Governo de São Paulo retoma obras da barragem do Valo Grande
Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente -
Empreendimento faz parte do programa Vale do Futuro e tem como objetivo fomentar atividades econômicas da região
O Governador João Doria anunciou neste sábado (17) a primeira fase para a retomada das obras da barragem do Valo Grande, em Iguape, no Vale do Ribeira. Demanda histórica da região, o equipamento, quando pronto, contará com 18 comportas e permitirá ao Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) fazer o controle de cheias do rio Ribeira de Iguape e resgatará as condições ambientais do complexo lagunar do Mar Pequeno (canal entre o continente e a Ilha Comprida), importante área de reprodução de espécies nobres de peixes e crustáceos.
Nesta etapa inicial, o investimento de R$ 6.350.000,00 servirá para o licenciamento dos trabalhos, que incluem autorização ambiental para instalação do Centro de Controle Operacional, revisão de projeto, monitoramento e modelagem matemática. A instalação do equipamento compõe o conjunto de ações do programa Vale do Futuro, lançado em 2019 para promover o desenvolvimento sustentável da região com geração de emprego e renda (leia mais abaixo).
As obras cumprirão o papel de combater a erosão das margens do canal e o assoreamento do Mar Pequeno. Pescadores artesanais serão diretamente beneficiados, bem como motoristas que trafegam na rodovia SP-222 e sofrem com as constantes interrupções no trânsito quando ocorrem chuvas fortes. Além disso, produtores rurais agrícolas, especialmente os que cultivam hortaliças e bananas, serão impactados positivamente. Em todo o projeto deverão ser aplicados R$ 74,4 milhões.
“(A obra) Vai mudar a história da região, que sofreu um dano gigantesco no passado, com comprometimento do meio ambiente e o turismo. Nós vamos permitir a recuperação da área, a reprodução de peixes e crustáceos, a volta da pesca. O resultado será o desenvolvimento social, a renda, empregos e qualidade de vida”, disse o Governador João Doria.
Com os ganhos ambientais, o turismo dos municípios de Iguape, Cananéia e Ilha Comprida será alavancado. As cidades possuem, atualmente, 29,4 mil, 12,3 mil e 10,2 mil habitantes, respectivamente, e recebem, juntas, mais de 300 mil turistas todos os anos.
A atual Barragem do Valo Grande foi concluída em 1992 sem a instalação do sistema eletromecânico de comportas. O empreendimento, à época, substituiu uma antiga barreira construída de rachões (pedras de grandes dimensões), em 1978.
Além do licenciamento ambiental, o cronograma dos trabalhos inclui também instalação e equipamentos mecânicos, instalação e montagem de equipamentos elétricos, equipe de supervisão e acompanhamento de obras.
HISTÓRICO
O início da construção do Canal do Valo Grande remonta ao século XIX, em 1827. O objetivo era melhorar a navegação do continente até o Porto Ribeira e, assim, facilitar o escoamento de produtos agrícolas. A abertura do canal, no entanto, alterou a dinâmica natural do complexo estuarino-lagunar de Cananéia, Iguape e Ilha Comprida, comprometendo as condições naturais de salinidade dessas águas, a presença de algumas espécies de peixes e, consequentemente, a sobrevivência da pesca artesanal.
Atendendo a reivindicações da comunidade local, em 1978, o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) começou a obra de fechamento do Valo Grande. Nos anos seguintes, porém, houve inundações nas áreas baixas do Rio Ribeira do Iguape, com sucessivos processos erosivos, fazendo com que a largura do canal do Valo Grande alcançasse 300 metros.
No início da década de 1980, ocorreram diversos galgamentos (transposição da água por cima) na barragem de pedras existente, levando o DAEE a propor o seu rebaixamento e construir vertedouros e comportas como solução hidráulica definitiva.
Em 1990, tiveram início as obras civis de implantação das estruturas de concreto destinadas a abrigar as comportas e vertedores. Dois anos depois, a estrutura hoje existente no local foi concluída.
VALE DO FUTURO
Lançado em outubro de 2019, o programa Vale do Futuro prevê R$ 1 bilhão em investimentos públicos e atração de mais R$ 1 bilhão em recursos privados, além de 30 mil oportunidades de emprego, renda e empreendedorismo até o fim de 2022.
O fomento econômico irá apoiar vocações da região, como agricultura, piscicultura, gastronomia regional, turismo ecológico e cultural visando melhorar a qualidade de vida da população.