Monitor de Secas indica o aumento das áreas com seca em cinco das 20 unidades da Federação
Assessoria de Comunicação Social (ASCOM) Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) -
Áreas com seca avançaram em quatro estados e voltaram a ser registradas no DF na comparação com novembro
O Mapa do Monitor de Secas de dezembro está disponível e indica o aumento das áreas com seca em cinco das 20 unidades da Federação acompanhadas em comparação a novembro: Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio Grande do Norte. Oito estados registraram 100% de seus territórios com o fenômeno em dezembro: Alagoas, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins. Bahia, Goiás, Paraíba, Pernambuco e Piauí se mantiveram respectivamente com 48%, 97%, 82%, 76% e 92% de suas áreas com seca na comparação com novembro. A redução de áreas com o fenômeno aconteceu somente no Maranhão e Rio de Janeiro.
Em termos de severidade do fenômeno, 11 estados tiveram o agravamento da seca entre novembro e dezembro: Alagoas, Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins. Em outras três unidades da Federação, o grau de severidade da seca se manteve: Ceará, Espírito Santo e Piauí. Em outros cinco estados, aconteceu uma atenuação da seca: Maranhão, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo. Já no Distrito Federal a seca ressurgiu entre novembro e dezembro.
O Paraná registrou 97,72% de seu território com seca grave ou extrema em dezembro, seguido pelo Rio Grande do Sul com 86,58%. Proporcionalmente, Santa Catarina foi a unidade da Federação com maior área com seca extrema, a segunda mais severa na escala do Monitor, com 13,39% de seu território nessa condição. Em dezembro, o estado com a maior área sem seca foi o Rio de Janeiro, que registra 78,12% do território livre do fenômeno, em virtude das chuvas acima da média.
Em dezembro, no Nordeste, a seca fraca avançou no litoral do Ceará e do Rio Grande do Norte, assim como se intensificou no norte de Sergipe em parte do litoral de Alagoas. Já no Maranhão, devido às chuvas acima da média, a seca fraca recuou no norte maranhense e o fenômeno se atenuou no extremo oeste do estado, onde passou da categoria grave para moderada.
No Sudeste houve uma melhora discreta da seca, com a diminuição da área com o fenômeno no Rio de Janeiro, além da atenuação de sua severidade no sul de Minas Gerais e em grande parte de São Paulo, devido às chuvas acima da média em dezembro. Em contrapartida, o Espírito Santo registrou avanço da seca fraca no leste, devido às precipitações abaixo da normalidade combinadas às temperaturas acima da média.
O Monitor de Secas identificou que, no Sul, houve um agravamento na severidade da seca em parte do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, devido à persistência de chuvas abaixo da média nos últimos meses. Por outro lado, ocorreu uma discreta melhora do fenômeno no Paraná, com a atenuação da severidade no oeste e litoral paranaense, devido às chuvas ligeiramente acima da média em dezembro.
Nas demais áreas cobertas pelo Monitor, no Centro-Oeste e Tocantins, aconteceu a piora nos indicadores de seca que levaram à intensificação do fenômeno no sudoeste e extremo nordeste de Mato Grosso do Sul, ao surgimento de seca fraca no Distrito Federal e ao aumento das áreas com seca grave e moderada tanto em Goiás quanto em Tocantins.
O Monitor realiza o acompanhamento contínuo do grau de severidade das secas no Brasil com base em indicadores do fenômeno e nos impactos causados em curto e/ou longo prazo. Os impactos de curto prazo são para déficits de precipitações recentes até seis meses. Acima desse período, os impactos são de longo prazo. Essa ferramenta vem sendo utilizada para auxiliar a execução de políticas públicas de combate à seca e pode ser acessada tanto pelo site monitordesecas.ana.gov.br quanto pelo aplicativo Monitor de Secas, disponível gratuitamente para dispositivos móveis com os sistemas Android e iOS.
Com uma presença cada vez mais nacional, o Monitor agora abrange as cinco regiões do Brasil, o que inclui os nove estados do Nordeste, os três do Sul, os quatro do Sudeste, Tocantins, Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul. O processo de expansão continuará em 2021 até alcançar todas as 27 unidades da Federação.
Situação por unidade da Federação
Alagoas
Em Alagoas, temperaturas acima da média contribuíram para o aumento da área com seca moderada na porção oeste do estado. Desde outubro do ano passado, 100% do território alagoano enfrenta seca e em dezembro a área com seca moderada subiu de 5,83% para 14,12% em relação a novembro. O restante do território passa por seca fraca.
