Tecnologia de medidores avança e otimiza o combate de perdas da água e irregularidades
Por Cristiane Rubim
Edição Nº 67 - Junho/Julho de 2022 - Ano 12
A tecnologia se desenvolve sem parar e traz inúmeras inovações o tempo todo. O Brasil hoje tem disponível o que há de melhor em produtos e equipamentos. No setor de saneamento, para prevenir o desperdício de perdas da água, não é diferente
A tecnologia se desenvolve sem parar e traz inúmeras inovações o tempo todo. O Brasil hoje tem disponível o que há de melhor em produtos e equipamentos. No setor de saneamento, para prevenir o desperdício de perdas da água, não é diferente.
A evolução da tecnologia hoje atua nas ações de combate às perdas da água aparentes e às irregularidades.
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), por exemplo, possui 100% de hidrometração em suas ligações de água e monitora diariamente o consumo, para mais de 100 mil clientes, com o uso de medidores e tecnologias inteligentes. “Nesta condição, fica rápido identificar uma eventual irregularidade e apontar um possível vazamento interno, o que, neste último caso, impacta diretamente na melhoria do relacionamento com o cliente” – associa Ricardo Batista Santos, gerente do departamento de desenvolvimento operacional e de medidores da diretoria metropolitana da Sabesp.
De acordo com Santos, o objetivo principal do combate às perdas é utilizar medidores que têm melhor qualidade de medição em baixas vazões para que seja possível reduzir os volumes perdidos da submedição – volume não registrado pelos medidores em baixa vazão. A evolução dessas tecnologias também não só evita que os medidores sejam violados, mas identifica rápido quando ocorre tentativa de violação.
Os principais problemas combatidos com a micromedição são a submedição e as irregularidades. “A evolução dos medidores, seja pelas novas tecnologias, seja pelas melhorias nas tecnologias existentes, contribui muito para reduzir as perdas aparentes” – salienta Ricardo Batista Santos.
As perdas reais de água vêm dos vazamentos de redes, ramais, cavaletes, adutoras e reservatórios; e as perdas aparentes ocorrem dos erros de medição dos macromedidores e hidrômetros, fraudes, ligações clandestinas e falhas no cadastro técnico e comercial.
Fases
No começo, os preços são mais altos para amortizar os investimentos realizados na criação dos novos produtos. No primeiro momento, de acordo com Santos, esta situação acaba afastando fornecedores e concessionárias. “Essa evolução tecnológica é, de certa forma, morosa e demanda tempo para desenvolvimento e amadurecimento dos projetos, tornando difícil a aquisição imediata” – avalia Ricardo Batista Santos.
Dado início ao processo de experimentação desses produtos, é preciso homologá-los pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), tornando estes equipamentos aptos para o uso em faturamento. “Quando aprovados, estes medidores já podem ser adquiridos. Mesmo para produtos já aprovados em outros países, é obrigatória a aprovação pelo Inmetro” – menciona.
Para os produtos existentes no Brasil, é muito importante a evolução dos equipamentos. “Uma vez já aprovados pelo Inmetro e estando em uso pelas Companhias de Saneamento, há uma proximidade muito grande entre concessionárias e fornecedores na busca pela melhoria dos produtos existentes. O que contribui muito para a qualidade da medição e a redução das perdas” – analisa o gerente.
Tipos
A Sabesp utiliza modernas tecnologias de medição. Os medidores velocimétricos predominam na maioria das concessionárias de saneamento do País e são os mais usados pela Sabesp. “Eles têm custo menor e seu uso é mais frequente em imóveis com baixo consumo mensal” – aponta Santos.
Em segundo lugar de uso na Companhia, estão os medidores volumétricos. Seu perfil de funcionamento garante melhor qualidade de medição em baixas vazões, ajudando a driblar a submedição.
