O perigo de ainda jogar muito lixo e resíduos nos córregos e rios
Por Cristiane Rubim Edição Nº 72 - Abril/Maio de 2023 - Ano 12 -
A população, os consumidores, as empresas, os comércios e as indústrias quando não sabem muito bem o que fazer com seus lixos e resíduos precisam
A população, os consumidores, as empresas, os comércios e as indústrias quando não sabem muito bem o que fazer com seus lixos e resíduos precisam se informar das novas leis e se atualizar sobre como realizar o descarte correto de lixos e resíduos. Porque hoje em dia um material pode ser reciclado, reutilizado ou doado. Existe hoje também uma rota mais adequada para cada tipo de material em vez de jogá-los simplesmente nos rios, que sofrem com toda essa carga poluidora pesada perigosa em uma água de rio que antes era limpa e utilizada para nado, pesca, passeios e competições.
• Mais de 2 milhões de toneladas de lixo são lançados nos rios e mares brasileiros.
Tanta informação
Hoje, com tantas informações, a população ainda joga muito lixo nos córregos e rios. “Parte do problema dos resíduos hoje reside no descarte irregular tanto onde não existem serviços de coleta quanto em locais onde há serviços, ainda assim, a população descarta em áreas inadequadas, incluindo os corpos d’água” – aponta Fernanda Romero, coordenadora do departamento técnico da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).
Quando o serviço é ofertado em áreas próximas, a população se desloca para realizar o descarte adequado. “Mas, muitas vezes, isso não ocorre. E os rios e os mares acabam sendo um caminho mais ‘rápido e fácil’” – relata Fernanda Romero.
O descarte incorreto de resíduos forma “ilhas de lixo” nos rios, prejudicando a sobrevivência da fauna e flora em diversas regiões. “Os consumidores precisam ser responsáveis pelos resíduos que geram e dar a destinação correta aos materiais orgânicos e recicláveis” – orienta Hanokh Yamagishi, diretor regional sul de gestão de resíduos e limpeza urbana da Veolia Brasil.
O Dia Nacional da Reciclagem e o Dia Mundial do Meio Ambiente serão comemorados no próximo dia 5 de junho. O objetivo deste dia é conscientizar a população sobre o descarte incorreto e a coleta seletiva, que separa e destina materiais para reciclar e reaproveitar, reduzindo impactos ao meio ambiente. |
O despejo inadequado de resíduos degrada o meio ambiente e traz sérios riscos à saúde. “Os efeitos são sentidos por muito tempo porque materiais como o plástico demoram centenas de anos para se decompor” – adverte Hanokh Yamagishi.
Vamos a mais alguns números que mostram a situação atual do Brasil:
• Brasil recicla cerca de 25% do plástico gerado no País;
• 25% das cidades brasileiras não têm coleta seletiva, aponta Panorama dos Resíduos Sólidos, da Abrelpe;
• Dos mais de 80 milhões de toneladas de lixo gerados todo ano no Brasil, menos de 4% são reciclados, aponta diagnóstico de Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos do Brasil;
• Mais de 70% dos brasileiros não separam o lixo comum e o lixo reciclável, de acordo com pesquisa do Ibope, em parceria com a Abrelpe e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea);
• O Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) apurou que estão ativos no Brasil 800 mil agentes ambientais, os chamados catadores de lixo reciclável, dos quais 70% são mulheres.
Descartar estes materiais de forma inadequada na natureza contamina a água, o ar e o solo. “Prolifera pragas e microrganismos, provoca alagamentos e inundações e causa doenças e endemias para a saúde das pessoas, de animais e plantas” – alerta Yamagishi.
O lixo disposto nas vias públicas causa problemas de infraestrutura e alagamentos.
“Quando os resíduos são descartados no sistema de esgoto, causam entupimentos, extravasamentos e retornos de esgoto. E quando chegam aos rios, provocam desequilíbrio ambiental, uma grande ameaça à vida aquática, além de contaminar a água. Todos são impactados” – ressalta Camila Tavares Ferrari, gerente de meio ambiente e segurança do trabalho da BRK.
“Muito lixo e resíduos ainda são descartados de forma incorreta” – afirma Camila, com base no volume de resíduos removidos rotineiramente dos sistemas de esgotamento sanitário operados pela BRK em mais de 100 municípios do Brasil.
Somente em 2022, a BRK removeu:
Mesmo com os índices elevados de saneamento, a Região Sudeste ainda se depara com esta situação.
A BRK recolheu em 2022 no Estado de São Paulo:
O volume de lixo contabilizado pela BRK se refere aos resíduos sólidos encontrados e removidos dos sistemas de esgotamento sanitário. “Todos os resíduos descartados de forma incorreta no sistema de esgoto por ralos de pias, lavanderias, vasos sanitários etc. foram localizados nas tubulações de esgoto ou nas grades das estações elevatórias e/ou de tratamento de esgoto operadas pela BRK e foram recolhidos do sistema antes de chegarem aos córregos e rios” – menciona a gerente.
Segundo Camila, muitos resíduos também chegam direto aos cursos d´água pelas galerias de águas pluviais, da água de chuva, que têm como ponto de acesso os bueiros, boca de lobos, nas ruas. “A limpeza e a manutenção dessas estruturas são de responsabilidade das Prefeituras Municipais” – diz.
