Antiespumantes no Saneamento
Por Carla Legner
Edição Nº 64 - Dezembro de 2021/Janeiro de 2022 - Ano 11
O uso da água é imprescindível para muitas atividades realizadas pelo homem onde, na maioria dos casos, resultam em água residual, que chamamos de efluentes. Essa água contém poluentes prejudiciais à saúde e ao meio ambiente
O uso da água é imprescindível para muitas atividades realizadas pelo homem onde, na maioria dos casos, resultam em água residual, que chamamos de efluentes. Essa água contém poluentes prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, por isso precisa de tratamento, o qual pode ser realizado por meio de processos físicos, químicos e biológicos.
O tratamento físico-químico ou primário é realizado para reduzir os elementos suspensos no líquido por meio de precipitação ou por oxidação química. Entre os métodos mais comuns desse tratamento encontramos a flotação (processo de separação de misturas de elementos que não se dissolvem entre si) e coagulação-floculação (adição de coagulantes químicos para a formação de flóculos que carregam a sujeira).
No tratamento biológico ou secundário são utilizados microrganismos responsáveis pela degradação da matéria orgânica ou do conteúdo biológico, a fim de que os elementos removidos sejam liberados do meio aquoso. Existem dois tipos de processos, o aeróbico e o anaeróbico, estipulado de acordo com base em oxidantes ou não.
No aeróbico utiliza-se bactérias que não necessitam de oxigênio para respiração, os microrganismos, mediante processos oxidativos, degradam as substâncias orgânicas. Nesse processo, o efluente precisa ser submetido a temperaturas específicas, estar com o pH e oxigênio dissolvido (OD) controlados, além de obedecer a relação da massa com os nutrientes de Demanda Biológica de Oxigênio (DBO).
Já nos processos anaeróbicos são utilizadas bactérias anaeróbias para decomposição das substâncias orgânicas presentes no efluente. Parte dessa matéria é convertida em gás carbônico e metano, por isso se faz necessária a existência de queimadores de gases nas instalações de tratamento, uma vez que o metano é muito prejudicial para a camada de ozônio.
Ainda sim temos o tratamento terciário. Este pode ter natureza físico-química ou biológica. Os métodos aplicados neste caso são variados, tudo vai depender da origem e destino da água a ser tratada.
Formação de espumas
Nos diversos tratamentos é comum ocorrer a formação de espumas oriundas de poluentes presentes nos efluentes. Isso ocorre quando um gás é disperso e estabilizado em um fluido. A massa resultante das bolhas pode continuar a crescer rapidamente, se não controlada ou tratada poderá ocasionar problemas no processo, entre eles o aumento da viscosidade e a redução da densidade de líquidos, dificultando a agitação e o transporte.
Além disso, segundo Janieli Motta, representante da Kemia, essa espuma também diminui o desempenho dos equipamentos de tratamento, gerando falhas de aplicação e diminuindo a eficiência do processo, bem como, em alguns casos podendo impactar o meio ambiente. Sem falar do aumento de tempo e custos na fabricação, menor qualidade do produto, e problemas de saúde e segurança para os funcionários.
Em vista de tudo isso, é necessário incorporar nesses processos agentes auxiliares conhecidos como antiespumantes. Trata-se de produtos químicos com surfactantes que permitem controlar a tensão superficial do líquido. Além disso, quando necessário, também podem eliminar a espuma da água a ser tratada.
“De modo geral, os antiespumantes são solúveis no meio líquido que contém espuma e inibem a formação da mesma na superfície dos líquidos, reduzindo assim a tensão superficial. O antiespumante tem baixa viscosidade e propensão a se espalhar rapidamente em superfícies espumosas” – afirma Janieli.
A composição e formulação desses produtos dependerá dos processos aos quais a água é submetida e dos tratamentos físico-químicos ou biológicos utilizados. A seleção de cada processo dependerá dos surfactantes presentes na água, da engenharia e da qualidade necessária.
De acordo com a representante da Kemia, as aplicações são diversas, como em efluentes contendo detergentes, produtos de limpeza e formulações de polimento, processos farmacêuticos e de preparação de alimentos, indústria de bebidas, especialmente fermentados, indústria petroquímica e agroquímica, indústria têxtil e de couro, produção de celulose e papel, estações de tratamento de águas residuais (ETE), formulações de tintas, revestimentos e dispersões.
Tipos e suas características
Para muitas aplicações a espuma não é apenas um incômodo e sim um problema, por isso seu controle e eliminação são de suma importância e relevância para o processo. Janieli explica que os antiespumantes são de caráter não-iônico e podem ser a base de água, silicone ou óleo.
Os a base água são isentos de alquilfenóis, etoxilados e silicones. Com ótimo comportamento em meio alcalino e ácido de alta solubilidade em água são indicados para uso em sistemas biológicos e físico-químicos onde a temperatura ambiente é maior que 40°C.
Possuem em sua formulação álcoois graxos, responsáveis por entregar o efeito antiespumante. A curva de aplicação se caracteriza principalmente por sua capacidade de evitar a formação de espuma e utilizam como veículo principal de dispersão a água. É bastante utilizado na indústria do papel e celulose, tintas, entre outras.
Vale destacar ainda que são biodegradáveis e se tornam uma boa opção quando se busca como resultado nenhum resíduo remanescente no processo de eliminação da espuma, se tornando uma opção sustentável para uma variedade de aplicações.
Já os antiespumantes à base de óleo (emulsão) são isentos de silicones, metais pesados e são auto emulsionáveis em água. Este tipo de antiespumante não é indicado para uso em sistemas biológicos e em locais onde a temperatura ambiente excede 40°C. Sua aplicação é grande em sistemas físico-químicos.
Apresentam uma excelente capacidade antiespumante e também mantém uma curva com alta eficiência no bloqueio de formação de espuma nova. São indicados em locais que apresentam necessidade de eliminação de espumas extremas e em grande quantidade, uma vez que sua eficiência inicial se dá antes de 10 segundos com eliminação da espuma em mais de 90%.
Os antiespumantes à base de silicone, por sua vez, utilizam como ativo principal o polidimetilsiloxano, também chamado de óleo de silicone. Trata-se de um polímero linear composto de moléculas de oxigênio e silício. Quimicamente são estáveis, inertes, não-tóxicos e de fácil manuseio à temperatura ambiente.
Segundo Janieli, estes quebram com agilidade a espuma e bolhas presentes em efluentes, além de previnir a formação de novas espumas, o que torna possível a obtenção de economia com o seu uso. São mais caro do que seus concorrentes, mas suas vantagens técnicas são evidentes, entre elas a tensão superficial bastante baixa e a possibilidade de se dosado em pequenas quantidades e com tempo de ação mais longo.
No tratamento de efluentes, por causa da sua curva de aplicação de alta eficiência inicial e final, os antiespumantes a base de silicone podem ser utilizados em qualquer parte do processo onde haja formação severa de espuma. Isso porque, vai atuar como eliminador e consequentemente, evitando a formação de nova espuma no sistema.
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