Soluções Baseadas na Natureza são um caminho promissor para enfrentar a crise hídrica mundial
Ideal HKS -
Consultoria verificou que empresas em todo mundo podem perder US$ 225 bilhões de valor por conta da escassez do recurso natural
Soluções Baseadas na Natureza (SbN) são um caminho promissor para enfrentar a crise hídrica mundial. A conclusão é resultado do novo estudo do Boston Consulting Group (BCG), feito em parceria com o WWF (World Wide Fund for Nature), intitulado “Nature-based solutions to the Water Crisis”. O material aponta que as SbN são capazes de trazer benefícios tanto para o bem-estar humano quanto para a biodiversidade por abordarem o desafio de incorporar resiliência aos sistemas hídricos de forma eficaz e adaptativa ao fazerem uma gestão sustentável.
A urgência do tema fica clara diante das perspectivas de que, caso nenhuma ação seja tomada, o acesso a água, a segurança alimentar e a qualidade do ecossistema diminuirão sensivelmente em termos globais. De acordo com o estudo, já se espera que até 2050 haja um aumento na demanda global por recursos hídricos acima da disponibilidade, afetando a segurança econômica, uma vez que 46% do PIB mundial virá de regiões consideradas de alto risco de escassez de água. Além disso, a produção de grãos deve ser afetada, pois 42% das áreas de plantação de trigo e 23% das terras para o cultivo do arroz estarão em áreas de alto risco hídrico. Como reflexo no ambiente de negócios, o BCG estima que companhias em todo mundo podem perder US$ 225 bilhões em valor por conta dos possíveis problemas hídricos.
“Os governos e as empresas tipicamente adotam uma abordagem reativa na gestão da crise hídrica e se concentram em mitigar as consequências econômicas de enchentes e secas, mas há pouca atenção aos impactos ambientais de forma mais ampla. Essa abordagem precisa mudar”, reforça Arthur Ramos, diretor executivo e sócio do BCG. A adoção de SbN ajuda a diminuir a intensidade de inundações e secas, melhora a proteção das costas marítimas em relação a tempestades e aumento do nível do mar, promovem a biodiversidade e regeneram ecossistemas aquáticos (como rios e lagos), além de melhorarem a oferta e qualidade da água com menor custo.
Os setores público e privado, instituições financeiras e ONGs são os principais responsáveis para moldar o mercado e garantir resiliência no sistema hídrico. Governos devem se comprometer com políticas que promovam a construção e o financiamento de infraestruturas hídricas baseadas na natureza. Organizações privadas precisam desenvolver estratégias considerando os riscos e oportunidades dos sistemas de água, incorporando as melhores práticas em suas operações e cadeias de suprimento que usem esse elemento da natureza essencial para a vida. Em adição, o setor privado pode aproveitar o acesso à inovação, como inteligência artificial e análise de dados, para monitorar e aprimorar suas práticas.
Já o papel das instituições financeiras é diferente: o BCG aponta que o setor tem que compreender, de forma ampla, as oportunidades e riscos relacionados à água, e levá-los em consideração em operações de empréstimos e carteiras de investimento. As ONGs ainda podem desenvolver e promover orientações sobre a necessidade de mudanças na gestão hídrica, e trabalhar com comunidades e parceiros locais para construir uma nova infraestrutura baseada em SbNs.
Em resumo, o BCG propõe um plano de ação de quatro passos para construir um sistema hídrico resiliente, baseado em soluções sustentáveis:
- Encarar os recursos hídricos como forma de incentivo para construir resiliência e adaptação às mudanças climáticas.
- Promover e incentivar inovações baseadas na natureza em toda a cadeia de valor.
- Implementar SbN como parte de futuros projetos de infraestrutura para a segurança hídrica.
- Direcionar investimentos em SbN para aumentar a segurança hídrica e criar ecossistemas resilientes.
“Todas as inovações tecnológicas, os mecanismos de governanças e as infraestruturas existentes devem ser aliados às estratégias de SbN para melhorar como utilizamos a água em nossa sociedade. Agora é a hora de evoluir a abordagem de manejo do nosso recurso natural mais precioso. É preciso investir mais nas Soluções Baseadas na Natureza”, finaliza Arthur.
O estudo completo, em inglês, está disponível no site do BCG.
Caroline Sanches <caroline.sanches@idealhks.com>