Tecnologias emergentes focadas no enorme potencial do tratamento de água no Brasil
Por Cristiane Rubim
Edição Nº 79 - Junho/Julho de 2024 - Ano 14
A água é como o Bombril: tem mil e uma utilidades. A água é versátil, se transforma e fica pronta para reúso. É uma maravilha da natureza, sim! E com ajuda do ser humano que desenvolveu tecnologias atende às muitas necessidades do mundo atual diante
A água é como o Bombril: tem mil e uma utilidades. A água é versátil, se transforma e fica pronta para reúso. É uma maravilha da natureza, sim! E com ajuda do ser humano que desenvolveu tecnologias atende às muitas necessidades do mundo atual diante da seca e falta de água. E pensar que tem gente que não toma água potável e muito menos para sanear porque utilizamos água para beber, tomar banho, limpar a casa, cozinhar alimentos, nas indústrias, comércios etc. A água leva embora todo o resíduo que despejamos pelo ralo, fica toda suja e vira esgoto que desemboca nos rios hoje ainda poluídos, seguindo para os mares. O título da matéria “A beleza do tratamento da água”, Revista TAE nº 8, de agosto/setembro de 2012, traduz o que os tratamentos da água fazem para que a água se renove, fique apta de novo e possa ser reutilizada pelo ser humano. Um exemplo de resiliência para todos nós.
E a todo momento surgem tecnologias emergentes que inovam os processos de tratamento de água diante dos desafios nacionais e globais de escassez de água, poluição, acesso de fontes de água não convencionais e demandas por sustentabilidade. “Cada uma delas tem seus pontos fortes e desafios de implementação. Hoje, várias tecnologias oferecem perspectivas mais eficientes, sustentáveis e de baixo custo para a purificação e a reutilização da água” – pontua Emílio Bellini, diretor da Alphenz.
As inovações tecnológicas com a desinfecção completa da água tratada garantem sua qualidade, reduzindo risco de doenças. O tratamento adequado e eficiente de efluentes municipais e industriais preserva os recursos hídricos e protege o meio ambiente. “O potencial de mercado do Brasil em 2024 é de US$ 61,5 bilhões e em 2029 chegará a US$ 85,3 bilhões. Em cinco anos, prevemos crescimento de 38,7%” – afirma Juraci Araujo, engenheiro da aQuamec. Segundo ele, o saneamento é o mercado mais promissor em tratamento de água. De acordo com o Financial Times1, as estimativas para investimentos globais em infraestrutura para água variam de US$ 6,7 trilhões até 2030 a US$ 22,6 trilhões até 2050.
O uso de Inteligência Artificial (IA) e Internet das Coisas (IoT) para otimizar operações de tratamento de água se torna comum. Redes online que monitoram com sensores para medição, aquisição, transferência dos resultados e ajustes dos sistemas em tempo real para gestão autônoma de todo o tratamento de águas e efluentes fazem parte das inovações tecnológicas emergentes.
Empresas investem em tecnologias com maior eficiência energética e operacional com foco em processos mais eficientes e sustentáveis. Aumentam a adoção de processos que minimizam os impactos ambientais e o desenvolvimento de produtos químicos mais avançados e menos prejudiciais ao meio ambiente. “Práticas de reúso ficam populares entre as empresas, motivadas por conservar recursos hídricos e por incentivos regulatórios e econômicos, porque reduzem a demanda por água doce e a quantidade de efluentes descartados no ambiente” – destaca Bellini, da Alphenz.
Segundo Maiza Ferreira Santos, coordenadora de novos negócios da Cetrel, a escassez hídrica e maiores restrições legais para lançamento de efluentes associados aos requisitos da Governança Ambiental, Social e Corporativa (ESG) incentivam empresas líderes e impulsionam o mercado na busca de tecnologias que garantam melhor qualidade de água para reúso. “A eficiência energética, a redução do uso de produtos químicos e a preservação dos recursos naturais são temas constantes nos últimos anos” – menciona.
