Como o crescimento populacional afeta a demanda e o tratamento de água no Brasil

O crescimento populacional precisa ser considerado no planejamento do setor. Ocupação desordenada e expansão urbana sem planejamento dificultam implementar redes de abastecimento e esgotamento sanitário. Assim como as perdas de água para atender


O crescimento populacional precisa ser considerado no planejamento do setor. Ocupação desordenada e expansão urbana sem planejamento dificultam implementar redes de abastecimento e esgotamento sanitário. Assim como as perdas de água para atender ao aumento da demanda devem ser corrigidas para aumentar o aporte sem necessitar de captação maior de água. E acelerar os investimentos no saneamento básico para atingir as metas do Marco Legal do Saneamento, principalmente em relação à coleta e ao tratamento de esgoto, ainda em baixas porcentagens de atendimento no País.
“Para enfrentar os desafios do crescimento populacional, o Brasil precisa investir na expansão e modernização da infraestrutura de saneamento, garantir a segurança hídrica e integrar o saneamento ao planejamento urbano” – afirma Ilana Ferreira, superintendente técnica da Abcon Sindcon, Associação e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto. Segundo ela, o alinhamento entre os Planos Municipais de Saneamento Básico (PMSB) e as políticas habitacionais e ambientais evita a criação de áreas sem infraestrutura adequada. 
Com o aumento do número de habitantes, a pressão é crescente sobre os recursos hídricos, exigindo maior captação, tratamento e distribuição de água, além da expansão das redes de coleta e tratamento de esgoto. “A infraestrutura precisa acompanhar esse crescimento para garantir a universalização dos serviços e evitar problemas ambientais e de Saúde Pública da falta de saneamento adequado” – explica Ilana. 

Percentuais 
Estudos da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) indicam que a demanda por água no Brasil pode crescer 24% até 2030. “Esse aumento torna primordiais a adoção de políticas de uso sustentável dos recursos hídricos e os investimentos contínuos na expansão e modernização dos sistemas de abastecimento e esgotamento sanitário” – aponta Ilana.
Ilana cita projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de que a população brasileira deve crescer quase 3% até 2033, prazo que a Lei nº 14.026/2020, do Marco Legal do Saneamento, prevê universalizar os serviços e garantir que 99% da população tenha acesso à água potável e 90% à coleta e tratamento de esgoto. Dados da PNAD 2023, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, indicam que 85,9% dos domicílios brasileiros possuem acesso à rede de água, enquanto apenas 69,9% estão conectados à rede de esgoto. “Esses números mostram que é preciso acelerar os investimentos para que o Brasil alcance as metas do Marco Legal” – pontua Ilana.
No Estado de São Paulo, segundo o Instituto Trata Brasil, a previsão de crescimento da demanda por água é de cerca de 11% nos próximos 20 anos. “O aumento populacional, o desenvolvimento econômico e o aumento das temperaturas impulsionam este crescimento. A Sabesp está atenta a essas mudanças e tem investido em obras de saneamento para atender à futura demanda de água” – menciona Marcel Costa Sanches, diretor de planejamento e projetos de engenharia da Sabesp.
A Sabesp elabora cenários de evolução das demandas de água com base em projeções demográficas, considerando os censos demográficos realizados pelo IBGE a cada 10 anos e as características regionais. “A partir desses estudos, procede-se com análises e monitoramentos, ao longo do tempo, do comportamento das demandas diante da capacidade de produção de água tratada instalada a fim de identificar e propor soluções para mitigar problemas entre demanda e oferta de água” – relata Sanches.

Como o crescimento populacional afeta a demanda e o tratamento de água no Brasil

Estatísticas da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) mostram que, em 2022, 12% das residências no País, ou seja, 8,916 milhões de moradias não estavam ligadas à rede de água tratada, afetando 27,270 milhões de pessoas. 35% delas, o que equivale a 3,117 milhões de residências, situavam-se nos Estados do Nordeste.
A PNADC mostra ainda que, em 2022, 30,8% das residências no Brasil não acessavam rede de esgoto, ou seja, 22,832 milhões de domicílios, sendo 42,7% delas na Região Nordeste. A falta de saneamento também é comum na Região Norte, áreas rurais, cidades do interior, periferias e assentamentos precários.

