Soluções para combater maus odores
Por Carla Legner
Edição Nº 76 - Dezembro de 2023/Janeiro de 2024 - Ano 13
De maneira geral, a poluição atmosférica pode ser entendida como a contaminação do ar por inserção ou permanência temporária de materiais alheios a sua composição natural, ou em proporção superior ao natural, nos estados de agregação da matéria ou
De maneira geral, a poluição atmosférica pode ser entendida como a contaminação do ar por inserção ou permanência temporária de materiais alheios a sua composição natural, ou em proporção superior ao natural, nos estados de agregação da matéria ou, ainda, na forma de radiações.
A palavra odor é quase sempre utilizada como sinônimo de cheiro desagradável, porém o termo é definido pela ciência como o resultado da presença de substâncias voláteis e semi-voláteis assimiláveis pelo sistema olfativo humano. Basicamente, para uma substância ser odorante é necessário ocorrer três situações: ser volátil; ser capaz de ser absorvida pelo aparelho sensitivo humano e ser causadora de mudanças na percepção olfativa.
O odor desagradável é a forma de poluição que mais diretamente impacta o ser humano, convertendo-se num problema de difícil condução quando incomoda um número razoável de pessoas, interferindo em seu bem-estar. Uma fonte de odor intenso pode causar náuseas, insônia e até desvalorizar imóveis próximos ao local de origem do mau cheiro.
Nas estações de Tratamento de Efluentes a presença de maus odores é comum, uma vez que os efluentes ficam muito tempo nas tubulações ou expostos às temperaturas elevadas e a falta de oxigênio. As principais moléculas causadores dos gases odoríferos nesses locais incluem os Compostos de enxofre, que são H2S – Gás sulfídrico ou Sulfeto de hidrogênio e Mercaptanas; Orgânicos, como escatol, indol; e os VOC’s – Compostos orgânicos voláteis.
Segundo Antonio Bengt Furlan Öberg, diretor da Wastec Brasil, o Sulfeto de hidrogênio é o mais comumente encontrado em diversos sistemas de esgotos e pode ser considerado o principal causador de mau odor em estações de tratamento de efluentes. “O H2S tem cheiro característico de ovo, mas se torna mais perigoso em altas concentrações, pois ele tem uma característica de perder o odor, ficando imperceptível. Nessa faixa elevada se torna toxico para o ser humano, inclusive com risco de morte” – afirma.
Além do desconforto olfativo, há uma série de outros sintomas como mal-estar, dores de cabeça e desequilíbrio. Já está comprovado que acima de 5mg/m³ de sulfeto de hidrogênio causa irritação nos olhos e para níveis superiores a 70mg/ m³ existe risco de severos danos oftalmológicos e até neurológicos.
Nesse sentido, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a exposição máxima recomendada é de até 10mg/m³ pelo período de 30 min. A USEPA (Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos) é mais rígida e fala em até 2mgm³ por meia hora. No estado de São Paulo, por exemplo, o decreto número 8.468, em seu artigo 33, proíbe a emissão de odores na atmosfera que possam ser perceptíveis além dos limites da planta/ propriedade.
“Relativo ao H2S, podemos dizer que é tão corrosivo que atinge até o concreto e suas estruturas metálicas internas. Além de ser muito prejudicial à saúde humana e dos animais, pois causa irritação nos olhos e para níveis elevados existe risco de severos danos” – enfatiza Francisco Carlos Oliver, diretor da Fluid Feeder.
Principais soluções
A formação destes compostos odoríficos é inevitável e uma consequência do próprio tratamento de esgotos. Nesse sentido, um dos maiores desafios de quem administra uma ETE ou outras empresas que fazem o tratamento de efluentes sanitários é eliminar esse problema.
De acordo com Öberg, existem soluções para evitar e minimizar a liberação desses odores ao meio ambiente, que podem ser químicas, biológicas ou por aspersão. No primeiro caso, são produtos que reagem com o H2S na fase líquida. Além disso, existem produtos químicos que podem ser adicionados na corrente do esgoto antes dos pontos de agitação e turbilhonamento, que é onde há mais desprendimento do H2S, que podem minimizar seu desprendimento para a atmosfera em forma de gás.
O tratamento biológico, por sua vez, utiliza bactérias ou enzimas e pode ser realizado quando há lagoas e tanques com tempo de retenção. “Ainda sim, podemos ter também sistemas completos de monitoramento on-line do gás, sistema de exaustão e neutralização através de colunas de neutralização de gases, mais conhecidos como Lavadores de gases, os quais são muito eficientes. Nessa modalidade existem três tipos, que são os de via úmida, via seca e Bio filtro” – complementa Francisco Carlos Oliver.