Bahia
Na Bahia, apesar das chuvas abaixo da normalidade em todo o estado, somente o oeste baiano registrou mudança na condição de seca em relação ao mês anterior, com o aumento da área com seca moderada. Em comparação a novembro, o estado teve uma leve redução da área com seca fraca (de 30,06% para 27,61%) e um discreto aumento da área com seca moderada (de 10,21% para 13,01%), assim como estabilidade da seca grave (3,72%). Além disso, a Bahia teve maior percentual de território sem seca entre os estados do Nordeste em dezembro: 51,94%.
Ceará
No Ceará, ocorreu a expansão da área com seca fraca no litoral leste, fortemente influenciada pelas temperaturas acima da média. Permanecem os impactos de curto e longo prazo no centro do estado e de curto prazo nas demais áreas. Entre novembro e dezembro, o Ceará teve um leve aumento da área com seca fraca (de 79,64% para 83,17%) em comparação a novembro. Esta é a maior área com seca desde dezembro de 2019 (92,05%).
Distrito Federal
Houve o surgimento de seca fraca no oeste do Distrito Federal, devido às chuvas abaixo da média. Os impactos são somente de curto prazo. Entre novembro e dezembro, a seca fraca ressurgiu no DF, atingindo 41,65% do território, sendo que o fenômeno não era registrado desde setembro, quando 100% do Distrito Federal passou por seca fraca. No último mês, o Monitor indicou que o Distrito Federal teve o maior percentual de área sem seca no Centro-Oeste: 58,35%.
Espírito Santo
No Espírito Santo, houve avanço da seca fraca para o leste e nordeste do estado, principalmente devido às chuvas abaixo da média. Os impactos são somente de curto prazo. Entre novembro e dezembro, o Espírito Santo registrou um forte aumento da área com seca fraca (de 63,94% para 97,34%). Esta é a maior área com seca no estado desde abril de 2019, mês de entrada do estado no Mapa do Monitor, quando 100% do território capixaba enfrentou o fenômeno.
Goiás
Em Goiás, ocorreu o avanço da seca moderada no norte e a expansão da área com seca grave no centro do estado em consequência da piora nos indicadores de seca. Os impactos são de curto prazo no leste e nordeste goiano e de curto e longo prazo nas demais áreas. Nos últimos dois meses, o Monitor detectou o aumento das áreas com seca moderada (de 23,82% para 35,40%) no estado. Por outro lado, a área total com seca se manteve no patamar de 97% nos últimos dois meses.
Maranhão
No Maranhão, devido às chuvas acima da média, houve recuo da seca fraca no norte e atenuação da seca no extremo oeste (divisa com Tocantins), que passou da categoria grave para moderada. Os impactos da seca são de curto e longo prazo no centro e sul, enquanto no restante do estado são de curto prazo. Entre novembro e dezembro, o Maranhão registrou uma leve redução da área com seca (de 83,12% para 77,79%). Esta é a menor área indicada pelo Monitor desde julho de 2020, quando o estado teve 53,65% de seu território sob influência do fenômeno. Também houve atenuação da severidade na área que estava sob seca grave em novembro (4,17% do território), que passou à categoria de seca moderada em dezembro.
Mato Grosso do Sul
Em Mato Grosso do Sul, houve avanço da seca grave no sudoeste e intensificação do fenômeno no nordeste do estado, que passou da categoria grave para extrema em razão das chuvas abaixo da média e da piora dos indicadores de seca. Os impactos são de curto e longo prazo em todo o estado. Desde a entrada de Mato Grosso do Sul no Mapa do Monitor, em julho do ano passado, 100% de seu território passa por seca entre moderada e extrema. Entre novembro e dezembro, aumentaram as áreas do estado com seca grave (de 55,74% para 64,91%) e seca extrema (de 11,19% para 12,12%) – situação mais crítica entre as unidades da Federação acompanhadas no Centro-Oeste.
Minas Gerais
Em Minas Gerais, houve expansão da área com seca fraca no norte, devido à piora dos indicadores de seca. Por outro lado, houve recuo das secas fraca, moderada e grave no sul e sudeste, em decorrência das chuvas acima da média. Os impactos são de longo prazo no nordeste do estado; de curto e longo prazo em porções ao norte, oeste e sul; e de curto prazo nas demais áreas.
Entre novembro e dezembro, Minas Gerais teve um leve aumento da área com seca (de 64,77% para 70,65%). Esta é a maior área com seca no estado desde setembro de 2020, quando 81,68% do território ficou sob influência do fenômeno. No último mês foi registrada a estabilidade da área com seca extrema (de 2,9%), redução da área com seca grave (de 15,13% para 8,23%), aumento das áreas com seca moderada (de 12,64% para 15,83%) e aumento das áreas com seca fraca (34,04% para 43,65%).