Dois tipos de aumento
Segundo Luana Pretto, presidente-executiva do Trata Brasil, são dois tipos de aumento da demanda por água no Brasil. “Um aumento da demanda de água tanto pela população estar crescendo quanto pela mudança nos hábitos de consumo de água que elevam o consumo médio maior a cada ano para cada cidadão do País. Estes dois fatores trazem demanda por volume maior de água e necessidade de captação e produção maior de água” – revela.
Luana explica os dois tipos de aumento da demanda de água pelos números estatísticos. “O crescimento populacional no Brasil tem tido taxa de 0,52% ao ano. A média de consumo de água aumentou muito mais em percentual do que a taxa de crescimento populacional anual. De 2021 para 2022, aumento do consumo médio de água no Brasil de 129 litros por habitante por dia para 156 litros por habitante por dia – taxa de crescimento de 20% em um ano” – ilustra.

Perdas de água
Investir na diminuição das perdas de água no Brasil, que chegam ainda a 40%, como uma das soluções. “Investimentos para redução de perdas de água no Brasil para que esse crescimento tanto populacional quanto por demanda de água não impacte o meio ambiente com mais captação de água e produção e, sim, que a necessidade de água possa ser suprida pela redução no volume de perdas. Esse volume passa a chegar à casa do cidadão e ser consumido de maneira adequada” – destaca Luana.

Como o crescimento populacional afeta a demanda e o tratamento de água no Brasil

Perdas de água são a diferença entre:
• Água Produzida X Água Efetivamente Consumida, com perdas reais ou aparentes;
• Perdas reais: vazamentos e rompimentos em tubulações, extravasamentos em reservatórios; 
• Perdas aparentes: uso não autorizado da água, como fraudes e ligações clandestinas.

Ocupações e infraestrutura
Ocupação desordenada e expansão urbana sem planejamento dificultam ainda mais implementar redes de abastecimento e esgotamento sanitário. “Sem a devida articulação entre saneamento, planejamento urbano e habitação, surgem áreas onde a infraestrutura não consegue acompanhar o crescimento demográfico” – pontua Ilana, da Abcon Sindcon. Para ela, é fundamental o alinhamento entre as Políticas Públicas e os Planos Municipais de Saneamento Básico para que novas ocupações sejam planejadas de forma sustentável com a infraestrutura de saneamento prevista desde o início.
“A regularização de ocupações e os investimentos na infraestrutura da rede diminuem o desperdício de água, eliminando vazamentos clandestinos e melhorando a eficiência do sistema” – diz Sanches, da Sabesp.

Demandas regionais
Consumo de água em cada uma das regiões brasileiras. “A Região Sudeste é a maior em consumo de água pela população, são 212 litros por habitante por dia. A Região Norte tem o menor consumo de água, com 99 litros por habitante por dia, e também o menor percentual de acesso à água tratada, apenas 64% da população tem água tratada” – expõe Luana, do Trata Brasil.
As regiões do Brasil exibem realidades distintas de crescimento populacional e de infraestrutura de saneamento, exigindo estratégias adaptadas para cumprir as metas de universalização. “A expansão da infraestrutura de saneamento nessas regiões precisa considerar o crescimento populacional e os desafios específicos de cada localidade, como mudanças climáticas, disponibilidade hídrica e planejamento territorial” – afirma Ilana, da Abcon Sindcon.

Como o crescimento populacional afeta a demanda e o tratamento de água no Brasil

Sudeste
Cenário: conforme dados da PNAD 2023, a infraestrutura de abastecimento de água nesta região é mais consolidada: atende 89,1% dos domicílios.
Ação: a alta densidade populacional exige investimentos na modernização dos sistemas e na ampliação da coleta e tratamento de esgoto. 
Crescimento populacional até 2033: de apenas 1,5%, região com a menor projeção, conforme estimativa do IBGE.

