Principal reservatório do Uruguai têm água para apenas 18 dias de uso
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Situação dificulta o fornecimento de água potável em Montevidéu e na região metropolitana, local com cerca de 1,8 milhão de habitantes
Segundo o Instituto Uruguaio de Meteorologia (Inumet), o país, pertencente a América Latina, está passando por um forte período de seca. A situação persiste desde meados de 2020 e já dificulta o fornecimento de água potável em Montevidéu e na região metropolitana, onde habitam cerca de 1,8 milhão de pessoas, mais da metade da população do país. O reservatório de Paso Severino - principal reserva de água doce da região - encontra-se com uma quantidade equivalente a 18 dias de uso.
Na segunda-feira passada (15), o presidente de Obras Sanitárias do Estado (OSE), alertou os moradores acerca da situação crítica. Diante da seca excepcional, a estatal decidiu, em 26 de abril, adicionar água proveniente da foz do rio Santa Lucía, salobra devido à proximidade com o estuário do Rio da Prata. Desde então, a água da OSE passou a apresentar níveis de até 440mg/l de sódio e 720mg/l de cloreto, muito acima dos regulamentos atuais, que estabelecem um limite de 200mg/l e 250mg/l, respectivamente.
As autoridades afirmam que o consumo é seguro, contudo recomendam que pessoas com doença renal crônica, insuficiência cardíaca, cirrose e grávidas a evitem, enquanto pessoas com hipertensão não devem beber mais de um litro por dia. De acordo com dados oficiais, este é o pior déficit hídrico desde o começo dos registros, há 74 anos.
Fernando Silva, sócio-fundador da PWTech, startup referência no acesso à água potável, afirma que o consumo de sódio e cloreto acima do recomendável pode prejudicar o desenvolvimento humano e impulsionar problemas de saúde já existentes entre a população uruguaia, como a hipertensão arterial e problemas cardiovasculares.
“Quando falamos de água potável, estamos falando de um recurso altamente necessário para a sobrevivência humana. Além de ser usada para a ingestão, ela também está na alimentação, higienização e saúde. É um recurso fundamental, que não deve ser negligenciado”, diz Silva.
A aposentada, Maria Esther Fernández, de 72 anos, disse, enquanto comprava água engarrafada em um supermercado de Montevidéu que, antes da seca, ela costumava beber água direto da torneira e não tinha gosto ruim. Hoje, a prática é considerada impraticável entre grande parte da população.
Para suprir as necessidades básicas, a população tem buscado outros meios para o consumo de água. De acordo com a Associação de Supermercados do Uruguai (ASU), a venda de água engarrafada triplicou no país. A situação também prejudica o bolso do uruguaio: um galão de 6,25 litros de água custa 130 pesos (16,60 reais, na cotação atual).
O governo de centro-direita do presidente Luis Lacalle Pou anunciou a construção de uma represa provisória para garantir a estabilidade de Paso Severino. O governo também planeja adquirir uma usina de dessalinização portátil e agilizar os reparos de tubulações para evitar perdas.
“Hoje, a tecnologia pode ser utilizada como uma grande aliada para questões humanitárias. Cada vez mais vemos soluções como alimentos instantâneos e purificadores de água, que podem auxiliar a população em situações de risco, como a escassez hídrica que assola o Uruguai. São produtos criados para serem utilizados de imediato, amenizando o impacto na população”, complementa o especialista.
Giovanna Montagner <giovanna@pressfc.com.br>