Desenvolvimento de plataforma web como solução para redução de custos e correto tratamento e destinação final de efluentes industrias

Atualmente o Brasil destina 40% de todo seu resíduo de maneira adequada em aterros sanitários devidamente licenciados (MMA, 2015). Neste contexto, o Brasil possui aproximadamente 2.500 aterros sanitários e industriais e 3.000 lixões ou aterros irregulares


Atualmente o Brasil destina 40% de todo seu resíduo de maneira adequada em aterros sanitários devidamente licenciados (MMA, 2015). Neste contexto, o Brasil possui aproximadamente 2.500 aterros sanitários e industriais e 3.000 lixões ou aterros irregulares.
O chorume é uma consequência direta da operação de aterros sanitários e industriais, o qual representa uma variável muito importante da operação do empreendimento, não só pelo alto risco quanto a passivos ambientais, mas também pela complexidade e alto custo de seu tratamento. Esta demanda (o tratamento de chorume) é um bom exemplo de como a blendagem de efluentespode ser um meio facilitador para promover tratamentos melhores e mais eficientes. Uma das características do chorume é possuir alta carga de amônia (NH4) (LEITE, Valderi et al. 2014), um dos principais motivos pelos quais o processo de tratamento é complexo e oneroso. As tecnologias mais avançadas utilizadas para esse tipo de tratamento são Osmose Inversa (RO) e Biorreatorese Membranas (MBR) que, apesar de eficientes, tem altos custos finais, podendocustar até R$ 340,00/m³ (WEHRLE, 2019).
Paralelamente, temos a geração de efluentes industriais, outro setor com demanda por tratamentos complexos e valores por vezes restritivos. O Brasil possui 334.752 indústrias (VALOR, 2014), das quais se estima que 45% tenham algum tipo de efluente de processo, ou seja, não sanitário, que precise ser devidamente tratado. As indústrias são divididas em 18 segmentos: Indústrias Extrativas, Alimentos e Bebidas, Fumo, Têxtil, Vestuário, Calçados e Couro, Papel e Gráfica, Coque, Refino de Petróleo, Combustíveis Nucleares e Álcool, Produtos Químicos, Borracha e Plástico, Minerais Não-Metálicos, Metalurgia Básica, Produtos de Metal exclusive Máquinas e Equipamentos, Máquinas e Equipamentos exclusive Elétricos, Eletrônicos, de Precisão e de Comunicações, Máquinas e Aparelhos Elétricos, Eletrônicos, de Precisão e de Comunicações, Fabricação de Meios de Transporte e Fabricação de Outros Produtos da Indústria de Transformação (IBGE, 2001). Os efluentes de cada setor industrial possuem características próprias e distintas, que são resultados de especificidades de cada segmento e processo produtivo (LEITE, Valderi et al. 2014).
Como a blendagem poderia auxiliar estas indústrias? Existe uma miríade de tratamentos que podem ser realizados para o efluente industrial, processos biológicos, físicos e químicos. Cada qual tem suas vantagens e desvantagens, necessidades e produtos secundários. A ideia principal aqui apresentada é a possibilidade de que estes efluentes possam, após a realização de uma análise técnica adequada, serem utilizados em sua forma bruta para contrabalancear, auxiliar e talvez tratar efluentes com características complementares. Não se propõe utilizar a blendagem como forma única de tratamento, mas sim como um facilitador desses processos, visando reduzir consumo de insumos químicos, custo operacional, gerando economia de escala e propondo uma solução para muitas empresas que atualmente têm o efluente como um grande vilão do seu processo.
Um exemplo seria a utilização de efluentes ácidos para contrabalancear efluentes básicos. Entretanto, é preciso considerar outros contaminantes e seus devidos tratamentos, logística, disponibilidade, toxicidade e diversos outros pormenores. Este é o objetivo pelo qual se propõem este projeto, primeiro pesquisando os efluentes de diversas indústrias e posteriormente validando a possibilidade de utilização cooperativa de efluentes de uma ou mais indústrias em blend para aprimoramento comum de tratamento e/ou viabilização técnico- econômica de tratamentos melhores e mais eficientes.

