Estações de tratamento de água, efluentes e esgotos: Funcionamento e cuidados
Por Carla Legner
Edição Nº 70 - Dezembro de 2022/Janeiro de 2023 - Ano 12
A limpeza das Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) e das Estações de Tratamento de Água (ETA) são indispensável para assegurar que a água retornará para a natureza sem poluição ou esteja adequada ao consumo
A limpeza das Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) e das Estações de Tratamento de Água (ETA) são indispensável para assegurar que a água retornará para a natureza sem poluição ou esteja adequada ao consumo. Caso contrário, esse líquido, que é fonte de vida, pode se tornar causador de muitas doenças.
Cada estação de tratamento tem uma finalidade e funcionamento. Em uma ETA, depois de ser captada em águas superficiais e/ou subterrâneas, a água passa por algumas etapas importantes antes de estar apta ao consumo. Nas Águas subterrâneas, o tratamento é basicamente realizado através de filtros convencionais de areia, carvão ativado, seguido da etapa de desinfecção final, por ação de Cloro.
Há casos em que é necessário tratamento diferenciado, por exemplo, em que se tem excesso de ferro, manganês ou dureza. Nesse sentido, para o correto tratamento é necessário realizar uma análise físico-química e com valores obtidos verificar qual tecnologia deve ser adotada ao processo, podendo ser Filtração utilizando Zeólitas, Resinas de troca iônica ou Membranas de UF/OR.
Já nas Águas superficiais, as principais etapas para o funcionamento são definidas em: Tratamento primário, Coagulação, Floculação, Clarificação, Filtração, Desinfecção e Fluoretação. A primeira é a etapa de remoção de sólidos grosseiros, tais como folhas, gravetos, objetos, etc. São utilizadas peneiras estáticas ou rotativas, fundamentais para o processo, evitando problemas nas etapas posteriores.
Na Coagulação temos a etapa inicial do tratamento em si, quando ocorre a adição de Sulfato de Alumínio ou Carbonato de Sódio - produtos químicos que possibilitam a união das partículas sólidas e facilitando o processo seguinte de decantação. Depois de se agruparem em flocos maiores, eles se acumulam no fundo do decantador.
Se inicia a coleta superficial da água, esse passo é a Clarificação. Na sequência, a Filtração é uma etapa bastante importante do processo, é o momento em que a água passa por filtros compostos por camadas de areia, pedregulho e antracito. Essa parte é responsável pela redução dos níveis de turbidez, cor, sólidos em suspensão, melhorando a qualidade da água.
Na Desinfecção, por sua vez, ocorre a aplicação de Cloro gás, Hipoclorito de Sódio ou outro produto adequado para a eliminação de microrganismos causadores de doenças. Na Fluoretação é aplicado flúor, que irá atuar na prevenção de cáries.
Por fim, temos o Tratamento de lodo, que deve ser removido dos decantadores ou adensadores e desaguado em sistemas de desidratação, antes de sua disposição final. Nesta etapa é fundamental o devido tratamento e destinação desse lodo, que pode ser por meio de Leitos de secagem, Filtro-prensa de esteira (Belt-press), Filtro-prensa de placas ou Centrífugas decanter.
O funcionamento de uma ETE do tipo FísicoQuímica é similar ao de uma ETA, onde há as etapas de Pré-tratamento (gradeamento e desarenação), separação de água e óleo (se necessário), floculação, sedimentação/ou flotação, filtração e/ou polimento dos efluentes e finalizando com tratamento do lodo. Há casos em que é necessário unir o processo biológico seguido de Físico-Químico, a fim de atender os padrões de lançamento, conforme legislações vigentes.
Na Estação de tratamento de esgotos sanitários, por sua vez, o tratamento de esgoto é realizado, essencialmente, por processos biológicos, associados a operações físicas de separação de sólidos. O tratamento biológico pode ser subdividido em dois grandes grupos: processos aeróbios e anaeróbios. Esses podem ser classificados ainda em função da retenção ou não de biomassa - microrganismos responsáveis pela degradação de matéria orgânica dos esgotos.
Segundo Kleber Strufaldi, diretor comercial da Gmar Ambiental, as etapas do processo englobam: gradeamento, desarenação, tratamento biológico aeróbio e/ou anaeróbio, tratamento do lodo formado pelo processo e tratamento terciário, através de filtração, ultrafiltração, etc. “Aqui na empresa possuímos ainda a modalidade de tratamento por lodos ativados” – destaca.
Trata-se de um sistema que opera com altas taxas de aplicação, permitindo sua utilização em sistemas de tratamento de efluentes industriais, cujos choques de carga são mais constantes, devido à inconstância dos efluentes a serem tratados, sua composição e carga.
As dimensões são mais elevadas e consequentemente seus custos de implantação e operacionais também. Neste tipo de tratamento não há o desprendimento de gases indesejáveis como Sulfídrico e Metano, além da eficiência na remoção da carga orgânica (DBO) ser superior a processos anaeróbios.
Cuidados e limpeza
Diante de funcionalidades tão importantes e distintas é evidente que as estações precisam de cuidado e manutenção especifica. No caso das Estações de Tratamento Efluentes a necessidade de uma limpeza é ainda mais importante. O esgoto é o resultado da água que, após a utilização, tem as suas características naturais alteradas e por isso, torna-se inapropriada para o uso.
