Prêmio Jovem da Água de Estocolmo – Etapa Brasil anuncia os quatro trabalhos finalistas da edição 2021

Com um dos projetos concorrentes à premiação, Victor Gustavo Diniz e Ariel Rodrigues explicam detalhes da ideia finalista e as expectativas


Por Murillo Campos

O Prêmio Jovem da Água de Estocolmo – Etapa Brasil entrou na sua reta final após anúncio dos quatro trabalhos finalistas da edição 2021. Realizada pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – ABES, por meio do seu programa Jovens Profissionais do Saneamento (JPS), a premiação divulgará o vencedor da etapa brasileira em cerimônia virtual, no próximo dia 05 de junho, às 14h. Para assistir, inscreva-se aqui.

“Estamos ansiosos pela final. Poder estar entre os seletos trabalhos que chegaram a esta etapa, e ainda estar concorrendo à posição de representante do nosso país em um evento internacional, é simplesmente incrível”, celebram os jovens Victor Gustavo Diniz Silva e Ariel Rodrigues Sousa dos Santos, finalistas da premiação com o projeto ‘Avaliação do uso de fibra vegetal oleofílica na coleta de óleo derramado em ambientes aquáticos’.

“É uma experiência que materializa o fruto do nosso esforço ao longo dos anos e é um grande marco para nossas vidas como pesquisadores. Faremos de tudo para garantir o nosso melhor desempenho, buscando sempre colaborar com a ciência e com o desenvolvimento sustentável”, enfatizam.

A dupla explica que a ideia surgiu após o episódio de vazamento de óleo nas praias do Nordeste, ocorrido em 2019.

“O trabalho propõe o uso de uma fibra vegetal conhecida como paina para confeccionar dispositivos que sejam capazes de coletar todo tipo de óleo derramado em água, com atenção especial para o petróleo despejado nos oceanos”, relatam os estudantes.

Segundo a orientadora do projeto, Maria Goretti Cabral, o objetivo da iniciativa é contribuir, por meio de uma alternativa sustentável e inovadora, para a redução de danos nos ambientes marinhos e cursos fluviais causados por óleos.

“Esperamos oferecer a possibilidade da criação de um produto eficiente, sustentável, de baixo custo e fácil manuseio para que as comunidades afetadas pelo derramamento de óleo nos ambientes aquáticos possam atuar em sua limpeza de forma rápida e segura”, sublinha Goretti.

A orientadora ressalta a importância de o projeto estar entre os finalistas da premiação, demonstrando a relevância e o potencial da ideia para ser aplicada em qualquer ambiente aquático afetado pelo problema.

“Participar e chegar à final de um evento de relevância internacional como o Prêmio Jovem da Água de Estocolmo me faz acreditar que é possível fazer ciência de alto nível com alunos do ensino básico”, salienta Goretti, que elogia a dupla finalista: “A tarefa de professora se torna muito mais fácil quando encontramos alunos que querem ser protagonistas na sua comunidade”, considera.

Selecionados para a final, os jovens Victor Gustavo e Ariel Rodrigues receberão mentorias como forma de preparação para etapa de avaliação do júri, conforme explica Witan Silva, coordenador nacional do JP.

“A ideia é fazer com que a capacidade de apresentação e comunicação de todos os finalistas seja aprimorada nesta etapa, assim quando eles passarem pela avaliação dos jurados, já terão recebido um know-how técnico para melhorar ainda mais sua forma de abordagem científica”, expõe Witan.

“Esta é uma das edições em que tivemos maior diversidade regional na história do prêmio. Isso é um marco significativo, pois percebemos como a iniciativa tem engajado alunos de todo o país para a promoção de ideias relacionadas à sustentabilidade, água e meio ambiente”, enfatiza o coordenador do JPS.

Na entrevista, a seguir, os estudantes dão mais detalhes sobre o projeto finalista, os resultados esperados e as expectativas para a grande decisão do Prêmio Jovem da Água de Estocolmo. Leia!

ABES Notícias – Poderiam nos explicar brevemente a proposta do trabalho “Avaliação do uso de fibra vegetal oleofílica na coleta de óleo derramado em ambientes aquáticos”?

Victor Gustavo e Ariel Rodrigues – Este trabalho propõe o uso de uma fibra vegetal conhecida como paina para confeccionar dispositivos que sejam capazes de coletar todo tipo de óleo derramado em água, com atenção especial para o petróleo derramado nos oceanos.

Mas não apenas isso, nós também pesquisamos e colocamos em prática o reflorestamento de áreas ciliares desmatadas, utilizando a árvore de paina como espécie de plantio para que possamos, ao mesmo tempo, ajudar na preservação ambiental e adquirir matéria-prima para os nossos coletores, visando criar uma iniciativa sustentável e com viabilidade econômica.

Isso ajudaria, por meio da conservação das águas e de toda a sua biodiversidade subsequente, todos aqueles que tiram sustento de atividades pesqueiras, ribeirinhas e de coleta, sem deixar para trás o meio ambiente, a vida aquática, a economia e a saúde do planeta Terra.