Paraíba
Na Paraíba, houve discreto aumento da área com seca moderada (de 30,38% para 36,61%) no leste, na divisa com o Pernambuco, em razão das chuvas abaixo da média e das temperaturas acima da média que ocorreram nesta região. Os impactos da seca permanecem de curto e longo prazo, na porção central, e de curto prazo no restante do estado. Entre novembro e dezembro, a área total com seca se manteve em aproximadamente 82% do território paraibano.
Paraná
No Paraná, em razão das chuvas acima da média em dezembro, houve diminuição da área com seca extrema no oeste do estado e atenuação da severidade do fenômeno no litoral, onde a seca passou de grave para moderada. Os impactos são de curto e longo prazo. Entre novembro e dezembro, o Paraná teve uma redução da área com seca extrema, de 14,06% para 4,79%, sendo este o menor percentual com este grau de severidade (que só é inferior a seca excepcional) registrado desde a entrada no estado no Mapa do Monitor em agosto de 2020. Desde então, o Paraná tem 100% de sua área com seca. Em dezembro 97,72% do território paranaense registrou seca grave ou extrema – maior percentual entre as 20 unidades da Federação acompanhadas pelo Monitor.
Pernambuco
Em Pernambuco, houve aumento da área com seca moderada no leste, na divisa com a Paraíba, em decorrência das chuvas abaixo da média e das temperaturas acima do normal para dezembro. Não houve alteração na linha de impactos. O estado se manteve com 76% de seu território com seca entre novembro e dezembro. Em termos de severidade do fenômeno, o Monitor identificou um aumento da área com seca moderada (de 2,28% para 9,13%) no período.
Piauí
No Piauí, não houve mudança na condição de seca em relação ao mês anterior. Os impactos continuam de curto e longo prazo, no centro e sul, e de curto prazo nas demais áreas. No estado, a área com seca permaneceu em 92,2% entre novembro e dezembro. A severidade do fenômeno também não teve mudanças no período. Segundo o Monitor, houve seca grave em 7,2% do território, além de seca moderada e fraca respectivamente em 10,5% e 74,5% do Piauí.
Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, houve diminuição da área com seca, em razão das chuvas acima da média em dezembro. Os impactos da seca são somente de curto prazo. Entre novembro e dezembro, a área sem seca em território fluminense subiu fortemente de 58,02% para 78,12% – maior percentual entre as 20 unidades da Federação acompanhadas pelo Monitor. Esta é a maior área sem o fenômeno desde a entrada do estado no Mapa do Monitor em maio de 2020, quando todo o Rio estava livre de seca. Em dezembro também aconteceu a redução das áreas com seca moderada (de 18,71% para 6,56%) e fraca (de 23,27% para 15,32%).
Rio Grande do Norte
No Rio Grande do Norte, houve piora nos indicadores de seca, provocando o avanço da seca fraca no litoral leste e a intensificação da condição de seca no centro-sul, que passou de fraca para moderada. Os impactos permanecem de curto e longo prazo, em parte do Seridó e Borborema, e curto prazo nas demais áreas. Entre novembro e dezembro, aconteceu um aumento da área com seca (de 83,32% para 100%) em território potiguar. O Monitor também registrou uma elevação da área com seca moderada (de 3,69% para 23,62%). Em dezembro, o estado teve a maior área com seca desde janeiro de 2020, quando 100% de sua área esteve sob influência do fenômeno.
Rio Grande do Sul
No Rio Grande do Sul, houve agravamento na condição de seca devido à piora nos indicadores. No norte gaúcho, divisa com Santa Catarina, houve avanço da seca extrema. No noroeste, centro e leste do estado, a seca grave avançou. Já no extremo sul, o fenômeno se intensificou, passando da categoria grave para extrema. Os impactos são de curto prazo em uma área no norte do Rio Grande do Sul e de curto e longo prazo nas demais áreas. Desde outubro 100% do Rio Grande do Sul registra seca. Entre novembro e dezembro, o Monitor registrou um aumento da área com seca extrema (de 0,51% para 7,71%) e seca grave (de 60,25% para 78,87%) em relação a novembro.
