Brazil Water Week contará com a participação do especialista Rui Cunha Marques, professor do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa

Professor do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa estará presente na Semana da Água no Brasil na sessão 2.1


Por Murillo Campos

Promovido pela ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, a Brazil Water Week (Semana da Água no Brasil) será realizada online de 26 a 30 de outubro e contará com a participação do especialista Rui Cunha Marques, professor do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa, Portugal.

Ele estará presente na sessão 2.1 (https://www.brazilwaterweek.com.br/resumo-sessoes), que debaterá as melhores práticas em torno da formação da base de ativos regulatórios, considerando os diferentes tipos de compras disponíveis, como Parcerias Público-Privadas (PPPs), contratos de desempenho e vínculos tradicionais de obras e serviços. A discussão acontecerá no dia 27 de outubro, das 10h45 às 12h15.

Na entrevista, a seguir, Marques explica mais detalhes sobre o tema, as experiências de Portugal que podem ser aplicadas no Brasil e as expectativas para a Semana da Água no Brasil. As inscrições para o evento estão abertas e podem ser feitas aqui

ABES Notícias – De forma geral, qual análise você faz da sessão 2.1 sobre Base Regulatória de Ativos (BRA) e qual a importância de discutirmos este assunto?

Rui Cunha Marques – Não tenho dúvida que será uma das sessões mais interessantes do evento. Normalmente, o foco é sobre os aspectos relacionados com o OPEX e a eficiência operacional, mas é no CAPEX, notadamente, em indústrias de rede, como a do saneamento, que existem vulgarmente as maiores ineficiências. Como as mesmas não são tão facilmente identificáveis, como as do OPEX, e o benchmarking é mais complicado de realizar, a atenção sobre esta matéria não é usualmente tão grande.

No entanto, na formação da tarifa, o CAPEX é da maior importância, pelo que ele deve ser corretamente calculado, dando sinais claros e fornecendo incentivos, quais são as práticas que devem ser seguidas e podem ser aceitas.

ABES Notícias – Quais práticas e critérios podem ser utilizados para proporcionar mais segurança na formação da base de ativos regulatórios?

Rui Cunha Marques – Na formação da base de ativos regulatórios como noutras matérias existem várias práticas e critérios que podem ser utilizados com sucesso. Não existe uma solução única. De qualquer forma, independentemente da metodologia seguida, existem princípios de boa governança regulatória que devem ser assegurados, como a previsibilidade, estabilidade, consistência e transparência, assegurando que a receita obtida é suficiente para financiar os investimentos necessários e ainda os remunerar adequadamente.

Ainda assim, no cálculo do CAPEX e, em particular da BAR, devem ser fornecidos incentivos para melhorar a qualidade e quantidade dos serviços prestados, selecionar os investimentos mais eficientes e disponibilizar os investimentos selecionados ao menor custo possível. É também importante garantir que os custos ‘afundados’ dos novos investimentos possam ser recuperados, senão a inovação e, notadamente, a resiliência das infraestruturas, podem ser comprometidas.

ABES Notícias – Como as experiências bem-sucedidas em Portugal podem contribuir com o Brasil nesta questão?

Rui Cunha Marques – Portugal, numa dimensão incomparável com o Brasil, num passado não muito distante, evidenciava indicadores não muito diferentes do Brasil. Com um alinhamento entre políticas públicas consistentes, instituições robustas e com clareza dos seus papéis e uma regulação adequada conseguiu ultrapassar os principais gargalos do setor e hoje apresenta níveis de desempenho bastante elevados, tendo os vários serviços do saneamento universalizados e disponibilizando uma qualidade de serviço em geral de excelência sem perder a modicidade das tarifas.

A chave para este sucesso foi na realidade o ambiente institucional e operacional criado para o setor de saneamento, que permitiu que o alinhamento e a consistência entre as políticas, as instituições e a regulação fornecessem para o setor os incentivos necessários para que as várias metas e padrões de desempenho fossem alcançados.

ABES Notícias – Quais são suas expectativas para o encontro e qual a importância dele para o saneamento levando em consideração o atual cenário brasileiro?

Rui Cunha Marques – As expectativas são muito grandes e estou convencido que será um encontro com grande aprendizagem, partilha de conhecimentos e boas práticas entre todos os participantes.

O momento atual para o setor do saneamento no Brasil é único e muito empolgante com a nova Lei de Saneamento, com o protagonismo de novos atores e com a necessidade de realizar investimentos muito avultados e ímpares, mesmo no contexto internacional, para se atingirem as metas de universalização.

O encontro é realizado na melhor altura onde os grandes desafios existentes podem ser discutidos e partilhadas soluções e alternativas, que contribuam para que os problemas possam ser enfrentados e ultrapassados de forma exitosa.

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