Transformação
No mercado de tratamento de água, as empresas hoje se transformam para buscar inovações. São muitas as novidades e as empresas precisam renovar suas tecnologias e equipamentos para atender às mais diversas necessidades. “Vemos surgir pesquisas em inovação, automação e Inteligência Artificial, por exemplo, para reúso de água. Avanços na comercialização de membranas autofiltrantes para reutilização da água, por exemplo, em irrigação, recarga de aquíferos e uso industrial, reduzindo a demanda por água potável” – destaca Juraci Araujo, da aQuamec.
Muitas empresas estão investindo em tecnologias mais eficientes, processos sustentáveis e produtos químicos mais avançados e menos agressivos ao meio ambiente. “Incluindo a melhoria de processos existentes para reduzir o consumo de energia, o uso de materiais recicláveis ou biodegradáveis nos sistemas de tratamento e a integração de tecnologias digitais para monitoramento e controle” – cita Thalita Flávio da Silva, analista comercial da Gmar Ambiental.
As principais inovações tecnológicas para o setor produtivo da indústria, serviços e agronegócio são unidades e dispositivos cada vez mais funcionais, sustentáveis e capazes de entregar soluções customizadas de filtragem e tratamento de água. Para Alexandre Rocha, diretor técnico da Fusati, a água potável e tratada é uma necessidade humana e de quase todos os processos industriais e as tecnologias de vanguarda – sistemas digitais, automatizados e inteligentes – são ferramentas importantes para assegurá-la. “Customizar sistemas de tratamento de água conforme o tipo de fonte hídrica, os interesses de cada usuário/cliente, os recursos disponíveis e as práticas de sustentabilidade é um avanço na maneira como lidamos com a água nos dias de hoje” – enfatiza Rocha.
A busca por excelência na área de tratamento e purificação da água equaliza todas essas frentes:
• Tecnologia de ponta;
• Utilização de insumos de alta performance;
• Mitigação dos impactos ambientais.
Hoje, as soluções mais modernas de tratamento de água são balizadas por esses parâmetros citados. “E o foco é no resultado, que é a oferta de água tratada, de qualidade superior e economicamente viável” – diz Rocha.
As empresas do setor estão, de fato, passando por uma transformação e não ficam somente preocupadas em adotar as novas tecnologias e processos para atender às necessidades atuais. “Essas transformações no setor refletem a importância da gestão sustentável da água para garantir a resiliência e a segurança hídrica a longo prazo. Empresas líderes estão na vanguarda com participação ativa em iniciativas globais de sustentabilidade, colaborações com instituições de pesquisa para inovação e compromissos com práticas corporativas responsáveis” – afirma Emílio Bellini, da Alphenz.
A Cetrel está engajada no uso de Machine Learning e Inteligência Artificial para aumentar a eficiência dos seus processos. “O foco é a predição de falhas em bombas e equipamentos críticos, visando a uma economia significativa nos custos de manutenção. Estima-se que implementá-las reduza em até 40% os custos com paradas para manutenção” – prevê Maiza.
Em paralelo, a empresa explora, em fase conceitual, uso de Big Data de automação industrial, Internet das Coisas e dados analíticos laboratoriais, aplicando modelos estatísticos para otimizar o consumo de energia e assegurar a qualidade do tratamento de efluentes. “Estes projetos integram dados operacionais obtidos por sensores e dispositivos, permitindo simulações avançadas e ajustes em tempo real das condições operacionais. O objetivo é garantir gestão mais eficiente dos recursos e manutenção da conformidade ambiental, especialmente em regiões remotas onde a IoT oferece soluções inovadoras para desafios logísticos e técnicos” – explica Maiza.
Diverso e eficaz
Na opinião de Thalita, da Gmar, com as tecnologias digitais e inovações, a avaliação das necessidades de um projeto, sua viabilidade econômica e os benefícios ambientais se tornam mais complexos devido à variedade de opções. “Por outro lado, estas mesmas tecnologias facilitam a análise por oferecerem maior precisão de dados e modelos de simulação avançados, permitindo aos fabricantes e clientes tomar decisões mais eficazes” – analisa.