Nordeste
Cenário: a irregularidade hídrica é preocupação constante: 81,1% dos domicílios têm acesso à rede de água, mas apenas 50,8% estão ligados à rede de esgoto. 
Ação: este cenário evidencia precisar de investimentos prioritários para ampliar a cobertura do saneamento na região. 
Crescimento populacional até 2033: de 1,5%.

Norte
Cenário: apenas 60,4% dos domicílios são atendidos pela rede de água e 32,7% possuem coleta de esgoto.
A abundância de recursos hídricos contrasta com as dificuldades de distribuição e tratamento de água devido à dispersão populacional e às limitações da infraestrutura.
Ação: os números da região indicam a urgência de expansão dos serviços. 
Crescimento populacional até 2033: de 5,6%. Esta é uma das regiões com maior projeção devido às taxas de fecundidade mais elevadas que outras regiões.

Centro-Oeste
Cenário: 89,1% dos domicílios acessam a rede de água, mas apenas 61,0% estão ligados à rede de esgoto. 
Ação: precisa ampliar a infraestrutura sanitária para acompanhar o desenvolvimento econômico da região.
Crescimento populacional até 2033: é de 7,9%, região com a maior projeção, justificada, principalmente, pelo saldo migratório positivo.

Sul 
Cenário: a cobertura da rede de abastecimento de água atinge 88,5% dos domicílios, com apenas 68,3% dos domicílios atendidos por esgotamento sanitário. 
Ação: a universalização do esgotamento sanitário ainda é um desafio nesta região.
Crescimento populacional até 2033: de 4,6%.
Fontes: IBGE e PNAD 2023, citados pela Abcon Sindcon.

Áreas urbanas e rurais
O crescimento populacional está associado à expansão urbana desordenada, que compromete a implementação de redes de abastecimento e a coleta de esgoto, agravando a desigualdade no acesso aos serviços. “A falta de planejamento urbano adequado, aliada à ausência de regularização fundiária, impede que os operadores consigam atuar de forma eficiente, resultando em ocupações sem atendimento adequado pelas redes formais de saneamento” – ressalta Ilana.
O atendimento em áreas rurais e comunidades isoladas tem desafios adicionais. “Muitas localidades do interior do Brasil ainda carecem de soluções individuais adequadas. A dispersão geográfica dessas populações inviabiliza a expansão das redes tradicionais, tornando fundamental a adoção de modelos adaptados à realidade local, como sistemas comunitários de abastecimento e estações compactas de tratamento de esgoto” – expõe.
De acordo com Ilana, o alinhamento entre os Planos Municipais de Saneamento Básico e as diretrizes de desenvolvimento territorial é essencial para que a infraestrutura de água e esgoto acompanhe a expansão das cidades e a universalização dos serviços seja concretizada.

Integração
Devido ao crescimento populacional e às mudanças climáticas, o desafio central é a segurança hídrica. “O aumento do consumo pressiona os mananciais em regiões de escassez hídrica ou com distribuição desigual dos recursos, reforçando a importância da integração entre políticas públicas para mitigar esses impactos” – menciona Ilana.
A crescente demanda por água e esgotamento sanitário exige integração da: 
• Ampliação da infraestrutura;
• Modernização dos sistemas de distribuição; 
• Gestão eficiente dos recursos hídricos;
• Adaptação dos serviços para atender áreas urbanas, rurais e isoladas.
Na opinião de Ilana, a universalização do saneamento no Brasil depende de ações coordenadas entre governos, operadores de saneamento e sociedade para que o crescimento populacional ocorra sustentável.

Segurança jurídica
O cumprimento das metas do Marco Legal do Saneamento exige investimentos contínuos e ambiente regulatório estável que garanta segurança jurídica para a participação do setor privado. “A parceria com o setor privado acelera a expansão dos serviços com maior eficiência operacional, inovação tecnológica e otimização da gestão dos recursos hídricos” – destaca Ilana.
“O fortalecimento do planejamento setorial, da regulação e da segurança jurídica é determinante para atrair investimentos e garantir a expansão dos serviços, beneficiando a população com maior qualidade, eficiência e rapidez na execução dos projetos” – enfatiza.