Perigo do lixo
O perigo dos lixos e materiais ainda jogados nos córregos e rios. “Muitos dos rios no Brasil deságuam no oceano e levam lixo para as praias também, tornando-as impróprias para banho e desequilibrando o ecossistema. Alguns animais confundem os resíduos plásticos com comida e se contaminam por esses materiais, podendo vir a óbito” – menciona Yamagishi, da Veolia.
Antes de chegarem aos córregos e rios, os principais materiais recolhidos pela BRK dos sistemas de esgotamento sanitário são resíduos sólidos.
O óleo que se solidifica na tubulação misturase com os outros resíduos e obstrui a passagem do esgoto. “O óleo nunca deve ser jogado nas pias, ralos ou vaso sanitário. Polui os rios quando é despejado de forma incorreta e sem tratamento. O resíduo deve ser armazenado em recipiente com tampa, como garrafa PET ou embalagem de vidro, e destinado à coleta seletiva” – adverte Camila.
Em diversos municípios onde atua, a BRK desenvolve o Programa Olho Vivo: Água e Óleo não se misturam. São disponibilizados pontos de coleta e a correta destinação do óleo de cozinha usado. No Estado de São Paulo, a iniciativa é realizada em Rio Claro, Mauá e Porto Ferreira.
Todos esses resíduos despejados de forma equivocada no esgoto podem provocar impactos negativos para o processo de tratamento. “As estações elevatórias e de tratamento de esgoto podem sofrer danos em seus equipamentos em razão do descarte irregular de resíduos, em especial no sistema de bombeamento” – explica Camila.
Causam ainda outros problemas nas redes e nas casas. “Entupimentos em ligações domiciliares, retornos de esgoto em imóveis, extravasamentos e entupimentos de redes, que exigem, inclusive, ações destrutivas para a troca da tubulação e o restabelecimento pleno do seu funcionamento” – alerta a gerente.
Limpeza
A falta de conscientização sobre reciclagem ou reutilização de materiais faz com que ainda continuem jogando lixo nos córregos e rios. “Também este motivo, mas esse é um problema de causas diversas. Observa-se ainda falta de conhecimento sobre a separação adequada de resíduos” – afirma Fernanda Romero, da Abrelpe.
Fernanda cita que uma pesquisa Ibope de 2018 apontou que a população pouco ou nada sabe sobre a coleta seletiva:
A limpeza dos rios e das cidades é trabalho de três setores:
• Governo;
• Sociedade civil;
• Iniciativa privada.
Cabe ao governo, sociedade civil e iniciativa privada colocar a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) em prática. “Apesar de a sociedade estar cada vez mais consciente do impacto das ações no meio ambiente, diminuindo o consumo de água e de plástico, muitas pessoas ainda não se sensibilizaram quanto ao descarte apropriado de resíduos sólidos” – menciona Camila, da BRK.
Segundo Camila, para mudar o cenário atual, é preciso fomentar medidas e políticas públicas que incentivem cumprir a legislação em prol da sustentabilidade ambiental. Esse compromisso exige a participação da sociedade, do governo e da iniciativa privada.
Pelo universo corporativo, a BRK desenvolve ações internas e externas. As ações internas são de coleta seletiva e reaproveitamento de seus resíduos. Fazem parte das ações externas programas socioambientais que orientam as comunidades sobre os impactos de tais ações ao meio ambiente. Além da existência de serviços de saneamento básico bem estruturados.
A PNRS exige do setor público e privado transparência ao gerenciar seus resíduos e traz o conceito de responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. O serviço oferecido pela Recicle by Veolia, por exemplo, promove a coleta seletiva de materiais recicláveis, como plástico, papelão, vidro e alumínio, nas cidades de Barra Velha, Brusque, Navegantes e Penha, em Santa Catarina.
Educação ambiental
Do Rio Pinheiros (SP), que passa por revitalização, dentro do Programa Novo Rio Pinheiros do governo de São Paulo, até novembro de 2022, foram retiradas cerca de 90 mil toneladas entre garrafas PET, bicicletas, pneus e plásticos, entre outros resíduos sólidos.
O lixo descartado nos córregos e rios têm diferentes destinos. “Alguns materiais permanecem em condições de serem reciclados, como as garrafas PET, e já existem iniciativas que coletam esses materiais, dando destino adequado. Outros têm a reciclabilidade comprometida, dependendo do tempo de permanência na água, que pode ser de dias até anos” – diz Fernanda, da Abrelpe.
Todos os resíduos sólidos recolhidos tanto das redes de coleta de esgoto quanto do gradeamento das estações elevatórias e/ou de tratamento de esgoto operados pela BRK no Brasil são destinados aos aterros sanitários homologados e licenciados.
A BRK possui um espaço de Educação Ambiental que expõe peças e objetos inusitados encontrados e retirados do esgoto, chamado de “Museu dos Encanadores”. A iniciativa iniciou em 2017 em Rio Claro (SP), sendo hoje replicada às outras operações da empresa. “O objetivo de mostrar os resíduos removidos do esgoto é sensibilizar a população quanto ao correto descarte de materiais. Além disso, atuar de forma preventiva na redução de entupimentos das tubulações” – enfatiza Camila.
Contato das empresas
Abrelpe: www.abrelpe.org.br
BRK: www.brkambiental.com.br
Veolia Brasil: www.veolia.com