ABES Notícias – E como surgiu esta ideia?

Victor Gustavo e Ariel Rodrigues – Em 2019, nós estávamos trabalhando em um projeto que envolvia utilizar a fibra de paina, que é hidrofóbica, para criar biomantas de contenção de morros e encostas para evitar deslizamentos durante as fortes chuvas que ocorrem anualmente na Região Metropolitana de Recife.

Neste mesmo ano, durante a nossa pesquisa, aconteceu um grande derramamento de óleo que contaminou todo o litoral nordestino, afetando negativamente tanto a fauna e flora locais, quanto a vida de milhares de famílias que tiram seu sustento das águas.

Com o breve conhecimento de que a fibra repele água e absorve óleo (derivado da nossa pesquisa anterior) e motivados por esse acontecimento, decidimos ir mais a fundo e buscar uma maneira ativa de solucionar essa problemática de derramamento de óleo, utilizando uma fibra vegetal biodegradável, sustentável e barata.

ABES Notícias – Quais resultados são esperados a partir desta iniciativa?

Victor Gustavo e Ariel Rodrigues – Esperamos apresentar para as comunidades científica e industrial o nosso método e o nosso material para que, um dia, a paina possa ser a matéria-prima sustentável mais utilizada nos campos de preservação das águas, contribuindo para a conservação, tanto dos ambientes aquáticos globais, quanto das áreas ciliares de corpos d’água, que, atualmente, encontram-se em situações perturbadoras de desmatamento e poluição.

ABES Notícias – Por que decidiram se inscrever no Prêmio Jovem da Água de Estocolmo?

Victor Gustavo e Ariel Rodrigues – Decidimos nos inscrever por conta de uma necessidade intrínseca à pesquisa científica: a divulgação. Por meio do Prêmio Jovem da Água de Estocolmo, vimos a possibilidade de alcançar um grande público e distribuir as nossas ideias, o que colabora com o nosso objetivo de conseguir transformações reais com a nossa pesquisa.

Intuito este que só pode ser alcançado com a disseminação de boas ideias e com a avaliação completa de jurados competentes e capazes para que possamos sempre caminhar em direção ao aperfeiçoamento do nosso trabalho. Enxergamos no Prêmio Jovem da Água de Estocolmo o que era necessário para chegar mais perto do nosso objetivo.

ABES Notícias – O que significa para vocês serem um dos finalistas da premiação?

Victor Gustavo e Ariel Rodrigues – É muito importante para qualquer pesquisador o fato de seu trabalho estar em destaque. E qual exemplo de destaque poderia ser maior do que estar entre os seletos finalistas do Prêmio Jovem da Água de Estocolmo, que seleciona o representante do Brasil para uma feira internacional de renome?! Para jovens que começaram a fazer pesquisa despretensiosamente no ano de 2019, estar aqui é uma experiência incrível, que materializa o fruto do nosso esforço ao longo dos anos e é um grande marco para nossas vidas como pesquisadores.

ABES Notícias – Como estão as expectativas para a final? De qual forma o prêmio pode contribuir para o desenvolvimento do trabalho?

Victor Gustavo e Ariel Rodrigues – Estamos ansiosos pela final. Poder estar entre os seletos trabalhos que chegaram a esta etapa, e ainda estar concorrendo à posição de representante do nosso país em um evento internacional, é simplesmente incrível. Faremos de tudo para garantir o nosso melhor desempenho, buscando sempre colaborar com a ciência e com o desenvolvimento sustentável.

O prêmio certamente contribuirá com o aperfeiçoamento do nosso trabalho, tecnicamente, ao nos expor a jurados qualificados, que irão nos julgar e indicar pontos de melhora e, em quesito de divulgação e reconhecimento, ao estar sendo apresentado em um evento importante como este.

ABES Notícias – Qual carreira profissional vocês pretendem seguir futuramente? Por quê?

Victor Gustavo – Pretendo me tornar um representante internacional de organizações como a ONU (Organização das Nações Unidas), buscando sempre atuar em campos de pesquisa e impacto social e ambiental. Uma das carreiras que vejo como possibilidade para alcançar esse objetivo é a carreira diplomática.

O porquê disso é simples: tive vivências durante minha infância e adolescência que me fizeram entender a importância da cooperação internacional e a força desta cooperação para transformar o mundo, incentivar a pesquisa e preservar o meio ambiente. É o que quero para a minha vida.

Ariel Rodrigues – Desde pequeno tenho o objetivo de me tornar engenheiro, mas dentre as diversas especialidades que existem estou em dúvida dentre essas quatro: computação, mecânica, química e de petróleo.

Mesmo que algumas dessas áreas de atuação não estejam muito próximas, independente da que eu escolher, almejo continuar atuando para aumentar o conhecimento das pessoas em relação às causas ambientais e trazer uma mudança significativa para o mundo nesse quesito, trabalhando nisso seja na minha profissão ou na minha vida pessoal.

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