É praticamente impossível uma indústria manter suas atividades sem a presença de tanques de armazenamento. Esses equipamentos são destinados ao armazenamento de uma variedade de fluidos, na forma líquida ou gasosa. Sua contribuição é fundamental em praticamente todo tipo de processos dentro de uma unidade industrial.
Seu uso contempla o armazenamento de água e os mais diversos tipos de efluentes para posterior tratamento, matérias-primas, produtos intermediários e acabados, insumos, resíduos e produtos químicos. Nesse sentido, os equipamentos de limpeza de tanques (cabeçotes de limpeza) são importantes para manter a qualidade final desses itens, aumentar a sanitariedade dos sistemas e permitir que a operação seja mais rápida entre os diferentes processos produtivos.
Isso porque, as práticas manuais de limpeza dos tanques dificultam a estabilidade dos índices de qualidade, pois estão sujeitas a intempéries humanas, limitam a otimização dos setups de limpeza, aumentando os tempos não produtivos, além de expor pessoas ao risco de trabalhos em espaços confinados ou contato com químicos.
De acordo com Rafael Pinheiro, representante da Alfa Laval Brasil, esses equipamentos servem para evitar uma perigosa e ineficaz atividade, onde os próprios operadores ou funcionários adentravam aos tanques para realizar a limpeza,  prevenindo contaminações devido à presença humana ou uma limpeza deficiente.
“Trata-se de uma solução desenvolvida para propiciar uma limpeza eficaz removendo todos os resíduos, sempre que houver a necessidade do tanque ser preenchido com um novo produto” – destaca Pinheiro. Ainda segundo ele, na indústria onde é exigido um grau de sanitariedade mais elevado, todos os tanques devem ter a capacidade de serem limpos sem a necessidade da ação humana em seu interior.

Existem diversos fatores para se levar em consideração durante o processo de limpeza de tanques e reservatórios. Luis Sorrilha, executivo de vendas da GEA, explica que para identificar e dimensionar corretamente qual equipamento seria mais indicado é necessário analisar, primordialmente, a dimensão do tanque (diâmetro e altura) e as características do produto a ser limpo (viscosidade, aderência as paredes, etc).

“As máquinas rotativas elevam os padrões de qualidade dos indicadores de limpeza, eliminando os riscos envolvidos nas práticas manuais, garantindo a repetibilidade e estabilidade dos resultados microbiológicos quando combinado adequadamente com os agentes químicos corretos ao processo” – complementa o engenheiro Caio Martins, diretor de vendas da Scanjet Systems na América Latina. No Brasil, a Tetralon é a distribuidora exclusiva da empresa. 

Tipos de equipamentos
Os cabeçotes mais comuns para limpeza de tanques são os do tipo Sprayballs, Spray Rotativos e os Jatos Rotativos. Sorrilha explica que os Sprayballs são equipamentos estáticos e funcionam basicamente como um chuveiro dentro do tanque. Vão atuar efetivamente quando o produto possui baixa viscosidade e uma limpeza química somente é o suficiente para deixar o tanque limpo. 
De acordo com Pinheiro, os do tipo Spray Rotativos também são conhecidos como Spray de Leque, pois formam alguns leques que aliados com o fator rotatividade conseguem uma cobertura completa do tanque, gerando um consumo muito baixo de insumos de limpeza. Geralmente essa tecnologia se aplica para tanques com dimensões menores, em torno de 3 metros de diâmetro, ou quando a sujidade residual é baixa.
Possuem uma geometria mais esférica e através de fendas, aberturas na superfície da esfera, promovem o lançamento de jatos. Devido sua posição excêntrica, ao serem lançados pelas fendas iniciam a rotação da esfera fazendo com que a mesma gire enquanto os jatos promovem uma ação centrifuga permanente no cabeçote. 
Segundo o executivo da GEA, os cabeçotes de jato rotativo, por sua vez, além da limpeza química, garantem o impacto mecânico necessário para o processo. São usados geralmente em tanques de maior diâmetro, com produtos viscosos e aderentes às paredes dos tanques. Além disso, podem ser utilizados quando os fluidos a serem limpos são de difícil limpeza.
Também conhecido Turbina de Limpeza, traz a mais alta tecnologia na solução para limpeza de tanques. Sua forma construtiva proporciona que os jatos atinjam as paredes do tanque com pressão e velocidade suficiente para uma limpeza eficaz e rápida, diminuindo o consumo dos insumos, além da disponibilidade mais rápida do tanque. 
Se aplicam para máquinas que são construídas com um sistema de conjunto motriz, interno ou externo. Geralmente uma turbina está ligada a um par ou múltiplas engrenagens de transmissão de movimento do corpo do cabeçote e seus bicos de lançamento de jatos.  “Quando analisamos a tecnologia com bicos rotativos, espera-se sempre uma maior força mecânica e de impacto na parede e internos de tanques, necessário para equipamentos de grandes dimensões ou quando a sujidade é alta e de maior aderência” – ressalta Martins.

