Maiores investimentos em saneamento no País
Ricardo Viveiros & Associados - Oficina de Comunicação -
Anúncio foi feito nesta quarta-feira (13/04), na abertura do 1º SANEA-Rio - Seminário Estadual de Saneamento e Meio Ambiente
Representando o governador Cláudio Castro no evento, Leonardo Soares, presidente da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), lembrou que o Estado, a partir dos leilões realizados pela companhia em 2021, terá, nos próximos 10 anos, os maiores investimentos do setor no País. Somente no primeiro quinquênio, serão R$ 35 bilhões. A meta é levar água para 99% e esgotos para 90% da população. Anunciou, ainda, a criação do Laboratório de Inovação Socioambiental, que incubará até 90 startups por ano, cada uma com investimento de até R$ 100 mil e podendo transformar-se em sócia da estatal fluminense.
Na abertura do seminário, no qual também se comemoraram os 20 anos do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Guandu, o presidente da Abes Rio, Miguel Alvarenga Fernández y Fernández, ressaltou ser importante o modelo de concessão compartilhada estabelecido pelo leilão da Cedae. Frisou que a captação de esgotos pelo sistema tempo seco, que utiliza as galerias fluviais nas épocas de estiagem ou pouca chuva, terá papel relevante para o sucesso do novo plano de saneamento da Região Metropolitana do Rio. Apresentou filme de animação, mostrando como funciona o modelo, e observou o significado do evento para que todas as empresas e órgãos envolvidos possam debater as melhores formas de aplicá-lo com êxito. “O sucesso de vocês será o grande ganho ambiental para a sociedade”, frisou.
Fernández observou que a realização do seminário “foi um sonho”, pois jamais a Abes Rio havia promovido um encontro desse porte e magnitude. “Agora, estamos virando a página da pandemia, mas temos um grande desafio na área do saneamento”, acentuou, agradecendo o apoio das patrocinadoras do evento: Águas do Rio, Águas do Brasil, Cedae, Iguá Rio, Rio Mais Saneamento e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). Destacou, também, “a relevante parceria do Comitê Guandu”.
Educação Ambiental
José Ricardo Brito, secretário estadual do Ambiente e Sustentabilidade, reiterou a importância do Rio Guandu, que abastece 80% da Região Metropolitana do Rio, tendo suas águas processadas na maior estação de tratamento do mundo. Disse que o Comitê da Bacia Hidrográfica é parceiro de políticas públicas e educação ambiental, decisiva para o avanço do saneamento básico. “Por isso, lançamos o programa Ambiente Jovem, pelo qual capacitaremos seis mil jovens como agentes transformadores, com bolsas de R$ 200,00”. Informou, ainda, que o programa de despoluição da Baía de Guanabara já reduziu em cinco mil litros por segundo o despejo de esgotos.
Mauro Viegas, presidente do Conselho Empresarial de Infraestrutura da Firjan, enfatizou que o 1º Sanea-Rio contribui de modo significativo para o debate de soluções e tecnologias para o abastecimento de água, captação e tratamento de esgotos. Reiterando o significado dos investimentos em curso no Estado, observou que cada dólar aplicado em saneamento possibilita a economia de outros quatro em saúde. Lembrou, também, a adesão da federação ao Pacto Global da ONU e aos princípios de ESG (Meio Ambiente, Social e Governança Corporativa), aplicados na orientação das indústrias fluminenses. “O seminário da Abes Rio, ao contemplar o sistema tempo seco, ajudará as empresas a avançarem na melhoria do saneamento”, ponderou, chamando atenção para a necessidade de se mitigar o déficit no setor.
Defesa do Tempo seco
A postura da Abes Rio em defesa do sistema tempo seco foi enaltecida por Vladimir Paschoal de Macedo, vice-presidente e conselheiro da Agenersa (Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro). “É inegável o avanço da Lagoa Rodrigo de Freitas sob o sistema”, exemplificou, lembrando que os primeiros cinco anos da nova concessão da Cedae são praticamente focados nesse modelo. “A solução não é perfeita, mas cabe debater a questão e encontrar a melhor normalização do processo. O sistema que temos como solução viável é esse. A concessão gera grande expectativa quanto ao seu sucesso”, concluiu.
Célia Rennó, diretora do Sudeste da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES), representando Alceu Guérius Bittencourt, presidente da entidade, salientou a importância do 1º Sanea-Rio e de eventos semelhantes para ampliar o envolvimento das pessoas, empresas e sociedade na questão do saneamento. “Captação por tempo seco é um fator que deverá contribuir para o Rio atingir as metas na área”, opinou.
Negligência e futuro
A sessão de abertura do 1º Sanea-Rio contou com palestra do velejador e medalhista olímpico Lars Grael, que manifestou sua opinião quanto à “negligência que se observou até hoje das autoridades do País com o saneamento básico, expressa nos números. É escandaloso que 35 milhões de brasileiros não tenham água encanada e quase 100 milhões não contem com acesso a esgotos, segundo o Instituto Trata Brasil”.
Para Grael, as estatísticas representam um grande desafio. “É preciso reverter esse quadro. Para isso, porém, não adianta lamentar o passado. É preciso olhar para a frente”. Nesse sentido, “o 1º Sanea-Rio mostra que todos os participantes do novo plano de saneamento do Estado têm a meta comum de melhorar o sistema. Por isso, ao testemunhar a realização deste evento pela Abes Rio, fico motivado e com a expectativa de que teremos avanços”.
Programação
O propósito de contribuir para a elaboração de normas técnicas e projetos de lei relacionados ao setor motivou a Abes Rio a promover o primeiro evento técnico do Estado para debater cases e soluções para o setor. O Sanea-Rio, aberto hoje (13/04), terminará nesta quinta-feira (14/04). Um dos cases a serem apresentados é o da despoluição do Rio Pinheiros, em São Paulo. O debate levará a público os benefícios econômicos da expansão do saneamento e as tecnologias mais eficazes a curto prazo, a exemplo do modelo tempo seco.
Há participação de vários especialistas: Hendrik Mansur, engenheiro agrônomo da The Nature Conservacy; Luana Siewert Pretto, presidente-executiva do Instituto Trata Brasil; Fernando Garcia, economista; Daniel Okumura, diretor de Saneamento e Grande Operação (DSG) da Cedae; Karla Bertocco, ex-presidente da SABESP; Marcia Carla Pereira Ribeiro, residente do Conselho de Administração da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar); Jorge Werneck, diretor da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa); Isaac Volschan, engenheiro sanitarista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Leonor Amaral, engenheira sanitária e professora da Universidade Nova de Lisboa (UNL); e Diana Figueiredo, coordenadora de Operação da Águas do Tejo Atlântico (AdP).
Kevin Costner
Analista de Atendimento
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