2 Revisão de literatura
2.1 Geração de efluentes industriais

De acordo com a Norma Brasileira – NBR 9800/1987, efluente líquido industrial é o despejo liquido proveniente do estabelecimento industrial, compreendendo emanações de processo industrial, águas de refrigeração poluídas, águas pluviais poluídas e esgoto doméstico.
A utilização de água pela indústria pode ocorrer de diversas formas, como incorporação ao produto, lavagens de máquinas, tubulações e pisos, águas de sistemas de resfriamento e geradores de vapor, águas utilizadas diretamente nas etapas do processo industrial ou incorporada em produtos, esgotos sanitários dos funcionários. Exceto pelos volumes de águas incorporados aos produtos e pelas perdas por evaporação, as águas tornam-se contaminadas por resíduos do processo industrial ou pelas perdas de energia térmica, originando assim os efluentes líquidos (GIORDANO, 2002).
Os efluentes líquidos ao serem despejados com os seus poluentes característicos causam a degradação da qualidade nos corpos receptores e, consequentemente, a poluição ambiental. Historicamente o desenvolvimento urbano e industrial ocorreu ao longo dos rios devido à disponibilidade de água para abastecimento e possibilidade de utilizar os rios como corpo receptor dos dejetos. O fato preocupante é o aumento tanto das populações quanto das atividades industriais e o número de vezes que um mesmo rio recebe dejetos humanos e industriais (GIORDANO, 2002).
Por muito tempo não existiu a preocupação de caracterizar a geração de efluentes líquidos industriais e de avaliar seus impactos no meio ambiente. No entanto, a legislação vigente e a conscientização ambiental fazem com que algumas industrias desenvolvam atividades para quantificar a vazão e determinar a composição dos resíduos líquidos industriais. A vazão dos efluentes líquidos industriais está relacionada ao tempo de funcionamento de cada linha de produção e com as características do processo, da matéria prima e dos equipamentos, podendo ser constante ou bastante variada. (PEREIRA, 2002).
A variação horária das vazões permite a elaboração do Hidrograma de Vazões, que é utilizado para determinação das vazões mínima, média e máxima no período estudado. VON SPERLING (1995) comenta que a vazão de esgotos advinda dos despejos industriais é função precípua do tipo e porte da indústria, processo, grau de reciclagem, existência de pré-tratamento, etc. Dessa forma, mesmo no caso de duas industrias que fabriquem essencialmente o mesmo produto, as vazões de despejos podem ser bastante diferentes entre si. (VON SPERLING, 1995).
As características físicas, químicas e biológicas do efluente liquido industrial são variáveis com o tipo de indústria, com o período de operação, com a matéria prima utilizada, com a reutilização da água, entre outros fatores. Com isso, o efluente liquido pode ser solúvel ou com sólidos em suspensão, com ou sem coloração, orgânico ou inorgânico, com temperatura baixa ou elevada. (PEREIRA, 2002).
Entre as determinações mais comuns para caracterizar a massa liquida estão as determinações físicas, como temperatura, cor, turbidez, sólidos, entre outros fatores físicos. Também são caracterizadas pelas propriedades químicas como pH, alcalinidade, teor de matéria orgânica, metais, etc. Uma das determinações mais realizadas é a da matéria orgânica total, que pode ser biodegradável ou não. Para quantificar as concentrações de matéria orgânica total e de matéria orgânica biodegradável são realizadas as determinações da Demanda Química de Oxigênio – DQO e da Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO. (PEREIRA, 2002). 
Em um primeiro momento, pode-se pensar que são simples os procedimentos e atividades de controle na geração de efluentes em um empreendimento. Todavia, as diferentes composições químicas, físicas e biológicas, as variações nos volumes gerados em relação ao tempo de duração do processo produtivo, a potencialidade de toxicidade e dos diversos pontos de geração na mesma unidade de processamento recomendam que os resíduos sejam caracterizados, quantificados e tratados e/ou acondicionados, adequadamente, antes da disposição final ao meio ambiente.
O conhecimento da vazão e da composição do efluente liquido industrial possibilita a determinação das cargas de poluição/contaminação, o que é fundamental para definir o tipo de tratamento, avaliar o enquadramento na legislação ambiental e estimar a capacidade de autodepuração do corpo receptor.