As novas tecnologias oferecem recursos importantes para as diversas etapas do tratamento de água. “Para cada projeto, existe um tipo de tecnologia a ser aplicada. A viabilidade econômica e os benefícios ambientais devem ser levados em conta” – orienta Juraci Araujo, da aQuamec.
A introdução de novas tecnologias de tratamento de água, incluindo as soluções digitais, traz tanto desafios quanto oportunidades na avaliação do projeto. “Este panorama modifica de modo substancial o processo de avaliação, tornando-o simultaneamente mais complexo e mais acessível para fabricantes e clientes” – aponta Bellini, da Alphenz.
Por um lado, a complexidade aumenta devido à variedade de tecnologias, cada uma com suas vantagens, limitações e casos de uso. “A seleção da tecnologia mais apropriada requer compreensão das características únicas do projeto, incluindo a qualidade da água de entrada, os contaminantes presentes, as regulamentações ambientais aplicáveis e os objetivos de tratamento” – esclarece.
Segundo ele, a avaliação da viabilidade econômica torna-se mais complexa, porque é preciso considerar não apenas os custos iniciais de capital e operacionais, mas também eficiência energética, durabilidade, manutenção e potencial de recuperação de recursos. Da mesma forma, precisa ser avaliada a redução do impacto ambiental, incluindo a diminuição de produtos químicos, a geração de resíduos e o consumo de energia.
Por outro lado, as novas tecnologias facilitam a avaliação com vantagens que podem ser quantificadas e comparadas. Por exemplo, soluções digitais e baseadas em dados, como a Internet das Coisas (IoT) e sistemas de gestão com Inteligência Artificial (IA), oferecem insights em tempo real sobre o desempenho do sistema, eficiência de tratamento e qualidade da água.
“O que permite otimização contínua dos processos de tratamento e gestão dos recursos, resultando em avaliação mais precisa da viabilidade econômica e dos benefícios ambientais” – enfatiza Bellini. Muitas das novas tecnologias são mais adaptáveis, o que simplifica a escolha para os clientes, trazendo soluções às suas necessidades de sustentabilidade e eficiência a longo prazo.
Enquanto a diversidade e a complexidade das novas tecnologias tornam a avaliação mais desafiadora, as ferramentas e os recursos para entender e quantificar seus benefícios ficam mais sofisticados e acessíveis. “Para fabricantes e clientes, a chave está na colaboração com especialistas no campo, análises baseadas em dados e considerar objetivos a longo prazo para que a seleção da tecnologia atenda às necessidades imediatas e futuras, maximizando os benefícios econômicos e ambientais” – destaca o diretor da Alphenz.
Existe uma linha crítica entre os equipamentos disponíveis para venda e as necessidades operacionais e ambientais do cliente. “Este limite intermediário entre fabricantes e clientes requer avaliação criteriosa de dados históricos de variação de processos, características de efluentes, vazões e aspectos ambientais, como as emissões geradas” – pontua Maiza, da Cetrel.
Empresas contratam consultorias para fazer este diagnóstico intermediário, contendo mapeamento de efluentes e suas caracterizações. “Manter os dados digitalizados com respostas imediatas e históricos dos controles dos processos garantirá respostas rápidas e mais precisas sobre o cenário que se quer projetar” – diz.
A disponibilidade imediata de dados históricos que poderão ser usados agiliza todo o processo. “Será mais fácil avaliar as necessidades do projeto, definir rotas tecnológicas com maior controle e precisão e prever os parâmetros legais para descarte” – assegura Maiza.