Maior necessidade
O crescimento populacional aumenta a demanda de água potável. “Dependendo da intensidade do aumento, poder-se-á necessitar ampliar a capacidade de uma ou mais etapas e, em casos extremos, buscar outros mananciais de água bruta para reforçá-lo ou até mesmo implantar novo sistema de abastecimento” – menciona Sanches, da Sabesp. 

Como o crescimento populacional afeta a demanda e o tratamento de água no Brasil

O crescimento populacional impacta na demanda por água tratada devido à maior necessidade de abastecimento de água e ampliação dos serviços de tratamento, conforme dados do IBGE (1).

Como o crescimento populacional afeta a demanda e o tratamento de água no Brasil

A Sabesp responde a essas demandas com investimentos contínuos: 
• Na expansão e modernização das infraestruturas de captação, tratamento, preservação e distribuição e na melhor gestão do sistema;
• No combate às perdas de água por vazamentos e conexões clandestinas; 
• Ênfase em tecnologias inovadoras;
• Capacitação de profissionais; 
• Gestão eficiente e sustentável dos recursos hídricos para minimizar impactos ambientais e socioeconômicos.
A Figura mostra a população residente por setor censitário dos municípios operados pela Sabesp. 

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Outros fatores
Isoladamente, o fator crescimento populacional não se configura um problema, segundo Sanches, da Sabesp, mas ao levar em conta outros fatores, como disponibilidade hídrica local, forma de ocupação ordenada ou desordenada, distribuição geográfica, outros concorrentes de demanda, como atividades rurais, comerciais, públicas e/ou industriais, podem ser necessárias adequações e/ou ampliações do sistema ou implantação de novo sistema de abastecimento.
A Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, por exemplo, que corresponde à Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos 06, coincide com cerca de 70% da Região Metropolitana de São Paulo, representando 99,5% de sua população, região que possui densidades demográficas e taxas de urbanização elevadas. Em 2022, a disponibilidade da água per capita foi de 125m³/hab.ano, valor muito inferior ao valor mínimo estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) de >2.500m³/hab.ano (2). 

Captação maior 
Problemas do aumento da população e de consumo de água. “Passamos a ter que captar mais água. O manancial que está perto da população não suporta mais toda essa captação de volume maior de água. Encarece os serviços, porque a água passa a precisar ser buscada a maiores distâncias, o que tem custo de bombeamento e instalação de adutoras” – analisa Luana. 
Esse aumento da população gera volume maior de esgoto. Quando não coletado e tratado, o esgoto contaminará os mananciais, trazendo maior dificuldade no tratamento de água. “Precisamos pensar na coleta e tratamento de esgoto porque todas as pessoas automaticamente vão gerar esgoto que traz contaminação maior aos mananciais” – alerta.
As próprias mudanças climáticas pioram a qualidade de água. “O excesso de calor tem trazido maior proliferação de microrganismos. A evapotranspiração de mananciais faz com que a carga orgânica fique menos diluída, gerando maiores dificuldades para o tratamento de água. Precisamos avançar em relação à redução de perdas para que a demanda de água vinda do crescimento populacional possa vir da redução de perdas e não apenas do aumento da captação e do volume do tratamento de água” – avalia Luana.  


Como o crescimento populacional afeta a demanda e o tratamento de água no Brasil

Ondas de calor
Sobre as ondas de calor que temos vivido no País, o Trata Brasil publicou recentemente um estudo que fala das mudanças climáticas e do excesso de ondas de calor na Região Sul, Sudeste e Norte que aumentam o consumo de água pela população. “As estações de tratamento de água precisam ter folga necessária para produzir mais água, tanto pelas intermitências nos mananciais vindos dos eventos climáticos extremos quanto pelo crescimento populacional e aumento do consumo da população individualmente por hábitos, muitas vezes, que não visam reduzi-lo nem ao consumo consciente de água” – adverte Luana.