2.2 Destinação e tratamento dos efluentes industriais
Os processos de tratamento a serem adotados, as suas formas construtivas e os materiais a serem empregados, são considerados a partir dos seguintes fatores: a legislação ambiental regional, o clima, a cultura do local, os custos de investimentos, custos operacionais, quantidade e qualidade do lodo gerado na estação de tratamento de efluentes industriais, qualidade do efluente tratado, explosões, geração de odor, interação com a vizinhança, confiabilidade para atendimento à legislação ambiental e possibilidade de reúso dos efluentes tratados (GIORDANO, 1999).
Um fator importante que determina o grau de controle da poluição por efluentes líquidos é a localização da indústria. Podemos citar por exemplo, o caso de uma indústria que esteja localizada em uma bacia hidrográfica de classe especial, que não poderá lançar nesta nem mesmo efluentes tratados. Nestes casos é necessário que além do tratamento, seja feito uma transposição dos efluentes tratados para outra bacia, logicamente, com maiores custos. Além de atender aos requisitos específicos para lançamento de efluentes, as características dos efluentes tratados devem ser compatíveis com a qualidade do corpo receptor.
No caso das águas residuárias, os efluentes industriais, águas pluviais e esgotos sanitários não devem ser coletados na mesma tubulação, pois isso dificulta e torna mais oneroso o tratamento e efluentes líquidos industriais, que passam a apresentar maior variação de vazão e composição ao longo do dia. O ideal é encaminhar as águas pluviais e esgotos sanitários diretamente para o sistema público de drenagem e o de esgotamento sanitário, respectivamente.
Por sua vez, os resíduos líquidos devem ser tratados na própria indústria, antes de serem encaminhados para a tubulação coletora de esgoto sanitário ou corpo receptor, sendo preciso quantificar a vazão e determinar a composição dessa massa líquida, a fim de definir o tipo do sistema de tratamento. (PEREIRA, 2002).
Para o tratamento de efluentes, faz-se necessário a escolha do tratamento adequado dependendo de alguns fatores como a remoção dos poluentes e a disponibilidade de área da empresa. Para se conseguir uma boa eficiência, o tratamento é dividido em etapas, sendo a primeira deles a etapa preliminar, seguindo o tratamento primário, secundário e terciário.
O blend de efluente proposto neste estudo, seria a etapa inicial do processo, realizando uma equalização dos efluentes e com base na eficiência deste processo. 
O objetivo dessa etapa é diluir volumes e neutralizar parâmetros como DBO, DQO e pH.

2.3 Legislação ambiental para tratamento de efluentes
A legislação é a primeira condicionante para um projeto de uma estação de tratamento de efluentes industriais, sendo importante ressaltar que as diferenças das legislações muitas vezes inviabilizam que uma estação mesma de tratamento que apresente sucesso em um local e em outro. A nível nacional, a Resolução CONAMA Nº 430/2011 rege as condições e padrões para descarte de efluentes.
Os parâmetros para controle da carga orgânica são aplicados de forma muito diferente, entre alguns Estados. No Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, a avaliação é feita utilizando-se os parâmetros DBO e DQO. Em relação a DBO a eficiência está diretamente ligada a carga orgânica em duas faixas: até 100 Kg DBO/d 70% e acima de 100 Kg DBO/d 90%. Em relação a DQO o controle é realizado por concentração existindo uma tabela na qual a tipologia da indústria é o indicador.
No Estado do Rio Grande do Sul as concentrações de DBO e DQO variam inversamente com a carga orgânica. Sendo assim quanto maiores as cargas orgânicas menores são as concentrações permitidas para lançamento.
No Estado de São Paulo o controle é realizado utilizando-se somente a DBO como parâmetro. É exigida a redução de carga orgânica de 80% ou que a DBO apresente concentração máxima de 60mg O2 /L. No Estado de Minas Gerais o controle é realizado de duas formas. Por concentração tanto da DBO quanto da DQO, sendo aplicados indistintamente para quaisquer indústrias. Os limites são 60 e 90 mgO2/L respectivamente. Por eficiência de redução da carga orgânica em relação a DBO mínima de 85% sendo atendidas em relação a DBO pelo menos uma das duas condições.
O Estado de Goiás limita a carga orgânica somente em relação a DBO, mas estabelecendo a concentração máxima de 60 mgO2 /L ou sua redução em 80%.
Nos demais Estados, inclusive no Paraná, onde será aplicado o piloto para utilização da plataforma ACQUANECT, o conceito é o mesmo do CONAMA sendo a carga orgânica controlada apenas no corpo receptor.

