Estudo do Serviço Geológico dos EUA revela que 45% das amostras de água encanada contém produtos químicos

Mais de 700 residências, empresas e estações de tratamento de água potável em todo o país foram analisados


Um estudo conduzido pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) revelou que 45% das amostras de água encanada no país contém produtos químicos “eternos” e tóxicos, e alerta a população para os riscos de contaminação pelo consumo regular.

Para o levantamento, o instituto testou a amostra de água da torneira de mais de 700 residências, empresas e estações de tratamento de água potável em todo o país para tentar encontrar a presença de perfluoralquil ou polifluoralquil, substâncias conhecidas como PFAS. Isso incluía as Grandes Planícies, que percorrem o meio do país, os Grandes Lagos no meio-leste, bem como as cidades ao longo das costas leste e oeste.

Os dois componentes são resistentes à água, o que significa que não se decompõem no meio ambiente e podem durar anos no corpo humano. Residentes preocupados podem pesquisar os níveis de PFAS no código postal por meio de um site mantido pelo Grupo de Trabalho Ambiental sem fins lucrativos.

Os PFAS incluem milhares de diferentes produtos químicos sintéticos, usados principalmente em produtos industriais e de consumo. Eles são encontrados em embalagens de fast food, utensílios de cozinha antiaderentes, maquiagem à prova d’água, roupas, adesivos, espumas de combate a incêndio e muito mais.

Fernando Silva, sócio-fundador da PWTech, startup brasileira reconhecida pela ONU como uma solução referência no acesso à água potável em crises humanitárias, explica que a exposição a longo prazo por PFAS pode causar diversos danos à saúde:

“A água está em tudo. É utilizada tanto para o consumo quanto para higiene e alimentação. O contato próximo pode interromper a produção de hormônios, perturbar a função estática e aumentar o risco de câncer renal”, diz.

Hoje, existem 12 mil tipos de PFAS, porém, as amostras dos estudos provenientes de abastecimento público e de poços privados, realizadas entre 2016 e 2021, foram testadas somente para 32 tipos.

Atualmente, o órgão regulador do abastecimento de água é a Agência de Proteção Ambiental. Como parte da Lei de Infraestrutura Bipartidária, o governo do presidente Joe Biden já direcionou US$ 10 bilhões para ajudar as comunidades a reduzir a quantidade de contaminantes químicos.

Em março, o órgão propôs o primeiro padrão nacional de água potável para seis PFAS. A medida iria exigir o monitoramento dos sistemas públicos de água e divulgação quando os níveis de PFAS excederem o limite.

“Para contornar a situação, a utilização de filtros e tecnologias de purificação de água são indispensáveis para manter o bem-estar e a qualidade de vida da população. A fiscalização também é um importante agente no combate à contaminação das reservas de água potável”, finaliza Silva.

Giovanna Montagner | Press FC

giovanna@pressfc.com.br

 

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