Tratamento de água
 “Devido aos desafios de ter mananciais contaminados e um consumo maior, precisamos pensar em tecnologias que sejam eficientes para tratar a água” – enfatiza Luana. (ver também nesta edição matéria de Tecnologias digitais, Internet das Coisas e Inteligência Artificial potencializam tratamento de água potável). Fazem parte dos sistemas de abastecimento as etapas de captação de água bruta, Estações de Tratamento de Água (ETAs), água tratada por processos físico-químicos, bombeamento de água tratada para reservatórios e distribuição aos consumidores. 
Para atender à Portaria do Ministério da Saúde, a água potável passa por diversos tratamentos nos sistemas convencionais: coagulante, acerto de pH, oxidante (pré-oxidação), floculação, decantação convencional ou acelerada tubular/laminar com placas, oxidante (interoxidação), filtração direta descendente ou ascendente, desinfetante com cloro residual livre. 
Ultrafiltração está entre os processos mais modernos. “Ultrafiltração substitui decantação e filtração. É filtração direta na qual a água bruta é condicionada e ‘forçada’ a passar pressurizada pelos filtros de membrana” – explica Francisco Carlos Oliver, diretor técnico comercial da Fluid Feeder.
Desafios hoje para tratar água potável por conta de contaminantes emergentes, poluição das águas etc. “Há grande poluição dos nossos mananciais, rios e represas devido aos poluentes com nutrientes com grande crescimento de algas micro e unicelulares que podem contaminar as águas com MIB, Geosmina e cianotoxinas, entre outras. Além de proliferar o crescimento desordenado de algas vegetativas tipo macrófitas, que podem obstruir sistemas de captação de água para tratamento” – discorre Oliver.
Para combatê-los, emissores de ultrassom inibem o crescimento das algas micro e unicelulares pela inativação de sua mobilidade. Barreiras direcionam as algas vegetativas e embarcações especiais as coletam e transportam. Este sistema transforma macrófitas em fertilizante à base de algas, tornando-o técnica sustentável. A Fluid Feeder disponibiliza estas tecnologias no Brasil.  
O que mudou nos equipamentos de tratamento de água potável. “Com a Ultrafiltração, Processos de Oxidação Avançada (POAs), que combinam filtros de membrana com oxidação e desinfecção por eletricidade e outras, alcançamos tratamento de águas poluídas de tal modo que com os convencionais não seria possível” – relata Oliver.

Como o crescimento populacional afeta a demanda e o tratamento de água no Brasil

Novas tecnologias digitais e Inteligência Artificial impactam no tratamento de água potável. “Tecnologias digitais e IA informam mais assertivo qualidade e quantidade nos processos e o momento em que se deve fazer a intervenção adequada. Previnem e antecipam ocorrências e até desastres naturais, além de manter o padrão de qualidade, o que é benéfico aos consumidores” – comenta Oliver. A Fluid Feeder, por intermédio de seus parceiros externos, disponibiliza ao mercado Software as a Service (Saas), fornecimento de equipamentos, comunicação por rede de celular, software e sistema de gestão dos ativos.
Leis exigentes e foco em sustentabilidade requerem novidades para atender melhor ao tratamento de água potável. Oliver diz que para atender à Anvisa sobre novos parâmetros e/ou restrição de valores de parâmetros exigidos na lei, dispõem-
se pelo SaaS de sistemas de medição e controle on-line, em tempo real, de parâmetros dos mananciais e de processos, tais como Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), Demanda Química de Oxigênio (DQO), Sólidos Suspensos Totais (TSS), Carbono Orgânico Total (COT), Carbono Orgânico Dissolvido (COD), Benzeno, Tolueno e Xileno (BTX), turbidez etc.   