Tecnologia certa
“O ideal é definir a tecnologia certa para cada tipo de demanda ou necessidade, seja ela complexa ou não” – orienta Rocha, da Fusati. Na opinião dele, as tecnologias de tratamento de água modernas e eficientes catalisam virtudes fundamentais:
• Versatilidade operacional diante das variadas propriedades físicas, químicas e biológicas de uma água bruta;
• Precisão no atendimento de demandas específicas;
• Otimização na gestão de insumos;
• Processos sustentáveis;
• Fornecimento de água tratada para a finalidade desejada, seja industrial, abastecimento da população, seja outra necessidade hídrica de grande escala.
Existem inúmeras possibilidades de tratamento de água:
• Desde a simples cloração para desinfecção ou proteção microbiológica, ação obrigatória para toda água de consumo humano, em conformidade com a Portaria nº 888, do Ministério da Saúde, que estabelece os parâmetros de potabilidade no Brasil;
• Até as tecnologias avançadas, que requerem maior investimento.
Existem soluções de filtragem e tratamento de água para todas as necessidades no mercado:
• Desde processos de cloração, filtração em resinas e zeólita, por membranas e convencionais: coagulação, floculação, decantação e filtração;
• Até sistemas avançados com processos oxidativos, técnicas fotoquímicas e fotoeletroquímicas.
Para residências, comércios, empresas e condomínios, a Fusati dispõe de Filtros Centrais montados em cilindros de aço inox, resistentes à corrosão, com quartzo, carvão ativado ou zeólita, que retêm parti´culas de 5 a 15 μm. Para processos industriais, a empresa fabrica e implanta Estações de Tratamento de Água (ETAs) compactas, pressurizadas e modulares conforme tipo de água e cada planta fabril.
Emergentes
Tecnologias emergentes para tratamento das águas e efluentes e as ferramentas digitais aprimoram os controles dos processos por meio de monitoramentos online e as suas interfaces.
As tecnologias emergentes incluem:
• Nanotecnologia usa partículas extremamente pequenas para remover contaminantes. Aplicada nas etapas de purificação das águas e efluentes, retém microssubstâncias com alta eficiência, produzindo água de qualidade superior;
• Nanofiltros, nanopartículas e nanomateriais capturam metais pesados, micropoluentes e patógenos que métodos tradicionais não conseguem filtrar e eliminar;
• Nanofiltros separam micropartículas dissolvidas na água e espécies biológicas não removidas por tecnologias clássicas;
• Nanotecnologia permite criar sistemas de filtragem mais finos e precisos adaptados para diferentes tipos de impurezas;
• Nanotecnologia inclui nanopartículas, nanofibras e nanocompósitos em processos de filtragem e adsorção;
• Reúso de água ganha popularidade entre as empresas, motivadas tanto por conservar recursos hídricos quanto por incentivos regulatórios e econômicos, reduzindo demanda por água doce e quantidade de efluentes descartados no ambiente;
• Para produzir água de qualidade e de uso industrial, devido ao reúso dos efluentes e sem áreas para grandes estações de tratamento, as membranas são indicadas para reduzir patógenos e substâncias inorgânicas, como sais, metais e haletos;
• Ultrafiltração, osmose reversa, MBR, MBBR complementam tratamentos secundários convencionais na redução de matéria orgânica biodegradável; • Sistemas avançados de filtragem, como filtros de carbono ativado aprimorados e membranas bioinspiradas;
• Biotecnologia com uso de microrganismos geneticamente modificados purificam a água e degradam contaminantes orgânicos específicos no tratamento de águas residuais industriais e agrícolas;
• Dessalinização por osmose reversa é eficaz em transformar água salgada em potável;
• Dessalinização, com osmose reversa por energia solar, é solução para regiões áridas e costeiras. Combina a eficiência energética da energia solar com a capacidade de osmose reversa de dessalinizar água do mar ou água salobra;
• Recuperadores de energia tornam os processos mais eficientes energeticamente;
• Eletrocoagulação e eletrodeionização utilizam corrente elétrica para tratar água contaminada e removem metais pesados e partículas em suspensão, alternativa energética eficiente e ambiental comparada aos métodos químicos tradicionais;
• Tratamentos eletroquímicos utilizam corrente elétrica para remover substâncias químicas dissolvidas na água pela transferência de elétrons;
• Eletrofloculação, eletrodiálise e oxidação eletroquímica reduzem compostos orgânicos e inorgânicos dissolvidos nos efluentes e uso de produtos químicos comparados aos métodos químicos clássicos.
