Tecnologia sustentável para controlar a população de mosquitos Aedes aegypti
Virei Notícia -
Parceria da Prefeitura com empresa multinacional de biotecnologia fundada na Universidade de Oxford visa reduzir a infestação do mosquito da dengue
O município de Porto Nacional, localizado a 61 km de Palmas, adotou uma tecnologia inovadora e sustentável que usa mosquitos Aedes aegypti do Bem para combater a própria espécie, fazendo o controle da população de fêmeas transmissoras de doenças e protegendo, de forma eficaz, os portuenses moradores dos bairros Nova Capital, Jardim Brasília e Vila Nova. Estes bairros, os quais possuem a maior infestação de mosquitos da cidade, registrou 657 casos de dengue em 2022 – número 20 vezes maior do que o registrado em 2020, quando houve apenas 32 casos confirmados da doença.
De acordo com o prefeito Ronivon Maciel, a iniciativa tem o objetivo de preservar a população da doença que já matou 987 pessoas durante o último ano no Brasil, recorde anual de óbitos por dengue desde 2015. "É uma honra sediar em nossa cidade essa ação pioneira. Porto Nacional será o primeiro município do Tocantins e da região Norte a usar o Aedes do Bem™ no combate ao mosquito da dengue e esperamos, com isso, contribuir com a erradicação dessa doença que tanto maltrata a nossa população. Sabemos que os desafios são grandes, mas juntos podemos vencer. O Aedes do Bem™ é uma ferramenta que, juntamente com a população, pode ter grandes resultados", disse.
Como funciona
Desenvolvida pela multinacional de biotecnologia inglesa Oxitec, fundada na Universidade de Oxford e presente no Brasil desde 2011, em Campinas no interior do Estado de São Paulo, a solução inovadora e sustentável chamada Aedes do Bem™, foi aprovada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio)em 2020 e, além de ser livre de inseticidas químicos, é altamente eficaz no controle biológico do mosquito Aedes aegypti.
A empresa vai instalar as Caixa do Bem em 102 pontos distintos nos bairros Nova Capital, Jardim Brasília e Vila Nova, que reúnem 6.974 moradores, cerca de 10% da população de Porto Nacional, em uma área total de 170 mil metros quadrados.
O Aedes do Bem™ é uma tecnologia de controle biológico que libera Aedes aegypti machos que não picam e não transmitem doenças. O produto é composto por uma caixa reutilizável e refis contendo os ovos de mosquitos com a característica autolimitante.
As larvas do Aedes do Bem™ se desenvolvem dentro da Caixa do Bem assim que ela é ativada com água limpa. Quando os machos atingem a fase adulta, voam da caixa para o ambiente urbano, procuram ativamente e acasalam com as fêmeas do Aedes aegypti – que picam e são responsáveis pela transmissão de doenças como dengue, zika, chikungunya e febre amarela. Deste cruzamento, as fêmeas não sobrevivem e apenas os descendentes machos chegam à fase adulta, herdando dos pais a característica autolimitante. O resultado é a queda do número de fêmeas que picam e transmitem doenças, e, consequentemente, o controle populacional direcionado do Aedes aegypti.
Os Aedes do Bem™ agem especificamente no controle do Aedes aegypti e não afetam outras espécies de insetos benéficos ao meio ambiente, como abelhas e joaninhas; não causam nenhum dano ao meio ambiente, às pessoas e aos animais. Não são tóxicos e nem alergênicos. Não se concentram ao longo da cadeia alimentar e não causam efeitos adversos quando consumidos por outros animais.
Programação em Porto Nacional
Na segunda-feira, dia 16, a partir das 8h, aconteceu uma reunião entre os profissionais da Oxitec e o prefeito Ronivon Maciel, além da presença de agentes da prefeitura, equipe dos conselhos e postos de saúde e representantes da comunidade. Na ocasião, o prefeito Ronivon Maciel realizou a abertura e o cerimonial do encontro e os especialistas da multinacional apresentaram todos os detalhes da Tecnologia do Bem™ e tirar as dúvidas do público presente.
No período da tarde, foi realizada uma reunião sobre o protocolo de monitoramento e manutenção das Caixas do Bem com a presença dos agentes de endemias da Prefeitura em Porto Nacional.
Já nos dias 17 e 18, funcionários da Oxitec e da Prefeitura realizam atividades presenciais nas áreas de tratamento dos bairros Nova Capital, Jardim Brasília e Vila Nova. O objetivo da ação é avaliar os melhores pontos para a instalação e posicionamento das 102 unidades da Caixa do Bem™ (48 no bairro Nova Capital, 30 no Jardim Brasília e 24 no Vila Nova), engajamento e autorização dos moradores da instalação das caixas e armadilhas de monitoramento no local.
Na quinta-feira, dia 19, a partir das 14h30, acontece a ativação oficial das caixas nas áreas de tratamento. A oficialização de lançamento contará com a presença do prefeito Ronivon Maciel; da Coordenadora de Operações de Campo da Oxitec no Brasil, Luciana Medeiros; além de representantes da empresa e funcionários da Prefeitura.
“Ter a possibilidade de implantar a solução em Porto Nacional, o primeiro município da região Norte do País a receber nossa tecnologia, é motivo de muita alegria e a oportunidade de alcançarmos mais municípios também no Nordeste. São regiões de altas temperaturas e chuvas constantes, o que aumenta a incidência de criadouros do Aedes aegypti”, afirma Natalia Ferreira, diretora da Oxitec Brasil
96% de supressão do Aedes aegypti em Indaiatuba/SP
As liberações de mosquitos Aedes do Bem™ comunidades urbanas densamente povoadas e afetadas pela dengue no município de Indaiatuba, no interior de São Paulo, levaram à supressão significativa da população de Aedes aegypti local em até 96%.
O estudo, que foi publicado na revista científica Frontiers in Bioengineering and Biotechnology e revisado por pares, testou duas doses diferentes de liberação de mosquitos machos Aedes do Bem™ em comunidades densamente povoadas do município. Populações de mosquitos Aedes aegypti -- transmissor da dengue, zika, chikungunya e febre amarela -- foram monitoradas nessas regiões durante o período e sua presença no ambiente foi comparada com populações de outros bairros que não receberam mosquitos machos Aedes do Bem™. Durante o pico da temporada de mosquitos (novembro de 2018 a abril de 2019), as populações do Aedes aegypti em áreas tratadas foram suprimidas entre 88% e 96% em relação às áreas não tratadas.
Manu Vergamini
manu.vergamini@vireinoticia.com.br