Expansões e modernizações 
O Estado de São Paulo é o mais populoso do País, em 2024, chegou a cerca de 46 milhões de pessoas. Os desafios são grandes nas cidades atendidas pela Sabesp, principalmente em regiões de concentração populacional que geram demanda muito acima da disponibilidade hídrica. Para mitigar problemas futuros, a Sabesp elabora diversos estudos, tais como Planos Diretores, Estudo de Segurança Hídrica da Macrometrópole Paulista, para identificar quando poderia ocorrer superexploração do sistema de abastecimento de água e propor soluções para minimizá-la.
A rápida urbanização pressiona a infraestrutura existente, que precisa de constantes expansões e modernizações das redes de distribuição e tratamento de água. A desigualdade social em áreas periféricas e rurais é obstáculo adicional, onde garantir acesso universal a serviços de água potável e saneamento básico é objetivo crucial, mas desafiador (3). 
A inovação tecnológica aumenta a eficiência e a sustentabilidade dos serviços prestados e exige investimentos em tecnologias avançadas, renovação de ativos e capacitação profissional. Esses desafios requerem o envolvimento do governo, da sociedade civil e do setor privado.

Ações 
A Sabesp trabalha com previsibilidade de, no mínimo, 30 anos para identificar os momentos apropriados para ampliar o sistema de abastecimento por meio de ferramentas de planejamento, tais como modelos matemáticos para simulações de situações futuras de demandas de água, devido ao crescimento populacional e demais usos rurais e industriais, confrontando-se com a infraestrutura existente.
As soluções a serem adotadas são específicas para cada sistema e município. Sanches cita que, para aumentar a segurança hídrica da RMSP, sistemas produtores foram flexibilizados e novos aportes de água estão sendo concluídos, como a reversão do Rio Sertãozinho na Bacia do Itapanhaú para a represa de Biritiba-Mirim com objetivo de aumentar a oferta hídrica no sistema produtor Alto Tietê.
Para enfrentar o crescimento populacional e atender à demanda crescente por tratamento de água, a Sabesp está implementando várias soluções nas cidades atendidas. “São medidas que visam garantir à população acesso contínuo à água potável de qualidade e ao tratamento do esgoto de forma adequada” – afirma Sanches. 
Entre as principais ações da Sabesp nas cidades atendidas no Estado de São Paulo, destacam-se: 
• Expansão e modernização das redes de distribuição de água e esgoto;
• Investimentos em tecnologias avançadas de tratamento de efluentes;
• Redução de perdas na distribuição de água;
• Universalização do saneamento básico até 2029;
• Revitalização de mananciais e rios; 
• Regularização de ocupações;
• Investimentos em inovação e eficiência energética para garantir a sustentabilidade dos recursos hídricos. 
 
Contatos
Abcon Sindcon: www.abconsindcon.com.br
Fluid Feeder: www.fluidfeeder.com.br
Sabesp: www.sabesp.com.br
Trata Brasil: www.tratabrasil.org.br

 

Referências bibliográficas:

1 CAPARICA, Anselmo. SP1, G1, 26 ago. 2020. Demanda por água em São Paulo vai crescer 11% em 20 anos, aponta estudo do Instituto Trata Brasil. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/08/26/demanda-por-agua-em-sp-vai-crescer-11percent-em-20-anos-aponta-estudo-do-instituto-trata-brasil.ghtml.

2 FABHAT –  FUNDAÇÃO AGÊNCIA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO ALTO TIETÊ. Relatório de Situação dos Recursos Hídricos 2023 – Bacia Hidrográfica do Alto Tietê – URGI 06, ano Base 2022, outubro/2023.

3 KANASHIRO, Victor; JACOBI, Pedro Roberto. Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP), Cidades Globais, 25 jun. 2024. Desafios do saneamento em SP e alternativas à privatização: por uma agenda de governança ambiental frente às mudanças climáticas. Disponível em: http://www.iea.usp.br/pesquisa/projetos-institucionais/usp-cidades-globais/artigos-digitais/desafios-do-saneamento-em-sp-e-alternativas-a-privatizacao-por-uma-agenda-de-governanca-ambiental-frente-as-mudancas-climaticas.

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