Cancelamento do Curso de Medição de Descarga Líquida

Alta incidência do vírus no Amazonas e dificuldade de locomoção ao estado são alguns dos motivos do cancelamento do tradicional curso internacional


Desde 2004 o Curso de Medição de Descarga Líquida em Grandes Rios é realizado anualmente. Porém, em 2020, essa tradicional capacitação internacional será cancelada devido à pandemia do novo coronavírus (COVID-19). A decisão foi tomada pela Agência Nacional de Águas (ANA), realizadora do treinamento em parceria com o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), devido à alta incidência de casos de contaminação e mortes pelo vírus no Amazonas, onde acontecem as atividades.

Outro motivo para o cancelamento é que o Curso requer a aglomeração de aproximadamente 50 pessoas numa embarcação que navega principalmente no rio Solimões, na região de Manacapuru (AM), durante mais de uma semana no fim de agosto. Devido ao risco de contágio do COVID-19 provocado pelas concentrações de pessoas em espaços restritos, a ANA decidiu cancelar a capacitação neste ano.

Além disso, em função da pandemia, não há a previsão para a retomada de deslocamentos pelos servidores da Agência Nacional de Águas e de órgãos gestores estaduais de recursos hídricos. Também não há uma data prevista para a retomada da malha de voos nacionais e internacionais suspensos devido à pandemia, o que dificultaria o deslocamento dos participantes do próximo Curso de Medição de Descarga Líquida em Grandes Rios.

Um quarto motivo para o cancelamento da capacitação internacional é o aumento das atividades da ANA, no contexto da operação da Rede Hidrometeorológica Nacional (RHN), que ficarão concentradas no segundo semestre de 2020. Uma das unidades de operação da Rede que estará sobrecarregada será a do CPRM de Manaus, responsável pela mobilização de equipes, embarcações e equipamentos para a realização do Curso.

Com a medição em grandes rios, os especialistas podem calcular a disponibilidade de água de um curso d’água de grande porte, como é o caso do rio Solimões, utilizando técnicas modernas e tradicionais. Também é possível realizar o controle de inundações, como já acontece no entorno de Manaus. A partir do Curso Internacional, a ANA também vem integrando dados de monitoramento com países amazônicos, já que a bacia do rio Amazonas é transfronteiriça e recebe águas de outras nações, como Bolívia, Colômbia, Peru, entre outras. Especialistas de diversos países já realizaram o treinamento, como: Brasil, Equador, Peru, Guiana, Paraguai, Bolívia, Colômbia, Venezuela e Suriname.

O local escolhido é uma das maiores seções de medição do planeta devido ao grande volume de água que passa no trecho escolhido. Durante o Curso já foi medida uma vazão de 160.000m³/s (160 milhões de litros por segundo) em 2012, patamar que não existe em nenhum outro lugar do mundo, além da bacia do rio Amazonas. Com esta vazão seria possível suprir 138 vezes o consumo médio de água do Brasil, que é de 1.158m³/s segundo o relatório de Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil, da ANA.

A primeira edição desta capacitação aconteceu em 1985 e teve continuidade anualmente até 1988 coordenado pelo Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (DNAEE), do Ministério de Minas e Energia. Depois disso o treinamento foi oferecido em 1994, 1996, 2000 e 2002. De 2004 a 2019, o evento voltou a ser realizado anualmente pela ANA, totalizando 25 edições, das quais 18 foram internacionais.

 Rede Hidrometeorológica Nacional 

A ANA monitora os rios do Brasil por meio da Rede Hidrometeorológica Nacional, que possui mais de 5 mil estações de monitoramento em todo o País, sendo mais de 2,2 mil fluviométricas (nível e vazão de rios) e mais de 2,7 mil pluviométricas (chuvas). Também há sedimentométricas (sedimentos), de qualidade da água, entre outras. Para acessar dados telemétricos da Rede, acesse: www.snirh.gov.br/hidrotelemetria.

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