Filtro Biológico Percolador: Uma opção atraente no tratamento de esgoto
Por Carla Legner
Edição Nº 61 - Junho/Julho de 2021 - Ano 11
Tratar o esgoto é uma ação exatamente importante para saúde, pessoas e meio ambiente. Toda a água que é usada no dia a dia, em torneiras e vasos sanitários, deve passar por um tratamento antes de retornar à natureza
Tratar o esgoto é uma ação exatamente importante para saúde, pessoas e meio ambiente. Toda a água que é usada no dia a dia, em torneiras e vasos sanitários, deve passar por um tratamento antes de retornar à natureza. Nesse processo existem várias etapas, em uma delas temos o Filtro Biológico Percolador (FPB).
Trata-se um sistema de tratamento secundário do tratamento de esgoto. Seu princípio de funcionamento é a remoção de matéria orgânica do efluente, feita por meio do crescimento microbiano na superfície de um material de suporte sobre o qual o esgoto é despejado e percola até a parte mais baixa do equipamento.
Apesar de utilizar em seu nome a expressão filtro, Talita Carvalho, gerente de vendas e Soluções da Ecosan explica que esta operação não realiza filtração e sim uma oxidação bioquímica, mas se popularizou assim. O processo de tratamento utiliza biomassa aeróbia aderida, ou seja, fixa a um leito de suporte.
De acordo com Henrique Martins Neto, engenheiro químico, EQMA Engenharia & Consultoria, esse equipamento serve para tratar esgoto sanitário e efluentes industrias, sempre com o objetivo de reduzir a carga orgânica (DBO e DQO), assim como sólidos suspensos totais. “Também é possível efetuar a nitrificação, ou seja, redução do nitrogênio amoniacal, porém em condições específicas” – ressalta.
Um Filtro Biológico Percolador é formado por três estruturas básicas: O dispositivo de distribuição de esgoto, a camada de suporte ou recheio e o sistema de drenagem. O processo se dá a partir da aplicação contínua do esgoto e sem inundação da unidade através do distribuidor hidráulico, percolando pelo meio suporte até os drenos de fundo.
Os primeiros FBP datam no início do 1900, onde se utilizava apenas pedra do tipo brita com diâmetros que variavam de 50 a 100 mm. Apenas a partir dos anos 50, nos EUA, se iniciou o uso de materiais plásticos como meio suporte. Segundo Neto, atualmente são utilizadas pedra britas com diâmetro de 5 a 8 mm, preferencialmente não muito planas ou mídias de materiais plásticos com dimensões da mesma ordem, porém com áreas superficiais que superam os 150 m² para cada 1 m³ de mídia.
“Dotado de mecanismo rotativo para distribuição do esgoto sobre o meio suporte inerte, sua ação cria colônias de organismos (bactérias) aeróbios, facultativa e anaeróbicas - predominando as facultativas - que se aderem ao meio suporte, formando o biofilme e decompondo-o aerobicamente” – explica Talita Carvalho da Ecosan.
Podem ser classificados em duas categorias: baixa carga e alta carga. No primeiro caso, como a carga de DBO aplicada é baixa e devido ao consumo da matéria orgânica presente nas células das bactérias em seus processos metabólicos, por causa da escassez de alimento, o lodo sai parcialmente estabilizado. Sua eficiência é comparável ao sistema de lodo ativado convencional. Ocupa uma área maior e possui uma menor capacidade de adaptação às variações do efluente, porém consome menos energia e sua operação é simples.
Para os de alta carga, o sistema é menos eficiente que o sistema de baixa carga e o lodo não sai estabilizado. A área ocupada é menor e a carga de DBO aplicada é maior. Há uma recirculação do efluente para que mantenha os braços distribuidores funcionando durante a noite, quando a vazão é menor e, evitando assim que o leito seque. Com isto há também um novo contato das bactérias com a matéria orgânica, melhorando sua eficiência.