A função do tratamento do esgoto é remover os poluentes da água usada pela população, e, posteriormente devolvê-la aos corpos hídricos em boas condições e de acordo com as exigências dos órgãos ambientais. “Por se tratar de um conjunto de equipamentos e instalações utilizados para tratar efluentes domésticos, industriais, esgoto, etc, necessitam de cuidados, limpeza e manutenções” – enfatiza Strufaldi.
Ainda segundo ele, como em qualquer outro equipamento, existem dois tipos de manutenção: a programada, realizada periodicamente, visando prevenir a ocorrência de defeitos, e a emergencial, que ocorre quando a estação já apresenta algum problema, como a redução da sua capacidade de tratamento, por exemplo.
No tratamento dos esgotos sanitários podem ocorrer transbordamentos de elevatórias, entupimento de caixas de gordura, gerando também chamadas emergenciais. Para ETE’s e ETA’s do tipo físico química podem ocorrer problemas com a geração de lodo e contaminação do solo pelo efluente bruto. Nesse sentido, a falta de manutenção e limpeza trará problemas não só operacionais, mas problemas de contaminação de solo e corpos hídricos, gerando grande impacto ambiental.
“Não existe uma receita pronta para a realização da manutenção de uma ETE, pois isso pode variar de acordo com cada caso, em relação as impurezas retidas no equipamento, bem como a finalidade à qual ele se destina. Estações de tratamento de efluentes oleosos, por exemplo, possuem peças diferentes das de tratamento de águas cinzas em uma residência” – explica o diretor.
Apesar disso, alguns cuidados são comuns, como é o caso da lubrificação das partes móveis, presentes nos agitadores e floculadores. Essa ação é realizada para que elas não sofram desgastes mecânicos, deformações, ou necessitem de maiores gastos de energia para funcionar.
Outro cuidado essencial é o de evitar a corrosão das peças, o que pode ser muito comum acontecer, principalmente por serem equipamentos que trabalham sempre úmidos – fator este que favorece o aparecimento de corrosão em compostos metálicos.
“Por se tratar de ferramentas que, continuamente, tratam efluentes, separando o que deve ser descartado do que pode ser reutilizado, é preciso que a manutenção seja feita periodicamente e de forma adequada, realizando procedimentos como, por exemplo, a limpeza dos elementos filtrantes, para que estes não fiquem sobrecarregados e acabem descartando resíduos nocivos ao meio ambiente” – ressalta Strufaldi.
Isso, além de ocasionar a contaminação do ambiente, pode incidir em multas para a empresa por não atender os quesitos legais de descarte de resíduos. Sendo assim, a falta de manutenção prejudica a vida útil dos componentes das estações de tratamento, acarretando prejuízos e gastos muito elevados do que os de uma manutenção preventiva.
Existem diversas formas de realizar a limpeza adequada para cada processo. Inicialmente deve-se verificar as etapas do tratamento para identificar o ponto a ser efetuado a limpeza. Tal processo poderá ser feito de forma manual pelo operador local, ou com auxílio de equipamento de alta pressão e caminhões do tipo hidrovácuo.
Geralmente, é realizada por meio da retro lavagem junto dos filtros, remoção do excesso de lodo, remoção da parte oleosa dos separadores de água e óleo, limpeza de gradeamentos, caixas de areia, gordura, entre outros. Se necessário, ainda é possível realizar a limpeza através de hidrojateamento.
É importante destacar que estamos falando de um processo delicado e que exige conhecimento dos equipamentos e suas finalidades, sendo assim, é de suma importância contar
com uma equipe especializada. Um profissional capaz de entender as minúcias dos equipamentos pode identificar possíveis problemas, bem como entender se a estação de tratamento está trabalhando, ou não, dentro dos parâmetros sob os quais foi projetada.
“Atualmente existem diversas empresas para realizar tais procedimentos de limpeza. Cada local possui sua particularidade e efluentes distintos. Desta forma deve-se avaliar quantos aos riscos ambientais e ocupacionais para o procedimento, isto trará segurança ao meio ambiente e para os envolvidos nas atividades” – afirma o representante da Gmar Ambiental.
Ainda segundo ele, a lei ambiental é uma das mais rigorosas existentes, principalmente no Brasil, prevendo todo tipo de cuidados que as empresas precisam ter com o meio ambiente, bem como as sanções às quais estão sujeitas, e por isso necessita da atenção de especialistas, a fim de garantir que todos os parâmetros serão plenamente cumpridos.
O primeiro ponto é o fato de que as indústrias são as responsáveis pelo tratamento da água e dos efluentes gerados em seus processos, como determina o Código das Águas, criado em 1934, o qual foi atualizado pela Lei das Águas, definindo também parâmetros específicos para que os efluentes possam ser descartados na natureza.
Além dos decretos federais, como é o caso da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), – que visa contribuir para a conscientização na gestão de resíduos industriais – alguns locais, como é o caso do estado de São Paulo, possuem também leis próprias, as quais são fiscalizadas também por seus próprios órgãos – como a CETESB, por exemplo.
“A intensidade da fiscalização também é variável, e depende dos tipos de efluentes presentes no processo industrial, bem como os volumes que serão descartados” – finaliza Kleber Strufaldi.
Contato da empresa
Gmar Ambiental: www.gmarambiental.com.br