Logo depois, vêm os medidores ultrassônicos. Eletrônicos e muito sensíveis em baixas vazões, auxiliam também a impedir a submedição. “Por não possuírem partes móveis, eles não sofrem desgastes ao longo de sua vida útil. Devido às suas características, sua aplicação é menor pela Companhia, porém, são utilizados para as ligações de maiores consumos e têm grande participação no volume total medido mensalmente” – ressalta o gerente.
Os medidores aplicados na Sabesp são predominantemente pré-equipados, o que possibilita implantar a telemetria. A Companhia possui ainda projetos para monitorar pelas redes IoT o consumo diário de cada hidrômetro com pelo menos duas leituras. “Em uma quantidade menor de medidores, chega-se a receber 12 leituras diárias. Por meio dos dados recebidos destes medidores, é possível realizar análises e identificar eventuais anomalias que possam influenciar os consumos dos clientes” – afirma.
Detecção e análises
“As ferramentas que existem para atuar em análises de micromedição são os históricos de consumos obtidos dos clientes e dados de produção que podem ser comparados para as verificações” – diz Santos. Dependendo da companhia de saneamento, segundo ele, é possível que alguns softwares específicos construídos para a gestão facilitem e até indiquem problemas.
Na Sabesp, a Internet das Coisas (IoT) e o Sistema de Gestão de Hidrometria (SGH) – software utilizado para a gestão de hidrômetros – são ferramentas que ajudam a detectar problemas e fazer análises que podem determinar ações a serem tomadas para a gestão do Parque de Medição de Hidrômetros.
A Sabesp também utiliza as Normas Técnicas Sabesp (NTS), que norteiam o trabalho da Companhia, sendo uma delas voltada especificamente à gestão dos medidores.
O SGH atua com base na NTS e leva em conta o histórico de estudos realizados pela Companhia. “Faz com que as substituições de medidores ocorram por meio das projeções das perdas destes medidores, considerando a tecnologia existente, o tempo de uso e o volume acumulado” – expõe o gerente.
Impactos positivos
A Sabesp atua forte no combate às perdas da água. “Esse posicionamento torna difícil separar somente os resultados da micromedição, visto que o monitoramento nas áreas contempla todas as oportunidades de combate às perdas” – explica Santos.
Segundo ele, estudos pontuais, focados em mensurar os possíveis resultados a serem atingidos, revelaram impactos significativos no combate às perdas da água com o uso de medidores ultrassônicos e volumétricos. “Tendo clareza de que os resultados alcançados não se reproduzem de forma direta. Eles levam em conta o nível de perdas em cada região e as características de consumo dos clientes destas regiões” – pontua.
A figura ao lado exibe um exemplo de estudo que demonstra o impacto da atuação no Índice de Água Não Contabilizada (IANC) e no Índice de Perdas da Distribuição (IPDT) da região avaliada:
• Redução do IPDT: de 372 para 253 litros/ligação por dia;
• Redução do IANC: de 33% para 22%.
“Quando uma ação como esta é realizada, consegue-se combater os efeitos da submedição e eliminar eventuais irregularidades” – destaca Santos. A Sabesp aplica cerca de 1,5 milhão de medidores novos todos os anos, trabalhando com todas as tecnologias citadas.
Inclinado e blindado
A criação da relojoaria inclinada 45º favorece a visualização e a qualidade da medição. “No passado, os hidrômetros eram inclinados para facilitar a visualização pelos leituristas sem o devido conhecimento de que prejudicaria o funcionamento do equipamento e a apuração correta do volume” – comenta Santos. A relojoaria de vidro temperado é outra mudança que auxilia muito reduzir fraudes devido a furos na relojoaria ou uso de mecanismos que impedem o correto funcionamento dos ponteiros.
E há ainda o avanço na blindagem dos medidores. “Passam a ser disponibilizados ao mercado medidores de blindagem nível III, conforme NBR 15.538, os quais são protegidos dos usos de ímãs que prejudicam a apuração de consumo pelas companhias de saneamento” – relata Santos.
Contato da empresa:
Sabesp: www.sabesp.com.br