2.4 Características dos efluentes
2.4.1 Efluente sanitário

Nas indústrias as águas podem ser utilizadas de diversas formas. Além da utilização industrial da água, esta também é utilizada para fins sanitários, sendo gerados os esgotos que na maior parte das vezes são tratados internamente pela indústria, separados em tratamentos específicos ou até tratados conjuntamente nas etapas biológicas dos tratamentos de efluentes industriais. As águas residuárias, neste caso os esgotos sanitários, contêm excrementos humanos líquidos e sólidos, produtos diversos de limpezas, resíduos alimentícios, produtos desinfetantes e pesticidas. Principalmente excrementos humanos, originam-se os microrganismos presentes nos esgotos. Os esgotos sanitários são compostos de matéria orgânica e inorgânica. Os principais constituintes orgânicos são: proteínas, açúcares, óleos e gorduras, microrganismos, sais orgânicos e componentes dos produtos saneantes.
Os principais constituintes inorgânicos são sais formados de ânions (cloretos, sulfatos, nitratos, fosfatos) e cátions (sódio, cálcio, potássio, ferro e magnésio) (VON SPERLING, 1996).

2.4.2 Efluente industrial
De acordo com dados divulgados pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), as indústrias são responsáveis por cerca de 20% do consumo de água no mundo. No Brasil, segundo dados da Agência Nacional de Águas (ANA), esse percentual é de 9,1%.
Considerada um elemento essencial, seja como matéria-prima, para dissolver produtos químicos, ou no resfriamento e na lavagem de equipamentos e ambientes, a água é parte fundamental dos processos produtivos das indústrias brasileiras.
No entanto, a água que resulta de todos esses processos industriais se transforma em efluente, que geralmente é tóxico e contém elementos que poluem o meio ambiente. É por isso que, antes de ser descartado, esse resíduo deve ser tratado em uma Estação de Tratamento de Efluente (ETE), para que não contamine a rede de esgoto e as águas dos rios. Essa é, inclusive, uma exigência da legislação ambiental e o seu descumprimento pode gerar diversas sanções, como notificações,
multas e até paralisação da operação.
O odor nos efluentes industriais pode ser devido à exalação de substâncias orgânicas ou inorgânicas devidas a: reações de fermentação decorrentes da mistura com esgoto (ácidos voláteis e gás sulfídrico); aromas (indústria farmacêutica, essências e fragrâncias); solventes (indústria de tintas, refinarias de petróleo e polos químicos); amônia do chorume.
A cor dos efluentes é outra característica controlada pela legislação ambiental.
O lançamento de efluentes coloridos atrai a atenção de quem estiver observando o corpo hídrico. A cor no ambiente é a cor aparente, composta de substancias dissolvidas (corantes naturais ou artificiais) e coloidais (turbidez).
As características físico químicas são definidas por parâmetros sanitários que quantificam os sólidos, matéria orgânica e alguns componentes orgânicos ou inorgânicos. Os compostos com pontos de ebulição superiores ao da água serão sempre caracterizados como componentes sólidos (VON SPERLING, 1996).
 
