Série de webinars do Instituto Geológico aborda a contaminação por nitrato nas águas subterrâneas
Secretaria da Infraestrutura e do Meio Ambiente de São Paulo -
Pesquisa também aborda recomendações para a prevenção e mitigação do problema
O Instituto Geológico (IG), órgão vinculado à Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente (SIMA), e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) apresentaram durante os dias 14, 15,16 e 17 de julho, em formato de webinars, os resultados do projeto de pesquisa “Delimitação das Zonas Potenciais à Contaminação por Nitrato nas Águas Subterrâneas dos Sistemas Aquíferos Bauru e Guarani, no Estado de São Paulo”.
O estudo, financiado pelo Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHIDRO), por meio do Comitê Coordenador do Plano Estadual de Recursos Hídricos (CORHi) do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CRH), abrangeu as áreas urbanas de 304 municípios paulistas, distribuídos ao longo de 16 comitês de bacias hidrográficas (CBHs).
A pesquisa foi divulgada em encontros virtuais para os presidentes, secretários executivos e demais integrantes de 12 CBHs: Piracicaba/Capivari/Jundiaí (CBH-PCJ), Alto Paranapanema (CBH-ALPA), Sorocaba/Médio Tietê (CBH-SMT), Pardo (CBH-PARDO), Tietê-Jacaré (CBH-TJ), Sapucaí-Mirim/Grande (CBH-SMG), Mogi (CBH-MOGI), Baixo Pardo/Grande (CBH-BPG), Baixo Tietê (CBH-BT), Tietê/Batalha (CBH-TB), Turvo/Grande (CBH-TG) e São José dos Dourados (CBH-SJD). Para os demais CBHs, a equipe de pesquisadores do IG e do IPT promoveu um evento presencial em 16 de março de 2020 e que antecedeu às ações de combate à pandemia da COVID-19, sendo eles: Médio Paranapanema (CBH-MP), Aguapeí/Peixe (CBH-AP) e Pontal do Paranapanema (CBH-PP).
“Trata-se de uma abordagem regional inédita. Com os resultados podemos efetuar a discussão com os membros dos comitês de bacias hidrográficas e técnicos interessados nesse tema emergente, além de iniciar o importante diálogo com a sociedade sobre os possíveis problemas com o nitrato e soluções para o seu enfrentamento”, disse o secretário da SIMA, Marcos Penido.
Por sua vez, Rui Brasil Assis, coordenador da CRHi (Coordenadoria de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo) declarou que “esse conhecimento é muito valioso para toda a sociedade, mas principalmente para o Departamento de Águas e Energia (DAEE) e a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), que podem utilizar as informações para o licenciamento ambiental. Os municípios ganharam mais um subsídio para incorporarem em seus Planos Diretores”.
A coordenadora do projeto e pesquisadora do Núcleo de Hidrogeologia do IG, Claudia Varnier explicou que “o nitrato é o contaminante inorgânico de maior ocorrência em aquíferos no mundo devido à sua alta mobilidade e persistência, sendo motivo de preocupação dos gestores de recursos hídricos em função do crescente aumento do número de casos reportados”. A pesquisadora ainda lembrou que “a principal fonte potencial de nitrato em áreas urbanas corresponde aos sistemas de saneamento, dos quais destacam-se as fossas sépticas e os vazamentos das redes coletoras de esgoto”.
Os dados e informações obtidos no estudo demonstraram que, segundo a pesquisadora do Laboratório de Recursos Hídricos e Avaliação Geoambiental (Labgeo) do IPT, Tatiana Tavares, “a maior porcentagem das áreas dos municípios estudados possui classificação moderada quanto ao potencial de contaminação por nitrato. As áreas cujo potencial de contaminação foi classificado como elevado situam-se, principalmente, nas zonas centrais das áreas urbanas desses municípios”.
Uma priorização dos municípios foi feita para futura execução de estudos de detalhe e ações de gestão, sendo prioritários aqueles que são abastecidos total ou parcialmente por água subterrânea e onde ocorrem concentrações de nitrato acima do padrão de potabilidade (>10 mg/L N-NO3–) ou mesmo do Valor de Alerta (>5 mg/L N-NO3–). Tais localidades possuem áreas de carga potencial elevada para esse contaminante.
Segundo o pesquisador José Luiz Albuquerque Filho, que coordenou os trabalhos pelo Labgeo/IPT, “essa pesquisa constitui instrumento para o enfrentamento do problema do nitrato nos aquíferos paulistas, constituindo-se em subsídio para o desenvolvimento de ações estratégicas por parte de todos os gestores públicos, das diversas esferas de governo e pelos comitês de bacia, lembrando que a água subterrânea é um recurso fundamental para a grande maioria dos municípios do Estado de São Paulo, considerada como fonte exclusiva para o abastecimento público das cidades”.
No documento são também apresentadas recomendações para a prevenção e mitigação do problema, abrangendo ações para os poços contaminados por nitrato, às áreas com carga potencial de nitrato elevada e alta criticidade. Os encontros foram mediados pelas pesquisadoras do Núcleo de Hidrogeologia do IG, Mara Akie Iritani, Marta Deucher e Sibele Ezaki.