Santa Catarina
Em Santa Catarina, ocorreu avanço da seca extrema no oeste, devido à persistência de chuvas abaixo da média nos últimos meses. Já no litoral norte de Santa Catarina, houve uma atenuação da severidade da seca, passando de grave para moderada. Os impactos são de curto e longo prazo em todo o território catarinense. Em dezembro, o estado teve o maior percentual de seca extrema (13,39%) do Brasil no Mapa do Monitor. Em comparação a novembro, a área com seca extrema subiu de (11,1% para 13,39%) e a de seca grave caiu (de 72,6% para 56,26%), enquanto a de seca moderada subiu (de 16,3% para 30,31%). Desde que entrou no Mapa do Monitor, em agosto de 2020, Santa Catarina registra 100% de seu território com o fenômeno.
São Paulo
Em São Paulo, em decorrência das chuvas acima da média, houve diminuição da área com seca grave no norte, centro e sul, além do abrandamento da seca no Vale do Paraíba, onde o fenômeno passou da categoria moderada para fraca. Os impactos permanecem de curto e longo prazo. Entre novembro e dezembro, São Paulo teve forte redução da área com seca grave (de 57,37% para 32,56%). Consequentemente, aconteceu um aumento da seca moderada (de 31,08% para 48,5%). Desde novembro de 2020, quando entrou no Mapa do Monitor, o estado tem 100% de seu território com seca e a situação mais crítica do Sudeste, já que possui 11,54% de sua área com seca extrema, mesmo percentual registrado em novembro.
Sergipe
Em Sergipe, devido às chuvas abaixo da média em dezembro, os indicadores de seca apontaram para um agravamento da condição do fenômeno no norte do estado, passando de moderada para grave. Houve também um pequeno aumento da área sob seca moderada no sul do estado. Os impactos continuam de curto prazo, no sul e leste, e de curto e longo prazo no restante de Sergipe. Desde outubro, 100% do estado passa por seca. Entre novembro e dezembro surgiu área com seca grave (11,29%), grau que não era registrado desde fevereiro de 2020, quando 11,62% do território sergipano tiveram seca grave.
Tocantins
Em Tocantins, em razão das chuvas abaixo da média e da piora nos indicadores de seca, ocorreu agravamento da seca na região central do estado, que passou de moderada para grave, e na parte sudeste, que passou de seca fraca para moderada. Os impactos permanecem de curto prazo no sudeste e norte e de curto e longo prazo nas demais áreas. Desde setembro, 100% do território tocantinense registram seca. Segundo o Monitor, entre novembro e dezembro Tocantins teve um aumento de área com seca moderada (de 58,74% para 61,09%) e de seca grave (de 18,4% para 27,58%) – maior área com seca grave desde a entrada do estado no Mapa do Monitor em dezembro de 2019.
O Monitor de Secas
O Monitor de Secas é coordenado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), com o apoio da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME), e desenvolvido conjuntamente com diversas instituições estaduais e federais ligadas às áreas de clima e recursos hídricos, que atuam na autoria e validação dos mapas. Por meio da ferramenta é possível comparar a evolução das secas nos 19 estados e no Distrito Federal a cada mês vencido.
O projeto tem como principal produto o Mapa do Monitor, construído mensalmente a partir da colaboração dos estados integrantes do projeto e de uma rede de instituições parceiras que assumem diferentes papéis na rotina de sua elaboração.
Em operação desde 2014, o Monitor de Secas iniciou suas atividades pelo Nordeste, historicamente a região mais afetada por esse tipo de fenômeno climático. No fim de 2018, com a metodologia já consolidada e entendendo que todas as regiões do País são afetadas em maior ou menor grau por secas, foi iniciada a expansão da ferramenta para incluir outras regiões.
O primeiro estado de fora do Nordeste a entrar no Mapa do Monitor foi Minas Gerais em novembro de 2018. No ano seguinte o Espírito Santo aderiu em maio e Tocantins entrou em dezembro. Em 2020, passaram a integrar o Mapa: Rio de Janeiro (maio), Goiás (junho), Distrito Federal (junho), Mato Grosso do Sul (julho), Paraná (agosto), Rio Grande do Sul (agosto), Santa Catarina (agosto) e São Paulo (novembro).
A metodologia do Monitor de Secas foi baseada no modelo de acompanhamento de secas dos Estados Unidos e do México. O cronograma de atividades inclui as fases de coleta de dados, cálculo dos indicadores de seca, traçado dos rascunhos do Mapa pela equipe de autoria, validação dos estados envolvidos e divulgação da versão final do Mapa do Monitor, que indica uma seca relativa – as categorias de seca em uma determinada área são estabelecidas em relação ao próprio histórico da região – ou a ausência do fenômeno.