3 Metodologia
3.1 Os “blends” de efluentes como forma de redução dos custos industriais

Os blends de efluentes, são uma mistura de dois ou mais efluentes os quais possuem propriedades distintas e quando misturados, geram um pré tratamento, otimizando a economia de água, energia e matérias primas, promovendo controle de insumos e produtos durante o tratamento. Esse novo efluente, resultante da mistura de outros efluentes distintos e complementares, pré-tratado e neutralizado, provavelmente, terá um custo de tratamento inferior em relação ao tratamento dos efluentes iniciais sem se misturarem.
O tratamento de efluentes sanitários e industriais é fundamental para garantir  a qualidade da água dos aquíferos, rios, reservatórios, oceanos e consequentemente as vidas aquáticas, seus respectivos ecossistemas, além da disponibilidade para as atividades humanas, qualidade de vida e equilíbrio do planeta. No entanto, esse processo pode ser bastante oneroso, considerando custos de tratamento in loco, os quais englobam principalmente investimentos em estações de tratamento, insumos, operadores e licenciamentos ambientais, ou tratamento externo, considerando
transporte e tratamento terceirizado. Esses processos podem inviabilizar empreendimentos, dependendo do volume de efluente gerado, complexidade do efluente e logística de transporte. Com a possibilidade de unir efluentes que se complementem, os custos desses processos podem reduzir significativamente, além da possibilidade de ganhar escala para otimizar transportes e barganhar melhores condições comerciais com empresas que realizam o tratamento externo. Outra possibilidade interessante, é gerar um negócio paralelo, agregando valor e melhor aproveitamento dos investimentos realizados com boas tecnologias de estações de tratamento de efluentes, por exemplo: um aterro industrial cujo negócio primário é receber e destinar resíduos sólidos, precisa ter uma estação de tratamento para tratar o efluente (chorume) gerado no seu processo. Se esse aterro industrial investir em uma estação de tratamento eficiente e dimensionada para vazão superior a vazão do efluente gerado, este aterro poderá receber efluentes de outras empresas, gerando um negócio secundário, agregando valor e viabilizando esse processo. Esse mesmo exemplo pode ser aplicado para qualquer segmento. A plataforma proposta permitirá que os empreendimentos consigam encontrar onde estão instalados outros empreendimentos geradores de efluentes e saber seus respectivos volumes e características.
Efluentes de esgoto sanitário, por exemplo, podem apresentar alta concentração de patógenos, assim como altas cargas de contaminantes químicos provenientes de produtos domésticos de limpeza, cosméticos, higiene pessoal e remédios. Similarmente ao resíduo doméstico, a natureza da atividade industrial, como o tipo de processo produtivo e insumos utilizados, determina a composição do efluente industrial.
Verificam-se maiores concentrações de zinco, chumbo e níquel em efluentes sanitários municipais do que em industriais alimentícias, como fabricação de fermento e comida enlatada, de um distrito industrial. Em efluentes de abatedouro, ocorre o mesmo que em efluentes domésticos, ou seja, alta concentração de contaminantes microbiológicos. Indústrias de galvanoplastia, curtumes, indústria farmacêutica, fundições, lavanderias, indústrias de corantes e pigmentos, são exemplos de indústrias com alta concentração de metais pesados em seu efluente. (PEREIRA, 2002).
Dessa forma, devido à grande variação de indústrias brasileiras, bem como efluentes domésticos e sanitários, torna-se interessante para as empresas realizar o blend de efluentes, gerando economia no tratamento, aquisição de insumos, produtos e matéria prima.

3.2 Matriz de coeficientes técnicos de blend de efluentes
A matéria orgânica contida nos efluentes normalmente é medida pela demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e demanda química de oxigênio (DQO). A DBO mede a quantidade de oxigênio necessária para que os microrganismos realizem a biodegradação da matéria orgânica. A matéria orgânica ao ser biodegradada nos corpos receptores causa decréscimo da concentração de oxigênio dissolvido (OD) no meio hídrico, deteriorando a qualidade ou inviabilizando a vida aquática (GIORDANO, 2009).
O nitrogênio e o fósforo são elementos presentes nos esgotos sanitários e nos efluentes industriais e são essenciais para diversas formas de vida, causando problemas devido às proliferações de plantas aquáticas nos corpos receptores, quando lançados em excesso. Nos esgotos sanitários, esses dois componentes são provenientes de excrementos humanos, mas sua principal fonte vem dos produtos de limpeza domésticos e industriais, como detergentes e amaciantes de roupas. (VON SPERLING, 1996).
No tratamento biológico, para que as bactérias possam crescer e se multiplicar é necessário existir um tratamento adequado, tendo uma relação específica de nutrientes. Para tanto, os principais nutrientes estudados são a quantidade de carbono orgânico total (COT), nitrogênio e fósforo.
A quantidade que a bactéria necessita para ter um bom desenvolvimento é de 100 de carbono para 5 de nitrogênio para 1 de fósforo. No caso dos efluentes sanitários e industriais, os laboratórios não realizam a análise de carbono orgânico total. Quando é feita uma análise laboratorial, o parâmetro medido é DBO e DQO. 
A DQO – Demanda Química de Oxigênio é o parâmetro que mede a cargaorgânica de nutrientes presentes no efluente, ou seja, além do carbono orgânico total também é medido hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, etc.
Dessa forma, para que a bactéria se desenvolva bem gerando economia de outros nutrientes como ácido fosfórico, etanol e ureia é necessário que a relação seja 200 de DBO para 5 de nitrogênio e 1 de fósforo.

