Consórcio PCJ debate a necessidade de investimentos na proteção de mananciais em webinar
Consórcio PCJ -
Webinar também trouxe como tema a espiritualidade da água e os investimentos do novo marco legal do saneamento
O terceiro webinar da Semana de Diálogos sobre o Fórum Mundial da Água, promovido pelo Consórcio PCJ na quinta-feira, dia dois de julho, expôs a necessidade de ampliar investimentos na proteção dos mananciais, o papel do setor privado após aprovação do marco regulatório do saneamento básico e o lado espiritual da água na abordagem da gestão de recursos hídricos. O evento teve como tema “O Fórum Mundial da Água na Construção da Sustentabilidade Hídrica Futura”, e contou com as participações da representante da Câmara Técnica de Conservação e Proteção dos Recursos Naturais, Cláudia Grabher, do gerente Nacional de Água da ONG The Nature Conservancy (TNC), Samuel Barreto, e da presidente da BRK Ambiental, Teresa Vernaglia. A mediação foi realizada pelo gerente de Comunicação e Sensibilização do Consórcio PCJ, Murilo Sant’Anna.
Claudia trouxe para sua apresentação um tema pouco explorado dentro da gestão de recursos hídricos no Brasil, que é a conexão da água com espiritualidade. Ela citou como exemplo a exposição japonesa no último fórum, sobre a vinculação da bacia hidrográfica com seus habitantes, principalmente os produtores de arroz, que visualizam a questão da água como garantia de alimento, fruto da retribuição da mãe natureza. “Essa é uma conexão espiritual que deveria existir em todas as regiões, inclusive nos grandes centros urbanos. Muitas vezes as pessoas nem sabem de onde vem a água que consomem, isso gera falta de atenção e preocupação com a preservação dos ecossistemas”, refletiu.
Na visão da palestrante, essa abordagem traria mais responsabilidade com o trato da água local, respeitando os mananciais, ampliando a oferta hídrica nos municípios, sem a necessidade de buscar fontes de qualidade cada vez mais distantes. “Temos de ser guardiões dos nossos mananciais, cuidando das bacias hidrográficas a fim de preservarmos a qualidade dos rios para garantia hídrica futura. O planejamento é fundamental para resultados concretos, principalmente quando passado pela observação espiritual da cooperação de todos pela preservação da água”, disse Claudia.
Corroborando com essa explanação, Samuel Barreto atentou para a importância de gerenciar os riscos, uma vez que estudos apontam aumento de até 50% no consumo global de água para os próximos anos, incluindo-se todos os usos, desde a geração energética, agricultura, usos múltiplos, entre outros. Países emergentes, como o Brasil, devem registrar aumentos de consumo de água de até 80%. “Esse cenário é preocupante ainda mais em regiões de baixa disponibilidade hídrica”, pontuou.
Barreto apresentou estudos da TNC sobre a situação dos mananciais em grandes centros. Essas investigações mostraram que 40% das médias e grandes cidades (que concentram a população global) estão com seus mananciais com grande nível de degradação. O estudo ainda evidenciou que apenas 1% de todos os investimentos realizados no planeta são aplicados em soluções baseadas na natureza.
Segundo o gerente de água da TNC, se esses investimentos fossem ampliados trariam inúmeras oportunidades de transformação e aprimoramento da gestão dos recursos hídricos, saneamento e geração de empregos. “Caso esses investimentos em soluções baseadas na natureza fossem realizados, quatro em cada cinco cidades, teriam benefícios extremamente positivos para qualidade de vida de sua população, tanto nas questões de abastecimento da água como ecológica, observando-se o grande retorno de investimentos dessa iniciativa”, atentou Barreto.
A presidente da BRK Ambiental, Teresa Vernaglia, expôs os investimentos da empresa no combate às perdas hídricas, proteção aos mananciais, distribuição de água e em Start-ups na área, como forma de ampliação dos resultados. Ela assinalou que o novo marco regulatório do saneamento trará maior segurança para que o setor privado possa ampliar ainda mais os investimentos na universalização dos serviços. “O marco foi uma alternativa acertada, uma vez que o setor privado possui a capacidade de atuação e de investimentos que hoje o Estado não possui, mas para que tais mudanças tenham sucesso, deverá existir uma regulação adequada e projetos bem elaborados”, atentou.
“Aproximadamente um terço dos municípios do país não possuem regulação nenhuma, fato que preocupa na formalização de novos contratos. Esse é um ponto importante que deve ser observado com atenção para garantir que o novo Marco Legal não amplie diferenças sociais pelo acesso a água”, completou Samuel Barreto.
O webinar contou ainda com a participação do Consul Geral de Israel para São Paulo, Alon Lavi, que apresentou o trabalho do seu país na ampliação da oferta de água diante das adversidades climáticas. Os avanços tecnológicos permitiram que hoje o país tenha até 60% de sua água distribuída advinda de sistemas de dessalinização, com a construção de grandes plantas em várias regiões do país. Os efluentes do país são tratados e transformados em água de reuso, permitindo que até 80% dessa água seja utilizada na agricultura, como fonte de água alternativa e sustentável. As perdas não passam de 10% em todo o país.
Sobre o investimento privado em saneamento, o cônsul destacou que “ as parcerias público privada em Israel é bem utilizada em Israel, pois, existem custos pela água, e a população é sensibilizada sobre isso o que permite investimentos e avanços em tecnologias que garantam a disponibilidade hídrica”, disse Lavi.