Produção e vendas de produtos químicos de uso industrial tiveram resultado positivo

Retomada não reverte trajetória negativa do ano e importados representam quase metade do consumo interno


A produção e as vendas internas de químicos de uso industrial tiveram em agosto o terceiro mês de resultado positivo consecutivo. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Química – Abiquim, o índice de produção subiu 0,65% e o de vendas internas apresentou alta de 6,96% em agosto, ambos sobre o mês anterior, acumulando nos últimos três meses, de junho a agosto, altas expressivas, de 29% e de 56,9%, respectivamente.

Em relação a igual mês do ano passado, a produção teve crescimento de 3,21% e as vendas internas subiram 15,66%, o melhor resultado para o mês em 13 anos de análise. Já o consumo aparente nacional (CAN), que mede o resultado da soma da produção mais importação excetuando-se as exportações, medido em toneladas, teve alta de 8,4%, no mesmo período de análise. O nível de utilização da capacidade instalada também registrou significativa melhora, alcançando 78% em agosto de 2020, o melhor resultado desde março de 2019 e nove pontos acima do patamar de igual mês do ano passado.

“Esse resultado é puxado pela retomada da atividade econômica, dos movimentos de recomposição de estoques nas diversas cadeias e o início do terceiro trimestre do ano, tipicamente o mais forte para a indústria química”, explica a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira.

Mesmo com a melhora nos últimos três meses, no acumulado de janeiro a agosto, sobre igual período do ano anterior, o índice de produção apresenta recuo de 4,75% e o de vendas internas caiu 5,54%. A retomada rápida da demanda também puxou o volume de importações, que cresceu 16,9% de janeiro a agosto deste ano, contrastando com o de exportações, que recuou 10,1% em igual período de comparação. O CAN teve elevação de 8,2% de janeiro a agosto, sobre iguais meses do ano passado. A participação do produto importado sobre a demanda local foi de 44% no período, quatro pontos porcentuais acima de igual período de 2019.

O uso da capacidade instalada, de janeiro a agosto deste ano, ficou em 71%, patamar um ponto acima do alcançado no mesmo período do ano passado e baixo para o padrão de operação da indústria química, que pode elevar a produção no curto prazo, uma vez que a ociosidade média se encontra em um patamar de cerca de 30%.

No que se refere ao índice de preços, houve alta nominal de 14,69% no acumulado de janeiro a agosto. “Os preços dos produtos químicos no mercado interno estão sendo impactados principalmente pela valorização do dólar no mundo e no Brasil, além das oscilações dos preços no mercado internacional, influenciados pela alta recente do petróleo e da nafta petroquímica, recuperando parcialmente as perdas alcançadas no auge da pandemia, quando o petróleo chegou a cair para níveis inferiores a US$ 20/barril”, explica a diretora da Abiquim.

Na comparação dos últimos 12 meses, de setembro de 2019 a agosto de 2020, sobre os 12 meses imediatamente anteriores, os índices de produção e vendas internas exibem variações negativas, a produção caiu 5,91% e as vendas internas tiveram queda de 4,14%. No mesmo período de comparação, as exportações caíram 7,3%, enquanto o volume importado subiu 10,9%. A participação do produto importado sobre a demanda nacional ficou em 45% nos 12 meses encerrados em agosto de 2020.

“A recuperação da atividade traz alívio ao setor e sinaliza que o ‘fundo do poço’ parece realmente ter sido alcançado entre abril e maio. A essencialidade dos produtos químicos no dia a dia da população, seja na prevenção, seja no combate à Covid-19, possibilitou uma rápida retomada. No entanto, a fabricação de produtos químicos de uso industrial é dependente de matérias-primas e de insumos energéticos, que atualmente se encontram com seus preços em patamares muito elevados no Brasil, em relação aos países com os quais a química compete, e será preciso melhorar muito a competitividade para voltarmos a operar a plena carga e atrair novos investimentos, aproveitando a oportunidade que a elevação da demanda trás ao setor”, afirma a diretora da Abiquim.

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