Ele destaca ainda os Cabeçotes de Bicos. Estes possuem variantes, que podem ser desde acionamentos com motores elétricos, pneumáticos ou hidráulicos. Cada opção construtiva irá oferecer maior comodidade e/ou benefícios ao projeto que se dedicam. Podem atender regulamentações obrigatórias como Zonas classificadas ATEX, ou oferecer controle automatizado, onde ajustes e checagem de funcionamento são executados a distância por sofisticados sistema de controles computadorizados.
É importante destacar que o ponto mais importante para tomada de decisão na escolha do equipamento será analisar quanto o processo se beneficiará com uma determinada tecnologia ou outra, fazer os cálculos de custo de operação e sobre esse ponto, ver qual o melhor retorno. Cada projeto, empresa e/ou processo, pode variar muito de uma decisão a outra, precisa atentar-se sobre o custo operacional x custo de aquisição. 
Segundo Martins, um processo pode ter um ganho significativo caso suas práticas de limpeza sejam reduzidos em 30% sobre seu tempo habitual e consumo de utilidades. Já em outros processos, o benefício de eliminar totalmente a exposição de pessoas em espaços confinados para ação de limpeza, é prioritário. 
“Basicamente definimos o tipo de equipamento de limpeza seguindo as dimensões do tanque, qualquer tipo de acessório que possa existir no seu interior, como agitadores e serpentinas, e o tipo de fluido que necessita ser lavado das paredes do tanque. Assim conseguimos dimensionar a melhor solução para cada aplicação” – complementa Pinheiro. 

De maneira geral, não existe nenhum tipo de restrição para a utilização de Sprays Rotativos ou Jatos Rotativos, todos são dimensionados exclusivamente para cada aplicação, gerando uma assertividade no processo e economia final do investimento inicial e nos insumos, além de um menor tempo de indisponibilidade do tanque.

Principais cuidados, restrições e mercado em ascensão
Evidente a importância desses equipamentos e seus benefícios, mas Martins ressalta que vale ficar atento há algumas questões, que poderão surgir de diferentes fatores, tais como: inviabilidade de instalar as máquinas de limpeza, caso os tanques não tenham nenhum ponto para acesso das máquinas e também quando o cliente não deseja alterar a construção do tanque. 
Além disso, a temperatura e a pressão em que os tanques estão submetidos devem ser sempre averiguados. Caso a instalação dos cabeçotes seja fixa e permanente é preciso checar se os materiais e ou modelo do cabeçote são compatíveis com essas variáveis. As máquinas de bicos, por exemplo, irão exigir pressão de alimentação da rede de água ou solução de limpeza maior que os sistemas convencionais. 

“Geralmente dimensionamos um equipamento que exige uma certa vazão e pressão em seu ponto de uso. Com isso, talvez seja necessário a alteração do sistema de bombeamento para atender esta vazão e pressão, afim de que o cabeçote selecionado tenha as devidas condições de operação. Sendo assim, será necessário que o cliente avalie essa questão e decida pela melhor opção” – destaca Sorrilha.
Para os especialistas, o segmento de limpeza de tanques caminha sobre uma mutação constante, isso porque há uma série de variáveis que antes não traziam desconfortos ou incômodos, mas agora tornaram-se prioridade sobre um holofote de visibilidade e julgamento social, como por exemplo a política ESG - Environmental, Social and Governance, onde a redução na emissão de CO₂ sobre qualquer atividade, é ponto crucial sobre a ética e políticas sustentáveis de impacto ambiental. 
Segundo Martins, as máquinas de limpeza de tanques nunca tiveram no seu melhor momento, há uma série de ganhos e redução de custos operacionais, que podem ser rapidamente inseridos e colocados em prática por todos clientes que executem algum tipo de limpeza em tanques.
Há ainda a onda da indústria 4.0 que altera completamente a demanda sobre ações de limpeza, que esperam ser controladas a distância e de maneira autônoma. Há também a busca por práticas de menor risco laboral ou atividades que eliminem o contato humano, ambas se tornaram vitais para perpetuidade do negócio e controle nos custos produtivos com o uso racional de utilidades. 

“O mercado de sistemas de limpezas de tanque no Brasil está bem aquecido considerando que muitas empresas estão deixando de fazer o serviço de forma manual, onde exige que um operador entre dentro do tanque, para a instalação de sistemas automáticos (sem necessidade de operador). Com isso é visível o ganho em produtividade, menores paradas de máquina e segurança na operação” – finaliza Sorrilha. 
 

Contato das empresas
Alfa Laval: www.alfalaval.com.br
GEA: www.gea.com 
Tetralon: www.tetralon.com.br