máquinas de lavar etc.);
• Resíduos sólidos (fezes e restos de alimentos) dos resíduos líquidos (águas cinzas e amarelas).
Fonte: Bioconnect.
Tratamentos e captação
Esgoto e esgotamento sanitário: o biodigestor, a bacia de evapotranspiração (BET), o vermicompor e o banheiro seco, que não utiliza água na condução do esgoto, o que demanda adaptabilidade maior do usuário.
Águas cinzas: círculos de bananeiras, filtro de areia e sistemas de reúso.
Abastecimento de água: a captação e o armazenamento de água de chuva por estruturas, como o telhado verde e as cisternas.
Resíduos sólidos: a compostagem transforma os resíduos sólidos orgânicos em adubo para a produção agrícola.
Drenagem de águas pluviais: soluções que facilitam o retorno da água da chuva ao seu ciclo natural, especialmente em áreas urbanizadas, como os novos materiais para pavimentação permeáveis.
Fontes: Ecoeficientes e Toca Ambiental.
Concepções ecológicas
Existem diversas concepções de sistemas de Saneamento Ecológico, alguns dos exemplos muito difundidos na Permacultura e no Saneamento Ecológico são:
Tanque de Evapotranspiração (TEvap) ou Bacia de Evapotranspiração (BET): dimensionada para que não saia efluente final do sistema, todo o líquido é consumido pelas plantas e liberado pela evapotranspiração como vapor d’água limpo. Bananeiras, taiobas e mamoeiros são plantados nela porque têm alta taxa de evapotranspiração e seus frutos podem ser ingeridos sem problema nenhum. No fundo, possui uma câmara anaeróbia que degrada a matéria orgânica e solubiliza os sólidos presentes no esgoto.
Para tratar as águas negras, o sistema tem uma bacia fechada nas suas laterais e, na parte inferior, é construída de ferro-cimento impermeabilizada. O efluente entra na parte inferior central da bacia em um duto feito com pneus, no sentido horizontal, que funciona como um biodigestor anaeróbio análogo com uma fossa séptica. O fundo é preenchido com materiais grosseiros, como tijolos quebrados etc., até a altura dos pneus. Logo acima, são colocadas brita, depois, areia e, por último, terra, onde são postas as plantas de folhas largas. Após passar pela câmera de pneus, o efluente percola no sentido ascendente até ser absorvido pelas raízes das plantas, que utilizam os nutrientes do efluente para se desenvolverem.
Círculo de Bananeiras: projetado para o tratamento de águas cinzas, este filtro tem um buraco escavado no solo, em formato de concha, preenchido com troncos ou pedaços grossos de galhos na sua parte mais profunda e pedaços menores sucessivamente até a superfície preenchida com palhada. O efluente entra nesta cova na superfície do círculo por uma tubulação e percola de modo descendente. No interior do filtro, microrganismos fazem a digestão da matéria orgânica, fornecendo os nutrientes absorvidos pelas bananeiras ou demais plantas de folhas largas plantadas nas bordas do círculo. É preciso instalar uma caixa de gordura antes do círculo de bananeiras.
Wetlands construídos: precedidos de uma etapa com biodigestor ou fossa séptica, são filtros plantados ou lagoas com plantas fitorremediadoras. A simbiose entre a rizosfera das plantas e os microrganismos que compõem o biofilme remove micropoluentes e nutrientes, garantindo um efluente final de melhor qualidade. Os wetlands são concebidos de diferentes maneiras quanto à direção do fluxo do efluente, à característica dele – águas negras, cinzas ou ambas – e à complexidade do seu tratamento. Indo desde um sistema simples de fluxo horizontal por gravidade até sistemas mais complexos, com alimentação vertical intermitente do efluente e auxílio de sistemas automatizados, incluindo controle por IoT.
Banheiro Seco: não utiliza água, portanto, não gera efluente. Nele, existe um vaso segregador de urina e fezes. A urina é coletada por um duto e armazenada em um compartimento fechado, assim como as fezes, em outro compartimento. A cada utilização, deve ser usada uma porção de insumos para estabilizar e auxiliar no tratamento das fezes, como calcário agrícola e cinzas. Ao serem preenchidos, os contentores de urina e fezes seguem para tratamento, viabilizando seu uso posterior como fertilizante para a agricultura.
Biodigestores: no processo de biodigestão anaeróbia, a matéria orgânica do esgoto é transformada em biogás, que pode ser aproveitado de muitas maneiras, dependendo da escala. Em uma casa de 4 a 5 pessoas, é gerada até 1 a 2 horas de chama que pode ser usada para cozinhar alimentos.
Vermifiltro: solução compacta e de baixo custo que utiliza as minhocas para transformar as fezes em composto. Não gera lodo nem odores.
“Às vezes, fica uma impressão que o ecológico é apenas em pequena escala. A Eisenia é uma empresa nova no Brasil que vem realizando soluções ecológicas de maior escala” – ressalta Chaves. Abaixo, vermifiltro para tratamento de grande escala.
Dispõem ainda da fossa séptica com filtro anaeróbio e canteiro de infiltração, da fossa biodigestora, do biossistema integrado, entre outros.
Para mais informações, Chaves, da Sapiência Ambiental, recomenda consultar o Catálogo de Soluções Sustentáveis de Saneamento, da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), ou o livro Tratamento de Esgotos Domésticos em Comunidades Isoladas, produzido por um grupo de pesquisadores da Unicamp.
Fontes: Sapiência Ambiental e Bioconnect.
Contatos
Bioconnect Ação Ambiental: www.bioconnect.eng.br
Ecoeficientes: www.ecoeficientes.com.br
Fábio Campos: fcampos@usp.br
Sapiência Ambiental: www.sapienciaambiental.com
Toca Ambiental: www.tocaambiental.com.br