O sistema via úmida usa basicamente líquidos neutralizantes com bombas de recirculação, exaustores e torres com enchimento mais acessórios de automação. Os de via seca são à base de carvão ativado aditivado de acordo com o gás e o Bio filtro, como o próprio nome diz é um leito filtrante biológico cuja qual sua biologia digere os gases odoríferos.
Por fim, temos os sistemas de aspersão, que vai tratar o mau cheiro na fase atmosférica aspergindo o produto neutralizador de odor. “Trata-se um sistema modular, ou seja, desenhando conforme necessidade, que trabalha com alta pressão, 50/60 kg. O produto é diluído e jogado no ar, através dos aspersores, para reagir com as moléculas odorantes e neutralizá-las” – detalha Antonio Bengt Furlan Öberg.
Ainda segundo ele, existem diversos mecanismos de reação que atuam nesse tipo de alternativa, conforme características e produto utilizado. A aplicação deve ser a mais próxima possível da geração do odor, evitando assim que ele se disperse, ou seja, o melhor ponto de tratamento é sempre o mais perto da fonte geradora.
Vale destacar ainda que existe no mercado medidores portáteis para identificar a quantidade de gás sulfídrico, por exemplo. Esses equipamentos soam um alarme para avisar quando a quantidade está acima do permitido. É como uma espécie de prevenção, evitando riscos de acidentes ou que alguém se contamine.
É importante lembrar que a norma vigente para o setor estabelece que o odor não pode ultrapassar os limites da propriedade, mas buscar alternativas de controle é sempre um opção positiva. “A Sabesp é um exemplo efetivo para toda essa questão. A empresa exige nos editais de construção de Estações de tratamento de esgoto e Elevatórias de esgoto que se tenha um sistema de controle de odor” – enfatiza Antonio Bengt Furlan Öberg.
Aterro Sanitário e indústria
Várias situações e processos industriais também podem gerar odores nocivos. O manuseio de produtos químicos, solventes, detergentes e outras substâncias industriais pode gerar diversos incômodos no ambiente de trabalho. Por isso, é importante que nesses locais se mantenham sempre disponíveis estratégias eficazes para a eliminação de odores por meio da utilização de produtos e sistemas facilmente acessíveis e amigáveis aos usuários.
De acordo com Oliver, no caso da indústria que recicla os resíduos de origem animal (ROA - Ossos, apara de tecidos adiposos e musculares, órgãos e glândulas, sangue e resíduos de carcaças após a desossa em comércio varejista), por exemplo, é ainda pior. Os principais poluentes gerados são os gases e vapores não condensáveis, com odores indesejáveis.
O limite de percepção de odor das substâncias geradas é extremamente baixo, alguns elementos podem ser detectados em concentrações na ordem de ppb (partes por bilhão) pelo ser humano, mas essas substâncias, de grande intensidade e nauseantes, necessitam de um tratamento adequado, e podem causar vários transtornos na circunvizinhança da planta industrial.
A técnica de aspersão também é utilizada para indústria. Ela distribui uniformemente uma névoa de produto que reagirá com as moléculas causadoras do mau cheiro e, consequentemente, promovendo sua eliminação. Após o contato com as partículas causadoras dos odores no ambiente e sua neutralização, a névoa acaba se dissipando no ar e reestabelecendo a qualidade do ar no local.
“Nosso produto é atóxico, ou seja, pode ser aspergido em locais fechados sem nenhum risco. Sendo assim, o sistema pode ser utilizado nos ambientes industriais, pensando apenas na base de odor existem no local para assim escolher e direcionar a melhor linha de produto” – explica o diretor da Wastec.
Nos aterros, que é uma área muito aberta e tem o que chamamos de frente de trabalho, onde o lixo é descarregando de forma constante, antes de ser empilhado e coberto por terra fica gerando odor, e é nesse momento que o sistema de aspersão é colocando. Lembrando que será um equipamento portátil, ou seja, móvel. Ademais, a forma de operação será a mesma utilizada nas ETEs e na indústria.
Nas empresas que possuem estações de tratamento de efluentes, caixas de gorduras e fossas, por exemplo, a neutralização de odores deve ser um compromisso social, evitando que os ambientes e a vizinhança ao redor sejam impactados pelo mau cheiro causado por esses sistemas.
O fato é que, além do cuidado com a saúde dos colaboradores e demais frequentadores dos locais afetados, a adoção de uma solução para neutralizar odores nocivos garante um ambiente mais agradável, limpo e produtivo.
Contato das empresas
Wastec Brasil: www.wastecbrasil.com.br
Fluid Feeder: www.fluidfeeder.com.br