Fontes: Alphenz, Cetrel e Gmar.
Inovações
As últimas inovações em tecnologias são voltadas para sustentabilidade, eficiência energética e capacidade de tratar gama mais ampla de contaminantes, tornando os sistemas de tratamento de água mais eficientes, sustentáveis e adaptáveis à gestão de recursos hídricos.
Algumas das inovações recentes:
• Crescente adoção de processos de tratamento de água que minimizam os impactos ambientais e promovem a sustentabilidade;
• Tecnologias de energia solar para potencializar sistemas de tratamento;
• Desenvolvimento de materiais mais eficientes e ecológicos para filtragem e purificação;
• Produtos químicos mais avançados incluem coagulantes e floculantes mais eficazes em concentrações mais baixas que minimizam os resíduos químicos do processo de tratamento;
• Membranas de filtração permitem reutilizar a água para irrigação e recarga de aquíferos, por exemplo;
• Novos materiais para as membranas, como o grafeno, aprimoram a osmose reversa. Devido à sua estrutura atômica única, o grafeno permite filtragem mais eficiente e menos dispendiosa energeticamente. Além de aumentar a viabilidade da dessalinização e tratamento de águas salobras;
• Nereda, processo biológico que remove nutrientes e matéria orgânica, torna tratamento de águas residuais mais eficiente, sustentável e seguro;
• Desenvolvimento de tecnologias de captura e utilização de energia, como a recuperação de energia e a geração de biogás de lodos de tratamento de águas residuais. São inovações que transformam subprodutos e resíduos em recursos valiosos para a Economia Circular;
• A bioengenharia desenvolve biofilmes e microrganismos especializados para tratar de modo eficaz variedade de poluentes orgânicos e inorgânicos;
• Soluções biotecnológicas podem ser mais sustentáveis e econômicas comparadas com as abordagens químicas ou físicas tradicionais;
• Métodos de tratamento físico e biológico, como biofiltração e biorremediação, utilizam processos naturais para remover contaminantes da água, evitando o uso excessivo de produtos químicos.
Fontes: Alphenz, aQuamec e Gmar.
Inteligentes
Tecnologias digitais e de informação:
• Sistemas inteligentes, como Internet das Coisas (IoT) e Inteligência Artificial (AI), monitoram e controlam o processo de tratamento da água, otimizam sua eficiência e melhoram a qualidade da água tratada;
• Tecnologias digitais e de informação, como IoT e AI, integradas ao gerenciamento de sistemas de tratamento, predizem demandas e detectam antecipado falhas, reduzindo custos;
• A Inteligência Artificial otimiza o monitoramento e tratamento de qualidade da água e potencializa a performance da planta;
• AI realiza gestão poderosa desde a coleta dos parâmetros físico-químicos e biológicos até a tomada de decisões para ajustes operacionais;
• AI transfere, analisa e associa os dados imediatos de controle de processo por aplicativos em celulares ou tablet;
• A AI prevê demandas e falhas de tratamento e identifica áreas de risco e possíveis problemas para intervenções rápidas e eficientes;
• Sensores inteligentes monitoram a qualidade da água e aplicativos e plataformas online fornecem dados do desempenho da planta em tempo real;
• Sensores inteligentes, sistemas automatizados e IoT monitoram e controlam remoto o tratamento, otimizando uso de recursos e facilitando a gestão;
• IoT, sensores e dispositivos monitoram parâmetros críticos e legais de controle das unidades de tratamento;
• Uso de Machine Learning e Big Data aumenta a eficiência dos processos.
Fontes: Alphenz, aQuamec, Cetrel e Gmar.
