Entrevista com Renato Giani Ramos coordenador da sessão sobre segurança hídrica da Brazil Water Week

Confira o que esperar do assunto que será abordado na BWW, mais importante evento internacional sobre água realizado no Brasil


Por Murillo Campos 

Segurança hídrica será tema de uma das sessões da Brazil Water Week, evento internacional online, que será promovido de 26 a 30 de outubro pela ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental.

O encontro reunirá especialistas de vários países em uma plataforma digital interativa para debater o tema água em seus vários aspectos, baseado no ODS 6 da ONU: Água e Esgoto para todos até 2030.

Entre os tópicos, a sessão 8.2 “Segurança da Água – Quando a qualidade e a quantidade devem estar juntas” abordará a escassez de água em várias regiões do Brasil e mecanismos para levar o recurso hídrico em boas condições para toda a população.

Conversamos com Renato Giani Ramos, moderador do debate e coordenador da Câmara Temática de Dessalinização e Reúso da ABES, que explicou mais detalhes sobre o assunto e as expectativas para o encontro online.

Leia, a seguir, a entrevista completa:

Portal ABES Notícias – Quais serão os principais pontos de discussão da sessão? Como estão os preparativos?

Renato Giani Ramos – Discutiremos os temas envolvendo a segurança hídrica. Passaremos pelo contexto na atual situação das ETAs (Estações de Tratamento de Água) no Brasil, discutiremos a questão da qualidade e disponibilidade dos mananciais, traremos experts da área de saúde para as questões que envolvem os cuidados e riscos com a saúde em função dos tratamentos atuais, o posicionamento do Ministério Público como agente de defesa dos interesses sociais e, finalmente, quais são as novas políticas públicas.

Portal ABES Notícias – No atual contexto brasileiro, como assegurar água de qualidade e em quantidade suficiente para as pessoas, especialmente aquelas de regiões menos favorecidas?

Renato Giani Ramos – Precisa existir um balanço econômico. A qualidade e a quantidade são frutos de investimentos em novas tecnologias, que, por sua vez, só ocorrerão quando o sistema conseguir se pagar.

Para tanto, é necessário um modelo de negócio que consiga subsidiar, inicialmente, as regiões menos favorecidas até num momento que elas consigam seguir por si só.

Lembrando que o saneamento está diretamente ligado ao nível socioeconômico. Então, o primeiro passo para que uma região menos favorecida deixe esse status é que o saneamento chegue nessas regiões de maneira plena.

Portal ABES Notícias – Ao que você atrela esta deficiência do setor de saneamento, atualmente?

Renato Giani Ramos – O problema do saneamento passa ausência de política pública que estimule o investimento no setor, não só do ponto de vista financeiro, mas também do ponto de vista regulatório. Além da deficiência de gestão da maioria das concessionárias, que inviabilizam a criação de novos projetos eficientes ou por estarem apegados a modelos ultrapassados, sejam eles de diretriz técnica, comercial ou estratégica.

Portal ABES Notícias – O que precisa ser feito por parte de governantes, operadores de saneamento e sociedade, em geral, nos próximos anos para evoluirmos neste assunto?

Renato Giani Ramos – Pensar em novas tecnologias, definir melhores diretrizes políticas no que tange regulação, determinar melhor as esferas municipal, estadual e federal e estabelecer um mercado mais competitivo sob regras de performance.

Portal ABES Notícias – Qual a importância da Brazil Water Week e de qual forma ela pode contribuir nas discussões para o desenvolvimento do setor no País?

Renato Giani Ramos – A BWW é um fórum no qual é possível juntar vários protagonistas do setor. Em um momento como este, onde todos estão reunidos, as ideias e os problemas são compartilhados de maneira mais dinâmica. Ter uma agenda de compromissos após este encontro, sem dúvida, levaria o saneamento para outro patamar.

Portal ABES Notícias – Quais são suas expectativas para o evento?

Renato Giani Ramos – Ainda que o evento deste ano seja virtual, acredito que a carência e a necessidade de se discutir e resolver o tema do saneamento, particularmente, em um momento como o atual fará com que o encontro seja extremamente exitoso, trazendo diversos setores da sociedade para a discussão.

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