3.3 Criação da plataforma web
A criação de uma plataforma web tem por objetivo realizar uma ligação entre as indústrias que realizarem o cadastro na plataforma, visando a redução de custos no tratamento do seu respectivo efluente industrial.
Para isto, será utilizado as tecnologias HTML (a linguagem de marcação de hipertexto) e CSS3 (folhas de estilo em cascata), duas tecnologias para a construção de páginas da web. HTML fornece a estrutura da página, CSS o (visual e auditiva) layout, para uma variedade de dispositivos. Junto com gráficos e scripts, HTML e CSS são a base da construção de páginas da web e de aplicativos da web.
A apresentação da plataforma será algo que passe a ideia de moderno, inovador e de fácil utilização, de modo que o responsável pelo cadastro não tenha dificuldades em realizar o mesmo.
Cada indústria terá um login e senha integrado com o seu cadastro na plataforma, onde o banco de dados irá receber os dados de cadastro e todo o controle de segurança passa a ser realizado pela plataforma. O cadastro da indústria não poderá ser anônimo, mas suas informações serão divulgadas somente após aprovação do empreendimento e pagamento do interessado à plataforma. Caso a indústria A queira contato com a indústria B, ambas cadastradas na plataforma, deverá acionar o suporte do sistema para que ocorra essa liberação e as indústrias consigam conversar entre si.
Após o login na plataforma, será exibida uma página inicial contendo todos os serviços disponíveis à indústria cadastrada. Os serviços disponíveis serão:
• Banco de dados dos empreendimentos/efluentes cadastrados;
• Frete para transportar efluentes (terceirizado);
• Consultoria para projetar estações de tratamento de efluentes;
• Consultoria para entendimento de parâmetros aceitos para cada estado/legislação;
• Consultoria para analisar e propor melhores soluções para destinação de efluentes.
O principal módulo da plataforma será o Portal de Serviços Web, onde as empresas poderão se conectar com outras empresas. Por meio do pagamento de um valor, a empresa cadastrada, terá acesso ao banco de dados disponibilizado na plataforma e dessa forma conseguirá contactar com a empresa a qual o seu efluente pode haver sinergia.
Será disponibilizado uma página onde a empresa irá selecionar o tipo de serviço desejado e, com base no endereço informado, serão exibidas todas as empresas cadastradas na proximidade.
Outra funcionalidade da plataforma web será o canal de comunicações com a área técnica dela, ou seja, caso a opção de contato com outra empresa não seja disponibilizada, será criado um processo de comunicação entre a empresa e a área técnica da plataforma, onde todo o processo de contato, consultoria, troca de mensagens, problemas, feedback, serão registrados.
O sistema irá disponibilizar uma lista pré-definida de tipos de efluentes que tenham conexão, ou seja, se equilibrem, facilitando o entendimento de usuários do sistema que não possuam conhecimento técnico profundo sobre processos de tratamento de efluentes.
 
