O cenário das políticas ESG no Setor de Saneamento no Brasil

Acesso à água tratada e ao saneamento básico ainda são desafios diários para uma imensa parte da população


O cenário das políticas ESG no Setor de Saneamento no Brasil

Em 2021, segundo informações do Sistema Único de Saúde - SUS, foram notificadas 128,9 mil internações por doenças de veiculação hídrica no país. Por sua vez, segundo dados da série histórica do SNIS 2021, disponibilizados em 2022, observa-se que, em relação à água, 15,8% da população não têm acesso à rede tratada, ou seja, quase 35 milhões de brasileiros vivem em condições de vida insalubres. Ainda há 40,3% de perda de água distribuída, em virtude de fraudes e vazamentos em redes de abastecimento que, em parte, estão em condições precárias.
Atualmente, 84,2% dos brasileiros são atendidos com abastecimento de água tratada. São quase 35 milhões sem acesso a este serviço. 35 municípios das 100 maiores cidades brasileiras possuem 100% da população atendida com água potável, 14,3% das crianças e adolescentes não têm direito a água potável garantido. Desse total, 7,5% têm água em casa, mas não filtrada ou procedente de fonte segura e 6,8% não contam com sistema de água dentro de suas casas.
A situação preocupa especialistas da saúde, que buscam soluções práticas e inovadores para melhorar a qualidade de vida de comunidades localizadas em regiões periféricas e de alto grau de risco; com moradias inadequadas e sem infraestrutura básica. Em 2019, uma parceria entre a PWTech, startup de sistemas de filtragem, e duas universidades de renome brasileira, Ufscar (Universidade de São Carlos) e USP (Universidade de São Paulo), rendeu a criação do purificador PW5660.
A solução, desenvolvida com tecnologias de fácil acesso, é capaz de transformar 5.000 litros de água contaminada de rios, poços, represas, açudes e lagos; águas classe 1 e 2, com turbidez de até 15 NTU, em água potável por dia. Filtrando um total de 4 litros por minuto, uma unidade consegue abastecer até 100 pessoas - considerando que cada uma consome 50 litros por dia -, de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Falando em termos sociais, este setor está diretamente conectado com a agenda da inclusão e melhoria da qualidade de vida das populações vulneráveis. O acesso à água tratada e ao saneamento ainda são desafios diários para uma imensa parte da população brasileira. 
Segundo dados obtidos pelo Instituto Trata Brasil, no que se refere aos temas ambientais, este é um setor cujas concessionárias possuem papel fundamental, pois ao tratar os esgotos há rápida melhoria da qualidade dos recursos hídricos do país. O lançamento do esgoto in natura causa grande impacto em nossos cursos de água subterrâneos, rios e mares.
No Brasil, são despejados na natureza o equivalente a 5,5 mil piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento todos os dias. O cálculo é feito desde 1° de janeiro de 2021, e, até o momento, o Brasil despejou mais de 1,8 milhão de piscinas olímpicas com esgoto sem tratamento na natureza. Nesse contexto de baixa disponibilidade de recursos hídricos, vale apontar que no Brasil há cerca de 40,3% de perda na distribuição de água tratada, em virtude de aspectos técnicos, fraudes e vazamentos em redes de abastecimento que estão em condições precárias.

O cenário das políticas ESG no Setor de Saneamento no Brasil

“No país há sérios problemas de saneamento que perduram há séculos. Mas, a falta de acesso à água de qualidade afeta não só a saúde da população mais pobre, como também gera problemas sociais”, afirma Fernando Silva, CEO da PWTech. “Por exemplo, há registros de 15% de evasão escolar no Brasil por conta disso. Fizemos um mapeamento que apontou que, só no Estado de São Paulo, 952 unidades de ensino não fornecem água tratada, refletindo diretamente na saúde de milhares de crianças e adolescentes”, revela.
Já as questões de governança, ou seja, a composição dos órgãos de monitoramento e decisão do setor, dentro e fora das empresas de saneamento, serão cada vez mais observadas pelo mercado e por toda a população. Os déficits são maiores onde menor é o desenvolvimento socioeconômico. As regiões Sudeste e Sul são as que apresentam os maiores atendimentos de água potável no Brasil, com 91,5% e 91,3% respectivamente. A região Norte ainda é a que precisa de atenção com apenas 60%. 
Desde a sua fundação, a PWTech é destaque no fornecimento de água para o ICMBio, IBAMA, Fundo Mundial de Alimentos e UNOPS em parceria com a Agência Brasileira de Cooperação, ONU e MRE – BR. Hoje, a tecnologia está presente, principalmente, na região norte do país, auxiliando no acesso à água potável de famílias Yanomamis, no Amazonas, e em comunidades ribeirinhas. Ao todo, mais de 300 mil pessoas já tiveram acesso à água potável por conta da tecnologia.
Silva reforça que hoje, a principal prioridade do novo governo, é a universalização do acesso ao saneamento básico e à água potável, meta estipulada até 2033 no plano nacional. “Para que isso seja alcançado, é preciso empenho do setor público e da iniciativa privada, com diretrizes e regulação do governo federal. O saneamento básico contribui em termos gerais, com a saúde, a educação, o meio ambiente e a economia. Ele está presente em todos os pilares de uma sociedade”.
Segundo dados do Governo Federal, para que a meta seja alcançada, mais de R$ 800 bilhões devem ser desembolsados. Já para o futuro, considerando o período entre 2021 e 2040, é esperado que os benefícios promovidos a partir da universalização do saneamento alcancem R$ 1,455 trilhão, em todo o país, sendo R$ 864 bilhões de benefícios diretos (renda gerada pelo investimento e pelas atividades e impostos recolhidos) e R$ 591 bilhões devido à redução de perdas associadas às externalidades. Os custos incorridos no período devem somar R$ 639 bilhões. Assim, os benefícios devem exceder os custos em 
R$ 816 bilhões, ou R$ 40,8 bilhões por ano, indicando um balanço social bastante promissor para o país. 
Fonte: Press FC Assessoria e Consultoria

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