Precipitação pluviométrica no primeiro semestre de 2021 será abaixo da média climatológica

Existem grandes chances dos 76 municípios das Bacias PCJ não enfrentarem problemas de escassez de água nos serviços de abastecimento


Nota de Alerta nº 01/2021

A importância da reservação de água até março de 2021 para não pressionar a disponibilidade hídrica.

O boletim climatológico elaborado pelo IRI-CPC – Instituto Internacional de Pesquisa em Clima e Sociedade – está prevendo que a precipitação pluviométrica no primeiro semestre de 2021 será abaixo da média climatológica, exceto no mês de fevereiro quando está previsto chuvas dentro da normalidade, ou seja, na média.

Diante desse cenário, existem grandes chances dos 76 municípios das Bacias PCJ não enfrentarem problemas de escassez de água nos serviços de abastecimento, ao menos até o final do mês de março de 2021, porém, o volume de chuvas e seu comportamento em face dos eventos hidrológicos extremos, com fortes tempestades, dificulta a recarga do lençol freático que já vinha de déficit do ano de 2020 e pode impactar na disponibilidade hídrica durante a estiagem e, talvez, até no restante do ano. Esse comportamento pode ser sentido pelas baixas vazões de afluência e armazenamento de água nos reservatórios que estão muito baixos, como é o caso da principal reserva estratégica das Bacias PCJ, o Sistema Cantareira, que adentrou 2021 com apenas 36% de reservação de água e com baixa expectativa de recomposição para o ano presente.

Os 18 municípios que tem suas captações regularizadas pelo Sistema Cantareira terão, como sempre, uma maior expectativa de garantia de abastecimento, porém, se os reservatórios adentarem a estiagem com capacidade na ordem de 40%, apesar dos acréscimos de vazões para grande São Paulo através dos Sistemas Igaratá e São Lourenço, poderá ocorrer situação de criticidade de atendimento para as Bacias PCJ e Capital pelos reservatórios.

Já a situação para os demais 58 municípios das Bacias PCJ poderá ser de maior gravidade, uma vez que em 2020 choveu 23% a menor que as séries históricas e para que ocorresse uma recuperação no primeiro trimestre de 2021, deveriam ocorrer em média 300 mm a maior de chuvas em relação as séries históricas do período. Vale lembrar que os anos de 2018 e 2019 também registraram chuvas abaixo das médias histórias nas áreas dos reservatórios do Cantareira, na ordem de 20,5% e 12,5% a menor respectivamente.

Nesse sentido o Consórcio PCJ alerta os municípios da região para as necessidades do uso racional da água e de adoção de medidas que ampliem a reservação de água de chuva nesse primeiro trimestre de 2021, em especial nos meses com previsão de precipitações fortes e acima da média.  Para tanto, a entidade recomenda que todos os reservatórios de abastecimento de bairros das cidades estejam em condições de pleno funcionamento para garantir maior armazenamento de água e que sejam complementados os pontos críticos por reservatórios pré-fabricados e estimuladas as construções de cisternas, urbanas e rurais, para armazenamento de água de chuva, pois, poderá vir a faltar água para o abastecimento público nos municípios e para a garantia das agriculturas irrigadas, no campo.

Na década de 1980, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), desenvolveu estudos visando o aproveitamento de águas pluviais para o semiárido nordestino. Foi quando ocorreu uma evolução tecnológica quanto as “Cisternas Rurais”.

A Cisterna Rural desenvolvida, consiste de três partes: a) o telhado da casa e/ou o próprio solo; b) tanque de armazenamento de água, subterrâneo; c) sistema de filtragem. Para ampliar a área de captação pode-se manter o sistema tradicional que canaliza, através de calhas, a água de chuva que escoa do telhado da casa acrescentando-se outra área de captação, que é o próprio solo, por onde a água escoa por gravidade para o tanque de armazenamento.

O tanque de armazenamento da água geralmente é subterrâneo, podendo ser feito de alvenaria com argamassa de cimento e areia, ou construído com lona impermeabilizante, tela de arame, argamassa de cimento e areia, ou simplesmente de lona plástica. O sistema de filtragem é formado por camadas de pedra, carvão vegetal, areia grossa e areia fina superpostas nesta ordem, de baixo para cima.

Existem, também, as “Cisternas Urbanas”, que permitem o armazenamento e reaproveitamento da água da chuva para atividades menos nobres como a lavagem de piso e carro, rega de jardim, entre outros, sendo que  já existem muitas empresas que oferecem equipamentos que permitem  garantir um perfeito armazenamento de água da chuva para os mais diversos modelos de estabelecimentos, quer seja residencial, comercial ou industrial e que respeitam as recomendações dos órgão de controle e fiscalização da saúde pública. Tais equipamentos são oferecidos em diversos tipos de materiais e na maioria das vezes a pronta-entrega. É importante lembrar que o uso de água de chuvas só pode ser utilizado para usos considerados não nobres, como rega de jardim e lavagem de carros e quintal e uso em banheiros, não sendo apropriado o seu uso para consumo humano.

Buscando traçar cenários do possível comportamento dos reservatórios do Sistema Cantareira, para 2021, considerando o nível do Sistema Cantareira no dia 31/12 igual a 37% e a reversão a partir da Bacia do Rio Paraíba do Sul contínua ao longo de todo ano com vazão de 5,13 m3/s (limite estabelecido na outorga), teríamos:

 

 

 

Cenário

 

 

Retirada

 

 

Afluência Natural

Nível Sistema Cantareira – 31/12/21 (%)
 

 

I

Vazões médias mensais iguais às de 2020 Vazões tendenciais estimadas entre

 

2010 e 2020

34

 

 

II

Vazões médias mensais iguais às de 2020 70% das vazões médias no período de 2011 a 2020

16

III 70% das vazões médias mensais iguais às de 2020 70% das vazões médias no período de 2011 a 2020

43

IV Vazão média no período de 2011 a 2020 70% das vazões médias no período de 2011 a 2020

15

Neste sentido, pode-se afirmar que considerando que a transposição da Bacia do Paraíba do Sul (vazão contínua de 5,13 m3/s) representa um incremento anual de 16% no volume armazenado pelo Sistema Cantareira, sem esta transposição os níveis praticamente chegariam a zero nos Cenários II e IV, evidenciando a necessidade do uso racional da água e de seu maior armazenamento estratégico no período das chuvas de 2021.

O Boletim 12/2020 do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais – CEMADEN (www.cemaden.gov.br), traz projeções de reservação no Sistema Cantareira para 31 de março de 2021, associando diversos cenários de quantidade de chuva nas áreas de drenagem dos rios formadores do Sistema Cantareira com hipóteses de retirada total (Jusante- PCJ + Túnel 5-Alto Tiete). As simulações realizadas pelo CEMADEN indicam que o volume útil no Sistema Cantareira em 31/03/201 poderá variar entre 26% e 66%. Para a hipótese de pluviometria 50% abaixo da média o volume útil será de 26% e para a hipótese de chuvas 25% acima da média para o período de janeiro a março, o volume útil reservado será de 66%. Para o cenário de chuvas iguais à média histórica para o período (Jan-Mar) o volume útil em 31/03/2021 deverá ser de 51%. Como referência lembramos que o volume útil reservado em 31/03/2020 era de 64,6% quando ocorreram chuvas muito próximas da média.

Secretaria Executiva do Consórcio PCJ

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