4 Apresentação dos resultados
4.1 Os coeficientes técnicos de efluentes para produção de blends

Para que a produção do blend de efluentes gere uma economia de insumos, produtos e matéria prima é necessário seguir a matriz de coeficientes técni cos, ou seja, quais parâmetros físicos, químicos ou biológicos, combinados, irão gerar essa economia. Para que as bactérias possam crescer e se multiplicar é necessário ter uma relação especifica de nutrientes, principalmente carbono, fósforo e nitrogênio. Como normalmente, as análises laboratoriais dos efluentes são feitas considerando a Demanda Química de Oxigênio, utiliza-se a relação de 200 mg/l de DQO para 5 mg/l de nitrogênio e 1 mg/l de fósforo. Com base nessa relação especifica de nutrientes, foi criada a matriz de coeficientes técnicos, a qual conforme análises laboratoriais e algoritmo pré programado do sistema web, irá indicar a melhor empresa para realizar o blend de efluente. Figura 1.
Observa-se na matriz dos coeficientes técnicos, que para 5.000 mg/l de DQO, será necessário a quantidade de 125 mg/l de nitrogênio total e 25 mg/l de fósforo total. Esses valores são necessários para que as bactérias tenham um alto desenvolvimento e crescimento, dessa forma, gerando economia de produtos como ácido fosfórico, ureia e etanol, compostos de alto custo no tratamento dos efluentes.

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4.2 Estudo de caso
Foi desenvolvido uma plataforma web, onde geradores de efluentes podem cadastrar seus efluentes com respectivos volumes, parâmetros e localização. Essas informações são armazenadas em banco de dados que permite correlacionar efluentes com características complementares a fim de possibilitar a equalização e equilíbrio dos principais parâmetros, de forma a viabilizar tecnicamente o pré- tratamento, reduzindo custos. A plataforma foi testada e validada com testes.
As Figuras 2 e 3 são as funcionalidades disponíveis na plataforma:

Desenvolvimento de plataforma web como solução para redução de custos e correto tratamento e destinação final de efluentes industrias

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Antes mesmo do gerador se cadastrar na plataforma, o mesmo poderá visualizar as vantagens em utiliza-la. Como vantagens podemos destacar a conexão entre os geradores de efluentes, redução de custos, uma segunda renda bem como compatibilidade através do banco de dados do sistema.

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Após o cadastro na plataforma, o usuário será direcionado para a página de login abaixo:

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Após o cadastro, o usuário poderá visualizar as funcionalidades do sistema e seus dados cadastrados, conforme apresentado na Figura 8.

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Na aba “simule seu Match”, o usuário poderá realizar a simulação por efluente ou até mesmo pelos parâmetros. Dessa forma, o mesmo deverá cadastrar os parâmetros fundamentais para o blend, ou seja DQO, NT e PT, e posteriormente a plataforma indicará quais são os efluentes dos quais haverá possibilidade de realizar o blend.

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Na aba “planos disponíveis”, o usuário poderá verificar quais são os planos bem como suas funcionalidades e valores, conforme apresentado nas figuras 11 e 12:

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5 Considerações Finais
A geração e controle de efluentes em empreendimentos industriais desperta grande interesse nas empresas, pois está diretamente relacionada com a segurança e proteção ao meio ambiente, gerando multas ambientais elevadas para empresas que não cumprem integralmente a legislação.
Por esse motivo, a expansão do setor industrial precisa ser acompanhada de medidas que garantam a qualidade e segurança aos corpos hídricos, a ser conseguido com a elaboração de estudos e a implementação de medidas que evitem qualquer tipo de poluição e/ou contaminação no meio ambiente.
Por outro lado, o elevado custo para tratamento dos efluentes das empresas exige medidas e procedimentos que reduzam o consumo e custos de produtos, insumos e matérias primas. Assim, a realização do blend de efluentes aparece como um procedimento promissor para redução dos custos operacionais, ou seja, energia elétrica, matéria prima e mão de obra, principalmente.
Para tanto, é preciso que sejam implementadas ações para quantificar e caracterizar os efluentes industriais, de modo a definir os sistemas de tratamento ou condicionamento mais adequados. Com isso, as empresas terão segurança de que a destinação final dos seus efluentes não ocasionará problemas de contaminação ambiental, estará cumprindo a legislação especifica vigente e atenderá expectativas quanto a futuro transtornos com passiveis ambientais.
Assim, torna-se atraente o uso do blend de efluentes como um tratamento preliminar do efluente gerado pelas empresas. 

 

Guilherme Augusto Garcia Geronasso
Universidade Federal do Paraná


Referências Bibliográficas 

BUXMANN, P.; HESS, T.; RUGGABER, R. Internet of services. Business & Information Systems Engineering, Springer, v. 1, n. 5, p. 341, 2009.

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