Saneamento é saúde: evento do setor sobre cidades inteligentes foca em vulneráveis
Por Cristiane Rubim
Edição Nº 64 - Dezembro de 2021/Janeiro de 2022 - Ano 11
Em sua 31ª versão, o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental – Congresso da ABES 2021 (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental), realizado de 17 a 20 de outubro
Em sua 31ª versão, o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental – Congresso da ABES 2021 (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental), realizado de 17 a 20 de outubro, foi focado em “Cidades inteligentes conectadas com o saneamento e o meio ambiente: desafio dos novos tempos”. Presencial em Curitiba e online em plataforma digital interativa, junto do Congresso, ocorreu a Fitabes – Feira Internacional de Tecnologias de Saneamento Ambiental, com inovações tecnológicas do saneamento para cidades inteligentes.
Foram 3.500 participantes em três dias de discussões sobre saneamento ambiental: especialistas, profissionais, estudantes, membros da academia, órgãos públicos, empresas de saneamento públicas e privadas e fornecedores do setor, além de apresentações de trabalhos técnicos, eventos do Programa Jovens Profissionais do Saneamento e iniciativas de inovação, como o Pitch Live, e da diversidade.
O Congresso da ABES 2021 debateu como tornar as cidades inteligentes, conectadas, resilientes e sustentáveis baseado nos pilares do saneamento básico para atingir os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). Uma cidade inteligente e conectada com o meio ambiente e o saneamento é resiliente, com inclusão social, comportamentos saudáveis, consumo sustentável da água e alimentos e economia circular.
Domingo – 17/10
Estiveram presentes na abertura representantes de importantes instituições ligadas ao saneamento ambiental.
Exemplo de cidade inteligente
Curitiba foi o grande destaque de todo o evento pelo seu exemplo como Cidade Inteligente para o Brasil. Reconhecida como um dos sete ecossistemas mais inteligentes do mundo no ranking internacional; cidade mais inteligente da América Latina pelo prêmio Latam Awards; e pela ABES, a capital mais saneada do Brasil. “Curitiba é a cidade mais inteligente, conectada, inovadora e saneada do Brasil. É um grande orgulho sediarmos um congresso tão importante quanto este, que tem a finalidade de debater os desafios do saneamento e do meio ambiente” – ressaltou Eduardo Pimentel, vice-prefeito de Curitiba.
Saúde ambiental
“Como autarquia ligada ao Ministério da Saúde, a Funasa possui papel de relevância na implementação das Políticas Públicas de saneamento e educação na saúde ambiental. Estamos trabalhando com novas tecnologias para enfrentar os desafios do Novo Marco Legal” – afirmou Fernanda Rodrigues Ávila, vice-presidente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).
Gestão das cidades
“A Sabesp está cada vez mais integrada aos processos de gestão das cidades. O foco é sempre usar a tecnologia para tornar a vida das pessoas melhor” – disse Benedito Braga, presidente da Sabesp.
Foco no vulnerável
“Universalizar os serviços de saneamento é atender à população mais vulnerável, que, muitas vezes, não tem ligação regular de água nem conexão de esgoto, a coleta de lixo não chega e a drenagem pluvial vira inundação das ruas ou dentro das casas. Enfrentar esses desafios exige ações de saneamento integradas que vão além dos contratos de concessão, além de forte ação integrada do setor público” – ponderou Alceu Guérios Bittencourt.
Mudança de clima
Thelma Krug, vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), apontou que as mudanças recentes no clima são generalizadas e rápidas e estão se intensificando e não têm precedentes em milhares de anos: calor extremo mais frequente e intenso, fortes chuvas, aumento da seca, queimadas meteorológicas e oceano que vem aquecendo, acidificando e perdendo oxigênio.
Para fazer uma avaliação do perfil hoje do clima, Thelma explanou sobre o Relatório do IPCC, que traz uma síntese sobre o estado atual do clima e como ele está mudando. Incluindo: climas futuros, influência humana, informações climáticas para regiões e setores e como limitar com a mudança do clima induzida pelo homem ou mudança do clima antrópica. Além de riscos já observados e de clima futuros, abordando água e saneamento, adaptação e gases de efeito estufa.