Custo-benefício
As ETAs compactas da Fusati transformam a água bruta de mananciais superficiais e poços artesianos em insumos para todo tipo de planta fabril – alimentos, medicamentos, cosméticos, químicos e outros. “A grande missão de uma ETA é ‘interpretar’ as propriedades da água disponível, tratá-la de forma eficiente e adequada e, ao final, disponibilizá-la para que os mais diversos processos fabris mantenham seus padrões de excelência e qualidade” – pondera Rocha.
É preciso avaliar o custo-benefício. “Tecnologias e processos muito avançados implicam altos custos, tornando-se inviáveis, dependendo da água a ser tratada. As ETAs ainda são a melhor opção de tratamento de água para o segmento industrial, setor de serviços, caso de hotéis, hospitais e outros, e aglomerados residenciais, como os condomínios” – ressalta o diretor técnico da Fusati.
A Cetrel atua com lodos ativados para tratar efluentes industriais do Polo Industrial de Camaçari, na Bahia, e avalia a biodegradabilidade dos efluentes pelo respirômetro, que mede a taxa de consumo de oxigênio do processo biológico junto do monitoramento do Carbono Orgânico Total e Nitrogênio Total. No gráfico da Figura abaixo, o respirograma exibe a biodegradabilidade e associa à cinética de lodos ativados, definindo a real demanda de oxigênio para degradar o material orgânico, nitrogenado e outras espécies que consomem o oxigênio, economizando energia elétrica. Cinética avalia as velocidades de reação. Fatores como concentração, pressão e temperatura afetam a velocidade de uma reação.
É uma ferramenta de gestão que permite interpretação gráfica dinâmica dos dados para antecipar ações de controle e evitar problemas operacionais no sistema de tratamento.
Purificação
Métodos mais avançados em purificação no tratamento de água:
• Oxidação avançada remove contaminantes recalcitrantes e microplásticos da água;
• Técnicas avançadas de oxidação combinam ozônio, peróxido de hidrogênio e luz ultravioleta (UV;
• Ozonização e ultravioleta para desinfecção e purificação das águas e efluentes destroem patógenos sem adição de produtos químicos, evitando formar subprodutos nocivos;
• Peróxido de hidrogênio e UV degradam contaminantes orgânicos persistentes, como fármacos e produtos de cuidado pessoal, difíceis de remover por métodos convencionais;
• Ultravioleta destrói microrganismos, danificando seu DNA, impedindo a reprodução;
• Desinfecção com ozônio é eficaz contra vasta gama de microorganismos;
• Ozonização, muito utilizada na purificação e desinfecção das águas e efluentes, quebra compostos orgânicos e elimina bactérias;
• O ozônio, agente de oxidação química que utiliza o radical O3, gerado in loco, degrada substâncias orgânicas em compostos menores e redução contra organismos patógenos, diminuindo ou eliminando a quantidade de produtos químicos sem resíduos no processo;
• Avançam pesquisas de novos desinfetantes que oferecem eficácia antimicrobiana sem gerar subprodutos nocivos, melhoram a segurança da água tratada e reduzem o impacto ambiental;
• Adsorção por carvão ativado é eficaz na remoção de contaminantes orgânicos da água, como pesticidas, solventes e produtos farmacêuticos. Sua grande área de superfície porosa permite capturar e reter moléculas orgânicas;
• Potencial de produção do hidrogênio verde é enorme devido aos grandes mananciais de água no Brasil;
• No tratamento de água para produzir hidrogênio verde, as moléculas de água são separadas por eletrólise. Nela, corrente elétrica passa pela água e separa os átomos de hidrogênio e oxigênio, formando os dois gases;
• Filtração com areia, zeolitas, carvão etc;
• Destilação por evaporação e condensação;
• Osmose reversa com membranas filtrantes removem íons, moléculas indesejadas, partículas maiores, sais, bactérias, vírus, Compostos Orgânicos Voláteis (COVs) e outros poluentes da água;
• Osmose reversa por energia solar e processos que recuperam energia e recursos, como a extração de nutrientes de efluentes, reduzem o consumo de energia e maximizam a reciclagem de recursos;
• Membrana de filtração e oxidação avançada removem contaminantes, permitindo reúso da água para diversos fins;
• A desnitrificação biológica reduz a emissão de gases de efeito estufa;
• Troca iônica com resinas para abrandamento e desmineralização.
Fontes: Alphenz, aQuamec, Cetrel e Gmar.
“Quantificar, qualificar e eleger a tecnologia de tratamento mais avançada é bem subjetivo” – avalia Rocha, da Fusati. Existem métodos de purificação de água para diferentes tipos de necessidades:
• Cada cliente precisa da qualidade de água adequada conforme setor e área de aplicação para suas finalidades com propriedades e características específicas;
• As águas subterrâneas, por exemplo, possuem elevados níveis de ferro. O uso de filtros com zeólita é muito mais conveniente e econômico para fazer o tratamento das águas subterrâneas do que a osmose reversa, que tem alto custo de manutenção das membranas;
• Hoje, utilizar elementos filtrantes equipados com zeólita ou resinas é o mais recomendado para reter contaminantes específicos, caso de ferro e manganês.
Abordagens
Existem várias abordagens inovadoras que melhoram a qualidade e a segurança da água sendo desenvolvidas e implementadas para remoção mais efetiva de contaminantes complexos, entre eles, micropoluentes, metais pesados, compostos orgânicos persistentes e microrganismos patogênicos, muitos deles desafiadores para os métodos convencionais.
Levando em conta que contaminantes específicos não são removidos pelos tratamentos convencionais secundários e não eram críticos conforme padrões legais para lançamentos nos corpos receptores, pode-se citar os sais dissolvidos, como sulfatos, cloretos e alguns metais, compostos orgânicos não biodegradáveis, os persistentes (POP) e alguns patógenos, que permanecem no efluente tratado final, dificultando ou impossibilitando o reúso. “A presença destas substâncias na água de reúso poderá causar danos irreversíveis aos equipamentos e permanecer por longos períodos nos corpos hídricos receptores, alterando sua qualidade. Os hormônios e outros contaminantes oriundos da indústria farmacêutica ainda são grandes desafios” – aponta Maiza. Novas abordagens para lidar com contaminantes específicos:
• Técnicas avançadas de oxidação geram radicais livres altamente reativos que decompõem contaminantes complexos em compostos mais simples e menos nocivos;
• Na Fotocatálise, a luz solar ativa um catalisador que decompõe contaminantes;
• Fotocatálise, ozonização avançada e peroxidação com hidrogênio degradam poluentes orgânicos persistentes e micropoluentes;
• Zeólitas ou nanomateriais capturam metais pesados ou produtos farmacêuticos;
• Reação Fenton, uso de coagulante à base de sais metálicos e peróxido de hidrogênio;
• Remoção de PFAS (PoliFluor Alquil Substances), aplicação de osmose reversa, unidades filtrantes por carvão ativado e troca iônica;
• Membrana avançada aplicada isolada ou em conjunto, dependendo da complexidade do efluente e da qualidade de água a ser produzida;
• Membranas comporão tratamento terciário caso já exista Estação de Tratamento de Efluentes ou projeto inicial, substituindo lodos ativados convencionais.
Fontes: Alphenz, aQuamec, Cetrel e Gmar.
Contato das empresas
Alphenz: www.alphenz.com.br
aQuamec: www.aquamecbrasil.com.br
Cetrel: www.cetrel.com.br
Fusati: www.fusati.com.br
Gmar Ambiental: www.gmarambiental.com.br
Referências bibliográficas
MURRAY, Sarah. Investidores veem crescentes oportunidades em tecnologia da água. Financial Times. Nova York, 22 mar. 2024. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2024/03/investidores-veem-crescentes-oportunidades-em-tecnologia-da-agua.shtml. Acesso em: 3 mai. 2024.