O aquecimento urbano também interfere com três fatores: a geometria com prédios muito próximos uns dos outros que absorvem calor e reduzem a ventilação natural; as atividades humanas; e a retenção de calor de materiais usados nas cidades, prédios de concreto, asfaltos das rodovias e telhados escuros.
Thelma citou soluções baseadas na natureza: infraestrutura verde, com projetos híbridos; e infraestrutura natural, que têm projetos que usam o ambiente natural existente ou reconstruído. O importante são soluções com emissões neutras em carbono e baixa vulnerabilidade em relação às mudanças do clima.
Segunda-feira – 18/10
Atlas da ANA
Neste dia, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) lançou o Atlas Águas – Segurança Hídrica para o Abastecimento Urbano alinhado com o Novo Marco do Saneamento. “Esse produto vai servir de referencial para o nosso trabalho de regular o saneamento básico” – disse Christianne Dias Ferreira, diretora-presidente da ANA. Oscar Cordeiro Netto, diretor da ANA, complementou: “A informação é riquíssima e permite uma melhor tomada de decisão” – destacou.
Realidade sensibiliza
“O que trouxe mudanças estruturais ao saneamento foi a própria realidade brasileira porque quase metade da nossa população não tem acesso a serviço adequado de esgoto. Os números sensibilizam as autoridades da República para tomar uma atitude. Com a água, não é diferente: 35 milhões de brasileiros não terem acesso ao abastecimento de água é, por si só, um escândalo. Essas publicações, como o Atlas da ANA, vêm criar em nós uma visão crítica sobre como está a situação do setor no País em diferentes macrorregiões e, a partir daí, decisores de políticas públicas podem atuar porque utilizam o tempo todo essas publicações” – pontuou André Silveira, chefe de Gabinete da Secretaria de Saneamento do Ministério de Desenvolvimento Regional (MDR).
Terça-feira – 19/10
Sociedade sadia
“Vocês conhecem alguma cidade inteligente sem saneamento básico? Ou alguma comunidade ou sociedade sadia sem saneamento básico? Reflitam” – indagou, no início da sua palestra, Claudio Stabile, presidente da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar). A resposta veio em seguida: “Sem saneamento, não teremos cidades inteligentes ou uma sociedade sadia”, afirmou Stabile.
Cidades sustentáveis
Na segunda oficina de Educação Ambiental, “Cidades Sustentáveis”, participantes do Programa Jovens Profissionais do Saneamento: Everton Rocha (JPS MG); Manuela Proença (JPS MG); e Regina Lima (JPS PE) apresentaram questões para uma cidade sustentável dentro da perspectiva dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, entre elas:
Vilas e favelas
Mais de 50% de pessoas dos núcleos urbanos moram em moradias impróprias, como vilas e favelas. O ODS visa reverter esta situação por meio de metas em: habitação, transporte, segurança, entre outras. É preciso as cidades buscarem a sustentabilidade diante do crescimento populacional. A educação ambiental pode modificar hábitos e construir uma sociedade apta ao desenvolvimento sustentável.
A sociedade também participa.
Perdas de água
As perdas de água provocam um impacto na sustentabilidade, por exemplo, sofrer com desabastecimento. Na esfera ambiental, a necessidade de extrair água dos mananciais fica mais elevada, o que faz que possa haver estresse hídrico e falta de água para a população e do próprio manancial.
Quarta-feira – 20/10
Setor pungente
“O saneamento é um setor pungente e robusto que vem para gerar transformação e impactar as vidas brasileiras” – afirma Marcia Costa, VP de Gestão de Pessoas da Aegea.
Transformadoras
Um dos painéis do Congresso mostrou tecnologias transformadoras para cidades inteligentes com três opções para o saneamento: BIM (Modelagem de Informação da Construção), Internet das Coisas (IoT) e Realidade Aumentada que estão em crescimento no setor.
Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental – Congresso da ABES 2021 (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental) Site.: www.abes-dn.org.br |